Comunidade Solidária: parcerias contra a pobreza
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- Isabela Gesser Rodrigues
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1 Comunidade Solidária: parcerias contra a pobreza OConselho da Comunidade Solidária foi criado em 1995 com base na constatação de que a sociedade civil contemporânea se apresenta como parceira indispensável de qualquer governo no enfrentamento da pobreza e da exclusão social. Essa iniciativa inaugurou um novo tipo de mobilização social no Brasil, articulando recursos intelectuais e financeiros provenientes do Estado, da iniciativa privada e do setor privado sem fins lucrativos (o Terceiro Setor). São áreas que, hoje, passaram a atuar conjuntamente a favor do desenvolvimento do País, de forma sempre transparente. Comunidade Solidária: parcerias contra a pobreza A busca de políticas sociais públicas mais eficientes e o crescimento da participação da sociedade civil em iniciativas sociais impulsionaram a criação da Comunidade Solidária. Somando esforços dentro de um espírito de solidariedade, governo e sociedade são capazes de gerar os recursos humanos, técnicos e financeiros necessários para combater com eficiência a pobreza e a exclusão social. Pouco a pouco, foram desenvolvidos programas inovadores, como o Universidade Solidária e o Alfabetização Solidária, criados pelo Conselho da Comunidade Solidária e que consolidaram um novo modelo de atuação na área social (veja resumo no quadro seguinte). Esses projetos são uma alternativa ao assistencialismo tradicional, marcado pela ineficiência e pelo excesso de centralização. Eles têm em comum: envolvimento das comunidades, autonomia na gestão, administração profissional e avaliações permanentes dos resultados. Até dezembro de 2001, o número de empresas parceiras era de 423.
2 A Comunidade Solidária atua em duas frentes, ao mesmo tempo. São promovidas parcerias entre o governo e as organizações da sociedade civil. Essa é uma responsabilidade do Conselho da Comunidade Solidária. O programa ajuda a fazer parcerias dentro do próprio governo, entre os níveis federal, estadual e municipal, voltadas para o combate à pobreza e a promoção do desenvolvimento de municípios pobres. Essa é uma atribuição da Secretaria-Executiva da Comunidade Solidária. 162 Brasil , a era do Real
3 Universidade Solidária aproxima estudantes e comunidades carentes O Programa Universidade Solidária (UniSol) foi criado em 1995 e mobiliza universitários para trabalhar em comunidades pobres. O UniSol já envolveu 180 instituições de ensino superior em 910 municípios. Em 2001, foram universitários participantes, de 180 universidades, atuando em 250 municípios beneficiados. Até o fim de 2002, a previsão é de um total de alunos e professores mobilizados entre 1996 e Nesse trabalho, ocorre uma troca de experiências entre os universitários e a população que resulta na formação de uma rede de agentes locais com maior capacidade para enfrentar os desafios dos municípios. A busca do desenvolvimento sustentável, de novas formas de organização e de soluções para os problemas também caracteriza as atividades em cada área focada. Eis o papel de cada um: a Coordenação do Universidade Solidária articula a rede de parcerias; as empresas públicas e privadas colocam recursos para sua realização; as universidades selecionam e capacitam as equipes; as prefeituras dos municípios oferecem alojamento e transporte local. Comunidade Solidária: parcerias contra a pobreza 163
4 Alfabetização chega a 2,4 milhões de brasileiros O Programa Alfabetização Solidária (AlfaSol), criado em 1997, tem o objetivo de reduzir as alarmantes taxas de analfabetismo que ainda vigoram em muitas regiões do Brasil. Para executar essa tarefa, o AlfaSol passou a atuar com base no ranking de municípios que concentram analfabetos produzido pelo IBGE a partir do Censo No primeiro semestre de 1997, cerca de pessoas foram atendidas em 38 cidades das regiões Norte e Nordeste. Até dezembro de 2001, o Alfabetização Solidária atingiu a meta de atendimento de 2,4 milhões de brasileiros em municípios. Este ano, o programa está presente em municípios de 21 estados e nas áreas metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal, com um custo de R$ 34 por aluno. Até agora, foram 114 mil alfabetizadores treinados por 204 universidades. O trabalho do AlfaSol é desenvolvido por meio de parcerias com empresas, instituições universitárias, pessoas físicas, prefeituras e o MEC. Capacitação Solidária forma 115 mil jovens O Programa Capacitação Solidária (CapaSol) foi criado em 1996 a fim de financiar cursos de qualificação profissional para jovens de 16 a 21 anos, de baixas escolaridade e renda, com restrito acesso a programas educativos de formação e treinamento 164 Brasil , a era do Real
5 profissional. Outro objetivo é trabalhar pelo fortalecimento das organizações da sociedade civil. Entre 1996 e 2001, o programa fez parceria com ONGs, capacitando mais de 115 mil jovens de 9 regiões metropolitanas do País. São elas: Recife, Fortaleza, Aracaju, Belém, São Luís, São Paulo, Salvador, Porto Alegre e Rio de janeiro. Os projetos são executados com recursos de empresas públicas e privadas, além de agências nacionais e internacionais de desenvolvimento. Os cursos são propostos pelas ONGs e têm como fundamento aproveitar as oportunidades de mercado identificadas nas próprias comunidades. Quanto às atividades de fortalecimento das organizações da sociedade civil, os cursos oferecidos, com seus respectivos números, foram os seguintes: Gestão Social. Destinado a profissionais que desenvolvem e gerenciam projetos sociais em ONGs, organizações governamentais, sindicatos, universidades, Sistema S (Sesc, Senac, Senai, etc.) e empresas interessadas. Até o fim do ano de 2001, foram realizados 125 cursos de Gestão Social com a participação de profissionais de 19 estados brasileiros. Planejamento e Gestão de Microempreendimentos. Destinado a coordenadores ou gerentes de organizações que tenham projetos para capacitação profissional de jovens financiados pelo CapaSol. Até 2001, foram feitos 66 cursos para profissionais. No início de 2001, o PCS foi convidado pela Secretaria de Assistência Social do Governo Federal a participar do Portal do Alvorada, parte integrante do Projeto Alvorada. O CapaSol estruturou o curso de Desenvolvimento de Habilidades Interpessoais e Administrativas e, até o fim do ano, ministrou 87 cursos para participantes (a maioria composta por jovens) de 255 municípios das Regiões Norte e Nordeste, onde a pobreza é maior aqueles com os IDHs mais baixos do Brasil. Comunidade Solidária: parcerias contra a pobreza 165
6 Programa revitaliza artesanato em 53 comunidades Com o objetivo de revitalizar o artesanato tradicional, o Programa de Artesanato Solidário surgiu como uma iniciativa do Conselho da Comunidade Solidária em parceria com o Sebrae, a antiga Sudene e a Caixa Econômica Federal. Atualmente, está em 53 comunidades brasileiras, com cerca de artesãos envolvidos. 166 Brasil , a era do Real
7 Ouvindo as reivindicações e sugestões das comunidades artesanais, são traçados planos de trabalho para apoiar o que já fazem e ampliar o número de pessoas envolvidas. Os pontos básicos dessa atuação são, entre outros: Trabalhar com grupos que fazem artesanato de cunho tradicional, isto é, ligado aos modos de vida do lugar, às matérias-primas disponíveis, aos conhecimentos transmitidos pelos mais velhos por meio de ensino informal, com padrões estéticos desenvolvidos a partir da vivência da própria comunidade; Orientar a formação de associações de artesãos ou o fortalecimento das já existentes; Aprimorar a produção; Divulgar a produção artesanal, valorizando seu aspecto cultural, os conhecimentos necessários à sua realização e a sua integração a um determinado modo de vida; Facilitar a obtenção de espaços para a realização do trabalho; Abrir caminhos para a comercialização. Rede Jovem abre as rotas da internet Em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia, o projeto Rede Jovem destina-se a adolescentes e jovens, especialmente aqueles em situação de risco social. Por meio da informática e da internet, busca valoriza e fortalecer suas formas de expressão, criatividade e participação na sociedade. É um programa que tem como grande atração o Espaço Jovem um local com computadores ligados à internet. Ali, os participantes encontram alternativas de lazer, aprendizado, conhecimento, perspectivas profissionais e estímulos à criatividade e ao convívio social. São utilizados websites que funcionam como um meio de animação e integração virtual entre os jovens. De forma descontraída, ele assemelha-se aos cybercafés. Do público-alvo, fazem parte jovens de baixa renda que não têm acesso à internet, mas que têm condições de ampliar, pela via virtual, seus contatos e a troca de informações relevantes sobre saúde, direitos e formação. Comunidade Solidária: parcerias contra a pobreza 167
8 168 Brasil , a era do Real
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