OLÁ PROFESSORA! OLÁ PROFESSOR!

Documentos relacionados
Diálogo. a diversidade um espaço privilegiado no Ensino Religioso

Escola Municipal Arnaldo de Barros Moreira

5 FUNDAMENTAÇÃO PEDAGÓGICA

REFERENCIAL CURRICULAR DO PARANÁ: PRINCÍPIOS, DIREITOS E ORIENTAÇÕES. ENSINO RELIGIOSO 1.º ao 9.º Ensino Fundamental

CURRÍCULO PAULISTA. Ensino Religioso

Ano Letivo 2012 / COMPETÊNCIAS CONTEÚDOS CALENDARIZAÇÃO AVALIAÇÃO Tema 1 A Paz Universal. - A paz, o grande sonho da humanidade.

Ensino Religioso. O eu, o outro e o nós. O eu, o outro e o nós. Imanência e transcendência. Sentimentos, lembranças, memórias e saberes

Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros. - Jesus. (João, 13:35.)

Liberdades Religiosas

Liberdade. Religiosa. No Mundo

Redação Enem Tema: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil - Ensino Médio

PLANO DE CURSO OBJETIVO GERAL DA ÁREA DE ENSINO RELIGIOSO

Caderno de Orientação Curricular - Ensino Religioso/Educação em Valores - 3º Bimestre

Plano de Aula Menina Bonita do Laço de Fita.

CULTURA DA PAZ A PAZ NAS ESCOLAS COMEÇA EM CADA UM DE NÓS

POLÍTICAS PÚBLICAS QUE ASSEGUREM A DIVERSIDADE RELIGIOSA: liberdade de culto e garantia da laicidade do Estado.

DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO OBJETIVOS: 6 Ano

DATA: / / 2012 III ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE EDUCAÇÃO RELIGIOSA 7.º ANO/EF

Artigo XVII 1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 2.Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

No princípio é a relação. Martin Buber

Pluralismo religioso: o diálogo e a alteridade como chaves para a construção de uma cultura de paz

Na Nigéria, religiosos fazem campanha para combater o preconceito contra Exu

5 FUNDAMENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Rotas de Aprendizagem º Ano - E. M. R. C.

ÁREA DO ENSINO RELIGIOSO. Prof. Dr. Elcio Cecchetti (FONAPER e Unochapecó)

PLANO DE CURSO DISCIPLINA:História ÁREA DE ENSINO: Fundamental I SÉRIE/ANO: 2 ANO DESCRITORES CONTEÚDOS SUGESTÕES DE PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

SUA EXCELÊNCIA FERNANDO DA PIEDADE DIAS DOS SANTOS, PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA

O ENSINO RELIGIOSO NA PARAÍBA:

Exemplo de registro. O que é o diário de Bordo?

ENSINO RELIGIOSO 6 ANO ENSINO FUNDAMENTAL PROF.ª ERIKA CARMO PROF. LUÍS CLÁUDIO BATISTA

TEMA-PROBLEMA. A experiência religiosa como afirmação do espaço espiritual do mundo FENÓMENO UNIVERSAL

Causas dos movimentos migratórios

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES PARA ENTENDER O QUE A LEI TROUXE DE NOVO NA ÁREA DO ENSINO RELIGIOSO

Colégio Santa Dorotéia

Conteúdos Objectivos Experiência de aprendizagem. Conhecer as várias teorias que tentam explicar a origem e evolução do mundo

RELATO DE EXPERIÊNCIA CONSCIÊNCIA NEGRA: TODO BRASILEIRO TEM SANGUE CRIOULO.

Português/Jhonatta CONTEÚDO DO BIMESTRE CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO TÓPICOS DO CONTEÚDO

MPLA. Data: Local: Luanda

Sua religião é uma escolha pessoal e deve ser respeitada

DATA: / / 2016 III ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE EDUCAÇÃO RELIGIOSA 5.º ANO/EF ALUNO(A): N.º: TURMA: VALOR: 10,0

Caderno de Orientação Curricular - ENSINO RELIGIOSO/EDUCAÇÃO EM VALORES

Atividades para o Projeto Proclamação da República

Conteúdos Objectivos Experiência de aprendizagem. Conhecer as várias teorias que tentam explicar a origem e evolução do mundo

DECLARAÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS PERTENCENTES A MINORIAS NACIONAIS OU ÉTNICAS, RELIGIOSAS E LINGUÍSTICAS

Base Nacional Comum. ANDIFES Brasília, abril de 2016 José Fernandes de Lima Conselheiro do CNE

PROJETO EU SOU ASSIM MATERNAL II

AGIR PARA MUDAR O MUNDO

Apresentação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra - PNSIPN

Proposta Curricular para o Ensino Religioso da Secretaria Municipal de Educação de Camburiu e Itapema

Direitos Humanos. Declaração Universal de Professor Mateus Silveira.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DA UNESCO SOBRE A DIVERSIDADE CULTURAL

1º Ciclo. Educação Moral e Religiosa Católica 2016/ º Ano. 4º Ano. 1º Ano. 2º Ano

HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA NAS ESCOLAS: UMA ANÁLISE DA LEI /03 EM UMA ESCOLA DE APODI/RN

Constituição da República Federativa do Brasil (de 24 de janeiro de 1967)

1º Ciclo - Ano letivo 2017/2018

ACORDO ENTRE A REPÚBLICA PORTUGUESA E O IMAMAT ISMAILI

1º Ciclo - Ano letivo 2018 / 2019

Metas de aprendizagem Conteúdos /Conceitos Actividades/Estratégias Critérios de avaliação Instrumentos de avaliação

PLANEJAMENTO Fé versus força física Todos saberão que há deus em Israel Jeitos de ser convicto O que diz a educação física

Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil. Centro Sergio Vieira de Mello

PASTORAL ACADÊMICA FABE. SEJAM BEM VINDOS AO LANÇAMENTO DA PASTORAL! Música acolhida: Águia Pequena Past. Acad.

Marinheiros de primeira intervenção: diversidade religiosa na escola

2º bimestre Sequência didática 2. Título: Quem somos e no que acreditamos

REDAÇÃO Educação: a questão do Ensino Religioso nas Escolas brasileiras

Sérgio Rogério Azevedo Junqueira São Leopoldo (RS), 2007

Declaração Universal dos Direitos do Homem

DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

final Livro MN do Curuzu - Dayane Host.indd 1 28/6/ :15:50

Células Intergeracionais

DIVERSIDADE E O ENSINO RELIGIOSO. LIDIA KADLUBITSKI

DECLARAÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE INTOLERÂNCIA E DISCRIMINAÇÃO BASEADAS NA RELIGIÃO OU CONVICÇÃO

ESCOLA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA JOÃO XXIII PROJETO ESCOLA LIMPA

Tma: Tema: Competências do professor para o trabalho com competências

(CESGRANRIO)Segundo a LDB, o regime de progressão continuada nas escolas é: A) ( ) obrigatório em todas as redes de ensino. B) ( ) obrigatório na

O Cristianismo É uma religião abraâmica monoteísta centrada na vida e nos ensinamentos de Jesus, tais como são apresentados no Novo Testamento; A Fé

Agrupamento de Escolas de Mira. Departamento de Ciências Sociais e Humanas

PLANEJAMENTO Fé versus força física Todos saberão que há deus em Israel Jeitos de ser convicto O que diz a educação física

Departamento de Ciências Humanas e Sociais Educação Moral e Religiosa Católica - 5º ano Ano letivo 2017/201

A QUEM PERTENCE O REINO DOS CÉUS?

Afinal, o que é Coaching?

Responsável Geral M. Edison Saraiva Neves Corresponsáveis Geral C Ivone de Castro Menão e C Érica Monteiro

PROJETO CONSCIÊNCIA PATRIMONIAL

Ano Brasileiro do Ensino Religioso

5 º ANO Unidade Letiva 1 - Viver juntos METAS OBJETIVOS CONTEÚDOS B. Construir uma chave de leitura religiosa da pessoa, da vida e da história.

Agrupamento de Escolas CARLOS GARGATÉ

LIÇÃO 3 ÉTICA CRISTÃ E DIREITOS HUMANOS. Prof. Lucas Neto

Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Jesus Cristo

X SEMINÁRIO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO RELIGIOSO

PROGRAMA DE CONTEÚDOS 2014

SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS DE BARAÚNA/PB, TRABALHANDO A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO VOLTADA PARA OS VALORES HUMANOS

Conheça esses direitos com a Defensoria Pública

NO BRASIL A NOSSA MISSÃO TEM OS SEGUINTES OBJETIVOS:

SUMÁRIO. Introdução... 2 Objetivos... 2 Possibilidades de Trabalho... 3

O currículo do Ensino Médio no olhar de pesquisadores e gestores brasileiros MARILZA REGATTIERI

e Ilustrações A BANGUELINHA SUPLEMENTO DIDÁTICO Elaborado por Maria da Graça Fernandes Branco Uso exclusivo do professor. venda proibida.

= MENSAGEM DE ANO NOVO =

4º Ano Ensino Fundamental

As Leis 10639/03 e 11645/08: O Ensino de História e Cultura dos Povos Indígenas e dos Afrodescendentes no Brasil UNIDADE 1

Alice Mendonça Universidade da Madeira INTERCULTURALIDADE. O QUE É?

SUGESTÕES DE AVALIAÇÃO

Transcrição:

OLÁ PROFESSORA! OLÁ PROFESSOR! Um momento de sua atenção para juntos desafiarmos uma história Professor (a), a cartilha da DIVERSIDADE RELIGIOSA E DIREITOS HUMANOS é um texto produzido em 2004 para ser distribuído aos cidadãos brasileiros a fim de refletirmos sobre as diferentes formar de compreender a presença do transcendente, pois o Brasil é um país que não possui uma religião, mas garante a todos os seus cidadãos a liberdade de professarem ou não um credo religioso como afirma na Constituição que garante a inviolabilidade de uma liberdade de consciência e crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e a proteção aos locais de culto e suas liturgias (Artigo 5 o. inciso VI), este direito à liberdade religiosa está confirmada na Declaração dos Direitos Universais do Ser Humano. Ao fazer memória da formação do povo brasileiro vamos encontrar Guaranis, Jês, portugueses, açorianos, nigerianos, angolanos, franceses, ingleses, italianos, alemães, austríacos e tantos outros que formaram o povo brasileiro. A leitura é breve, mas a densidade da reflexão poderá colaborar na reflexão dos cidadãos que estão com você em suas salas de aula. A proposta de trabalhar com os estudantes sobre a diversidade religiosa nada mais do que como solicita a Lei de Diretrizes e Base (9394/96) favorecer o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; assim como o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. Em seguida apresentamos algumas sugestões de atividades para colaborar na leitura junto aos seus alunos desta CARTILHA DA DIVERSIDADE RELIGIOSA. Boa leitura!

Propostas de Atividades DIVERSIDADE RELIGIOSA brasileira: 01. Propor aos alunos um exercício de definir DIVERSIDADE, construindo um painel sobre os significados deste termo por meio desenhos e foto-colagem a fim de discutir a possibilidade de sermos diferentes, variado, sermos distintos e ao mesmo tempo de convivermos em paz neste vasto mundo. Ou mesmo elaborar um texto coletivo que represente esta situação. Prosseguindo nesta construção realizar uma pesquisa sobre as riquezas de grupos religiosos que compõe a sala, a escola. A proposta não é de verificar que religião é mais forte ou a com menos representantes, mas acentuar a possibilidade de no Brasil as pessoas possuem de crer ou não, mas nos é permitido realizar as celebrações do jeito de cada um. A conquista é o de aprender a conviver nesta variada de jeitos de crer. 02.Nelson Mandela afirmou que ninguém nasceu odiando o outro por ser diferente, este sentimento foi apreendido, então ele nos desafia, por que não ensinar a amar. Escolhemos algumas frases que estão na cartilha e propomos que você professor (a) produza com seus alunos um texto da turma reunindo estas idéias, este material poderia ser enviado aos pais e outros membros da comunidade escolar ou do bairro, colaborando no projeto de construirmos o direito, a possibilidade de respeitar-nos em nossos jeitos diferentes de crer. Em uma coluna está o texto, na outra você poderia pedir aos estudantes individualmente que escolham e escrevam palavras chaves destas frases e na última coluna que com estas palavras produzam uma nova frase. Em seguida por pequenos grupos reuniram as novas frases dos colegas e construírem um parágrafo, até formarmos um texto com a colaboração de cada um. FRASES DA CARTILHA PALAVRAS NOVAS FRASES 01.Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular (Artigo 18 Declaração Universal dos Direitos Humanos) 02. Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar. (Nelson Mandela) A regra de ouro consiste em sermos amigos do mundo e em considerarmos toda a família humana como uma só

família. Quem faz distinção entre os fiéis da própria religião e os de outra, deseduca os membros da sua religião e abre caminho para o abandono, a irreligião. Mahatma Gandhi Toda crença é respeitável, quando sincera e conducente à prática do bem. Allan Kardec Se eles se inclinam `A Paz, inclina-te tu também a ela e encomenda-te a Deus... Maomé Em cada indivíduo, em cada povo, em cada cultura, em cada credo, existe algo que é relevante para os demais, por mais diferentes que sejam entre si. Enquanto cada grupo pretender ser o dono exclusivo da verdade, o ideal da fraternidade universal permanecerá inatingível. Judaísmo 03.No ano de 2000 na cidade de Nova York (Estados Unidos) ocorreu na ONU (Organização das Nações Unidas), um encontro com muitas lideranças religiosas no ENCONTRO DE CÚPULA MUNDIAL DE LÍDERES RELIGIOSOS E ESPIRITUAIS PELA PAZ, ao final comprometeram em colaborar com um novo tempo para a paz. Propomos que os estudantes pesquisem em revistas e jornais fatos que confirmam os compromissos destas lideranças religiosas e fatos que contradizem o acordo de Nova York. Em seguida procurem verificar o que em sua região é preciso ainda ser feito para tornar real uma paz na diversidade. COMPROMISOS ASSUMIDOS FATOS QUE CONFIRMAM FATOS QUE NEGAM condenar toda violência cometida em nome da religião, buscando remover as raízes da violência; apelar a todas comunidades e grupos étnicos e nacionais a respeitarem o direito à liberdade religiosa, procurando a reconciliação, e a se engajarem no perdão e no auxílio mútuos; despertar em todos os indivíduos e comunidades o senso de responsabilidade, compartilhada entre todos, pelo bem-estar da família humana como um todo, e o reconhecimento de que todos os seres humanos independentemente de religião, raça, sexo e origem étnica têm o

direito à educação, à saúde e à oportunidade de obter uma subsistência segura e sustentável COMPROMISOS ASSUMIDOS condenar toda violência cometida em nome da religião, buscando remover as raízes da violência; apelar a todas comunidades e grupos étnicos e nacionais a respeitarem o direito à liberdade religiosa, procurando a reconciliação, e a se engajarem no perdão e no auxílio mútuos; despertar em todos os indivíduos e comunidades o senso de responsabilidade, compartilhada entre todos, pelo bem-estar da família humana como um todo, e o reconhecimento de que todos os seres humanos independentemente de religião, raça, sexo e origem étnica têm o direito à educação, à saúde e à oportunidade de obter uma subsistência segura e sustentável O que precisa ser feito para que este compromisso aconteça em nossa COMUNIDADE? 04.Por que será algumas pessoas acreditam em um deus, outros em outras forças, e os que não crêem em nada que seja transcendente. O que é uma religião? Por que este tema causa tanta discussão??? Propomos que os estudantes pesquisem sobre elementos religiosas, conceitos das religiões. A partir desta pesquisa organizem uma entrevista e depois convidem uma liderança religiosa, uma pessoa da comunidade e um líder da organização do bairro. Realizem um painel sobre o DIREITO DE CRER E O DIREITO DE NÃO CRER. Ao final cada um poderá elaborar um relatório sobre o evento, desta forma estaremos colaborando na construção de argumentos para a reflexão de temas do cotidiano e outros polêmicos que nossos estudantes defrontam-se todos os dias. 05. Um dos grupos mais discriminados são os negros, foram arrancados de suas terras e obrigados assumirem não apenas trabalhos, mas a cultura e o comportamento diversificado em nome de outro deus. Propomos que a partir do texto abaixo, você professor (a) reconstrua com os seus estudantes o papel das comunidades negras na formação deste país chamado BRASIL. Procure explorar as idéias, construam questões, ilustrem pequenos cartazes e divulguem na escola

que a intolerância justificou tantas ações contra o ser humano que é preciso buscar novos rumos para nossa história. Para os seguidores da umbanda e do candomblé, é bom repetir, o terreiro é um templo sagrado. Ninguém, de nenhuma religião, gostaria que tal violência fosse cometida contra seu próprio templo. Quem discrimina assim o seu semelhante comete, além de intolerância religiosa, outro crime e pecado chamado racismo. Racismo é crime porque assim diz a lei. E é pecado porque o Criador, conforme nos ensinam várias religiões, fez o homem e a mulher à Sua imagem e semelhança; usou até areia de todas as cores, como afirmam algumas tradições, para deixar bem claro que todas as cores, que todos os seres humanos são iguais. Quando foram arrancados de sua terra natal, jogados em navios negreiros e escravizados no Brasil, mulheres e homensafricanos perderam quase tudo. Mas resistiram, mantendo sua religião, sua fé em Olorum (o Criador) e em outras divindades. Perderam quase tudo, mas não suas raízes, firmemente fincadas na ancestralidade. Além de território sagrado, os terreiros de umbanda e candomblé são, portanto, locais de resistência e preservação cultural, guardiães da memória de um povo. Mas, para aqueles que discriminam e desrespeitam uma religiosidade simplesmente por achá-la diferente da sua, parece difícil entender essa verdade. A propósito, conta uma tradição oral de matriz africana que no principio havia uma única verdade no mundo. Entre o Orun (mundo invisível, espiritual) e o Aiyê (mundo natural) existia um grande espelho. Assim tudo que estava no Orun se materializava e se mostrava no Aiyê. Ou seja, tudo que estava no mundo espiritual se refletia exatamente no mundo material. Ninguém tinha a menor dúvida em considerar todos os acontecimentos como verdades. E todo cuidado era pouco para não se quebrar o espelho da Verdade, que ficava bem perto do Orun e bem perto do Aiyê. Neste tempo, vivia no Aiyê uma jovem chamava Mahura, que trabalhava muito, ajudando sua mãe. Ela passava dias inteiros a pilar inhame. Um dia, inadvertidamente, perdendo o controle do movimento ritmado que repetia sem parar, a mão do pilão tocou forte no espelho, que se espatifou pelo mundo. Mahura correu desesperada para se desculpar com Olorum (o Deus Supremo). Qual não foi a surpresa da jovem quando encontrou Olorum calmamente deitado à sombra de um iroko (planta sagrada, guardiã dos terreiros). Olorum ouviu as desculpas de Mahura com toda a atenção, e declarou que, devido à quebra do espelho, a partir daquele dia não existiria mais uma verdade única. E concluiu Olorum: De hoje em diante, quem encontrar um pedaço de espelho em qualquer parte do mundo já pode saber que está encontrando apenas uma parte da verdade, porque o espelho espelha sempre a imagem do lugar onde ele se encontra. Portanto, para seguirmos a vontade do Criador, é preciso, antes de tudo, aceitar que somos todos iguais, apesar de nossas diferenças. E que a Verdade não pertence a ninguém. Há um pedacinho dela em cada lugar, em cada crença, dentro de cada um de nós. Estas atividades são apenas uma parte da construção que você professora e você professor poderá realizar com os seus estudantes. A cartilha é um texto rico para a sua reflexão.