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ANO 1 NÚMERO 07 MAIO 2012 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO 1 Considerações Iniciais A combinação juros, inflação e câmbio tem tomado maior tempo das análises e preocupações do governo brasileiro em função dos efeitos imediatos provocados por suas oscilações. O governo promoveu uma série de ajustes nos rendimentos da compatibilizando-os com os novos juros do mercado poupança, para evitar deslocamentos de recursos financeiros baseados na SELIC (sobretudo títulos públicos) para as cadernetas de poupança. No bojo desse ajuste é divulgado o IPCA de abril cujo índice, de certa forma, assusta o governo por apresentar significativo aumento em relação ao mês anterior, gerando uma preocupação adicional na medida que havia expectativa de menor elevação nos preços. Agrega-se a isto o fato de já haver alguns indicadores que mostram diminuição na produção industrial no primeiro semestre que, associada às alterações câmbio, poderão impactar na inflação via custos e restrições de ofertas oriundas de uma importação mais cara. Apesar desse cenário o COPOM decidiu pela diminuição na taxa básica de juros para 8,5% sendo uma das mais baixas praticadas nos últimos tempos, o que gera juros reais também mais baixos em torno de 2,8%. Fica agora a expectativa dos impactos dessa decisão sobre o mercado consumidor, do comportamento do câmbio e das medidas a serem adotadas pelo novo Governo Grego, com prováveis efeitos sobre a taxa de inflação nos próximos meses. EXPEDIENTE Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais: Grão-Chanceler Dom Walmor Oliveira de Azevedo Reitor Professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães Vice-Reitora Professora Patrícia Bernardes Assessor Especial da Reitoria Professor José Tarcísio Amorim Chefe de Gabinete da Reitoria Paulo Roberto Souza Chefia do Departamento de Economia Professora Ana Maria Botelho Coordenação do Curso de Ciências Econômicas Professora Ana Maria Botelho Coordenação Geral Professor Flávio Riani e Professor Ricardo F. Rabelo Estagiária do curso de Ciências Econômicas: Bárbara de Souza Epifânio Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais: Prédio 14, sala 103 Avenida Dom José Gaspar, 500 Bairro Coração Eucarístico CEP: 30535-901 Tel: 3319.4309 www.iceg.pucminas.br/conjuntura icegdigital@pucminas.br

2 Elevação do IPCA em abril alerta Governo Prof. Flávio Riani O índice de inflação de abril apurado pelo IPCA chega a assustar o governo que não pressupunha na s suas avaliações níveis similares ao apurado. Conforme mostra o gráfico 1 a taxa de 0,64% de abril é a maior desde abril de 2011 quando ela chegou a 0,77% e representa uma forte aceleração se comparada à de março que foi de 0,21%. Gráfico 1 -Brasil : Evolução do IPCA 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 0,77 0,47 0,15 0,16 0,37 0,53 0,43 0,52 0,5 0,56 0,45 0,21 0,64 Apesar de ter gerado certa surpresa ao governo, que esperava uma taxa menor, o acumulado do ano ficou em 1,87% abaixo dos 3,23% observado no mesmo período de 2011. Considerando os últimos 12 meses o índice de 5,1% é também menor do que apurado até abril do ano passado que foi de 5,24%. Gráfico 2 - Brasil: IPCA acumulado últimos 12 meses 7,5 7 6,5 6 5,5 6,51 6,55 6,71 6,87 7,23 7,31 6,97 6,64 6,5 6,22 5,84 5,24 5,10 5 4,5 4 Comparativamente ao mês anterior o gráfico 3 destaca o crescimento apurado pelos grupos que compõem o índice geral. Através dele observam-se elevações

significativas nos grupos de Despesas Pessoais seguidos de Saúde e Cuidados Pessoais e Vestuário. 2,50 Gráfico 3 Brasil : IPCA de Abri/2012 por Grupos 2,00 1,50 1,00 0,50 - -0,50-1,00 Diferentemente dos demais elementos os Artigos de Residência apresentaram deflação em abril comparativamente a março. Regionalmente percebe-se diferenças significativas entre as taxas de inflação nas diversas regiões metropolitanas que compõem o universo das apurações. O gráfico 4 destaca os valores do IPCA por região e percebe-se que enquanto a no Rio de Janeiro a inflação atingiu 0,81% em Goiânia ela foi de 0,30%, isto é, no estado carioca a inflação foi quase uma vez e meia superior à goiana. 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 Gráfico 4 -Brasil -IPCA Abril/2012 por Regiões 3 Incertezas européias e as oscilações recentes na taxa de câmbio Prof. Flávio Riani As incertezas quanto aos ajustes na economia européia e a imprevisibilidade sobre o o destino da Grécia enquanto membro da Comunidade Européia associados as informações de desaquecimento nas principais economias mundiais tem gerado um conjunto de insegurança sobre os efeitos que estes resultados poderão ter sobre a economia brasileira e sobre suas relações econômicas com o exterior.

As recentes flutuações na taxa de câmbio, sobretudo em relação do dólar, tem gerado expectativas opostas em relação a economia brasileira. De primeiro de abril a meados de maio, o real desvalorizou quase 18% em relação do dólar. 2,1 2 1,9 1,8 1,7 1,6 1,5 1,71 Gráfico 5- Brasil Câmbio ( US$/R$) 2,02 A desvalorização ocorrida com o real pode ser um fator colaborador para um melhor desempenho do setor industrial exportador no curto prazo. Tal efeito poderá acobertar o problema sério da economia brasileira referente à falta de investimentos básicos em infraestrutura e a necessidade de maiores investimentos em ciência e tecnologia que torne a indústria brasileira mais eficiente, com maior produtividade, e não dependente fortemente da taxa câmbio. Por outro lado o real desvalorizado gera dois problemas também importantes no gerenciamento da política econômica brasileira, sobretudo no que se refere a taxa de inflação. Primeiro relaciona-se ao importante papel que as importações têm exercido na oferta de bens. O mercado de consumo continua ainda aquecido em função da manutenção do nível de emprego e do salário real.sem ela o mercado nacional não é capaz de gerar os produtos em quantidades suficientes para a tender o aumento na demanda. Assim, o real desvalorizado poderá contribuir para a elevação da inflação via redução da oferta. O segundo ponto refere-se à elevação do custo das importações que no final poderá também contribuir para aumento da taxa inflacionária através do acréscimo nos preços dos produtos finais e nos custos dos fatores de produção importados. 4 Decisão do COPOM em baixar a taxa de juros Prof. Flávio Riani O COPOM decidiu uma vez mais baixar a taxa de juros básica da economia brasileira para 8,5%. Tal taxa é a mais baixa dos últimos anos. Com ela, estima-se que a taxa real de juros no país também atinja seu ponto m 9inimo em torno de 2,8%, deixando, com isso, de ser a campeã em termos de elevada taxa real de juros. O gráfico 5.1 mostra a trajetória recente das taxas básicas de juros no país que diminuiu de 12,5% em julho de 2011 para 8,5% agora em 30 de maio.

Gráfico 5.1 - Brasil Evolução da Selic 13 11 12,5 9 8,5 7 5 A expectativa do Banco Central é a de que a diminuição desta taxa de juros não trará efeitos imediatos para inflação em função, principalmente, da crise no mercado internacional que não provocará pressões de demanda e também de custos, via elevação de preços. 5 - PRODUÇÃO INDUSTRIAL NOVAMENTE EM QUEDA Prof. Ricardo F. Rabelo Dando continuidade a um processo que se iniciou em 2010, em março a produção industrial teve queda de 0,5% em relação ao mês de fevereiro, após registrar recuo de 1,6% em janeiro e expansão de 1,3% em fevereiro. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, a produção total da indústria registrou uma queda de 2,1% Diferentemente de períodos anteriores, em que ocorria uma desaceleração de uma tendência geral de crescimento, temos uma tendência constante de queda da produção industrial, tanto em relação ao trimestre anterior(-0,5%),, como comparando o 1º. Trimestre de 2012 com o mesmo período de 2011, quando apresentou queda de 3,0%. Quando consideramos o comportamento da produção industrial em termos anuais, constatamos que houve um recuo de 1,1% em março, prosseguindo, portanto, com um processo que vem desde outubro de 2010, quando o taxa de variação anualizada atingiu 11,8%, ano em que tivemos a maior taxa negativa em fevereiro ( -2,6% ). No acumulado do 1º. Trimestre de 2012, em relação a 1º. Trimestre de 2011, o recuo foi de 3,0%, provocado pelos resultados negativos em três das quatro categorias de uso e na maior parte (15) dos vinte e sete ramos estudados pela pesquisa de Produção Industrial do IBGE.

, Gráfico 6 Produção Industrial - Categorias de Uso Igual trimestre do ano anterior 10,0 5,0 % 0,0-5,0 Bens de Capital Bens Intermediários Bens de Consumo Duráveis Bens de Consumo Semi e Não Duráveis Indústria Geral -10,0-15,0 1º Tri 2011 2º Tri 2011 3º Tri 2011 4º Tri 2011 1º Tri 2012 Trimestres Com relação ás categorias de uso, considerando a comparação com o mês imediatamente anterior, a produção industrial, no setor de bens intermediários, recuou 0,9% e de bens de consumo semi e não duráveis 0,8% Deve-se ressaltar que os setores de bens de capital (3,8%) e de bens de consumo duráveis (3,4%) tiveram crescimento de produção nesse mês. O setor de bens de capital, deve-se lembrar, recuou 16,0% em janeiro último, principalmente devido à redução da produção de caminhões. Mas agora completa dois meses seguidos de crescimento, acumulando crescimento de 9,7% nesse período. Já o setor de bens de consumo duráveis cresceu 3,4% em março de 2012, compensando parcialmente a queda de 7,5% acumulada entre fevereiro de 2012 e dezembro de 2011. 6- GOVERNO LANÇA PACOTE ANTI-CRISE Prof. Ricardo F. Rabelo Em função de dados como os da queda persistente da produção industrial e da redução das projeções pra o crescimento do PIB neste ano, o Governo anunciou em 21/05 uma série de medidas destinadas a incentivar o consumo, o investimento e as vendas. A principal medida volta para os investimentos, reduziu totalmente o juro real dos financiamentos cobradas pelo BNDES nas linhas de crédito do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) para aquisição de caminhões e ônibus, bens de capital, exportação

de bens de capital e para o Proengenharia. No caso do programa Procaminhoneiro houve uma ampliação do prazo para financiamento. A medida também vale até 31 de agosto de 2012. Tabela de redução do custo de financiamentos do BNDES O que De Para Exportação pré-embarque: grandes empresas 9% 8% Ônibus e caminhões 7,7% 5,5% Máquinas e equipamentos: grandes empresas 7,3% 5,5% Proengenharia 6,5% 5,5% Alterações no prazo De Para Procaminhoneiro Até 96 meses Até 120 meses Fonte: Ministério da Fazenda O custo financeiro do crédito para Máquinas e equipamentos de grandes empresas, por exemplo, caiu de 7,3% para 5,5%. Se considerarmos que a projeção de inflação nos próximos 12 meses é de 5,51% o custo real é perto de zero. Por outro lado, o governo também reduziu de 2,5% para 1,5% o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre as operações de crédito ao consumidor.para viabilizar o aumento da oferta de crédito para aquisição de veículos, o Banco Central determinou uma redução direcionada de R$ 18 bilhões dos depósitos compulsórios dos bancos, cerca de 10% do crédito a ser concedido.. Tabela de Redução de Alíquotas do IPI sobre veículos automotores Cilindradas Gasolina Álcool /Flex 1.000 de 7% para zero de 7% para zero De 1.000 a 2.000 de 13% para 6,5% de 11% para 5,5% Comerciais leves de 4% para 1% de 4% para 1% Fonte: Ministério da Fazenda Visando reduzir o alto nível de estoques da indústria automobilística, que chegou a 43 dias em abril, o governo promoveu uma redução das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados para carros e demais veículos automotores. O conjunto das medidas implica renúncia fiscal de R$ 2,7 bilhões e estabelece também redução de taxas de juros para a aquisição de bens de capitais e caminhões e ônibus nos financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A questão é se estas medidas terão a mesma eficácia das adotadas durante a crise de 2008-2009, pois não há mais a demanda reprimida existente naquele período e o nível de inadimplência tem apresentado crescimento persistente nos últimos meses.