A ESCUTA PEDAGÓGICA E A CRIANÇA HOSPITALIZADA: DISCUTINDO O PAPEL DA EDUCAÇÃO NO HOSPITAL

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Transcrição:

41 A ESCUTA PEDAGÓGICA E A CRIANÇA HOSPITALIZADA: DISCUTINDO O PAPEL DA EDUCAÇÃO NO HOSPITAL RESUMO Marcela Batista Faria Este artigo analisa o papel do pedagogo em espaços extracurriculares, como forma de assegurar à criança o direito à educação. Desta forma, surge uma nova área de atuação para os profissionais da educação: o hospital. A finalidade da Pedagogia Hospitalar é integrar educadores, equipe médica e família num trabalho em conjunto que permite o enfermo, mesmo em ambiente diferenciado, novas possibilidades e maneiras de dar continuidade a sua vida escolar, por meio de ações lúdicas, recreativas e pedagógicas, e, com isso, beneficiar sua saúde física, mental e emocional. Palavras-chave: Palavras-chave: Educação. Escuta Pedagógica. Pedagogia hospitalar. ABSTRACT This article examines the role of the educator in extracurricular spaces as a way of ensuring the child's right to education. Thus, a new area of activity for professionals in education: the hospital. The purpose of Pedagogy Hospital is to integrate educators, medical staff and a family working together that allows the sick, even in different environment, new possibilities and ways of continuing their school life through recreational activities, recreational and educational facilities, and thereby benefit their physical, mental and emotional. Keywords: Education. Teaching Listening. Pedagogy hospital. Especialista em Pedagogia Hospitalar pela PUC-Goiás, Especialista em Neuropedagogia e Psicanálise pelo Instituto Saber (GO), Especialista em Dificuldades de Aprendizagem, Professora de Pedagogia Hospitalar na Univar e Assessora Pedagógica em berçário. 1. INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo realizar um estudo sobre Pedagogia hospitalar, tendo como tema central A escuta pedagógica e a criança hospitalizada: discutindo o papel da educação no hospital. O estudo está construído a partir da seguinte problemática: A escuta pedagógica pode contribuir no tratamento do educando hospitalizado?. O interesse pelo assunto surgiu no primeiro período do curso de Pedagogia, da Universidade Católica de Goiás, a partir de uma proposta de atividade prática, denominada Um breve olhar sobre a formação e atuação do pedagogo. Esse trabalho me fez visitar o Hospital de Clínicas para entrevistar um profissional do ramo. A entrevista com a pedagoga da clínica de pediatria, Maria Gorete Barbosa Borges, despertou em mim o interesse em analisar o papel do pedagogo em espaços extraescolares, tendo como foco a eficácia da escuta pedagógica ao educando hospitalizado. Desde então, passei a realizar pesquisa e coletar materiais sobre a pedagogia hospitalar, uma modalidade pedagógica que visa assegurar o direito à educação ao educando hospitalizado. A partir de uma busca intensa de informações sobre este tema foi observado que, diante de uma patologia, a criança é obrigada a trocar seu universo infantil por um ambiente passivo, restrito e completamente delimitado, cuja rotina se distancia de coisas comuns e essenciais. A rotina hospitalar é bastante estressante para o educando hospitalizado, pois ele fica longe do convívio com familiares e amigos, o que afeta seu quadro clínico, deixando-o fragilizado e até mesmo fazendo com que ele rejeite o tratamento. Nesse contexto foi possível perceber e destacar a atuação da pedagogia hospitalar, que tem como foco integrar e socializar o educando hospitalizado, dentro de um ambiente acolhedor e humanizado, propiciando-lhe à continuidade à sua aprendizagem. Com isso, surgiu a necessidade de aprofundar estudos sobre a temática. Ao final do estudo, observou-se que a escuta pedagógica é uma metodologia utilizada no contexto hospitalar, a fim de garantir a continuidade do ensino dos conteúdos escolares aos educandos que, por motivo de doença, encontram-se hospitalizados, com vistas a minimizar os efeitos negativos de seu quadro clínico. 2. A PEDAGOGIA HOSPITALAR Diante de uma patologia, a criança é obrigada a trocar seu universo infantil por um ambiente passivo, restrito e completamente delimitado, cuja rotina se distancia de coisas comuns e essenciais. A rotina hospitalar é bastante estressante para o educando hospitalizado, pois ele fica longe do convívio com familiares e amigos, o que afeta seu quadro clínico, deixando-o fragilizado e até mesmo fazendo com que ele rejeite o tratamento. É nesse contexto que se destaca a atuação da Pedagogia Hospitalar, que tem como foco integrar e socializar o educando hospitalizado, dentro de um ambiente acolhedor e humanizado, dando

42 continuidade à sua aprendizagem. Assim, essa nova vertente tem como objetivo preservar o vínculo entre o processo educativo e o educando hospitalizado, através da integração de educadores, equipe médica e família, visando dar continuidade à sua vida escolar, beneficiando sua saúde física, mental e emocional. Para Matos e Mugiatti (2007), desde seu surgimento, a Pedagogia Hospitalar ampliou o foco de atuação do pedagogo para o espaço da saúde e vem buscando garantir, por meio de propostas pedagógicas, uma possibilidade a mais de espaço de trabalho com a integração de multiprofissionais em prol da recuperação da saúde de uma forma mais ampla e humanizada. Acredita-se que a pedagogia hospitalar pode fazer com que a recuperação do educando venha a ser mais rápida, uma vez que um enfermo se sente inserido em um novo fazer e agir, mesmo que em contexto hospitalar. Segundo Matos e Mugiatti (2007, p. 16-17) a Pedagogia Hospitalar: Vem contribuir, no âmbito da Ciência do Conhecimento, para uma inovadora forma de enfrentar os problemas clínicos, com elevado nível de discernimento. Trata-se, justamente, do desenvolvimento de ações educativas, em natural sintonia com as demais áreas, num trabalho integrado, de sentido complementar, coerente e cooperativo, numa fecunda aproximação em benefício do enfermo, em situação de fragilidade ocasionada pela doença, no entanto, passível de motivação e incentivo à participação no processo de cura. O direito da pessoa à educação é resguardado pela política nacional de educação independentemente de gênero, etnia, idade ou classe social. Matos e Mugiatti (2007) mencionam que a Pedagogia Hospitalar situa-se numa inter-relação entre os profissionais da equipe de saúde e da educação. Seu objetivo principal é desenvolver conhecimentos e habilidades conforme as especificidades de cada educando, considerando suas necessidades e seu processo escolar. A Pedagogia Hospitalar visa assegurar o direito de toda criança e adolescente à cidadania, o respeito e a igualdade, por meio da prática pedagógica em ambientes hospitalares. 2.1. A ESCOLA HOSPITALAR A criação de escolas hospitalares tem sido produto do reconhecimento de que crianças hospitalizadas têm necessidades educativas e direito à cidadania, independente do seu período de permanência no hospital. Este direito, segundo Esteves (2008) é reconhecido desde a segunda metade do século XX, em países como Inglaterra e Estados Unidos, quando instituições de ensino, como orfanatos, abrigos ou entidades de assistência à criança passaram a violar direitos básicos de seu desenvolvimento emocional, por falta de atendimento integral. Nesse contexto surgiu a iniciativa de se criar escolas hospitalares para prestar atendimento diferenciado e realizar experiências educativas com educandos hospitalizados. Ao poucos essa iniciativa foi levada a outros países, tais como o Brasil, em que a legislação vigente reconhece o direito ao atendimento educacional especializado aos educandos que se encontram hospitalizados e, por isso, impossibilitados de frequentar as aulas. De acordo com Fonseca (2003, p. 12): Esta modalidade de atendimento denominase Classe Hospitalar e objetiva atender pedagógico-educacionalmente às necessidades do desenvolvimento psíquico e cognitivo de crianças e jovens que, dadas as suas condições especiais de saúde, se encontram impossibilitadas de partilhar as experiências sócio-intelectivas de sua família, de sua escola e de seu grupo social. No Brasil este direito é assegurado pela própria Constituição Federal, em seu art. 208, III, que estabelece que: o Poder Público deve assegurar atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. O direito de receber atendimento na classe hospitalar também é assegurado oficialmente pela Política Nacional de Educação Especial (MEC/SEESP, 1994). Esta política propõe que a educação em hospitais seja realizada através da organização de classes hospitalares, também denominadas escolas hospitalares. Estas unidades devem proporcionar eventos educacionais a todos os pacientes em idade escolar que se encontrem em situação de doença, sejam simples transtornos do desenvolvimento e até mesmo situações de risco. Outro instrumento que assegura o direito à educação é o Estatuto da Criança e do Adolescente, cuja finalidade é garantir os direitos das crianças, começando por ter uma vida digna, tanto em aspectos físicos e emocionais quanto psíquicos, considerando seu desenvolvimento e priorizando a formulação de políticas públicas. Entretanto, os estudiosos sobre o assunto destacam que o direito à educação para os educandos hospitalizados nem sempre recebe a devida atenção por parte dos governantes e poderes públicos, seja a nível federal, estadual e municipal. Esta modalidade de educação ainda não é tratada como prioridade no Brasil, pois embora a legislação brasileira reconheça o direito e o dever das crianças hospitalizadas receberem atendimento pedagógico-educacional, ainda não há obrigatoriedade de criação de projetos educacionais por parte dos hospitais. Regulamentar adequadamente a escola hospitalar é um processo essencial para o desenvolvimento do educando hospitalizado, uma vez

43 que durante esse período, ele sofre um distanciamento do seu ambiente familiar e social, e é colocando em um cenário hospitalar para lidar com procedimentos clínicos. Fonseca (2003, p. 17) ressalta que a criança hospitalizada, assim como qualquer criança, apresenta o desenvolvimento que lhe é possível de acordo com uma diversidade de fatores com os quais interage. Portanto, a rotina da escola hospitalar deve considerar que o tempo de aprender é o tempo do aluno; que a interação entre as crianças é tão importante quanto à mediação do professor nas atividades desenvolvidas; e que a sala de aula é muito abrangente e pode envolver atividades que interliguem a escola ao ambiente hospitalar. Assim, para ela, estabelecer um elo entre o educando e o ensino permite que ele continue participando do processo educativo e se desenvolvendo, o que pode contribuir, inclusive, para a melhoria de seu quadro clínico, já que ele não se sentirá excluído de sua vida social, nem ao menos se sentirá intelectualmente incapaz. Este fato pode, portanto, elevar sua autoestima e a vontade de se recuperar. O atendimento na escola hospitalar consiste na escuta pedagógica às necessidades do educando hospitalizado e contribui para que este busque motivação para superar suas limitações, acreditando ser capaz de melhorar a cada dia. Oferecer atendimento ao educando hospitalizado é priorizar seu direito de ser criança, poder brincar, viver experiências lúdicas, bem como praticar seu direito de estudar e aprender de forma mais sistematizada. Esse processo fará com que o educando não interrompa seu desenvolvimento, já que: A internação hospitalar em nada impede que novos conhecimentos e informações possam ser adquiridos pela criança ou jovem e venha a contribuir tanto para o desenvolvimento escolar (não ficando em defasagem nos conteúdos de seu grupo ou turma) quanto para o entendimento de sua doença e a sua recuperação de sua saúde (FONSECA, 2003, p. 13). Quando crianças ou adolescentes em idade escolar se encontram enfermos e recebem acompanhamento pedagógico, eles melhoram seu estado clínico, diminuindo seu tempo de internação, se comparadas a outras crianças que não receberam esse tipo de atendimento. O acompanhamento pedagógico é capaz de propiciar a construção do conhecimento e melhorar o desenvolvimento do educando, pois dá continuidade e segurança aos laços sociais da aprendizagem, permitindo que ele compreenda sua rotina hospitalar, suas necessidades e suas vivências anteriores. Esse processo só é possível, pois, conforme ressalta Fonseca (2003, p. 16) a criança é, antes de mais nada, um cidadão que, como qualquer outro, tem direito ao atendimento de suas necessidades e interesses, mesmo quando está com a sua saúde comprometida. Isso ocorre porque, a escola hospitalar é diferente dos demais ambientes do hospital; seu espírito estimulante, alegre e acolhedor pode oferecer aos educandos enfermos uma forma criativa e positiva de encarar sua situação de doença. Dessa forma, a escola hospitalar é considerada como o ambiente de tratamento de saúde, criado para assegurar aos educandos hospitalizados, a continuidade dos conteúdos regulares, possibilitando um retorno após a alta sem prejuízos à sua formação escolar. Na visão de Fonseca (2003, p. 18) a escola hospitalar serve como uma oportunidade extra de resgate da criança para a escola, a partir da qual terá condições de, exercendo seu direito de cidadão, aprender. Esta escola investe nas potencialidades do educando, fazendo-o mudar a percepção que tem de si mesmo e da escola, por meio de atividades pedagógico-educacionais que promovam oportunidades de socialização. 2.2. A EDUCAÇÃO EM AMBIENTE HOSPITALAR As transformações que marcam a sociedade contemporânea impõem a diversificação dos espaços educativos, trazendo à tona a importância de levar o ensino a educandos que, por motivos de saúde, estão afastados da sala de aula. Um desses espaços educativos é o ambiente hospitalar, no qual educar implica em utilizar práticas pedagógicas que desenvolvam ao mesmo tempo a razão, sensação, sentimento e intuição. Nesse cenário, educar vai além de transmitir conhecimentos e construir o saber sistematizado. Na verdade, a educação assume um sentido terapêutico, pois desperta no educando uma nova consciência que o faz deixar de lado a posição de pessoa hospitalizada para assumir uma postura positiva de transformação e aquisição de conhecimento. O educando hospitalizado, seja criança ou adolescente, passa por uma experiência dolorosa de privação de saúde e de liberdade, vivida pela dor física e pelo desequilíbrio emocional, acarretado devido à sensação de abandono no ambiente hospitalar, o que pode dificultar a cura e prolongar o tratamento. O afastamento do internado de suas famílias, da escola e dos amigos acaba alterando sua autoestima, criando ansiedade, medo, desânimo, depressão e tornando lenta sua recuperação. Tudo isso, acaba refletindo na vida escolar da criança que, muitas vezes, pode perder o ano letivo. O hospital é um ambiente muito triste e deprimente, por isso, acredita-se que a prática de atividades educativas pode trazer mais alegria, encanto, brilho, sonhos e fantasia ao olhar, ouvir, pensar e sentir dos educandos hospitalizados, fazendo com que o ambiente fique mais animador, colorido e descontraído.

44 Não se pode generalizar o dia a dia em hospital, portanto, contar histórias, dramatizar, usar fantoches e outras tantas linguagens são comunicações que chamam a criança e o jovem para fora da realidade hospitalar, o que pode contribuir para melhorar a qualidade de vida dessas crianças e dos jovens, pois esse diferencial, com certeza, contribuirá para que a hospitalização possa vir a ser mais amena em sua vida (CARDOSO, 1995, p. 48). A prática educativa no hospital pode trazer novas perspectivas e desafios para o educando hospitalizado, em relação à sua condição emocional, psicológica e criativa, uma vez que busca reduzir os impactos causados pela internação, tanto na vida escolar quanto no desenvolvimento do educando hospitalizado. Segundo Mazzota (apud CAIADO, 2003, p. 74) a educação no contexto hospitalar pode ser definida como o ensino desenvolvido por professor especializado e prestado a crianças e jovens que, devido a condições incapacitantes temporárias ou permanentes, estão impossibilitadas de se locomover até a escola. No ambiente hospitalar, a educação, além de resgatar a auto-estima da criança, gera conhecimentos que contribuem para refletir sobre sua doença e compreender as causas que lhe trazem desconforto emocional, diminuindo a tensão de sua hospitalização. Assim, ao proporcionar momentos de construção, expressão e reelaboração de pensamentos, a educação tem um importante papel a desempenhar no resgate da saúde da criança hospitalizada. Normalmente, as escolas não possuem nenhum tipo de tratamento especial para os educandos que se encontram em situação de enfermidade. Assim eles perdem o estímulo e vontade de aprender. Por isso, é fundamental que a educação seja repensada para integrar esses educandos ao ensino. Para tanto, o elo entre a educação e o ambiente hospitalar deve proporcionar ao educando enfermo a continuidade de seus estudos mesmo durante longo período em ambiente hospitalar. Sem perder o contato com os livros, cadernos, brincadeiras e afetividade, os educandos continuarão suas perspectivas, sentindo-se integrados à sociedade. Educandos hospitalizados podem se envolver nas atividades pedagógicas, de tal forma que se sintam felizes e produtivos, deixando, assim, de pensar na doença. Desse modo, sentem-se menos excluídos e podem despertar para outras realidades, vivendo de forma mais positiva, buscando forças no seu interior para reagir diante da doença e do lugar em que estão. Eles podem criar expectativas para um futuro promissor, com muitas esperanças de cura e da volta ao convívio familiar e social. O papel da educação nesse espaço é o de proporcionar essas transformações sociais, levando uma nova alternativa para transformar o ambiente hospitalar de um lugar triste e, muitas vezes, desconfortante em um local mais descontraído, por meio de projetos pedagógicos, lúdicos e criativos. O profissional deve ser dotado de várias competências como: técnica, intelectual e a política, no qual devem estar em encontro com o conhecimento de cada uma. O Educador nunca deve cruzar os braços, as práticas pedagógicas mostram que educar é uma ação que envolve a sensação, o sentimento, a intuição, assim, além de transmitir e construir conhecimentos assume um sentido terapêutico ao despertar no educando uma nova consciência que leve além do seu próprio eu (STEIGLER, ROSA e MOREIRA, 2011, p. 118). Dessa forma, a educação no ambiente hospitalar deve ser vista como uma necessidade de contribuição especializada proporcionando um contexto lúdico-pedagógico em hospitais, cujo público alvo é composto por crianças e jovens enfermos. Ela deve promover a inserção, permanência e continuidade do processo educativo, aliviando as possíveis irritabilidades, a desmotivação ou estresse, através da comunicação e do diálogo, recursos essenciais que desenvolvem uma relação de integração entre o educando e a educação. Segundo Matos e Muggiati (2007), a prática pedagógica em ambientes hospitalares exige dos profissionais envolvidos maior flexibilidade, por tratar-se de uma clientela que se encontra em constante modificação, tanto em relação ao número de educandos que serão atendidos, quanto ao tempo que cada um deles permanecerá internado. Logo, a prática pedagógica em hospitais requer compreensão para a peculiaridade de que, mais do que em outras instituições, não existe uma receita pronta, um planejamento perfeito, uma cartilha de respostas a ser seguida, mas sim um desafio de se traçar, a partir de temas geradores, percursos individualizados. O pedagogo deve ir além da imaginação das crianças, pois, deve ser amigo, companheiro, atencioso e bem preparado para lidar com várias situações e saber improvisar alternativas para a realização de seu trabalho, alcançando os objetivos esperados (SANTOS, 2012, p. 12). Dentro desse ambiente, a atuação do pedagogo passa a ser vista como uma contribuição especializada no aspecto pedagógico junto aos educandos enfermos. Assim, o objetivo do pedagogo é promover a continuidade do processo educativo, através da comunicação e o diálogo, desenvolvendo uma relação de integração da criança/adolescente com o mundo fora do hospital (FONSECA, 2003). O papel do pedagogo é fazer da práxis sua filosofia de trabalho. Seu projeto deve estar carregado

45 de humanismo e fundamentado teoricamente, pautado em pesquisas e planejamentos, porém sem esquecer que cada caso é específico e que este desafio de integrar sua prática em realidades tão iguais como a do cenário hospitalar, é muito diferente quando voltada para cada enfermo. 2.3. A ESCUTA PEDAGÓGICA E SEUS FUNDAMENTOS No contexto da Pedagogia Hospitalar, Ceccim (1997) menciona o conceito de escuta pedagógica, utilizando-o para relatar a importância do atendimento pedagógico-educacional no ambiente hospitalar. Utilizar a escuta pedagógica como metodologia de ensino implica em lançar um novo pensar sobre os cuidados com a saúde do educando hospitalizado. Desse modo, ela é considerada uma metodologia educativa utilizada no contexto da pedagogia hospitalar, visando minimizar a ansiedade e as dúvidas do educando hospitalizado, através de situações que o levem a construir novos significados e a compreender a situação vivenciada. Conforme Ceccim (1997, p. 31) o termo escuta tem sua origem na psicanálise e é muito diferente de audição. O autor ressalta que a escuta se refere à apreensão/compreensão de expectativas e sentidos, ouvindo através de palavras, as lacunas do que é dito e os silêncios, ouvindo expressões, gestos, condutas e posturas. Assim, entende-se que a escuta consiste em captar as necessidades intelectuais, emoções e pensamentos, expressos através da fala, a fim de interpretar os aspectos internos do ser humano. Ela permite conhecer o ambiente em que o indivíduo está inserido, bem como suas expectativas. Na escola hospitalar, a escuta pedagógica é realizada com o intuito de conhecer o espaço, rotina, informações médicas e até mesmo a doença do educando, e viabilizar meios lúdicos e didáticos que o reintegrem à rotina escolar e social. Além disso, a escuta pedagógica permite ainda que se tome conhecimento sobre a forma que o educando tem de expressar seus sentimentos e organizar suas idéias a partir da linguagem. Para tanto, o papel do professor diante da escuta pedagógica deve ser o de proporcionar uma articulação significativa entre o saber do cotidiano do educando e o saber científico do médico, respeitando as diferenças que existem entre ambos. Nesse processo articulador, Damiani (2008, p. 3) ressalta que o professor desempenha várias funções no ambiente hospitalar, dentre elas: 1. A inclusão entre a criança ou o jovem, sua família, a escola e o hospital, diminuindo, assim, os traumas, medos e angústias da internação e contribuindo para o seu bem estar; 2. Proporcionar, à criança e ao jovem hospitalizados, o acesso à educação; 3. Oportunizar a humanização do atendimento da equipe hospitalar e da família, ao atendimento da criança ou do jovem hospitalizados, em busca de uma harmonia no ambiente hospitalar; 4. Fortalecer o vínculo com a criança e com o jovem durante a hospitalização, possibilitando sua prática pedagógica e dando continuidade aos estudos; 5. Aproximar a vivência da criança e do jovem no hospital às suas rotinas diárias anteriores à internação, utilizando o conhecimento como forma de emancipação e formação humana; 6. Diminuir a ansiedade das crianças e dos jovens e de seus familiares; 7. Desenvolver atividades lúdicas pedagógicas com as crianças ou jovens, a fim de contribuir para o pronto restabelecimento de sua saúde, bem como, de amenizar as perdas das aulas convencionais e o seu convívio social. Dentro do hospital, o professor deve, então, lidar com interfaces políticas, pedagógicas, psicológicas, sociais, ideológicas..., contudo o mais importante em seu trabalho é estar disponível para ouvir o educando hospitalizado e ajudá-lo a compreender seu estado, criando vínculos entre o ambiente hospitalar e o escolar. Portanto, através da escuta, o educando poderá compartilhar com o professor os fatos inerentes à sua rotina, por meio do diálogo e da escuta atenciosa. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir do estudo realizado pode-se perceber que o educando hospitalizado, muitas vezes apresenta uma carência cognitiva que pode ser suprida pela ação pedagógica, que desenvolva a aprendizagem, independente do ambiente e do estado de saúde em que ele se encontre. Nesse contexto, a escuta pedagógica é uma metodologia de ensino que pode contribuir no tratamento do educando hospitalizado, melhorando sua autoestima e estimulando seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e social. Notou-se que a escuta pedagógica deve ser utilizada pelos profissionais da escola hospitalar visando assegurar a continuidade dos conteúdos escolares a crianças e/ou adolescentes hospitalizados, de modo que após a alta eles não tenham maiores prejuízos em seu desenvolvimento, bem como em seu retorno à escola. Essa preocupação é devida às alterações que o ambiente hospitalar pode provocar nos educandos que, por motivo de enfermidade, estão afastados do convívio social e da sua rotina escolar. Assim, no ambiente hospitalar, o papel da educação deve ser, então, o de contribuir para o desenvolvimento do educando e estimular a construção do saber, levando o educando a refletir sobre o meio em que está inserido, sua doença e seus

46 sentimentos, enfim, ajudando-o a compreender sua nova rotina. A educação no hospital pode ainda fortalecer a auto-estima dos educandos, facilitando o enfrentamento da situação de hospitalização. É nesse contexto que se destaca a importância da Pedagogia Hospitalar, um campo de atuação que visa assegurar o direito à continuidade do trabalho educativo de uma criança ou adolescente, ainda que ele se encontre hospitalizado. Para atender aos objetivos dessa modalidade pedagógica, o professor que atua na perspectiva da Pedagogia Hospitalar deverá estar habilitado para trabalhar com a diversidade humana e as diferentes experiências culturais, verificando com clareza quais as necessidades psicológicas, sociais e pedagógicas dos educandos que, por motivo de doença, estão impossibilitados de frequentar a escola. Cabe ao educador, portanto realizar uma escuta atenciosa ao educando, trabalhando de forma sensível, criativa, compreensiva, persistente, com força de vontade e muita paciência. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial, 1988. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Brasília: Imprensa Oficial, 1990. BRASIL. Política Nacional de Educação Especial. Livro 1. MEC/SEESP. Brasília: MEC/SEESP, 1994. CAIADO, Kátia R. M. O trabalho pedagógico no ambiente hospitalar: um espaço em construção. In RIBEIRO, Maria Luisa Sprovieri; BAUMEL, Roseli Cecília Rocha de Carvalho (organizadoras). Educação Especial: do querer ao fazer. São Paulo: Avercam, 2003. Pedagógica, Escola e Faculdade Santa Marina, São Paulo, 5. ed. 09 jun 2008. ESTEVES, Cláudia Regina. Pedagogia hospitalar: um breve histórico. In: Revista Científica Eletrônica de Pedagogia, ano VI, n. 11, janeiro de 2008. FONSECA, Eneida Simões da. Atendimento escolar no ambiente hospitalar. São Paulo: Memmon, 2003. GIL, Juliana Dallarmi; PAULA, Ercília Maria A. Angeli de.; MARCON, Andressa. O significado da prática pedagógica no contexto hospitalar. In: Revista Olhar de professor, Ponta Grossa, 4(1): 103-114, 2001. MATOS, Elizete Lúcia Moreira. Pedagogia Hospitalar. Revista Educação em Movimento. Curitiba, v. 2, nº 5, p. 39 42, maio/agosto, 2003. MATOS, Elizete Lúcia Moreira; MUGIATTI, Margarida Maria Teixeira de Freitas. Pedagogia Hospitalar: a humanização integrando educação e saúde. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. SANTOS, Simone Pereira dos. Pedagogia hospitalar: um novo caminho para a educação. On-line http://revista.univar.edu.br/ Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2012) n.º 7 p. 8 14. STEIGLER, Aparecida de Cássia Paes Leme; ROSA, Sylvania Ferreira; MOREIRA, Josiani Alves. Pedagogia hospitalar: a hospitalização humanizada. On-line http://revista.univar.edu. br/ Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2011) nº. 6 p. 115-119 CARDOSO, Clodoaldo Meneguello. Uma visão da educação. São Paulo: Summus, 1995. CECCIM, Ricardo Burg. Criança hospitalizada: a atenção integral como uma escuta à vida. In.: CECCIM, Ricardo Burg; CARVALHO, Paulo R. Antonacci (Org.). Criança hospitalizada: atenção integral como escuta à vida. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1997, p. 27-41. CECCIM, Ricardo Burg.; CRISTÓGOLI, Luciane.; KULPA, Stefanie.; MODESTO, Rita de Cássia P. Escuta pedagógica à criança hospitalizada. In.: CECCIM, Ricardo Burg; CARVALHO, Paulo R. Antonacci (Org.). Criança hospitalizada: atenção integral como escuta à vida. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1997, p. 77-84. DAMIANI, Anna Maria Nascimento. O caminho é você quem faz... In: Revista on-line Integração