Brgnti ISSN: 0006-8705 editor@ic.sp.gov.r Instituto Agronômico de Cmpins Brsil Chvrri, Gerldo; Bergmschi, Homero; Cury d Silv, Leonrdo; Pesso dos Sntos, Henrique; Mndelli, Frncisco; Crivellro Guerr, Celito; Flores, Crlos Alerto; Tonietto, Jorge Relções hídrics, rendimento e compostos fenólicos de uvs Cernet Suvignon em três tipos de solo Brgnti, vol. 70, núm. 3, 2011, pp. 481-487 Instituto Agronômico de Cmpins Cmpins, Brsil Disponível em: http://www.redlyc.org/rticulo.o?id=90821051026 Como citr este rtigo Número completo Mis rtigos Home d revist no Redlyc Sistem de Informção Científic Rede de Revists Científics d Améric Ltin, Crie, Espnh e Portugl Projeto cdêmico sem fins lucrtivos desenvolvido no âmito d inicitiv Acesso Aerto
Relções hídrics, rendimento e compostos fenólicos de uvs Cernet Suvignon em três tipos de solo Gerldo Chvrri ( 1 *); Homero Bergmschi ( 2 ); Leonrdo Cury d Silv ( 2 ); Henrique Pesso dos Sntos ( 3 ); Frncisco Mndelli ( 3 ); Celito Crivellro Guerr ( 3 ); Crlos Alerto Flores ( 4 ); Jorge Tonietto ( 3 ) ( 1 ) Universidde de Psso Fundo, Cmpus I, Cix Postl 611, 99001-970 Psso Fundo (RS). ( 2 ) Universidde Federl do Rio Grnde do Sul, Deprtmento de Horticultur e Silvicultur, Avenid Bento Gonçlves, 7712, 91501-970 Porto Alegre (RS). ( 3 ) Emrp Uv e Vinho, Ru Livrmento, 515, 95700-000 Bento Gonçlves (RS). ( 4 ) Emrp Clim Temperdo, BR 392, km 78, Cix Postl 403, 96010-971 Pelots (RS). (*) Autor correspondente: gerldochvrri@upf.r Receido: 19/mi./2010; Aceito: 29/jul./2010. Resumo No presente trlho, foi vlid influênci de três tipos de solo (Argissolo Bruno-cizentdo, Plnossolo Háplico e Neossolo Regolítico) sore spectos quntittivos e qulittivos d produção de uvs destinds à vinificção. O experimento foi executdo no ciclo 2008/2009, em vinhedo d cultivr Cernet Suvignon (Vitis vinifer L.), no município de Bento Gonçlves, (RS). Avliou-se disponiilidde hídric em se grvimétric o longo do período de mturção ds uvs, o potencil d águ n folh, prâmetros de crescimento vegettivo, componentes do rendimento e os compostos fenólicos no momento d colheit. Argissolos Bruno-cizentdos propicirm mior crescimento vegettivo, soretudo em mss de rmos, comprimento de entrenós e áre folir, ssim como, cchos com mior número de gs. Plnossolos Háplicos com mior disponiilidde hídric proporcionrm mior produtividde ds videirs. Neossolos Regolíticos levrm à menor disponiilidde hídric, o que reflete em redução do potencil d águ n folh. Nests condições de restrição hídric, s videirs tiverm menor crescimento e rendimento, como tmém, miores teores de tninos e índice de polifenóis totis. Em gerl, o Neossolo Regolítico pode ser considerdo mis promissor pr otenção de vinhos finos de qulidde. Plvrs-chve: potencil d águ n folh, produtividde, qulidde enológic, identidde enológic. Áres Básics Artigo Wter reltions, yield nd phenolic compounds of grpevines cv. Cernet Suvignon in three soil types Astrct Wter conditions, influenced lso y the soil type, determine the vegettive growth nd plnt development nd hve importnt effects on wine qulity. In the present study, the influence of three soil types (Gryish Brown Argisol, Hplic Plnosol nd Regolitic Neosol) on quntittive nd qulittive trits of grpe production nd vinifiction. The experiment ws performed in the 2008/2009 seson in vineyrd of Cernet Suvignon cultivr (Vitis vinifer L.), in Bento Gonçlves, Brzil. The soil wter vilility (grvimetric sis) t ripening, lef wter potentil, plnt growth, yield components nd phenolic compounds were evluted. As compred to the Regolitic Neosol, the Gryish Brown Argisol cused higher vegettive growth, minly in rnch mss, length of internodes nd lef re, s well s promoted clusters with more erries. Hplic Plnosols provided the highest wter vilility, cusing high grpe yield. There ws lower wter vilility in Regolitic Neosols, which led to decreses in lef wter potentil. In this stressful condition the grpevines hd reduced the vegettive growth nd yield nd incresed the tnnin content nd index of totl phenolic compounds. In generl, Regolitic Neosols could e considered the most promising soil for producing wines of high qulity. Key words: lef wter potentil, productivity, enologicl qulity, enologicl identity.
G. Chvrri et l. 1. INTRODUÇÃO Dentro do contexto de desenvolvimento de um região vitícol, o clim e o solo são elementos de fundmentl importânci n qulidde d uv, principlmente n qulidde enológic. Atum sore o crescimento e produção de videirs trvés de seus principis elementos: rdição solr, tempertur, umidde, precipitções pluviis, textur, nutrição, entre outros (Mullins et l., 1992). As crcterístics d uv e do vinho resultm d interção de diversos ftores nturis, iológicos, gronômicos e enológicos. Atrvés de vriáveis gronômics, como rquitetur d plnt, o mnejo do solo e fitossnitário, e vriáveis enológics, tis como o tipo de vinificção, pode-se primorr qulidde do vinho de um região (Wmple et l., 2005). Pr Bodin e Morlt (2006), plicção dos conceitos de indicção de procedênci e denominção de origem requerem profundmento ds crcterístics climátics e pedológics, onde águ represent grnde importânci no sistem solo-plnt-tmosfer. A condição hídric d videir é um importnte ftor pr definição d qulidde enológic, e moderdos déficits hídricos estão ssocidos ltos teores de tnino e ntocinins em uvs tints (Vn Leeuwen e Seguin, 1994). Dest form, regiões com menores precipitções pluviis ou déficits hídricos controldos têm possiilidde de umentr concentrção de compostos desejáveis, diminuindo o teor de águ ns gs. A utilizção do potencil d águ n folh, que pode ser medido com um câmr de pressão, tem permitido estelecer referenciis de qulidde enológic em outros píses de renome vitícol, como Frnç e os Estdos Unidos (Ojed et l., 2005; Wmple et l., 2005). Contudo, no Brsil, trlhos com este nível de detlhmento ind não form relizdos. Nesses píses, este método tem sido progressivmente dotdo pels vinícols como um ferrment confiável pr determinção ds prátics de mnejo, distints em suáres do vinhedo ou entre vinhedos, proporcionndo incrementos de qulidde (Ojed et l., 2005). O detlhmento de ptmres limites de potenciis d águ n folh tem sido usdo como estrtégi de mnejo d irrigção, visndo gerr vinhos de melhor qulidde em determindos tipos de solo, e tem sido importnte como ferrment n escolh d relção mis promissor entre eventos d dinâmic do estresse hídrico e sor/rom do vinho (Sntos e Kye, 2009). A hipótese estelecid no presente trlho foi que o tipo de solo interfere n qulidde enológic, pois modific condição hídric d plnt. Dest form, o trlho teve por ojetivo vlir s relções hídrics, o crescimento e os spectos qulittivos e quntittivos do rendimento de videirs Cernet Suvignon em três diferentes condições de solo (Argissolo Bruno-cizentdo, Plnossolo Háplico e Neossolo Regolítico) em um vinhedo d indicção de procedênci (IP) Vle dos Vinhedos, no Rio Grnde do Sul, uscndo indicr solos mis ptos à produção de vinhos de qulidde. 2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido em vinhedo d Vinícol Miolo (29 11 09 S 51 34 57 W, 644 m ltitude), no município de Bento Gonçlves (RS), indicção de procedênci (IP) Vle dos Vinhedos. O delinemento experimentl utilizdo foi em locos csulizdos tendo como trtmentos três tipos de solos (Argissolo Brunocizentdo, Plnossolo Háplico e Neossolo Regolítico) e considerndo cd plnt um repetição, perfzendo 10 repetições por trtmento. O vinhedo, com sete nos de idde, er composto pel cultivr Cernet Suvignon sore port-enxerto Pulsen 1.103, conduzido em sistem espldeir com espçmento de 2,5 m entre linhs e 1,3 m entre plnts. Por hver três condições distints de solo, o vinhedo foi divido de cordo com clssificção pedológic (Argissolo Bruno-cizentdo, Plnossolo Háplico e Neossolo Regolítico). Destc-se tmém que os trtos culturis e o mnejo d vegetção no vinhedo form relizdos ns mesms dts e com mesm intensidde nos três locis com os distintos solos. A prtir do início d mturção ds gs (mudnç d cor, em jneiro) té colheit, seguindo escl fenológic de Lorenz et l. (1995), form relizds colets semnis de mostrs de solo (proximdmente 400 g) ns três clsses de solo, em diferentes profundiddes de cordo com nálise pedológic prévi dos perfis (Tel 1). O solo coletdo foi condiciondo em lts e veddo com fit desiv. As lts contendo solo form pesds e, pós ficrem 72 hors em estuf à tempertur de 100 ºC, form pesds novmente. A prtir ds diferençs entre mss úmid e sec foi determind umidde do solo em se grvimétric. Tel 1. Umidde em se grvimétric de três tipos de solos (Argissolo, Plnossolo e Neossolo) em vinhedo de cv. Cernet Suvignon, em diferentes profundiddes dos perfis. Bento Gonçlves (RS), 2009 Argissolo Plnossolo Neossolo Prof. (cm) 0-24 24-61 61-100 0-20 20-40 40-60 0-20 20-40 40-60 Médi (%) 14,41 17,38 15,62 17,27 20,29 19,20 10,08 11,83 14,77 DP (%) 1,84 1,18 1,99 3,14 2,24 1,55 5,66 2,89 3,78 DP Desvio-pdrão.
Relções hídrics e qulidde de uvs Cernet Suvignon Form relizds cinco medições, o longo do di, do potencil d águ n folh (MP), em 10 folhs oposts os cchos, coletds letorimente em cd tipo de solo (Argissolo, Plnossolo e Neossolo), trvés de um câmr de pressão (Sholnder et l., 1965), em 3/2/2009, 10/2/2009 e 17/2/2009. Ests medições form relizds às 4 h (ntes do mnhecer), 8 h, 10 h, 12 h e 14 h. Pr crcterizr o crescimento de rmos do no foi relizd um colet, no estádio fenológico 81 (qundo 70% dos cchos estvm no estádio de mudnç de cor escl fenológic de Lorenz et l., 1995), em 10 rmos por áre, de form letori (um rmo por plnt), em plnts que não form sumetids às vlições de rendimento. A porção medin de cd rmo foi cortd (com qutro gems e três entrenós) e sumetid à pesgem e vlição do diâmetro e comprimento de entrenós, com pquímetro digitl (mrc Digimess). No período de mudnç de cor ds gs (qundo miori dos cchos estv no estádio de mudnç de cor, 81 escl de Lorenz et l., 1995), form coletds letorimente 200 folhs ns três condições de solo (Argissolo, Plnossolo e Neossolo), s quis form individulmente pesds, e mensurdo o comprimento ds dus nervurs secundáris do limo folir. A prtir d som do comprimento dests nervurs e d áre folir totl de cd folh, utilizndo-se um medidor de áre folir (mrc Licor; modelo Li - 3000), form justds s equções de regressão entre som do comprimento ds nervurs e áre folir. Em 10 plnts de cd tipo de solo foi contto o número totl de folhs e form selecionds letorimente 50 folhs pr medição d som do comprimento ds nervurs. A prtir de um vlor médio de comprimento de nervur ds 50 folhs e do número totl de folhs estimou-se áre folir de cd plnt. N sfr 2009 (6/3/09), em delinemento completmente csulizdo, form selecionds letorimente e identificds 10 plnts em cd áre (Argissolo, Plnossolo e Neossolo). Tod produção ds 10 plnts de cd áre foi colhid e levd pr o lortório, onde form determinds vriáveis e componentes do rendimento: produção por plnt, produção por hectre, número de cchos por plnt, cchos por metro qudrdo, mss e comprimento de ccho, mss de engço, número de gs por ccho e diâmetro trnsversl de gs. Em tods ests vlições, foi utilizd lnç digitl (mrc Deltrnge; modelo Mettler PC 4400) e pquímetro digitl (mrc Digimess). Form coletds 200 gs letorimente em cd tipo de solo (Argissolo, Plnossolo e Neossolo) no di d colheit (6/3/09). As uvs form encminhds imeditmente o lortório, onde form seprds mnulmente s películs e s sementes, otendo-se um lote de películs e outro de sementes, sendo s polps descrtds. Cd lote foi pesdo e s sementes form contds e pesds. Pel diferenç de mss entre películ e semente foi estelecid relção entre películ e polp. Após, form otids soluções ds películs e ds sementes e nlisds por cromtogrfi líquid de lt performnce (CLAE), de cordo com método descrito por Guerr (1997). Os ddos otidos de crescimento vegettivo, componentes do rendimento e compostos fenólicos form sumetidos à nálise esttístic de vriânci ANOVA, e s médis comprds pelo teste de Tukey, 5% de proilidde de erro. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO N crterizção d disponiilidde hídric dos solos vlidos foi oservdo que o Plnossolo possui miores percentuis de umidde em se grvimétric, com médis de 17%, 20% e 19%, pr s profundiddes de 0-20, 20-40 e 40-60 cm, respectivmente (Tel 1). Este solo se locliz em um áre mis ix do vinhedo que, pels crcterístics físics do solo, justific os miores percentuis de umidde em se grvimétric. Já o Argissolo se posicion em um condição intermediári, e tingiu percentuis médios de 14%, 17% e 16%, ns profundiddes de 0-24, 24-61 e 61-100 cm respectivmente. O solo com menor umidde em se grvimétric foi o Neossolo, com percentuis médios de 10%, 12% e 15%, ns profundiddes de 0-20, 20-40 e 40-60, respectivmente (Tel 1). Os ddos de umidde (Tel 1) evidencirm diferençs ns crcterístics físics dos três solos vlidos, em prticulr os miores teores de rei ns primeirs cmds do neosolo, que se crcteriz como frnco rgilo-renoso. Dest mneir, seus percentuis de umidde nos primeiros horizontes form inferiores o Argissolo e o Plnossolo (Tel 1). Se-se que o decréscimo n disponiilidde de águ no solo ocsion qued no potencil d águ n folh, diminuindo turgidez celulr e condutânci estomátic (Shlhevet, 1993; Ojed et l., 2005) e tmém reduzindo trnspirção (Chvrri et l., 2008). Ns plnts cultivds em Argissolo e Plnossolo ocorrerm potenciis d águ n folh significtivmente superiores àquels no Neossolo, em diversos horários dos três dis vlidos, no período d mturção ds uvs (Figur 1). N vlição feit em 3/2/2009, os potenciis d águ n folh só form significtivmente miores no Argissolo e no Plnossolo que no Neossolo às 14 h, considerdo de menor potencil (mis negtivo) em função de ser o horário de mior demnd evportiv o longo do di (Figur 1). Em 10/2/2009 form oservds diferençs significtivs nos horários de 8 h, 12 h e 14 h (Figur 1). Todvi, não form oservds diferençs significtivs entre os potencis do Argissolo e do Plnossolo, indicndo que, mesmo hvendo vrição entre s crcterístics destes solos, ests precem não interferir no porte hídrico às plnts o ponto de influencir o potencil d águ n folh.
G. Chvrri et l. Potencil d águ n folh (MP) Potencil d águ n folh (MP) Potencil d águ n folh (MP) 0,0-0,2-0,4-0,6-0,8-1,0-1,2-1,4-1,6-1,8-2,0 0,0-0,2-0,4-0,6-0,8-1,0-1,2-1,4-1,6-1,8-2,0 0,0-0,2-0,4-0,6-0,8-1,0-1,2-1,4-1,6-1,8-2,0 04:00 08:00 10:00 12:00 14:00 Argissolo Plnossolo Neossolo Argissolo Plnossolo Neossolo Argissolo Plnossolo Neossolo Horário (h) Figur 1. Potencil d águ n folh, em videirs cv. Cernet Suvignon cultivds em três tipos de solo (Argissolo, Plnossolo e Neossolo) n Indicção de Procedênci (IP) Vle dos Vinhedos, em três dis [() 3/2/2009, () 10/2/2009 e (c) 17/2/2009] no período de mturção. Bento Gonçlves (RS), 2009. Letrs distints no mesmo horário diferem entre si o nível de proilidde de 5% de erro, pelo teste de Tukey. Deve-se destcr que, soretudo ns vlições relizds em 10 e 17/2/2009, ns videirs loclizds no Neossolo os potenciis form significtivmente mis negtivos, crcterizndo menor porte de águ pr s plnts nests condições de solo (Figur 1,c). Em 3/2/2009 s plnts prticmente não difererirm qunto o potencil de águ n folh, excetundo-se últim vlição relizd às 14 h (Figur 1). Neste horário, no Neossolo, houve diferenç significtiv com vlores inferiores de potencil d águ n folh comprtivmente ( ) ( ) (c) Tempertur ( C) 35,0 30,0 IM C 300 250 25,0 200 P IB 20,0 150 15,0 10,0 5,0 0,0 100 50 0 go/08 set/08 out/08 Mínim Meses Máxim nov/08 dez/08 jn/09 fev/09 mr/09 Chuv Figur 2. Tempertur máxim, mínim e precipitção pluvil ocorrid do período d pod té colheit no Município de Bento Gonçlves loclidde Vle dos Vinhedos. Bento Gonçlves, 2009. P pod; IB início de rotção; IM início de mturção e C colheit. o Argissolo e Plnossolo. Já em 10 e 17/2/2009 form oservds diferençs significtivs em mis horários o longo dos dis vlidos, sempre com potenciis inferiores no Neossolo (Figurs 1 e 2c). Em ms s vlições do potencil de se, medido ntes do mnhecer, não houve diferenç significtiv entre plnts dos três tipos de solos vlidos (Figurs 1, 2,c). Este potencil é considerdo o ponto de equilírio entre o solo e plnt (Mullins et l., 1992). Os potenciis dos três solos dequdos pr o crescimento e desenvolvimento d videir, segundo Ojed et l. (2002). Contudo, pr o incremento d qulidde enológic, o potencil de se deveri se situr n fix de -0,2-0,6 MP, no período de mturção (Ojed et l., 2002) e ele ficou cim de -0,2 MP em todos os csos vlidos (Figur 1). Tl consttção sore usênci de restrição hídric pr incremento d qulidde enológic, n Serr Gúch, foi oservd tmém por Chvrri et l. (2008), trvés do potencil d águ n folh medido n cultivr Moscto Gillo. O conhecimento dos níveis de potencil d águ n folh é fundmentl pr usc d qulidde enológic, um vez que o lnço hídrico d videir tem influênci diret sore composição d g, principlmente no teor de çúcr, n cidez (ácido málico e trtárico) e nos compostos fenólicos (tninos, ntocinins, flvonóides, etc.) (Choné et l., 2001; Kennedy et l., 2000; Ojed et l., 2005). As videirs cultivds no Argissolo possuem rmos mis pesdos e com diâmetro superior às cultivds em Plnossolo e Neossolo, tmém s folhs são de mior comprimento de nervurs e mior áre folir por plnt (Tel 2). De cordo com estes resultdos, pode-se inferir que, comprndo os três solos estuddos, s condições propicids pelo Argissolo são mis fvoráveis o crescimento vegettivo d videir. Precipitção (mm)
Relções hídrics e qulidde de uvs Cernet Suvignon De form gerl, s videirs do Neossolo têm crescimento vegettivo inferior, comprtivmente os demis solos (Tel 2). Este comportmento pode ser triuído à menor disponiilidde de águ nesse solo. Se-se que o diâmetro do tronco é um indicdor ds condições de vigor ds plnts. E n vlição deste prâmetro não form oservds diferençs entre s videirs cultivds nos três tipos de solo. Os rmos ds videirs do Neossolo possuem vlores de mss, diâmetro e comprimento de entrenós significtivmente inferiores comprtivmente o Argissolo e plnossolo (Tel 2). Ests mesms diferençs ocorrerm no enfolhmento, tnto pelo menor comprimento ds nervurs ds folhs como pel menor áre folir (Tel 2). Estes prâmetros de crescimento do dossel vegettivo enftizm o efeito d restrição hídric sore o crescimento ds plnts no Neossolo. A produção por plnt e por áre ds videirs cultivds no Plnossolo mior que no Argissolo e no Neossolo (Tel 3). A mior produtividde do Plnossolo pode estr ssocid à mior disponiilidde hídric pr s plnts e, consequentemente, melhores condições pr o gnho em produtividde. O mior conteúdo de águ ns gs tmém propiciou cchos mis pesdos. Nos cchos oriundos de videirs do Neossolo houve menor mss e comprimento, comprtivmente os demis solos estuddos (Tel 4). Est redução está ssocid somente o menor número de gs, pois mss individul de gs foi similr entre os dois tipos de solo (Tel 4). Estes indicdores do crescimento do ccho revelm que restrição hídric, que fetou o desenvolvimento vegettivo, tmém fetou os cchos. Emor ns gs ds videirs do Neossolo os vlores de diâmetro trnsversl tenhm sido significtivmente inferiores, não form oservds diferençs significtivs n relção entre películ e polp ds gs (Tel 4). Este prâmetro está ssocido à qulidde enológic d uv, pois qunto mior for est relção mior será o conteúdo de elementos que imprimem qulidde o vinho, como por exemplo, os compostos fenólicos (Silv et l., 2008). As ntocinins n películ ds gs não tiverm vrição em função do tipo de solo estuddo (Tel 5). Segundo Freemn e Kliewer (1983), o estresse hídrico poder cusr incremento de té 44% no teor de ntocinins ns gs. Alguns trlhos destcm que o incremento de ntocinins por restrição hídric ocorre pel Tel 2. Prâmetros do crescimento vegettivo de videirs cv. Cernet Suvignon, em vinhedo cultivdo em três tipos de solo (Argissolo, Plnossolo e Neossolo) n Indicção de Procedênci (IP) Vle dos Vinhedos, n colheit. Bento Gonçlves (RS), 2009 Tipos de solos Tronco Rmos Folhs Diâmetro Mss de rmos Diâmetro Comprimento de entrenós Comprimento de nervurs Áre folir mm g mm cm cm cm 2 Argissolo 34,02 37,09 10,18 10,56 10,47 158,15 Plnossolo 33,61 30,54 8,96 10,72 9,74 139,37 Neossolo 31,24 18,26c 7,59c 8,84 9,65 123,79 Letrs distints n colun representm diferenç significtiv o nível de 5% de proilidde de erro, pelo teste de Tukey. Tel 3. Componentes do rendimento de videirs, cv. Cernet Suvignon, em vinhedo cultivdo em três tipos de solo (Argissolo, Plnossolo e Neossolo) n Indicção de Procedênci (IP) Vle dos Vinhedos, n colheit. Bento Gonçlves (RS), 2009 Tipos de solo Produção por plnt Produção por hectre Cchos por plnt Cchos por m 2 Rmos por m 2 kg t un. un. un. Argissolo 3,44 10,5 15,9 4,89 12,6 Plnossolo 4,86 14,97 12,3 3,78 12,9 Neossolo 3,58 11,03 12,5 3,85 17 Letrs distints n colun representm diferenç significtiv o nível de 5% de proilidde de erro, pelo teste de Tukey. Tel 4. Crcterístics de cchos de videirs, cv. Cernet Suvignon, em vinhedo cultivdo em três tipos de solo (Argissolo, Plnossolo e Neossolo) n Indicção de Procedênci (IP) Vle dos Vinhedos, n colheit. Bento Gonçlves (RS), 2009 Tipo de solo Mss Número de gs Mss de g Comprimento de cchos Mss do ráquis Relção películ/polp Diâmetro de g g un. g cm g mm Argissolo 251,50 161,70 1,46 15,05 10,98 0,52 14,50 Plnossolo 242,35 139,70 1,65 14,50 10,66 0,49 14,29 Neossolo 129,67 78,50c 1,57 11,69 5,57 0,45 13,66 Letrs distints n colun representm diferenç significtiv o nível de 5% de proilidde de erro, pelo teste de Tukey.
G. Chvrri et l. Tel 5. Compostos fenólicos n películ e n semente de uvs Cernet Suvignon, em vinhedo cultivdo em três tipos de solo (Argissolo, Plnossolo e Neossolo) n Indicção de Procedênci (IP) Vle dos Vinhedos, n colheit. Bento Gonçlves (RS), 2009 Tipo de solo Compostos fenólicos Películ Sementes Películ e sementes Antocinins Tninos Tninos mg L -1 g L -1 Argissolo 618,34 0,81 1,60c 15,17c Plnossolo 593,7 1,39 5,76 30,57 Neossolo 611,48 1,60 8,94 37,37 Letrs distints n colun representm diferenç significtiv de 5% de proilidde de erro, pelo teste de Tukey. * IPT Índice de polifenóis totis. IPT * redução no tmnho d g, umentndo proporção de películ (Kennedy et l., 2002; Ojed et l., 2005). Neste contexto, esperv-se que restrição hídric, promovid pelo Neossolo, pudesse cusr incremento ns ntocinins, como cusou n redução do tmnho d g. Porém, possivelmente est restrição não tenh sido suficiente pr cusr tis efeitos, pois no período estuddo ocorrerm diversos eventos de chuv o longo d mturção (Figur 2). Por outro ldo, nos tninos form oservds diferençs significtivs, destcndo-se miores teores de tnino ns uvs produzids no Neossolo, soretudo ns sementes (Tel 5), cujs plnts form sumetids à mior restrição hídric. Este é um dos ftores de mior relevânci pr otenção de uvs com elevdo potencil enológico (Ojed et l., 2005). Os compostos derivdos do metolismo secundário são mis enéficos à qulidde enológic e responsáveis por crcterístics peculires do vinho, imprimindo identidde do produto finl com região n qul foi elordo. Dentre estes compostos, destcm-se os fenólicos, que são crcterizdos por possuirem um nel romático com um ou mis sustituintes hidroxíli cos, incluindo seus grupos funcionis (Shhidi e Nczk, 1995). Dentre s fruts, uv é um ds miores fontes destes compostos. Nest espécie os principis compostos fenólicos presentes são os flvonóides (ntocinins e flvnóis), os estilenos (resver trol), os ácidos fenólicos (derivdos dos ácidos cinâmicos e enzóicos) e um lrg vriedde de tninos (Frncis, 2000). O índice de polifenóis totis (IPT) extrídos d películ e sementes teve tmém incremento significtivo ns uvs provenientes do Neossolo (Tel 5), corroorndo com o pdrão oservdo nos tninos. Todvi, segundo Hernández (2004), o IPT oservdo nos vinhos do Argissolo não seri cpz de produzir vinhos de excelênci, somente no Plnossolo, e, soretudo, no Neossolo, que tingiu vlores significtivmente superiores (Tel 5), pois, segundo este utor, vinhos com vlores de IPT menores de 30 são de qulidde inferior. As forms mis eficientes de umento do IPT, trvés d iossíntese, estão ssocids à snidde ds uvs e o déficit hídrico. Segundo Silv et l. (2008), um dos sistems de defes ds plnts contr gentes fitoptógenos é síntese de sustâncis fungistátics, incluindo polifenóis. Compostos fenólicos com tividde ntimicroin são os tninos e o ácido tânico (Beucht, 2001), e o umento n incidênci de doençs pode cusr miores concentrções de tninos e, consequentemente, de IPT. Contudo, no presente trlho não houve diferençs n incidênci de doençs fúngics nos cchos, pois form efetivmente controlds. Dest mneir, estes incrementos em tninos e IPT (Tel 5) podem ser triuídos à restrição hídric, que ocorreu com mior intensidde no Neossolo. 4. CONCLUSÃO Dentre os solos estuddos, o Neossolo Regolítico é o mis promissor pr otenção de vinhos finos de qulidde n Indicção de Procedênci Vle dos Vinhedos. Argissolos Bruno-Acizentdos propicim mior crescimento vegettivo de videirs, soretudo em mss de rmos, comprimento de entrenós e áre folir. Os cchos ds videirs cultivds neste solo tmém possuem mior número de gs. Plnossolos Háplicos têm mior disponiilidde hídric, fvorecendo mior produtividde ds videirs em relção os demis solos. Neossolos Regolíticos possuem menor disponiilidde hídric, que reflete n redução do potencil d águ n folh. Com restrição hídric oservm-se ns videirs menor crescimento e rendimento, e miores teores de tninos e índice de polifenóis totis. REFERÊNCIAS BEUCHAT, L.R. Control of foodorne pthogens nd spoilge microorgnisms y nturlly occurring ntimicroils. In: WILSON, C.L.; DROBY, S. (Ed.). Microil food contmintion. Boc Rton: CRC Press, 2001. p.149-169. BODIN, F.; MORLAT, R. Chrcteriztion of viticulturl terroirs using simple field model sed on soil depth I. Vlidtion of the wter supply regime, phenology nd vine vigour, in the njou vineyrd (Frnce). Plnt nd Soil, v.281, p.37-54, 2006.
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