O COORDENADOR PEDAGÓGICO PELOS CAMINHOS DA FORMAÇÃO DOCENTE

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Transcrição:

1 RESUMO O COORDENADOR PEDAGÓGICO PELOS CAMINHOS DA FORMAÇÃO DOCENTE Osmar Hélio Alves Araújo Universidade Regional do Cariri-URCA Célia de Jesus Silva Magalhães Universidade Regional do Cariri-URCA A educação no século XXI está a enfrentar desafios, dilemas e descompassos, pois o referido século está abalizado por diversas transformações, dentre elas, as transformações tecnológicas. Deste modo, a educação no contexto contemporâneo vem sendo influenciada pelos diversos artefatos tecnológicos, os quais exigem dos sujeitos competências comunicativas, criativas e o alargamento do pensar e agir. Emerge, portanto, a necessidade de um professor em processo de formação contínua e capaz de materializar readequações, muitas vezes, no espaço escolar, no currículo e nas direções pedagógicas, coadunando-as ao contexto das tecnologias. Perfilou-se como objetivo: discutir o papel do coordenador pedagógico em face da necessidade de formação contínua para o professor em simbiose com a arena das tecnologias. Cabe, então, a esta pesquisa colocar em discussão indicativos que possam contribuir na compreensão, por parte dos coordenadores pedagógicos e professores, que a formação contínua do professor pode abrir caminhos para a inclusão dos instrumentos tecnológicos nos processos ensino e aprendizagem, ou seja, conectando a educação e as tecnologias. Palavras-chave: Coordenador pedagógico. Formação docente. Tecnologias. Introdução Contextualizando a discussão Considerando a proliferação da tecnológica, é preciso considerar, a princípio, que a esfera escolar não pode ficar alheia à cultura tecnológica, pois os diversos instrumentos tecnológicos propiciam a disseminação de informações, entretenimento e a conectividade, assim como tem emergido nos albores do contexto contemporâneo diversos modos de vida, novas condutas, sujeitos ditos contemporâneos que, por conseguinte, apresentam implicações na educação, ou seja, na necessidade de transformações na prática educativa. A sociedade, a partir das transformações tecnológicas, está a requerer da educação uma tomada de posição em relação a uma formação coadunada às tecnologias. Deste modo, convém indagar: não seria a formação contínua do professor um dos eixos intervenientes no processo de construção de uma educação integrada ao contexto tecnológico? Pois, compreende-se que a formação contínua do professor, em conexão com o cenário das tecnologias, viabiliza a construção dos saberes necessários para a sedimentação de uma educação integrada ao campo tecnológico. É na direção do exposto que este texto discorre sobre o papel do coordenador pedagógico 1 em interface a necessidade de formação contínua para a população docente, de XII EVIDOSOL e IX CILTEC-Online - junho/2016- http://evidosol.textolivre.org 1 Neste corpo teórico, será usada a sigla CP para fazer alusão ao Coordenador Pedagógico.

2 modo a qualificação, apreensão de novos saberes e produção de conhecimentos face as tecnologias. Portanto, a priori, compreende-se que o link entre a educação e as tecnologias exige que os professores estejam imersos em um processo de formação coadunado à dinâmica contemporânea, influenciada cada vez mais pelos avanços tecnológicos. Nesta perspectiva, ganha relevo o papel do CP, enquanto mediador da formação contínua docente no contexto escolar, pois o seu trabalho tem implicações na formação e nas práticas pedagógicas dos professores. Em linhas gerais, o CP assume papel importante no processo de formação contínua dos professores no espaço escolar, pois ele deve ser o mediador de ações pedagógicas com caráter formativo, as quais devem viabilizar aos professores o acesso a uma teoria, enquanto elemento essencial para o aperfeiçoamento e robustecimento da qualificação profissional docente. Como desdobramento, vislumbra-se um professor que seja capaz de estabelecer um diálogo com a arena tecnológica, assegurando, de modo qualitativo, a inserção dos referidos instrumentos na prática pedagógica. Referencial teórico Um diálogo se inicia! Verifica-se na contemporaneidade a necessidade de se perceber o professor como aprendiz da profissão, assim como é patente a necessidade de um processo formativo docente a partir da arena escolar em suas várias nuances. Porém, a priori, realça-se aqui que a sedimentação de transformações no campo da formação docente deve abarcar as transformações tecnológicas desencadeadas nos albores da contemporaneidade, pois as aludidas transformações permeiam o contexto escolar e tem implicações nos processos de ensino e aprendizagem. Nessa linha de raciocínio e considerando a importância das contribuições do coordenador pedagógico no processo de formação contínua do professor, este corpo teórico visa apresentar uma discussão sobre o seu papel ante a necessidade de uma formação contínua para a população docente em simbiose com o contexto das tecnologias. À guisa de esclarecimento, define-se aqui o CP como uma das dimensões do trabalho do pedagogo, neste caso, o pedagogo escolar. Assim, filia-se nesse contexto ao pensamento de Franco (2011, p.108) ao afirmar que: o pedagogo que atua na escola, em funções não docentes, eu o denomino de pedagogo escolar e considero que há uma especificidade própria em seu fazer profissional [...]. Por esse ânglo, compreende-se que faz parte das especificidades do fazer profissional do CP o processo de formação contínua do professor. Entretanto, o referido processo de formação nos dias hodiernos deve apresentar caráter inovador e simbiose com o contexto tecnológico, haja vista que a parafernália tecnológica faz emergir desafios, dilemas e descompassos entre a escola e as gerações contemporâneas. Nesta direção, Sibilia (2012) ressalta que as transformações tecnológicas perpassam os diferentes segmentos da sociedade, fazendo eclodir novas ideias, informações e, por conseguinte, as gerações contemporâneas exigem nova formação, viabilizada por meio de uma educação interativa, inovadora e integrada aos instrumentos tecnológicos, pois, como sustenta Sibilia: [...] agora e em toda parte, não surpreende que reverberem outros tipos de sujeitos: novos modos de ser e estar no mundo que emergem e se

3 desenvolvem respondendo às exigências da contemporaneidade, ao mesmo tempo que contribuem para gerar e reforçar tais características. (2012, p. 47). A respeito das novas gerações, é tempestivo também apresentar as contribuições de Sibilia. A mesma afirma que: [...] se confirma e provavelmente se reforça a cada dia na experiência de milhões de crianças e jovens de todo o mundo. É algo que já parece constituir a marca de uma geração e que, aliás, tem sido teorizado por vários autores recorrendo a nomes relacionados com certas letras do alfabeto geração y ou z, por exemplo, assim como N de net e D de digital, ou, então melancólico rótulo pós-alfa, bem como à exitosa expressão nativos digitais e outras no mesmo estilo. (2012, p. 14). Agrega-se aqui que as transformações tecnológicas vêm influenciando essas novas gerações na sua subjetividade e trazendo à tona uma incompatibilidade entre essas gerações, ditas nativos digitais, e por isso, como postula Libâneo (2007, p. 11), a escola precisa ser repensada. Isso exige investimento na educação a fim de corresponder a sua função no dinâmico contexto do século XXI. Libâneo (2001) assinala, ainda, que o crescimento tecnológico, por meio das tecnologias da informação e da comunicação, desencadeou uma reviravolta nos instrumentos convencionais dos processos de ensino e aprendizagem, mas enfatiza que a informação é um meio de fazer eclodir o conhecimento, porém por si só não é um elemento motriz para proporcionar o saber. Partindo das reflexões do autor, realça-se aqui que o CP deve ser o mediador de processos pedagógicos de formação contínua para os professores, acompanhando e orientando as práticas pedagógicas, assim como acompanhando a construção e a avaliação do projeto político pedagógico. E, sobretudo valorizando e construindo um processo de formação pautado em um trabalho coletivo, ou seja, assegurando a participação dos professores no seu próprio processo de formação, pois, como assinala Tardif, é essencial: [...] reconhecer que os professores [...] deveriam ter o direito de dizer algo a respeito de sua própria formação profissional, pouco importa onde ela ocorra, seja na universidade, nos institutos ou noutros lugares. (2002, p. 124). Nesta perspectiva, vislumbra-se aqui uma formação contínua para a população docente que fortaleça a liberdade e a autonomia intelectual e, como desdobramento, que os professores sejam capazes de construírem conhecimentos, de modo crítico, em interface ao cambiante contexto de informações e inovações em voga. É oportuno apresentar, no rastro do exposto, as considerações de Libâneo (2002, p. 35): muitos professores sentem necessidade de mudanças no seu trabalho e sabem que, para introduzi-las no seu trabalho, dependem e melhor formação pedagógico-didática [...]. Advoga-se com arrimo nas contribuições do autor um processo de formação contínua para o docente que o propicie formação didáticopedagógica e que, como desdobramento, o possibilite lidar com os recursos tecnológicos como instrumentos pedagógicos nos processos de ensino e aprendizagem. É necessário, a este ponto da discussão, sustentar que no contexto contemporâneo voga a necessidade de um processo de formação contínua para os professores articulado e vinculado ao uso das mídias digitais no desenvolvimento das referidas atividades pedagógicas formativas. A aludida prática é um modo engenhoso de aproximar os professores das novas tecnologias, ou seja, considerando que os artefatos tecnológicos são instrumentos que

4 disseminam uma nova cultura e enlaçam os diferentes estratos sociais; é necessário conectar a escolar, cada vez mais, ao contexto tecnológico. No entanto, isso exige um CP que materialize um processo de formação contínua para os professores, que os façam compreender o contexto contemporâneo que os envolve e toda a população discente, para, posteriormente, intervir, integrar criticamente ao mesmo e responder às exigências provenientes das inovações tecnológicas, dentre outros. É necessário colocar em pauta a necessidade de pesquisas que visem descortinar novas tecnologias, novas práticas pedagógicas, bem como uma formação contínua para os professores que os forneçam a apreensão de novos conhecimentos, atualização profissional e construção de novos saberes, pois a escola vem sendo questionada e, por conseguinte, os professores também o são, em interface às mudanças de diferentes ordens que afloram na sociedade contemporânea, entre as quais se realça aqui os avanços das ciências tecnológicas. Assim, o professor, por meio da prática pedagógica, em simbiose com a arena social, permeada pelas novidades trazidas pelo campo da tecnológica, deve assentar a educação em uma perspectiva de convivência com a seara social e tecnológica, visando formar cidadãos que atuem criativamente e criticamente na arena da cultura midiática. Conclusão Faz-se necessário, portanto, integrar educação e tecnologias, logo se conclui que as transformações tecnológicas penetram o campo educacional e fazem eclodir a necessidade de um trabalho pedagógico particularizado e conectado aos avanços tecnológicos. Nesta perspectiva, leva-se a cabo, por fim, que o CP deve ser mediador de um processo de formação contínua para o professor que contribuía para o despontamento de novos saberes docentes. Em vista disso, o CP precisa estimular os professores a atuarem, de forma autônoma e crítica, frente ao contexto contemporâneo, abalizado, cada vez mais, pelas transformações tecnológicas. Cabe, então, ao CP e aos professores fazerem uso da parafernália tecnológica a serviço dos processos de ensino e aprendizagem. Entretanto, a formação contínua do docente precisa ser materializada a partir do contexto escolar e conectada ao campo tecnológico, o que reclama planejamento, uso dos recursos tecnológicos e um CP comprometido com a formação contínua do professor. Referências FRANCO, Maria Amélia do Rosário Santoro. Para um currículo de formação de pedagogos: indicativos. In: Pedagogia e pedagogos: caminhos e perspectivas. PIMENTA, Selma Garrido (Org.). 3 ed. São Paulo; Cortez, 2011. pp. 101-129.. Produção de saberes na escola: suspeitas e apostas. In: CANDAU, Vera Maria (org.) Didática, currículo e saberes escolares. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. 2ª edição. pp. 11-45.

5 LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, Adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. 10. Ed - São Paulo, Cortez, 2007. (Coleção Questões da Nossa Época; v. 67) LIBÂNEO, José Carlos; PIMENTA, Selma Garrido. Formação dos profissionais da educação: visão crítica e perspectivas de mudança. In: PIMENTA, Selma Garrido (org.). Pedagogia e pedagogos: caminhos e perspectivas. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2011, p. 15-60. SIBILIA, Paula. Redes ou paredes: a escola em tempos de dispersão. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012. TARDIF, Maurice. Os professores enquanto sujeitos do conhecimento: subjetividade, prática e saberes do magistério. In: CANDAU, Vera Maria (org.) Didática, currículo e saberes escolares. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. 2ª edição. pp. 112-128.