Educação pela mídia Telecongresso internacional realizado pelo SESI atrai mais de 14 mil participantes



Documentos relacionados
SUA ESCOLA, NOSSA ESCOLA PROGRAMA SÍNTESE: NOVAS TECNOLOGIAS EM SALA DE AULA

Projeto Pedagógico Institucional PPI FESPSP FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO PROJETO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL PPI

USANDO A REDE SOCIAL (FACEBOOK) COMO FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM

Estudantes apresentam projetos inovadores de inclusão no Torneio Nacional de Robótica

No final desse período, o discurso por uma sociedade moderna leva a elite a simpatizar com os movimentos da escola nova.


Entrevista com Heloísa Lück

Dias 12 e 13 de fevereiro de 2014 João Pessoa - Paraíba

OS FORMATOS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Prova de qualidade. Sistema de gestão do SESI Por um Brasil Alfabetizado faz a diferença EDUCAÇÃO

INVESTIMENTO SOCIAL. Agosto de 2014

Entusiasmo diante da vida Uma história de fé e dedicação aos jovens

Organizando Voluntariado na Escola. Aula 1 Ser Voluntário

Dados do Ensino Médio

CURSO DE EDUCAÇÃO FISICA ATIVIDADES EXTRA CURRICULARES

O papel educativo do gestor de comunicação no ambiente das organizações

Proposta de publicidade

APRENDENDO A CONVERTER VÍDEOS

APRESENTAÇÃO DO PROJETO e-jovem

Sua Escola, Nossa Escola

NOVA ATITUDE SOCIAL PARA A SUSTENTAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO

Se você acredita que as escolas são o único e provável destino dos profissionais formados em Pedagogia, então, está na hora de abrir os olhos

CURSOS PRECISAM PREPARAR PARA A DOCÊNCIA

AS CONTRIBUIÇÕES DAS VÍDEO AULAS NA FORMAÇÃO DO EDUCANDO.

introdução Trecho final da Carta da Terra 1. O projeto contou com a colaboração da Rede Nossa São Paulo e Instituto de Fomento à Tecnologia do

OLIMPÍADA BRASILEIRA DE MATEMÁTICA DAS ESCOLAS PÚBLICAS (OBMEP): EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS A PARTIR DO PIBID UEPB MONTEIRO

PROJETO: SEMANA LITERÁRIA: LEITURA, CIDADANIA E VIDA

REGULAMENTO CURSO DESCENTRALIZADO

difusão de idéias EDUCAÇÃO INFANTIL SEGMENTO QUE DEVE SER VALORIZADO

produtos que antes só circulavam na Grande Florianópolis, agora são vistos em todo o Estado e em alguns municípios do Paraná.

Oi FUTURO ABRE INSCRIÇÕES PARA EDITAL DO PROGRAMA Oi NOVOS BRASIS 2012

XVI Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação 22 a 24 de julho de 2015

Desafios da EJA: flexibilidade, diversidade e profissionalização PNLD 2014

Mudança de direção RODRIGO MENEZES - CATEGORIA MARKETERS

Aline de Souza Santiago (Bolsista PIBIC-UFPI), Denis Barros de Carvalho (Orientador, Departamento de Fundamentos da Educação/UFPI).

OS CONHECIMENTOS DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA IMPLICAÇÃO PARA A PRÁTICA DOCENTE

FORMAÇÃO PLENA PARA OS PROFESSORES

FALTA DE TRABALHADOR QUALIFICADO NA INDÚSTRIA. Falta de trabalhador qualificado reduz a competitividade da indústria

Nome e contato do responsável pelo preenchimento deste formulário: Allyson Pacelli (83) e Mariana Oliveira.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 São Luís - Maranhão.

A INTERATIVIDADE EM AMBIENTES WEB Dando um toque humano a cursos pela Internet. Os avanços tecnológicos de nosso mundo globalizado estão mudando a

Apresentação Institucional

Pesquisa. Há 40 anos atrás nos encontrávamos discutindo mecanismos e. A mulher no setor privado de ensino em Caxias do Sul.

Colégio Cenecista Dr. José Ferreira

e construção do conhecimento em educação popular e o processo de participação em ações coletivas, tendo a cidadania como objetivo principal.

Currículo e tecnologias digitais da informação e comunicação: um diálogo necessário para a escola atual

Área de Comunicação. Tecnologia em. Produção Publicitária

Profissionais de Alta Performance

MARKETING DE RELACIONAMENTO UMA FERRAMENTA PARA AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR: ESTUDO SOBRE PORTAL INSTITUCIONAL

Leitura e Literatura

Resolução de Exercícios Orientações aos alunos

Realização: Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da UFSC, em convênio com a Federação Nacional dos Jornalistas FENAJ

Um país melhor é possível

Valorizando ideias e experiências participativas que promovam o direito humano à educação REGULAMENTO

INOVAÇÃO. EDUCAÇÃO. GESTÃO EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Os 3 erros mais comuns na adoção dos tablets na sala de aula - e como você pode evitá-los

A criança e as mídias

GRITO PELA EDUCAÇÃO PÚBLICA NO ESTADO DE SÃO PAULO

Área de Comunicação. Tecnologia em. Produção Multimídia

O futuro da educação já começou

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. MEMÓRIA: Reunião Preparatória do Comitê Temático de Inovação e Crédito GT Rede de Disseminação, Informação e Capacitação

2 - Sabemos que a educação à distância vem ocupando um importante espaço no mundo educacional. Como podemos identificar o Brasil nesse contexto?

SAÚDE E EDUCAÇÃO INFANTIL Uma análise sobre as práticas pedagógicas nas escolas.

ESCOLA, LEITURA E A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL- PIBID: LETRAS - PORTUGUÊS

RELATÓRIO DE TRABALHO DOCENTE OUTUBRO DE 2012 EREM JOAQUIM NABUCO

Um mercado de oportunidades

UM RETRATO DAS MUITAS DIFICULDADES DO COTIDIANO DOS EDUCADORES

Jornalismo Interativo

PROJETO interação FAMÍLIA x ESCOLA: UMA relação necessária

DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA: e os museus com isso? Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás (MA/UFG)

Comunidade Solidária: parcerias contra a pobreza

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES 1

DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA: REFLEXÕES A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DO PIBID

Atividade I Como podemos fortalecer o Núcleo na Região para garantir a continuidade dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio - ODMs?

QUE ESCOLA QUEREMOS PARA AS NOSSAS CRIANÇAS?

Quando crescer, vou ser... estatístico!

Formação e Gestão em Processos Educativos. Josiane da Silveira dos Santos 1 Ricardo Luiz de Bittencourt 2

Curso de Capacitação dos Gestores de Defesa Civil para uso do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD)

Tecnologias e tempo docente

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E ENSINO DE FÍSICA E AS NOVAS TECNOLOGIAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Aspásia Camargo (PV) e Rodrigo Dantas (DEM) debatem com médicos o futuro da saúde pública do Rio de Janeiro

Mestrado em Educação Superior Menção Docência Universitária

Apesar de colocar-se no campo das Engenharias, profissional destaca-se, também, pelo aprimoramento das relações pessoais

MANUAL DE TRANSIÇÃO DE MARCA

país. Ele quer educação, saúde e lazer. Surge então o sindicato cidadão que pensa o trabalhador como um ser integrado à sociedade.

Quando a finalidade do acesso está relacionado à escola, a atividade de pesquisa se torna a mais frequente em todos os públicos.

Os tempos mudaram. Campanha de valorização

Observatórios Virtuais

RESPONSABILIDADE SOCIAL NO CENÁRIO EMPRESARIAL ¹ JACKSON SANTOS ²

FÓRUM DE PESQUISA CIES Olhares sociológicos sobre o emprego: relações laborais, empresas e profissões 18 de Dezembro de 2009

Projeto Alvorada: ação onde o Brasil é mais pobre

OS LIMITES DO ENSINO A DISTÂNCIA. Claudson Santana Almeida

WEB-RÁDIO MÓDULO 2: RÁDIO

Marketing de Serviços e de Relacionamento. MBA em Gestão de Marketing Prof.: Alice Selles

O trabalho voluntário é uma atitude, e esta, numa visão transdisciplinar é:

Palavras-Chave: Competência Informacional. Fontes de Informação. Pesquisa Escolar.

PROJETO DE LEITURA E ESCRITA LEITURA NA PONTA DA LÍNGUA E ESCRITA NA PONTA DO LÁPIS

Transcrição:

INCLUSÃO Educação pela mídia Telecongresso internacional realizado pelo SESI atrai mais de 14 mil participantes Imagens de pessoas tentando entrar em um cinema de Cabul, no Afeganistão, em novembro de 2001, durante a queda do regime Talibã, mostradas por canais de televisão e jornais de todo o mundo, reforçam a idéia da importância dos meios de comunicação para a sociedade. Sem a veiculação de cenas como essas, as democracias contemporâneas seriam impensáveis. Com observações desse tipo, feitas pelo diretor da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Salvador, Messias Guimarães Bandeira, o IV Telecongresso Internacional de Educação de Jovens e Adultos estendeu o debate da educação a profissionais de outras áreas e mostrou que há na mídia uma forma de aprendizagem diferente do sistema convencional de educação. Seu tema foi: Mídia e Educação: Incluir na Sociedade do Conhecimento. TECNOLOGIA O assunto deste ano foi muito importante porque transformou a questão educativa em algo mais amplo do que alguém que ensina e alguém que aprende, destaca Mariana Raposo, diretora de Operações do SESI. Iniciativa do Departamento Nacional, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), o telecongresso foi realizado entre 18 e 20 de outubro e reuniu cerca de 14 mil pessoas em 249 núcleos local onde as pessoas assistiam e participavam do evento espalhados pelo Brasil. Salas de videoconferência foram instaladas também na Espanha, Estados Unidos, França, Inglaterra e Itália, de onde palestrantes puderam falar. Além disso, foram FOTOS: SERGIO AMARAL Mariana, de branco: tecnologia de ponta para realizar operações em 249 núcleos instalados em seis países. A seu lado (a partir da esquerda) José Manuel Moran (USP), Maria Rosa Magalhães (UnB) e Ronaldo Mota (MEC) 6

selecionados mais de 20 trabalhos e estudos sobre o tema. Intensa programação marcou os três dias do evento. Ao lado de palestras sobre vários subtemas, mesas-redondas e painéis temáticos ajudaram a aprofundar as discussões. Entre os assuntos tratados no evento, destaque para: Educação, Comunicação; Sociedade do Conhecimento e Aprendizagem: Os meios Fazem a Diferença?; Os Protagonistas da Sociedade do Conhecimento; Mídia e Democracia: Inclusão e Formação de Valores e Valores e Humanismo na Sociedade do Conhecimento. Transmitido de Brasília, o evento exigiu, segundo Mariana Raposo, grande complexidade tecnológica. Foram utilizados recursos como televisão por satélite Integrated Services Digital Network (ISDN), rede telefônica integrada de serviços digitais para acessar a internet, videoconferência e sistema de tradução simultânea. Além dos 14,1 mil inscritos, milhares de pessoas assistiram aos debates em canais de televisão por assinatura. Moreira Ferreira (ao centro): a indústria necessita dos veículos de comunicação para promover a educação. À esquerda, Bachiri, da Unesco, e, à direita, Morhy, da UnB MOBILIZAÇÃO O assunto, na avaliação da diretora, foi o diferencial neste ano. Os meios de comunicação extrapolam as aprendizagens não referentes ao ensino. O indivíduo pode aprender sozinho em qualquer ambiente e situação, enfatizou. Além disso, o tema possibilita a participação de profissionais de outras áreas. A importância da mídia num país carente de investimentos em educação foi um dos principais pontos de discussão do evento. O mercado está cada vez mais exigente com a escolaridade dos trabalhadores, afirmou o 1ºvice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Eduardo Moreira Ferreira. As pessoas analfabetas ou com baixa escolaridade, lembrou, não conseguem competir no mercado de trabalho. A indústria demanda trabalhadores e gestores qualificados, salientou. Para fazer com que a maioria da população possa integrar a sociedade da informação e do conhecimento, o Brasil, na opinião dele, deve investir nessa área. Isso é um imperativo ético para o País. Moreira Ferreira disse que as empresas têm investido na elevação da escolaridade dos trabalhadores por meio do SESI. Isso, comentou, tem exigido um grande esforço da instituição A platéia em Brasília e no telão a participação de John Daniel, direto de Londres 7

INCLUSÃO FOTO: IUGO KOYAMA Barbeiro: quanto mais diversidade, melhor para desenvolver espírito crítico em termos de atendimento e na aplicação de novos métodos e tecnologias educativas. Ele destacou, no entanto, que a indústria, ou qualquer outro segmento da sociedade, necessita dos veículos de comunicação para promover a educação. Não basta para o SESI um eficiente processo de mobilização ou uma grande capacidade operacional. Para vencer esse desafio, é preciso contar com os diferentes veículos de comunicação e seu poder irradiador, concluiu. SENSO CRÍTICO A integração de tecnologias de comunicação ao processo educativo é essencial para a construção da sociedade, segundo o representante-adjunto da Unesco no Brasil, Mohammed Bachiri. O livre fluxo de idéias por meio de imagem e da palavra, proporcionado pelos meios de comunicação, aumenta e dissemina o conhecimento, afirmou. Para o reitor da Universidade de Brasília, professor Lauro Morhy, os veículos de comunicação dão uma importante contribuição à evolução da humanidade e são ferramentas muito úteis no processo educacional, mas não dispensam o professor. A diversidade de opinião dos veículos de comunicação foi discutida pelos participantes e a avaliação é que esse é um aspecto importante para estimular o espírito crítico na sociedade. Para o jornalista Heródoto Barbeiro, da Rádio CBN, que participou de São Paulo, não existem veículos de comunicação imparciais porque os jornalistas, os jornais, as emissoras de rádio, de televisão e outros meios têm valores próprios, são envolvidos e sofrem influência da realidade em que estão inseridos. Isso não significa, no entanto, na avaliação dele, que esses veículos divulguem informações manipuladas. FOTO: SERGIO AMARAL Mulholland: professores e jornalistas devem ter isenção para não impor ponto de vista 8

FOTO: SESI/ESPÍRITO SANTO É por essa razão, segundo o jornalista, que o mesmo fato ganha versões diferentes nos diversos veículos de comunicação. Para o aprendizado e conhecimento, isso é muito bom, porque nessa contradição está a democracia e a diferença com que se olha a sociedade. Quanto mais diversidade, melhor. A diferença entre as versões, segundo Barbeiro, pouco importa. O importante é se elas têm conteúdo ético, se estão conectadas com o desenvolvimento da sociedade. A contradição serve para a sociedade tomar conhecimento do que se passa e desenvolver seu espírito crítico, afirmou. TALIBÃ Para o vice-reitor da UnB, Timothy Mulholland, os limites para a imprensa e para a educação são idênticos. O professor também deve ter isenção na apresentação das informações, sem impor seu ponto de vista aos alunos. Os limites para os jornalistas são praticamente os mesmos que se aplicam aos educadores, destacou. A influência da mídia nas mudanças na sociedade também foi tema de discussão no telecongresso. As realidades política, econômica, cultural e religiosa são traduzidas pelos meios de comunicação, na opinião de Guimarães Bandeira. No Brasil, ele citou, os meios de comunicação tiveram papel fundamental na consolidação da democracia. A responsabilidade deles é grande, porque ajudam a formar e incluir valores na sociedade, afirmou. Para Bandeira, a mídia é imprescindível para a democracia, porque sem informação não há liberdade. As imagens dos canais de televisão e jornais mostrando os afegãos tentando entrar num cinema de Cabul foram emblemáticas, ressaltou. Além de ser um símbolo de liberdade, porque o governo Talibã proibia Santos, da Rede Viva Rio de Radiodifusão: as comunidades pobres precisam de informação de qualidade. Nos detalhes, equipe e estúdio de emissora comunitária o cinema e outras manifestações da população, essas imagens, na opinião dele, reforçam a idéia da importância dos meios de comunicação para a sociedade. Diante dessa constatação, a independência dos meios de comunicação é fundamental, na opinião do jornalista Ricardo Pedreira, representante da Associação Nacional de Jornais no telecongresso. A liberdade de informar, de se informar e de opinar é fundamental para os veículos de comunicação, afirmou. Os meios de comunicação, avaliou o jornalista, devem estar sintonizados com os interesses dos cidadãos. Somos massacrados por grande quantidade de informações. Será que tudo isso interessa de fato aos cidadãos?, indagou. O jornalismo cidadão, analisou, é aquele que está atento aos anseios da sociedade, que defende os direitos do consumidor e informa sobre assuntos como saúde e educação. As rádios comunitárias tiveram espaço especial durante as discussões da mesa-redonda O Papel das Redes de Comunicação Públicas e Privadas. Sebastião Correia dos Santos, coordenador da Rede Viva Rio de Radiodifusão, relatou a experiência da rede, que FOTOS: DIVULGAÇÃO 9

INCLUSÃO FOTO: SERGIO AMARAL Demo: tecnologia ajuda, mas nada substitui o professor A dificuldade para obter uma autorização de funcionamento é absurda, explicou. FOTO: ELMAR MEURER produz e recebe conteúdos de 52 emissoras do Rio de Janeiro e de outros Estados. A iniciativa permite que a rádio da Rocinha, por exemplo, conheça rádios do interior de Pernambuco, do Rio Grande do Sul e do Amazonas. Essa interatividade e integração é uma das ações que desenvolvemos na Viva Rio, informou o radialista, que participou de Vitória (ES). As comunidades pobres precisam de informação de qualidade, acrescentou. As rádios comunitárias devem ter, na opinião dele, qualidade e capacidade similar à das grandes emissoras. Para garantir essa profissionalização, trabalhadores dessas rádios freqüentam cursos de jornalismo, rádio, locução e produção. Com isso, pequenas emissoras, comentou, têm realizado verdadeiros milagres no Brasil. É difícil imaginar o que muda em uma comunidade com uma emissora que realiza esse trabalho de integração, resgate cultural e de inclusão dos jovens. Os moradores são extremamente receptivos a um espaço para descobrir e mostrar seus talentos, contou, lamentando, no entanto, que as rádios comunitárias ainda sejam tratadas como caso de polícia. Segundo Correia dos Santos, existem mais de 15 mil rádios em todo o País, mas apenas 10% são reconhecidas oficialmente pelo governo. Cristina: instituições religiosas são espaços educativos informais PROFESSOR A tecnologia dominou as discussões sobre o tema Aprendizagem: Os meios Fazem a Diferença? O presidente da Commonwealth of Learning, John Daniel, que participou de Londres, Inglaterra, enfatizou a importância dos meios de comunicação para os avanços registrados nos últimos 30 anos em relação à educação a distância. Ele avaliou que o sistema de aprendizagem faz mais diferença que o meio utilizado. As universidades abertas, disse Daniel, já provaram a viabilidade financeira dele, pois reduz custos e permite o acesso a um número maior de alunos. Mas é preciso reduzir ainda mais o custo e, ao mesmo tempo, projetar novos sistemas de aprendizagem, alertou. Apesar dos avanços tecnológicos, no entanto, mais uma vez foi enfatizada a importância do professor. Pedro Demo, doutor e pós-doutor em Sociologia da UnB, ressaltou que a história mostra que o homem tem uma ligação forte com a tecnologia e que a mídia não vai substituir o professor. Para reforçar sua tese, ele lembrou que a habilidade de aprender é uma qualidade humana. O ato de aprender pode ser facilitado pela tecnologia, mas não substituído por ela, frisou. Trabalhos práticos ilustraram as discussões do IV Telecongresso. Um deles foi desenvolvido por Cristina Tramonte, professora da Universidade Federal de Santa Catarina, que participou de Florianópolis. Ela analisou a tenda de umbanda Cabocla Marola do Mar e estudou a intervenção dela 10

FOTOS: SERGIO AMARAL na educação informal de jovens e adultos. A tenda atua como centro assistencial e formativo que oferece apoio à população local, tendo uma sala de aula para reforço pedagógico e alfabetização de adultos e jovens, além de dispor de creche para crianças com até 6 anos de idade. A conclusão dos estudos de Cristina é que jovens e adultos praticantes de religiões afrobrasileiras, carentes de escolaridade formal completa, muitas vezes encontram nessas instituições espaços educativos informais, importantes para ampliar os conhecimentos. As religiões afro-brasileiras, disse a professora, formam um campo híbrido de construção de identidade e conhecimento dessas pessoas. Nos centros são realizadas ações pedagógicas que geram novas estratégias de organização, formação e educação. Elas indicam novas possibilidades fora dos espaços formais, explicou. A professora Lucília Coimbra, especialista em Estudos Lingüísticos e Literários pela Universidade Federal da Bahia (UFBa) e professora de Educação de Jovens e Adultos da rede estadual de ensino da Bahia e do Núcleo de Educação do Trabalhador da Indústria do Departamento Regional do SESI baiano, apresentou o Projeto Pedagógico Capitães de Areia, inspirado na obra do escritor Jorge Amado. Esse trabalho ilustrou o painel Estratégias para Inclusão e fez uma conexão entre literatura e comunicação. Um dos capítulos traz uma seqüência de pseudo-reportagens e explica que Capitães de Areia é um grupo de menores abandonados e marginalizados que aterrorizam Salvador. O projeto foi desenvolvido numa escola da rede pública de Salvador, no bairro de Brotas, onde também reside a maioria dos alunos. Os problemas levantados por Jorge Amado em seu livro Capitães da Areia, de 1937, Participantes do telecongresso movimentaram o setor de estandes do evento são semelhantes aos enfrentados agora por esses estudantes em situação de risco. A obra de Jorge Amado foi escolhida justamente porque seus personagens circulam por Salvador. Em 68 anos, quase nada mudou. CAI UM MITO Outro estudo divulgado durante o evento derrubou o mito de que a televisão prejudica a integração familiar. Segundo o trabalho Família e Televisão: Mais que Dominação e Subordinação, de Mônica Costa de Oliveira, do Rio Grande do Norte, a família não assiste de forma passiva aos conteúdos veiculados e, muitas vezes, exerce influência sobre a linha dos programas, dos anúncios e dos telejornais. A importância dos jornais para a alfabetização de adultos também foi abordada no projeto O Jornal Impresso: Uma ponte para a Alfabetização de Jovens e Adultos, de Douglas Dantas Cardoso, do Espírito Santo. A pesquisa concluiu que é mais fácil alfabetizar pessoas mais velhas com a utilização de jornais, nos quais se encontram informações da realidade em que vivem e conhecem. Rui Lima do Nascimento, diretor-superintendente do SESI, anunciou As Novas Competências para o Mundo do Trabalho e o Exercício da Cidadania como tema do próximo Telecongresso Internacional de Educação de Jovens e Adultos, que será realizado em 2007, no Rio de Janeiro. Mariana Raposo informou que o evento seguirá a mesma linha: atrair profissionais de outras áreas e levar a discussão para além do processo convencional do ensino e aprendizagem. A tendência é sempre abrir o escopo de participação e de tema. Rui Lima do Nascimento, à direita: próximo telecongresso será em 2007, no Rio de Janeiro 11