ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ALEX ZILENOVSKI (Presidente sem voto), ALMEIDA SAMPAIO E FRANCISCO ORLANDO.

Transcrição

1 Registro: ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de Estrela D Oeste, em que é apelante ROBSON ROGERIO DE MORAES, é apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. ACORDAM, em 2ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Por maioria, negaram provimento. Vencido o segundo Juiz, que afastava o sursis e declara.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ALEX ZILENOVSKI (Presidente sem voto), ALMEIDA SAMPAIO E FRANCISCO ORLANDO. São Paulo, 30 de janeiro de 2017 LUIZ FERNANDO VAGGIONE RELATOR Assinatura Eletrônica

2 Voto nº 820 Apelação nº Comarca: Estrela D'Oeste Apelante: Robson Rogério de Moraes Apelado: Ministério Público do Estado de São Paulo Apelação. Lesão corporal qualificada pela violência doméstica. Prova. Suficiência. Materialidade e autoria demonstradas. Ausência de dolo não comprovada. Legítima Defesa. Réu que iniciou a agressão injusta. Inocorrência. Pena estabelecida com critério. Determinada a suspensão condicional da pena. Recurso improvido. Ao relatório da r. sentença de fls. 58/61 acrescenta-se que ROBSON ROGERIO DE MORAES foi condenado ao cumprimento de 03 (três) meses de detenção, no regime aberto, porque incurso no artigo 129, 9º, do Código Penal. Foi, ainda, determinada a suspensão condicional da pena pelo prazo de dois anos. Inconformada, apela a Defesa do acusado (fl. 60), transitando a r. sentença em julgado para a Justiça Pública (fl. 61). Nas razões de apelo (fls. 66/69), o recorrente busca a absolvição do delito de lesão corporal, aduzindo ter agido em legítima defesa. Subsidiariamente, pleiteia a desclassificação para a forma culposa. Contra-arrazoado o recurso (fls. 71/73), manifestou-se a douta Procuradoria Geral de Justiça (fls. 82/83) pelo seu desprovimento. É o relatório. O recurso é tempestivo e foi regularmente processado, estando

3 satisfeitos todos os requisitos necessários ao seu conhecimento. Não existem preliminares a serem analisadas. A materialidade delitiva restou cabalmente comprovada pelo boletim de ocorrência (fls. 03/04), pelo laudo do exame de corpo de delito realizado na ofendida (fls. 14/15), que constatou ter ela sofrido lesões corporais de natureza leve, causadas por agente contundente. A autoria também é inconteste. O réu, sempre que ouvido nos autos (fl. 08 e mídia de fl. 62), admitiu a prática das lesões, dizendo que estava nervoso porque a vítima havia saído sozinha e voltou para casa apenas durante a madrugada. Para impedir sua entrada na residência, a segurou pela camisa, ocasião em que ela o empurrou e, por esse motivo, desferiu uma mordida em seu braço. A vítima, por sua vez, narrou o fato da mesma forma, afirmando que o acusado é ciumento e quando retornou para sua residência, ele impediu sua entrada, a empurrou contra a parede e, após revidar a agressão, ele lhe mordeu (fl. 7 e mídia de fl. 62). Diante desse contexto, no qual réu confessou a prática das agressões, que também foram confirmadas pela ofendida, o conjunto probatório é robusto e a condenação era mesmo e rigor. Fica afastada, de conseguinte, a alegação defensiva de que teria o réu agido acobertado pela excludente de ilicitude da legítima defesa. Afinal, o acusado iniciou injustamente as agressões contra a ofendida e, embora tenha sido empurrado por ela, persistiu na ação ilícita e

4 novamente a agrediu, porém com uma mordida. Além disso, não foi produzida qualquer prova nos autos no sentido de que o réu tenha causado as lesões por negligência, imprudência ou imperícia. Ao contrário do alegado pela Defesa, o próprio apelante admitiu que conscientemente tentou impedir a vítima de entrar na residência, recorrendo, inclusive, à agressão injusta. Dessa forma, impossível a desclassificação para a modalidade culposa, passo à análise das penas. A pena foi estabelecida no mínimo legal e permaneceu inalterada nas demais fases da dosimetria, tendo em vista as circunstâncias judiciais favoráveis ao réu. Por fim, foi estabelecido o regime inicial aberto e suspensa a execução da pena pelo prazo de 2 anos, não merecendo qualquer alteração. Destarte, NEGA-SE PROVIMENTO ao recurso de apelação defensivo, mantendo-se a r. sentença tal como prolatada. LUIZ FERNANDO VAGGIONE Relator

5 Voto nº Apelação nº Comarca: Estrela D Oeste 1ª Vara Apelante: Robson Rogerio de Moraes Apelado: Ministério Público do Estado de São Paulo 2ª Câmara de Direito Criminal DECLARAÇÃO DE VOTO Adoto o relatório do Desembargador Relator. Ouso divergir do Relator sorteado no tocante à aplicação do sursis, pois, com o devido respeito a entendimento contrário, o referido instituto deve ser afastado, por cuidar-se de medida prejudicial ao acusado. A suspensão por prazo bastante superior à pena imposta e com consequências demasiadas graves não se aplica à espécie. Recordo, ainda, julgamento ocorrido no Colendo Superior Tribunal de Justiça: 3. A prática de delito cometido com violência doméstica impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, por conseguinte, incabível a aplicação do sursis, com base no disposto no art. 77, III, do Código Penal 1. Isto posto, pelo meu voto, é dado parcial provimento ao apelo, apenas para afastar o sursis, conforme acima descrito. ALMEIDA SAMPAIO Desembargador 1 AgRg no AREsp / MG- AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL- 2011/

6 Este documento é cópia do original que recebeu as seguintes assinaturas digitais: Pg. inicial Pg. final Categoria Nome do assinante Confirmação 1 4 Acórdãos LUIZ FERNANDO VAGGIONE 50B213F Eletrônicos 5 5 Declarações de Votos ANTONIO DE ALMEIDA SAMPAIO 530B776 Para conferir o original acesse o site: informando o processo e o código de confirmação da tabela acima.