O PADRÃO DA CORRIDA EM ESCOLARES DE 6 A 7 ANOS EMEI "Profª Alda Therezinha Perches Queiroz" Lins SP

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Transcrição:

UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Educação Física André Luiz Moinhos Muniz Diego Gallo da Silva O PADRÃO DA CORRIDA EM ESCOLARES DE 6 A 7 ANOS EMEI "Profª Alda Therezinha Perches Queiroz" Lins SP LINS SP 2013

ANDRÉ LUIZ MOINHOS MUNIZ DIEGO GALLO DA SILVA O PADRÃO DA CORRIDA EM ESCOLARES DE 6 A 7 ANOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Bacharelado em Educação Física, sob a orientação da Prof. ª Ma. Maria de Fatima Paschoal Soler e orientação técnica da Prof. ª Ma. Jovira Maria Sarraceni Lins SP 2013

Muniz, André Luiz Moinhos; Silva, Diego Gallo da M935e Educação física bacharel: o padrão da corrida em escolares de 6 a 7 anos da EMEI Profª Alda Therezinha Perches Queiroz / André Luiz Moinhos Muniz; Diego Gallo da Silva. Lins, 2013. 65p. il. 31cm. Inclui DVD. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação de Bacharelado em Educação Física, 2013. Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Maria de Fátima Paschoal Soler 1. Desenvolvimento Motor. 2. Habilidades Motoras Fundamentais. 3. Corrida. 4. Padrão Maduro. I Título.

ANDRÉ LUIZ MOINHOS MUNIZ DIEGO GALLO DA SILVA O PADRÃO DE HABILIDADES MOTORAS FUNDAMENTAIS EM ESCOLARES DE 6 A 7 ANOS Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para a obtenção do título de Bacharel em Educação Física. Aprovada em: / / Banca Examinadora: Prof. ª Orientadora: Maria de Fatima Paschoal Soler Titulação: Mestra em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba. Assinatura: 1 Prof. ª : Titulação: Assinatura: 2 Prof. ª : Titulação: Assinatura:

Dedico este trabalho aos meus pais Osmar Muniz e Maria Isabel Moinhos Muniz, a minha família e a todos aqueles que de alguma forma acreditam em mim. AGRADECIMENTOS Agradeço a DEUS, a ele que tem me amparado e me dado forças, que acredita em mim até quando eu perco a fé, e que nunca deixou de estar ao meu lado, nem mesmo nos momentos mais sombrios de minha existência. Agradeço aos meus pais e a minha família, que sempre me amaram e estiveram ao meu lado, sem o apoio de vocês eu jamais chegaria onde estou. Agradeço ao meu irmão, Diego Moinhos Muniz, que nos ajudou muito na realização das filmagens e edição das imagens, sem ele este trabalho teria uma qualidade muito inferior. Agradeço a minha namorada, Damaris Ribeiro de Paula, que além de iluminar minha vida desde o momento em que eu a conheci, me ajudou muitíssimo na edição e escrita desta obra. Agradeço com muito carinho ao meu Mestre das Artes Marciais e da Vida, Paulo Roberto Lintz Correa, suas contribuições em minha vida foram de valor inestimável. Agradeço as nossas orientadoras Maria de Fátima Paschoal Soler e Jovira Maria Sarraceni, que foram fundamentais na construção desta obra. Agradeço à Secretária Municipal de Educação, Denise Jorge Magnoler, à Diretora da EMEI "Profª Alda Therezinha Perches Queiroz", Karina de Fátima Gomes, e aos pais e alunos que participaram de nosso estudo, pois sem a permissão e a colaboração destas pessoas nosso trabalho não poderia se realizar. E a todos aqueles que contribuíram de alguma forma para a minha formação enquanto pessoa e cidadão, assim como para a construção desta obra, eu deixo com muito carinho o meu MUITO OBRIGADO!!! André Luiz Moinhos Muniz

Dedico este trabalho a Deus e a minha Família. AGRADECIMENTOS Primeiramente eu gostaria de agradecer a Deus por ter nos deixado sua herança, que foi o conhecimento e a sabedoria divina que nos alimenta e nos fornece força para que a vida possa ser prazerosa e cheia de conquistas. Em seguida agradeço pelo maior presente que ele me deixou que foi uma vida cercada de pessoas que me amam e consequentemente me dão suporte para continuar caminhando no sentido certo. Essas pessoas que eu digo, é minha família, onde por eles eu me sinto motivado para continuar lutando superando os obstáculos e adquirindo novas conquistas. Diego Gallo da Silva

RESUMO As condições de vida nos centros urbanos vêm se transformando de forma muito significativa nas últimas décadas, implicando em profundas mudanças de hábitos. Grande parte das crianças dos tempos atuais não praticam, e muitas nem conhecem, as brincadeiras e atividades que preenchiam a infância das crianças das décadas passadas. Esse fato, além de ser um problema cultural, afeta diretamente o desenvolvimento motor infantil, pois atividades e brincadeiras que estimulam as crianças a se movimentarem e utilizarem o corpo são muitíssimo importantes para o desenvolvimento motor. É fato que a grande maioria das crianças necessita vivenciar experiências que as estimulem a se movimentar e a aprender novas formas de movimentos para que seu desenvolvimento motor não fique atrasado e limitante. É por este motivo, que as escolas infantis oferecem aulas de educação física para os alunos. E, para muitas crianças, o contexto escolar é a única fonte de estímulos ao desenvolvimento motor. Esta pesquisa tem o objetivo de verificar se apenas as aulas de educação física, oferecidas no contexto escolar, são suficientes para estimular o desenvolvimento motor das crianças de forma adequada. Para isso, foram selecionadas 20 crianças do 1 ano do ensino fundamental com idades entre 6 e 7 anos da EMEI "Profª Alda Therezinha Perches Queiroz" na cidade de Lins. As crianças foram separadas em 2 grupos de 10 alunos cada. Um grupo foi formado por crianças que praticam atividades físicas fora do contexto escolar, e o outro por aquelas que realizavam atividades físicas apenas na escola. Todas as 20 crianças foram filmadas durante o ato da corrida, as imagens foram analisadas e a performance motora das crianças foi avaliada. O resultado desta pesquisa apontou uma diferença muito significativa entre os grupos. Evidenciando que provavelmente a forma como os estímulos motores são oferecidos para as crianças nos tempos atuais necessita ser repensada. Palavras-chave: Desenvolvimento Motor. Habilidades Motoras Fundamentais. Corrida. Padrão Maduro.

ABSTRACT The living conditions in urban centers have been becoming very significantly in recent decades, resulting in profound changes in habits. Most children of modern times do not practice, and many do not know, the games and activities that filled childhood of children of the past decades. This fact, in addition to being a cultural problem, directly affects infant motor development, as activities and games that stimulate children to move and use the body are extremely important for motor development. It is a fact that the vast majority of children need to have experiences that stimulate the move and learn new ways of movements so that your motor development does not get delayed and limiting. It is for this reason that infant schools offer physical education classes for students. And for many children, the school context is the only source of stimulus to motor development. This research intends to verify whether only the physical education classes, offered in the school context, are sufficient to stimulate motor development of the children appropriately. For this, were selected 20 children from 1st year of primary school between the ages 6 and 7 years of EMEI "Prof. Alda Therezinha Perches Queiroz" in the city of Lins. The children were divided in 2 groups of 10 students each. One group was formed of children who practice physical activities outside the school context, and the other by those who only performed physical activities at school. All 20 children were filmed during the act of running, the images were analyzed and motor performance of the children was evaluated. The result of this research showed a very significant difference between the groups. Evidencing that probably the way the motor stimuli are offered for children nowadays need be rethought. Keywords: Motor Development. Fundamental Motor Skills. Race. Standard Mature.

LISTA DE FIGURAS Figura 1: Ampulheta... 17 Figura 2: Recheio da vida... 18 Figura 3: Desenvolvimento... 31 Figura 4: Experiências... 36 Figura 5: Habilidades esportivas... 41 Figura 6: Estrutura da filmagem... 44 Figura 7: A corrida... 47 Figura 8: Gráfico do grupo praticante... 62 Figura 9: Gráfico do grupo não praticante... 63 Figura 10: Gráfico de classificação geral... 64 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Corrida... 40 Quadro 2: Objetos de análise... 46 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Classificação do grupo praticante... 48 Tabela 2: Classificação do grupo não praticante... 49 Tabela 3: Diferença entre os grupos... 49 Tabela 4: Classificação Geral... 50 Tabela 5: Distribuição do nível da habilidade analisada entre os grupos... 50 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS HMF: Habilidades Motoras Fundamentais CT: Cabeça e tronco EMEI: Escola Municipal de Educação Infantil E: Estágio Elementar I: Estágio Inicial

M: Estágio maduro MI: Membros Inferiores MS: Membros Superiores NP: Indivíduo Do Grupo Não Praticante P: Indivíduo Do Grupo Praticante

SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 11 CAPITULO I O DESENVOLVIMENTO MOTOR... 13 1 O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO... 13 1.1 Fase motora reflexiva... 19 1.1.2 Reflexos primitivos... 19 1.1.3 Reflexos posturais... 19 1.1.4 Estágio de codificações de Informações... 20 1.1.5 Estágio de decodificações de informações... 20 1.2 Fase de movimentos rudimentares... 21 1.2.1 Estágio de inibição de reflexos... 21 1.2.2 Estágio de pré-controle... 22 1.3 Fase de movimentos fundamentais... 22 1.3.1 Estágio Inicial... 23 1.3.2 Estágio elementar... 24 1.3.3 Estágio maduro... 24 1.4 Fase de movimentos especializados... 25 1.4.1 Estágio transitório... 25 1.4.2 Estágio de aplicação... 26 1.4.3 Estágio de utilização permanente... 26 1.5 Outras perspectivas... 27 CAPITULO II O DESENVOLVIMENTO E A SIGNIFICÂNCIA DAS HABILIDADES MOTORAS FUNDAMENTAIS... 29 2 CONCEITOS... 29 2.1 Crescimento e maturação biológica... 30 2.2 Fatores que afetam o crescimento e a maturação... 31 2.2.1 Nutrição... 32 2.2.2 Estresse e idade da mãe... 32 2.2.3 Fatores teratógenos... 33 2.3 Experiências... 35 2.4 Habilidades motoras fundamentais através da perspectiva de Gallahue e Ozmun... 37

CAPITULO III A PESQUISA... 43 3 INTRODUÇÃO... 43 3.1 A EMEI "Profª Alda Therezinha Perches Queiroz... 43 3.2 Protocolo... 44 3.3 Análise... 46 3.4 Resultados... 48 3.5 Discussão... 50 3.6 Parecer final... 52 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO... 53 CONCLUSÃO... 54 REFERÊNCIAS... 55 APÊNDICES... 56 ANEXOS... 58

11 INTRODUÇÃO O tema abordado no presente trabalho é o padrão da corrida em escolares entre 6 e 7 anos de idade, delimitando o nível de maturação desta habilidade motora fundamental das crianças dessa faixa etária que cursam o primeiro ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal de Ensino Infantil (EMEI) "Profª Alda Therezinha Perches Queiroz". Este estudo justifica-se pelo fato de que a locomoção é um aspecto fundamental no aprendizado de movimentar-se, efetiva e eficientemente, pelo ambiente. Segundo Gallahue e Ozmun (2003) atividades como: caminhar, correr, pular, e saltar obstáculos são consideradas movimentos locomotores fundamentais. Com base em autores como Gallahue e Ozmun (2003), Tani (2008), Piaget (1967), Payne e Isaac (2007), Kail (2004), Schmidt e Wrisberg (2001), pode-se afirmar que a aquisição de padrões maduros para as habilidades motoras fundamentais é muito significativa para a formação do indivíduo. O objetivo geral desta pesquisa é analisar se as aulas de Educação Física no contexto formal (escolar) são suficientes para estimular o desenvolvimento motor das crianças de forma adequada. E o objetivo específico é analisar o padrão motor da corrida. A pergunta problema que esta pesquisa tenta responder é a seguinte: apenas as aulas de Educação Física escolar são suficientes para estimular o desenvolvimento motor das crianças de forma adequada? Diante deste questionamento, levantou-se a hipótese de que, devido ao maior sedentarismo dos tempos cotidianos, a atual carga horária das aulas de educação física escolar não é suficiente para proporcionar às crianças os estímulos que essas necessitam para se desenvolverem de forma adequada. Para responder ao questionamento desta pesquisa foram selecionadas 20 crianças da EMEI "Profª Alda Therezinha Perches Queiroz" da cidade de Lins. Essas crianças formaram 2 grupos de 10 indivíduos. Um grupo foi constituído apenas pelos indivíduos que praticavam atividades estimulantes ao desenvolvimento motor fora do contexto escolar, e o outro por aqueles que praticavam tais atividades apenas na escola.

12 Todas as crianças foram filmadas durante o ato da corrida, essas filmagens foram analisadas e o desempenho motor das crianças foi avaliado. Esta obra faz um apanhado na literatura do desenvolvimento motor, dissertando sobre o significado do desenvolvimento, as várias fases e estágios do desenvolvimento motor, os fatores que o afetam, a importância de estímulos durante o processo de desenvolvimento, as habilidades motoras fundamentais e, por fim, é apresentado o resultado da pesquisa e suas respectivas interpretações. Portanto este trabalho ficou assim dividido: CAPÍTULO 1: O Desenvolvimento motor. CAPÍTULO 2: O Desenvolvimento e a significância das habilidades motoras fundamentais. CAPÍTULO 3: A pesquisa. Por fim apresenta-se a Proposta de Intervenção, Conclusão e Referências.

13 CAPITULO I O DESENVOLVIMENTO MOTOR 1 O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO A palavra desenvolvimento envolve um campo muito amplo de significados, mas no que diz respeito aos seres humanos, ela faz referência a um conjunto de aspectos que embora distintos, estão, em sua maioria, interligados. Para Gallahue e Ozmun (2003), desenvolvimento, em seu sentido mais puro, refere-se às alterações no nível de funcionamento de um indivíduo ao longo do tempo. E ainda segundo os mesmos autores, apesar de o desenvolvimento ser mais frequentemente considerado como o surgimento e a ampliação das habilidades de um indivíduo para funcionar em um nível mais elevado, é preciso reconhecer que o conceito de desenvolvimento é muito amplo e que ele é, de fato, um processo permanente. A ciência do desenvolvimento humano engloba vários campos de estudo. Payne e Isaac (2007) vão além da clássica e pioneira taxonomia desenvolvida por Benjamim Bloom, que em 1956 classificou o desenvolvimento humano em 3 domínios: o cognitivo, o afetivo e o psicomotor. Payne e Isaac (2007) acrescentam um 4º domínio, intitulado de domínio físico. É com base na obra destes mesmos autores, que os breves esclarecimentos acerca de cada um destes domínios (cognitivo, afetivo, psicomotor e físico) foram desenvolvidos e apresentados a seguir. O domínio cognitivo tem enfoque em atividades como: leitura, resolução de problemas matemáticos, ponderação de fatos nos estudos sociais e atividades semelhantes a estas que estejam direta ou indiretamente ligadas às atividades e capacidades cognitivas. O domínio afetivo relaciona-se, principalmente, com os aspectos sociais e emocionais do desenvolvimento humano, e tem seu enfoque em sentimentos como o de valor próprio, a capacidade de interagir no meio social e o modo como o indivíduo se sente a cerca de si mesmo.

14 O domínio psicomotor preocupa-se com as atividades que envolvem a execução de movimentos e os níveis de maturação das mesmas. Estes movimentos vão desde movimentos de coordenação motora fina, como a escrita, até os movimentos que envolvem grandes grupos musculares como correr, arremessar, saltar, entre outros. O domínio físico direciona suas atenções para as mudanças que ocorrem no corpo do indivíduo, tais como: seu crescimento em estatura e a velocidade com que isso acontece; o ganho de massa corporal ou a perda dela; o aumento ou a diminuição da amplitude dos movimentos; e a forma e a velocidade com que o organismo amadurece. É fundamental ter a compreensão de que, por maior que seja o número de aspectos englobados pela ciência do desenvolvimento humano, nem um deles é absolutamente independente, já que todos interagem e influenciam uns aos outros. Por isso, para que haja um entendimento verdadeiro do desenvolvimento humano, é indispensável que os estudos considerem a constante interação entre todos os seus domínios. Os diversos aspectos humanos não devem ser analisados sob uma perspectiva exclusivista. Gallahue e Ozmun (2003) deixam isso bem claro ao afirmarem que o estudo do desenvolvimento deve ser analisado a partir da perspectiva da totalidade da espécie humana. Isso se deve ao fato de que as pessoas vivenciam, em seu cotidiano, diversas atividades que as levam a utilizar de forma aleatória, e na grande maioria das vezes integrada, aspectos englobados por diferentes domínios do desenvolvimento humano. As mesmas afirmações são válidas para o estudo do desenvolvimento motor, já que esta é uma ciência subjacente ao desenvolvimento humano e que também se divide em seguimentos. A compreensão dos domínios do desenvolvimento humano é significativa para o entendimento do desenvolvimento motor, visto que este é uma ramificação do desenvolvimento humano e recebe influências de todos os domínios. Para Payne e Isaac (2007), desenvolvimento motor se define como as mudanças que ocorrem nas capacidades de se movimentar e nos movimentos, em geral, ao longo da vida.

15 O desenvolvimento motor é um processo contínuo que se inicia na concepção e cessa com a morte (GALLAHUE; OZMUN, 2003, p. 6). Sob a perspectiva de Tani (2008), o desenvolvimento motor tem sido visto nos últimos anos como um processo que envolve emergência, aquisição e aperfeiçoamento de funções e habilidades, a partir de um script que vai sendo escrito com a experiência ao longo da vida. Ao analisar as citações anteriores, fica fácil compreender do que se trata o desenvolvimento motor, pois quando se observa as palavras dos estudiosos desta ciência, e se presta atenção na forma como crianças e adultos se comportam diante de situações que envolvem a aquisição, execução ou o aperfeiçoamento de novas habilidades motoras, o entendimento do significado de desenvolvimento motor acontece de forma espontânea. Ao compreender o significado de desenvolvimento motor, nota-se que esta é uma ciência que envolve o estudo de diversos aspectos humanos englobando muitos sistemas físicos e psíquicos distintos, porém interligados, de um indivíduo. Podemos observar isso nas palavras de Gallahue e Ozmun (2003) quando afirmam que vários fatores que envolvem habilidades motoras e desempenho físico interagem de maneiras complexas com o desenvolvimento cognitivo e afetivo. É de grande valia para a compreensão realizar uma observação que coloque lado a lado a teoria e a prática, para conceber de maneira clara a forma como o processo de desenvolvimento motor se desenrola. Ao estudar obras de autores como Gallahue e Ozmun (2003), Tani (2008), Payne e Isaac (2007), e Haywood e Getchell (2004), nota-se que todos apresentam o desenvolvimento motor como um processo multifatorial que está sujeito às condições ambientais, mas que, no entanto, não se trata de um processo totalmente determinado por essas. Isso é notado nas palavras de Haywood e Getchell (2004) quando as autoras afirmam que o desenvolvimento é uma mudança sequenciada onde um passo leva ao seguinte, de forma irreversível e ordenada, sendo que essas mudanças resultam de interações intrínsecas do próprio indivíduo e de interações do indivíduo com o ambiente. Tais obras têm muito valor para aqueles que desejam iniciar seus estudos nesta ciência, pois elas apresentam discussões contendo as principais

16 teorias de desenvolvimento motor, assim como pesquisas desenvolvidas na última década. E é por meio do estudo dessas, que se nota uma série de fatores que dificilmente seriam percebidos sem o conhecimento que estes autores compartilharam. Esse é o caso do processo de aprendizado de uma nova habilidade motora em um indivíduo normal, pois este fenômeno já contextualizou muitos estudos, e segundo Tani (2008) uma extensa variedade de fenômenos antecipatórios têm evidenciado que movimentos podem ser estruturados antes de serem realizados. Isso mostra que os fenômenos naturais do desenvolvimento motor, que muitas vezes passam despercebidos aos olhos de pais e professores, possuem uma complexidade significativa em seu desenrolar, o que exige um estudo bastante minucioso para que se possa compreendê-los. Após essa observação um pouco mais detalhada do processo de aprendizado de uma nova habilidade motora, amplia-se a compreensão da dimensão dos estudos acerca do desenvolvimento motor. Afinal, essa simples observação mostra uma pequeníssima parte dos aspectos a serem estudados na ciência do desenvolvimento motor. Como o presente estudo se desenvolve dentro deste campo de pesquisa, é vital que haja um entendimento geral sobre o processo de desenvolvimento motor, pois do contrário a compreensão desta obra seria significativamente afetada. Alguns dos aspectos relevantes a serem compreendidos são as ordens de aquisição de habilidades motoras cefalocaudal e proximodistal. Essas teorias são explanadas na obra de Payne e Isaac (2007), que explicam que nosso organismo se desenvolve da cabeça em direção aos pés, e do centro para as extremidades desde a concepção, pois é dessa forma que o feto se desenvolve. Após o nascimento, a maturação do organismo segue na mesma ordem e, consequentemente, a aquisição de novas habilidades motoras também. Apesar de as habilidades motoras surgirem de forma previsível e sequenciada para quase todos os seres humanos, sob hipótese alguma isso significa que o processo de desenvolvimento será igual para todos, e muito menos que todos terão as mesmas habilidades motoras. Essa previsibilidade do surgimento das habilidades motoras mostra que o desenvolvimento já tem

17 um plano pré-estabelecido. No entanto, o processo de desenvolvimento é bastante suscetível aos estímulos e condições que o ambiente oferece ao indivíduo. Para a maioria das pessoas em determinados períodos de suas vidas, o desenvolvimento depende de influências positivas do ambiente para se desenvolver da melhor forma possível. Isso pode ser observado quando Gallahue e Ozmun (2003) afirmam que embora o relógio biológico seja bastante específico, quando se trata da sequência de aquisição de habilidades motoras, o nível e a extensão do desenvolvimento são determinados individual e dramaticamente pelas exigências da tarefa em si. E que também é possível observar diferenças desenvolvimentistas no comportamento motor, provocadas por fatores próprios do indivíduo (biologia), do ambiente (experiência) e da tarefa em si (físicos e mecânicos). A figura 1 ilustra com clareza os dizeres anteriormente citados. Figura 1: Ampulheta Fonte:(GALLAHUE; OZMUN, 2003, p. 100).

18 De acordo com os autores a areia que preenche a ampulheta pode ser compreendida como o recheio da vida. Uma parte deste recheio vem da herança genética e a outra vem dos estímulos e condições que o ambiente oferece ao indivíduo. Não é possível aumentar a quantidade de areia que vem da herança genética, o que se pode fazer é evitar que condições inadequadas restrinjam seu fluxo. Já a areia que vem do ambiente, essa sim pode ser multiplicada. A figura 2 ilustra com clareza essa questão, pois a jarra da hereditariedade tem tampa, o que significa que ela não pode receber mais areia. No entanto, a jarra do ambiente não tem tampa, ilustrando que é possível despejar mais areia nela. Figura 2: Recheio da vida Fonte:(GALLAHUE; OZMUN, 2003, p. 110).

19 Baseando-se na observação dos movimentos, Gallahue e Ozmun (2003) receitaram em sua obra uma classificação que foi projetada com o intuito de servir como modelo de estudo. Essa classificação sugere uma divisão do desenvolvimento motor em fases, fases estas que podem ser vistas na figura da ampulheta. Essa classificação é explicada nos próximos tópicos. As explicações contidas nos tópicos referentes às fases e estágios sugeridos por Gallahue e Ozmun (2003) é totalmente fundamentada na obra dos autores. 1.1 Fase motora reflexiva Os primeiros movimentos fetais são reflexivos, os reflexos são movimentos involuntários controlados subcorticalmente, que formam a base para as fases do desenvolvimento motor. É através dos reflexos que o bebê obtém as primeiras informações do mundo ao seu redor. Mudanças ambientais que envolvam alterações na luz, nos sons e na pressão, provocam atividade motora involuntária. Esses movimentos involuntários, em conjunto com o crescente amadurecimento cortical, são peças fundamentais para o aprendizado do bebê acerca de seu próprio corpo e do mundo exterior. No entanto, é importante esclarecer que desde o nascimento o bebê já apresenta movimentos voluntários. Esta fase é classificada como reflexiva, devido à presença muito significativa dos movimentos reflexivos. Os movimentos reflexivos do bebê podem ser classificados em 2 grupos, são eles: 1.1.2 Reflexos primitivos Encaixam-se nessa categoria os reflexos que têm a função de agrupar informações, procurar alimentos e autoproteção. Reflexos agrupadores de informação são aqueles que auxiliam a estimular a atividade cortical e o desenvolvimento. Reflexos como os de sugar e pesquisar através do olfato são considerados mecanismos de sobrevivência primitivos, pois sem eles, o recémnascido seria incapaz de obter alimento. 1.1.3 Reflexos posturais

20 Essa segunda forma de movimentos involuntários é semelhante às formas anteriores, principalmente pelo fato de que essas constituem a base para o desenvolvimento de motricidades mais complexas no futuro, e por serem muito similares em sua aparência aos comportamentos voluntários que as sucedem. Tais reflexos parecem ter a função de realizar testes neuromotores para mecanismos estabilizadores, manipulativos e locomotores, para que sejam utilizados, posteriormente, de forma consciente. Pode-se observar que reflexos primários como os de pisar, o de arrastar-se, o reflexo palmar, o reflexo cortical labiríntico e os de sustentação, relembram e estão intimamente relacionados aos comportamentos voluntários de engatinhar, caminhar, agarrar, soltar e as habilidades de equilíbrio. A fase reflexiva do desenvolvimento motor pode ser dividida em 2 estágios sobrepostos, são eles: 1.1.4 Estágio de codificações de Informações Este estágio se inicia no período fetal e finda por volta do quarto mês do período pós-natal. Por se tratar de um estágio da fase reflexiva, as atividades motoras observáveis são involuntárias. Nesse estágio, os centros cerebrais inferiores estão mais altamente desenvolvidos do que o córtex motor e estão majoritariamente no comando dos movimentos fetais e neonatais. Esses centros cerebrais causam reações involuntárias a numerosos estímulos pelos quais o bebê começa a reunir informações e buscar alimento, como foi explicado no tópico dos reflexos primitivos. 1.1.5 Estágio de decodificações de informações Este estágio se inicia após o anterior, e se caracteriza pela gradual inibição dos reflexos proporcionalmente ao desenvolvimento dos centros cerebrais superiores. Gradualmente, os centros cerebrais inferiores cedem o controle sobre os movimentos esqueletais para que esses passem a ser controlados por atividades voluntárias, dominadas pela área motora do córtex cerebral. Em suma, é neste estágio que o bebê começa a obter o controle voluntário de seus movimentos, substituindo as atividades sensório-motoras

21 pelas motor-perceptivas. Isso significa que, a partir desse estágio, as ações do bebê evoluem de simples reações a estímulos, passando a envolver o processamento dos estímulos sensoriais em conjunto com informações armazenadas para, então, gerar uma ação. É importante ter em mente que a transição de um estágio para o outro acontece de forma gradual e acentuada. Além disso, as perspectivas de início e fim de cada estágio é uma estimativa que busca se adequar à realidade dos bebês. No entanto, elas não configuram um padrão exato, visto que cada sujeito possui suas individualidades. 1.2 Fase de movimentos rudimentares Os primeiros movimentos voluntários de uma criança são considerados rudimentares. Movimentos dessa categoria podem ser observados desde o nascimento até o findar dessa fase, que ocorre aos 2 anos de idade, aproximadamente. Os movimentos rudimentares assinalam-se por uma sequência de aparecimento altamente previsível, e são determinados de forma maturacional. Essa sequencia é capaz de resistir a alterações em condições normais, porém o nível com que essas habilidades surgem varia de acordo com a individualidade biológica do indivíduo, e também está acoplado a fatores ambientais e às exigências da tarefa. Nos bebês, os movimentos rudimentares configuram formas básicas de movimentos voluntários, que são necessários para a sua sobrevivência. Movimentos rudimentares englobam: movimentos estabilizadores, como o controle da cabeça, pescoço e músculos do tronco; tarefas manipulativas como agarrar e soltar; e movimentos locomotores como arrastar-se, engatinhar e caminhar. Esta fase pode ser dividida em 2 estágios, que representam progressivamente formas superiores de controle motor, são eles: 1.2.1 Estágio de inibição de reflexos Tendo início no nascimento, esse estágio é caracterizado pela crescente influência do córtex cerebral sobre os movimentos do bebê, que ao nascer possui um repertório motor dominado pelos reflexos. Com o passar do tempo e

22 a sofisticação do córtex cerebral, seus movimentos passam a ser cada vez mais influenciados por ele, e de forma proporcional ao seu desenvolvimento. A gradual maturação do córtex cerebral, em conjunto com a diminuição de certas restrições ambientais, faz com que vários reflexos sejam inibidos e gradativamente extintos. Reflexos posturais e primitivos são substituídos por atividade motora voluntária. É importante ressalvar que o processo principiado no nascimento e que substitui os movimentos reflexivos por atividade motora voluntária, tem um início muito tênue, de forma que os primeiros movimentos voluntários são fragilmente diferenciados dos movimentos reflexivos. Isso ocorre porque o aparato neuromotor do bebê ainda está em estágio rudimentar de desenvolvimento. Os movimentos voluntários nesse estágio, inclusive aqueles que possuem objetivos, são descontrolados e grosseiros. Por exemplo, se o bebê deseja pegar algum objeto, os movimentos que ele executará pra isso serão globais e nada específicos. Dessa forma, o simples ato de pegar um objeto que está ao alcance da mão envolverá atividade global da mão inteira, do pulso, dos ombros e até mesmo do tronco. Ou seja, mesmo os movimentos voluntários apresentam falta de controle. 1.2.2 Estágio de pré-controle É aproximadamente com 1 ano de idade que as crianças começam a adquirir maior precisão e controle sobre seus movimentos. A diferenciação entre os sistemas sensorial e motor, e a integração de informações motoras e perceptivas, em um conjunto com maior significância e coerência, acontecem. O desenvolvimento acelerado dos processos motores, assim como de processos cognitivos, encoraja rápidos ganhos nas habilidades motoras rudimentares. É nesse estágio que as crianças aprendem a obter e manter seu equilíbrio, a manipular objetos e a locomover-se pelo ambiente com um significativo grau de eficiência e domínio, considerando o pequeno período de tempo que tiverem para desenvolver essas habilidades. 1.3 Fase de movimentos fundamentais

23 As Habilidades Motoras Fundamentais (HMF) são consequência da fase de movimentos rudimentares. Este é o período do desenvolvimento motor em que as crianças pequenas estão ativamente envolvidas no descobrimento e na experimentação das capacidades motoras de seus corpos. É um período para descobrir como realizar uma multiplicidade de movimentos locomotores, estabilizadores e manipulativos, primeiro separadamente e, então em conjunto. As crianças que estão aprendendo a reagir com domínio motor e eficiência motora a vários estímulos, estão desenvolvendo padrões fundamentais de movimento. Adquirindo um aumento no controle para exercer movimentos de diferentes tipos, o que é confirmado por suas habilidades em acolher mudanças nas exigências das tarefas. Os padrões de movimento fundamentais são observáveis básicos de comportamento, o que inclui: atividades locomotoras, como pular e correr; manipulativas, como apanhar e arremessar e estabilizadoras como o equilíbrio em um pé só e o andar com firmeza, esses fatos são evidenciados na obra de Gallahue e Ozmun (2003). É importante compreender que para que as HMF se desenvolvam corretamente, é muito relevante que hajam estímulos adequados. A maturação não deve ser considerada o único fator determinante para o desenvolvimento dos padrões de movimentos fundamentais, embora ela seja deveras indispensável e crucial. As condições ambientais, as oportunidades de prática, instruções e encorajamento desempenham um papel muito significativo para o desenvolvimento dos padrões fundamentais de movimento em seu grau máximo. A fase de movimentos fundamentais é dividida em 3 estágios, são eles: 1.3.1 Estágio Inicial É nesse estágio que a criança orienta suas primeiras tentativas para o objetivo de executar uma habilidade motora fundamental. Os movimentos desse estágio são evidenciados por elementos que se fazem ausentes, ou que são erroneamente sequenciados e restritos, devido ao uso excessivo do corpo e pela coordenação e fluxo rítmico ineficiente. Movimentos manipulativos, locomotores e estabilizadores com essas características, são normalmente observados em crianças na faixa etária dos 2 anos.

24 1.3.2 Estágio elementar Envolvendo uma coordenação rítmica dos movimentos fundamentais mais aprimorados que no estágio anterior, em conjunto com um controle motor também mais evoluído, esse estágio é assinalado pelo crescente refinamento e sincronização dos elementos espaciais e temporais dos movimentos. No entanto, os movimentos nesse estágio ainda possuem, em sua grande maioria, padrões exagerados ou restritos, embora melhor coordenados que no estágio precedente. A observação de crianças de 3 ou 4 anos mostrou muitos movimentos fundamentais no estágio elementar. Inúmeros indivíduos, tanto crianças quanto adultos, não passam do estágio elementar em vários padrões de movimento. 1.3.3 Estágio maduro O estágio maduro se caracteriza por performances mecanicamente eficientes, controladas e coordenadas. A maior parte dos dados disponíveis sobre a obtenção de HMF indica que as crianças podem, e devem, alcançar o estágio maduro aos 5 ou 6 anos de idade. Habilidades que exigem funções visuais e motoras mais complexas se desenvolvem mais tardiamente, em decorrência de sua necessidade de um nível mais profundo de integração entre os sistemas visuais e motores. Atividades manipulativas que solicitam o acompanhamento e interceptação de objetos, em movimento tais como derrubar, apanhar e rebater, que são exemplos de habilidades dessa categoria. A observação dos movimentos de adultos e crianças revela que boa parcela deles não desenvolveu suas HMF ao nível maduro. Apesar de alguns indivíduos atingirem esse estágio essencialmente pela maturação e com pouquíssimas influências do ambiente, a maior parte das pessoas necessita de chances para praticar atividades que estimulem o desenvolvimento dessas habilidades. Necessitam de encorajamento e de instruções, em um ambiente que promova o aprendizado. Na falta de recursos e oportunidades que promovam o desenvolvimento dessas habilidades, torna-se dificílimo um indivíduo alcançar o estágio maduro

25 de alguns movimentos fundamentais, o que afetará negativamente na execução dessas habilidades em períodos posteriores. 1.4 Fase de movimentos especializados A fase especializada é resultante da fase precedente. Nessa, os movimentos se tornam ferramentas que são utilizadas em muitas atividades motoras sofisticadas, presentes na vida cotidiana, na recreação e nos esportes. Nesse período, as habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais são gradativamente refinadas, harmonizadas e organizadas para o uso em ocasiões cada vez mais complexas. Movimentos fundamentais, como saltar em um pé só e pular, por exemplo, agora são conjugados e aplicados a atividades como, pular corda, danças folclóricas e salto triplo, esses fatos são evidenciados na obra de Gallahue e Ozmun (2003). O surgimento e a profundidade do desenvolvimento de habilidades especializadas estão profundamente acoplados em uma relação de dependência a muitos fatores relacionados à tarefa, ao individuo e ao ambiente, tais como: o tipo corporal, hábitos, condicionamento físico, pressão social e estrutura emocional, sendo apenas alguns desses fatores. A fase de movimentos especializados tem 3 estágios, são eles: 1.4.1 Estágio transitório As habilidades transitórias são basicamente o emprego dos movimentos fundamentais em brincadeiras, jogos e em situações comuns da vida diária, que configuram formas mais específicas e complexas de utilização dos mesmos. Atividades como caminhar em ponte de cordas, jogar bola e pular corda são comumente executadas por crianças no estágio transitório. A criança nesse estágio inicia um processo de conjugar e aplicar HMF às atividades especializadas, recreacionais ou esportivas, como ocorre nas atividades citadas anteriormente. Essas habilidades possuem os mesmos elementos que os movimentos fundamentais, mas com formato, precisão e controle superiores. Esse estágio transitório é um tempo alvoroçado para os professores e para os pais, assim como para as crianças. Estas estão

26 ativamente submergidas na exploração e na combinação de inúmeros padrões motores e, comumente, ficam exaltadas com a veloz ampliação de suas habilidades motoras. Professores, pais e treinadores devem, nesse estágio, se empenhar em ajudar as crianças a expandirem o controle motor, assim como a competência motora em diversas atividades. É importante ter cautela para não restringir o envolvimento da criança apenas em algumas poucas atividades. Uma restrição das habilidades nesse estágio, muito provavelmente, ocasionará efeitos indesejáveis nos últimos estágios da fase de movimentos especializados. 1.4.2 Estágio de aplicação Por volta, dos 11 aos 13 anos, alterações significativas ocorrem no desenvolvimento das habilidades do indivíduo. No estágio precedente, quando não ocorre uma interferência incisiva de influências adultas, o normal é que as crianças desenvolvam um interesse generalizado, que envolva de forma abrangente atividades variadas. No estágio de aplicação, a crescente evolução cognitiva e uma base aumentada de experiências, fazem com que o indivíduo seja capaz de realizar inúmeras escolhas de aprendizado e de participação, baseando-se em fatores diversos, sendo que estes podem ser relacionados à tarefa, assim como individuais e ambientais. O indivíduo começa a realizar escolhas conscientes contra ou a favor de sua participação em certas atividades. Essas escolhas se baseiam, em grande parte, na percepção que a criança tem sobre o quanto fatores inerentes à tarefa, a ela mesma e ao ambiente inibem ou aumentam a chance dela obter satisfação e sucesso. Essa percepção do indivíduo começa a diminuir as atividades que ele se propõe, ou aceita realizar. Nesse estágio há progressivo aumento na forma, habilidade, precisão, assim como nos aspectos quantitativos do desempenho motor. Esse é um período muito adequado para refinar e utilizar habilidades mais complexas em jogos mais sofisticados, nos esportes, entre outros. 1.4.3 Estágio de utilização permanente

27 O estágio de utilização permanente inicia-se aproximadamente aos 14 anos e prossegue por toda a vida adulta. Esse estágio significa o auge do processo de desenvolvimento motor, e é assinalado pelo uso do repertório de movimentos contraídos pelo indivíduo por toda a vida. Fatores como tempo disponível, condições financeiras, estruturas, instalações, limitações físicas e mentais afetam esse estágio. Entre outros aspectos, a participação de uma pessoa em certas atividades dependerá do seu talento para executar essas atividades, das oportunidades que ela tiver, de suas condições físicas e da sua motivação pessoal. O nível de desempenho permanente de um indivíduo pode variar desde o status profissional e olímpico, até atividades recreacionais ou, simplesmente, da vida diária. Em suma, esse estágio representa o clímax de todos os estágios e fases precedentes. Ele deve, no entanto, ser compreendido como a continuação do processo permanente. 1.5 Outras perspectivas Apesar de a classificação sugerida por Gallahue e Ozmun (2003) ser largamente aceita nos estudos acadêmicos a cerda do desenvolvimento motor, para que haja uma compreensão mais profunda desta ciência, é muito importante estudar outras perspectivas. Na obra de Tani (2008), ele e seus colaboradores realizam um grande apanhado do conhecimento científico desta área de estudo. O 17 capítulo dessa obra foi escrito por Manoel e Basso. Nesse capítulo, os autores fazem referência a várias outras obras e estudos para discorrer a cerca da modularidade no desenvolvimento motor. A modularidade faz um paralelo bastante interessante com a classificação em fases e estágios descritos anteriormente, pois os próprios autores explicam que dentro do campo do desenvolvimento motor, uma das formas de compreender a modularidade é como uma taxonomia, que agrupa em módulos os processos de mudanças. Quando se pensa na aquisição dessas diferentes habilidades no eixo temporal de vida do indivíduo, vê-se que a aquisição de várias delas precede a aquisição de outras com as quais elas mantêm relação (TANI, 2008, p. 237).

28 No do desenvolvimento motor há um entendimento de que uma habilidade como o andar ereto depende de habilidades de controle postural (McGraw, 1945, apud TANI, 2008, p. 237). Ao se observar que em 1945 a ligação sequencial das habilidades motoras já era denotada por estudiosos como McGraw, e que até os dias contemporâneos ela é estudada e reafirmada, compreende-se algo que nunca deve ser esquecido. Quando um autor sugere uma taxonomia para classificar e dividir esse processo, a fim de facilitar o estudo deste vasto campo de pesquisa, ele está apenas dando nome a um processo que se desenrola desde a existência dos primeiros seres humanos. Para que haja um profundo entendimento deste processo, não se deve tomar como verdade absoluta ou padrão de classificação as classificações de nem um autor. Embora o conhecimento da obra dos respeitosos estudiosos desta ciência seja fundamental e absolutamente indispensável para que haja um mínimo de compreensão do processo de desenvolvimento motor, a compreensão verdadeira desse fenômeno só pode ser alcançada através da união de um vasto conhecimento e uma observação lúcida do desenrolar do desenvolvimento motor. E um indivíduo que observa através de um conceito já fundamentado em sua mente não pode enxergar o que ainda não foi visto.

29 CAPITULO II O DESENVOLVIMENTO E A SIGNIFICÂNCIA DAS HABILIDADES MOTORAS FUNDAMENTAIS 2 CONCEITOS Como as HMF já foram conceituadas anteriormente, este capítulo tem a intenção de ampliar a compreensão do foco desta pesquisa e chamar a atenção para seu valor. Para cumprir o objetivo de aumentar o entendimento das HMF, é muito útil entender o significado da idade cronológica em questão, antes de se explanar mais minuciosamente as HMF. Pois, dessa forma, adquire-se uma percepção mais completa da criança. As crianças envolvidas na Pesquisa apresentam entre 6 e 7 anos de idade. Essa faixa etária é classificada por Piaget (1967) como pré-operacional, onde a criança demonstra crescente pensamento simbólico pela ligação de seu mundo com palavras. Período em que são constatados os primeiros princípios reais da cognição, pois, até então, as crianças não conseguiam manipular objetos mentalmente sem se apoiar nas atividades físicas. Vale ressaltar que o período pré-operacional descrito por Piaget se inicia aos 2 anos de idade e se encerra aos 7. Sendo que o objeto de estudo deste trabalho é o fim dessa faixa etária, é natural considerar que estas crianças já estão, ou deveriam estar, com seu desenvolvimento motor despontando para o próximo período, que segundo Piaget (1967) é classificado como período de operações concretas, onde a criança raciocina logicamente sobre eventos concretos e consegue classificar objetos de seu mundo em vários ambientes. Havighurst (apud GALLAHUE E OZMUN, 2003) também propõe uma divisão de faixa etária. O período da infância estudado nesta pesquisa se encaixa na fase que Havighurst classificou como média Infância, que se inicia aos 6 anos e se encerra aos 12. Segundo ele, é nessa fase que, entre outras habilidades, a criança deve desenvolver as habilidades físicas necessárias para jogos comuns, assim como construir uma atitude saudável em relação a si

30 mesmo e aprender a relacionar-se com colegas da mesma idade. Enquanto que na perspectiva de Payne e Isaac (2007), o período que vai dos 4 aos 7 anos de idade é denominado de primeira infância. De acordo com a literatura, esse é um período onde ocorre a transição do estágio maduro da fase de movimentos fundamentais, para a fase de movimentos especializados, como já foi visto no capítulo anterior. Baseando-se nesta transição é de se esperar que as crianças com essa idade estejam começando a utilizar os movimentos fundamentais de formas combinadas para possíveis atuações esportivas ou recreativas. No entanto, cada criança tem seu ritmo de desenvolvimento, sendo assim, é normal encontrar crianças mais ou menos desenvolvidas, isso pode ser observado na obra de Payne e Isaac (2007), quando os autores afirmam que todos os seres humanos são ímpares, variando em personalidade, aspecto e habilidades motoras. A forma, a velocidade e a qualidade com que a criança desenvolve suas habilidades motoras são determinadas por 2 fatores: a maturação biológica (que está relacionada à genética) e as experiências pelas quais a criança passa. Todos os aspectos do desenvolvimento são determinados pela combinação das forças da hereditariedade e do meio ambiente (KAIL, 2004, p. 19). Além da abordagem feita sobre esse assunto anteriormente, segue-se uma análise mais detalhista destes fatores, visto que eles são absolutamente fundamentais e indispensáveis, para o desenvolvimento das habilidades motoras. 2.1 Crescimento e maturação biológica Payne e Isaac (2007) explicam que nas conversas cotidianas termos como, desenvolvimento, maturação e crescimento podem até ser compreendidos como sinônimos, porém no estudo do desenvolvimento motor eles possuem significados interligados, contudo distintos. Os mesmo autores oferecem os conceitos destes três termos, que serão elucidados no decorrer deste tópico. No contexto acadêmico, o termo desenvolvimento abrange a maturação e o crescimento. Nessa perspectiva, o termo maturação refere-se às alterações funcionais qualitativas que ocorrem com o avançar da idade. Mudanças organizacionais nas funções dos órgãos e

31 tecidos, assim como ocorre com a organização neurológica do cérebro através da segunda infância, são bons exemplos de maturação. Quase todas as partes anatômicas do cérebro já estão presentes desde o início da segunda infância. No entanto, alterações qualitativas nas funções cerebrais continuam ocorrendo, o que permite a criança alcançar níveis mais altos de capacidades cognitivas e motoras. Consequentemente, o comportamento do indivíduo é alterado devido às alterações qualitativas. Em uma perspectiva simplista, pode-se entender crescimento como o aumento no tamanho físico. Mas para que haja uma melhor compreensão do significado deste termo, é importante abordá-lo de maneira mais completa. Através desse prisma mais amplo, pode-se dizer que crescimento refere-se às mudanças estruturais quantitativas que acontecem com o passar do tempo. Esse processo de aumento de tamanho do organismo em todas as dimensões envolve principalmente os fenômenos de hiperplasia (aumento no número de células) e hipertrofia (aumento no tamanho das células). A figura abaixo ilustra a relação entre os termos que foram explicados. Figura 3: Desenvolvimento Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2013 2.2 Fatores que afetam o crescimento e a maturação Apesar do processo saudável de crescimento e desenvolvimento dos

32 seres humanos ser previsível, principalmente no que se refere aos fatores biológicos, já que o organismo cresce e se desenvolve baseado na programação do código genético, existe uma variedade de fatores ambientais que podem interferir neste processo. Essa variedade faz com que esse processo deixe de ser normal e saudável. Payne e Isaac (2007) confirmam isso quando dizem que o processo normal de desenvolvimento e crescimento de todos os seres humanos é previsível, e que infelizmente, em certas ocasiões, alguns fatores acabam influenciando negativamente no crescimento e no desenvolvimento do organismo humano. 2.2.1 Nutrição A nutrição é um fator muito importante a ser considerado durante a gravidez, pois uma dieta inadequada durante o período de gestação aumenta consideravelmente a probabilidade do surgimento de síndromes e patologias. Esse fato é evidenciado por Kail (2004) quando ele afirma que mães que não consomem quantidades adequadas de ácido fólico têm maiores riscos de que seus bebês tenham uma patologia conhecida como espinha bífida. Doença na qual o tubo neural do embrião não se fecha adequadamente durante o primeiro mês de gravidez, causando um dano permanente à medula espinhal e ao sistema nervoso. Kail (2004) ainda continua a discorrer a cerca dos efeitos de uma nutrição inadequada para as gestantes, alegando que problemas prénatais também são causados por quantidades inadequadas de proteínas, sais minerais e vitaminas. Por esses motivos, médicos recomendam às gestantes que complementem sua dieta com esses nutrientes. Ao findar a elucidação a cerca da importância de uma nutrição adequada para as gestantes, Kail (2004) revela que uma dieta inadequada durante os últimos meses de gravidez pode afetar principalmente o sistema nervoso, pois esse é um momento de crescimento muito rápido do cérebro. [...] bebês que não recebem nutrição adequada ficam vulneráveis a doenças. (Guttnacher e Kaiser, 1986, apud KAIL, 2004, p. 78). 2.2.2 Estresse e idade da mãe