ACÓRDÃO Registro: 2016.0000170486 Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0004291-32.2012.8.26.0484, da Comarca de Promissão, em que é apelante JOSÉ RICARDO MATIAS, é apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. ACORDAM, em 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GUILHERME DE SOUZA NUCCI (Presidente), LEME GARCIA E BORGES PEREIRA. São Paulo, 15 de março de 2016. Guilherme de Souza Nucci RELATOR Assinatura Eletrônica
Apelação criminal nº 0004291-32.2012.8.26.0484 Comarca: Promissão Apelante: José Ricardo Matias Apelado: Ministério Público VOTO Nº. 12.312 Apelação. Desacato e direção de veículo sem habilitação. Alegada fragilidade probatória quanto ao desacato. Confissão judicial corroborada por duas testemunhas. Condenação mantida. Alegada atipicidade do crime de direção de veículo sem habilitação. Crime de perigo concreto. Acusado que efetivamente causou acidente de trânsito, chocando-se contra um poste. Perigo concreto que efetivamente concretizou-se no acidente. Condenação mantida. Penas fixadas no mínimo legal para ambos os delitos, com aplicação exclusiva da pena de multa. Apelo improvido. Pela sentença de fls. 92/95, proferida em 14/01/2015 pelo MM. Juiz de Direito, Dr. Edson Lopes Filho, da 1ª Vara Judicial da Comarca de Promissão, JOSÉ RICARDO MATIAS foi condenado à pena de 20 dias-multa, dando-o como incurso no art. 331, caput, do Código Penal, e art. 309, caput, do Código de Trânsito Brasileiro. Irresignada, a defensoria do acusado maneja recurso de apelação alegando fragilidade probatória Apelação nº 0004291-32.2012.8.26.0484 2
quanto ao crime de desacato e atipicidade em relação ao crime de condução de veículo automotor sem permissão para dirigir (fls. 106/111). O Ministério Público se bateu pelo acerto do decisum (fls. 115/118) e a Procuradoria Geral de Justiça opinou pelo improvimento do recurso (fls. 127/130). É o relatório. Segundo consta, em 1º/07/2012, o apelante conduzia um veículo GM/Corsa pela via pública, ocasião na qual perdeu o controle do automóvel e colidiu contra um poste. Policiais militares e bombeiros compareceram ao local para atender a ocorrência, apurando-se que o acusado não possuía permissão para dirigir. Após a colisão, visivelmente alterado, o réu passou a ofender os milicianos, chamando-os de policiais de bosta. Interrogado em solo policial, o apelante admitiu não possuir habilitação para dirigir. Disse ter perdido o controle do automóvel ao mexer no rádio para trocar o CD de músicas. Contudo, negou ter proferido qualquer palavra ofensiva contra os policiais militares ou bombeiros. Em juízo, além de reafirmar não possuir habilitação, confessou ter chamado os policiais militares de bostas. Entretanto, tentou justificar sua conduta, afirmando assim ter agido por encontrar-se nervoso uma vez que os milicianos pretendiam algema-lo. A policial Fabiana narrou ter sido Apelação nº 0004291-32.2012.8.26.0484 3
acionada via COPOM para atender a um acidente de trânsito. Chegando ao local observou o acusado recusando-se a ser atendido pelo corpo de bombeiros, não aceitando ser medicado. Confirmou ter o réu proferido palavras de baixo calão contra a depoente e seu colega de farda. Fabiano, também policial militar, corroborou a versão de Fabiana, informando haver o réu lhe chamado de policial de bosta. Como se verifica, a confissão judicial do réu é integralmente confirmada pelos depoimentos testemunhais, não se havendo falar em fragilidade probatória. Também não prospera a tese de atipicidade da conduta de direção de veículo sem permissão. Isto porque, embora se trate de crime de perigo concreto, no caso em tela o perigo restou sobejamente evidenciado justamente pelo acidente causado pelo réu. Ora, não se verificou mero perigo, tendo o risco efetivamente se concretizado no acidente de trânsito gerado pela conduta do acusado. Desta feita, de rigor a manutenção do édito condenatório. As penas também não comportam reparos. Para ambos os delitos foi estabelecida exclusivamente a pena de multa, no montante mínimo de 10 diasmulta, no valor unitário de 1/30 do salário mínimo. Assim, as penas já se encontram no Apelação nº 0004291-32.2012.8.26.0484 4
mínimo legal, devendo assim ser mantidas. Ante o exposto, pelo meu voto, nego provimento ao apelo defensivo, mantendo-se, na íntegra, a r. sentença atacada. GUILHERME DE SOUZA NUCCI Relator Apelação nº 0004291-32.2012.8.26.0484 5