PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Transcrição

1 ACÓRDÃO Registro: Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de Águas de Lindóia, em que é apelante MARCOS ROGERIO FERREIRA, é apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. ACORDAM, em 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Converteram Julgamento em Diligência, nos termos do v. acórdão. v.u.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GUILHERME DE SOUZA NUCCI (Presidente), LEME GARCIA E BORGES PEREIRA. São Paulo, 16 de junho de Guilherme de Souza Nucci RELATOR Assinatura Eletrônica

2 Apelação nº Comarca: Águas de Lindoia Apelante: MARCOS ROGÉRIO FERREIRA Advogado: Adonias Santana VOTO Nº Apelação. Resistência e Vias de Fato. Sentença que absolveu o recorrente da ameaça proferida em face de sua esposa, condenando-o apenas por resistência e vias de fato contra seu filho, restando possível a proposição de suspensão condicional do processo. Conversão em diligência para que o representante do 'parquet' avalie eventual proposta. Trata-se de recurso de apelação interposto por MARCOS ROGÉRIO FARIA contra sentença de primeiro grau (fls. 95/97), prolatada em 7 de outubro de 2014, pelo MM. Juiz de Direito, Dr. Rodrigo Sette Carvalho, da Vara Criminal da Comarca de Águas de Lindoia, que o condenou às penas de 2 meses de detenção, em regime aberto, por ofensa ao art. 329 do Código Penal, bem como à 15 dias de prisão simples, por infração ao art. 21 da Lei nº.3688/41, absolvendo-o da prática de ameaça em face de sua esposa. Irresignado, interpôs recurso de apelação, objetivando em resumo a absolvição quanto à resistência, sob a alegação de fragilidade do acervo probatório. Apelação nº

3 Em suas contrarrazões o Ministério Público bateu-se pelo acerto do decisum, salientando do valor probatório dos depoimentos dos policias militares. A douta Procuradoria Geral de Justiça, em seu parecer, endossou as contrarrazões ministeriais, opinando pelo improvimento ao apelo. É o relatório. Devidamente processado, a decisão se proclama pela conversão do julgamento em diligência, para fins de apreciação de suspensão condicional do processo. Consoante descreve a denúncia, no dia 14 de abril de 2013, o recorrente teria chegado embriagado em sua residência, localizada na Rua dos Pintassilgos, nº. 30, onde ameaçou sua esposa, Márcia Ferreira, apertou o pescoço de seu filho, Marcos Rogério Ferreira Júnior, e ainda, com a chegada dos policias militares, resistiu em ser preso, dizendo inexistir homem para obrigá-lo. Malgrado denunciado como incurso no art. 329 do Código Penal, art. 21 da Lei nº /41, bem como no art. 147 do Código Penal, este na forma da Lei n º /06, ao final da instrução, o magistrado a quo entendeu, por bem, absolver o apelante do delito de ameaça, condenando-o, tão somente, por resistência e vias de fato, cujas penas mínimas são, respectivamente, de 2 meses de reclusão e de 15 dias de prisão simples. Nesse diapasão, o Código de Processo Penal, em seu art. 383, 1º, disciplina que, se em consequência Apelação nº

4 de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz poderá de acordo com o disposto na lei, abrir vista ao parquet, visando possa ofertá-la. e possuidor de bons antecedentes Não obstante, sendo o apelante primário vide manifestação do próprio promotor a fl.55, a Lei 9.099/95, prevê em seu art. 89, a possibilidade de oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo pelo Ministério Público. O denominado sursis processual, embora seja um benefício ao acusado, é também uma faculdade do parquet, cabendo ao Ministério Público, de forma exclusiva, a oferta da proposta de suspensão. Nesse sentido vimos entendendo: Proponente: exclusivamente o órgão acusatório. Cabe ao Ministério Público, como regra, a proposta de suspensão condicional do processo, desde que entenda preenchidos os requisitos legais. Se não o fizer, é incabível a sua substituição pelo magistrado e muito menos pelo próprio acusado 1. Dessa feita, cabendo ao promotor apreciar os requisitos e oferecer o sursis processual, de rigor a conversão em diligência, visando à abertura de vista ao membro do parquet, de primeira instância, para exame e, assim 1 NUCCI, Guilherme de Souza, Leis Penais e Processuais Penais Comentadas, Forense, 8ª Ed., vol. II. é Apelação nº

5 entendendo, proposição de suspensão condicional do processo ao apelante, consoante suscitado nas razões recursais. Ante o exposto, pelo meu voto, converto o julgamento em diligência para abertura de vista ao promotor de justiça, de primeira instância, visando à apreciação e, assim entendendo, oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo. GUILUERME DE SOUZA NUCCI Relator Apelação nº