PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Transcrição

1 ACÓRDÃO Registro: Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de Osasco, em que é apelante LUCAS BISPO ALMEIDA, é apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. ACORDAM, em 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso defensivo, para fixar o regime aberto em favor de LUCAS BISPO ALMEIDA, bem como substituir a pena privativa de liberdade por restritivas de direitos, consistentes em prestação de serviços à comunidade - a ser especificada pelo juízo das execuções - e prestação pecuniária, fixada em um salário mínimo, destinada a entidade social, mantendo-se, no mais, a r. sentença, por seus próprios e jurídicos fundamentos. v.u. Expeça-se, caso necessário, o competente alvará de soltura clausulado.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GUILHERME DE SOUZA NUCCI (Presidente), LEME GARCIA E OSNI PEREIRA. São Paulo, 23 de fevereiro de Guilherme de Souza Nucci RELATOR Assinatura Eletrônica

2 Apelação nº Comarca: Osasco Apelante: Lucas Bispo Almeida Advogado: João Luis Costa VOTO Nº Tráfico ilícito de entorpecentes. Réu flagrado na posse de 6,28 gramas de cocaína (9 porções), 12,07 gramas de crack (38 porções) e 6,28 gramas de maconha (5 porções). Depoimentos firmes e coerentes dos policiais militares. Autoria e materialidade comprovadas. Diversidade e local da prisão que evidenciam o envolvimento do réu com o comércio ilegal. Bases fixadas nos mínimos legais e redutor aplicado à fração de dois terços. Reforma do regime, devendo ser o aberto. De rigor, a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direito. Parcial provimento. A MM. Juíza a quo, Dra. Márcia de Mello Alcoforado, da 2ª Vara Criminal da Comarca de Osasco, em sentença datada de 29/10/2014 (fl. 148), julgou procedente a ação penal para condenar Lucas Bispo Almeida como incurso no artigo 33, caput, da Lei /06, às penas de 1 ano e 8 meses de reclusão e 166 dias-multa, em regime inicial fechado. Insurge-se a defesa em face do decisum, requerendo a absolvição por ausência de provas. Alternativamente, postula a imposição de regime aberto. Contrarrazoado o recurso, o órgão acusatório bateu-se pelo acerto do decisum; a Procuradoria Geral de Justiça opinou, em seu parecer, pelo improvimento da Apelação nº

3 apelação. É o relatório. Consta da inicial acusatória que, na data de 13 de dezembro de 2013, por volta de 15h20, na Avenida Osvaldo Costa, nº 10, Jardim D'Ávila, o denunciado trazia consigo, para fins de tráfico, a quantidade de 6,28 gramas de cocaína (9 porções), 12,07 gramas de crack (38 porções) e 6,28 gramas de maconha (5 porções), além da quantia, em dinheiro, de R$ 98,00. O policial Jeferson de Jesus Silva, inquirido em juízo, relatou estar em patrulhamento de rotina por local conhecido pela venda de entorpecente, quando avistou o réu em uma viela na posse de uma sacola plástica, decidindo abordá-lo. Revistado, no interior da sacola as drogas foram localizadas. No mesmo sentido as declarações do policial Valter Gonçalves. A testemunha Alessandra de Sousa, em sede judicial, afirmou ter visualizado o momento em que o réu foi abordado e disse não ter visto nenhuma sacola. Interrogado, o acusado negou a traficância, bem como a posse de droga, afirmando ter sido alvo de flagrante forjado, tendo os policiais atribuído-lhe os entorpecentes. Na delegacia, contudo, confessou os fatos, declarando estar desempregado e resolveu vender drogas porque possui uma filha menor para sustentar. Inequívocas a autoria e a materialidade Apelação nº

4 do crime de tráfico ilícito de entorpecentes. A despeito da negativa do réu e da insistência da combativa defesa quanto à fragilidade probatória, robustos se revelaram os elementos produzidos em sede de contraditório, configurando, de maneira segura, a conduta dirigida ao tráfico ilícito de entorpecentes. Os depoimentos dos policiais militares, além de proferidos em sintonia, demonstraram-se críveis, à medida que a dinâmica dos fatos foi minuciosamente relatada, sem contradições, e confirmadas pela variedade de entorpecente apreendido. Destarte, mantenho a condenação nos moldes estabelecidos pelo decisum a quo. Em análise ao artigo 59, do Código Penal, as circunstâncias judiciais são favoráveis, sendo as bases fixadas nos mínimos legais. Ausentes agravantes e atenuantes, na terceira fase, o redutor foi reconhecido em grau maior, tornando as reprimendas definitivas em 1 ano e 8 meses de reclusão e 166 dias-multa, no piso legal. Declarada a inconstitucionalidade do artigo 2º, 1º, da Lei dos Crimes Hediondos, melhor solução é a imposição de regime aberto, tendo em vista as circunstâncias favoráveis e a reduzida quantidade de droga. No caso em apreço, presentes estão os requisitos do art. 44 do Código Penal, substituo a pena privativa de liberdade por duas restritivas de direito, consistentes na Apelação nº

5 prestação de serviços à comunidade, a ser arbitrada pelo juízo das execuções criminais, e prestação pecuniária, fixada em 1 salário mínimo, destinada a entidade social. Ante o exposto, pelo meu voto, dou provimento ao recurso defensivo, para fixar o regime aberto em favor de LUCAS BISPO ALMEIDA, bem como substituir a pena privativa de liberdade por restritivas de direitos, consistentes em prestação de serviços à comunidade - a ser especificada pelo juízo das execuções - e prestação pecuniária, fixada em um salário mínimo, destinada a entidade social, mantendo-se, no mais, a r. sentença, por seus próprios e jurídicos fundamentos. Expeça-se, caso necessário, o competente alvará de soltura clausulado. GUILHERME DE SOUZA NUCCI Relator Apelação nº