Cinética de degradação de cores de frutas frescas refrigeradas

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Transcrição:

Agropecuária Técnica (2015) Volume 36 (1): 183-189 Versão Online ISSN 0100-7467 http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/at/index Cinética de degradação de cores de frutas frescas refrigeradas Edilania Barbosa de Oliveira 1, Flávio Farias Gurjão 2, Deyzi Santos Gouveia 3, Ana Paula Trindade Rocha 3, Ernane Nogueira Nunes 4 1Graduanda em Engenharia de Alimentos, Unidade Acadêmica de Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Campina Grande UFCG, Campina Grande PB. E-mail: edilaniaboliveira@gmail.com 2Doutorando em Engenharia de Processos, Centro de Ciências e Tecnologia, Universidade Federal de Campina Grande UFCG, Campina Grande PB. E-mail: flavioggurjao@hotmail.com 3Prof. Adjunto, Unidade Acadêmica de Engenharia de Alimentos, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande UFCG, Campina Grande PB. E-mail: deyzi.gouveia@ufcg.edu.br; ana.trindade@ufcg.edu.br 4Doutorando em Engenharia Agrícola, Programa de Pós Graduação em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande UFCG, Campina Grande PB. E-mail: ernanenn@gmail.com Resumo A aparência é o fator de qualidade mais importante, sendo avaliada por diferentes atributos, tais como, tamanho, forma e cor. A cor é o fator que, em primeiro lugar, atinge o olhar do comprador. Portanto, é para ela que devem se dirigir os primeiros cuidados. Objetivando o estudo da cinética de degradação de cor de frutas frescas, utilizou-se manga, banana, goiaba e mamão, no inicio do estágio de maturação. Estas frutas foram armazenadas sob refrigeração a temperatura de 8ºC, para acompanhamento da mudança de coloração em decorrência do tempo de armazenamento. A partir dos dados obtidos calculou-se os modelos cinéticos das variações dos parâmetros luminosidade (L*), vermelho (a*) e amarelo (b*). As alterações dos parâmetros analisados foram condicionadas ao tipo de fruta e a presença, ou não de plástico filme e ao tempo de armazenamento. Palavras-chave: degradação de cor, calorimetria Hunter, plástico filme. Abstract Color degradation kinetics of fresh fruit refrigerated. The appearance is the most important quality factor, being judged by different attributes such as size, shape and color. The color is a factor which first reaches the eyes of the buyer. Therefore, it is her that should address primary care. Order to study the kinetics of color degradation was used mango, banana, guava and papaya, in the early stage of maturation, such fruits were stored under refrigeration at 8 º C, to monitor the color change as a result of storage time. From the data obtained we calculated the kinetic models of variations of the parameters lightness (L *), red (a *) and yellow (b *). The changes in the parameters considered were conditioned to the type of fruit and the presence or absence of plastic film and the storage time. Keywords: color degradation, calorimetry Hunter, plastic film. Introdução Mesmo sendo o terceiro maior produtor de frutas do mundo, o hábito de consumir frutas no Brasil é pequeno. Entretanto esse consumo tem aumentado proporcionalmente a busca por melhorias na qualidade alimentar da população. Dentre os fatores que influenciam no consumo de frutas estão o baixo poder aquisitivo, a falta de vínculo a refeições, a falta de hábito de ingestão de frutas durante a infância e o hábito de fazer refeições fora de casa. As frutas frescas em geral, apresentam shelf-life relativamente curta, devido a vários fatores como sensibilidade a temperatura, baixa resistência a choques mecânicos e alta atividade de água. A vida-de-prateleira de um alimento é definida como o tempo em que o produto, conservado em determinadas condições de temperatura, apresenta alterações que são, até certo ponto, consideradas

Oliveira et al. 2015 aceitáveis pelo fabricante, pelo consumidor e pela legislação alimentar vigente (Moura et al. 2007). Diversas técnicas têm sido aplicadas para prolongar a vida pós-colheita de frutas, em geral, a redução da temperatura tem sido bastante utilizada para promover a conservação, incluem-se também, entre os métodos mais importantes, o acondicionamento das frutas em filmes plásticos ou recobertas com ceras especiais. A embalagem de frutos em filmes plásticos diminui as taxas de respiração, transpiração, crescimento microbiano e outras reações metabólicas que ocorrem no produto, através da criação de uma micro atmosfera ótima (Vieites et al. 2011). Dentre as alterações que podem ocorrer, os principais fatores que afetam a qualidade comercial das frutas estão mais relacionados com a aparência, ausência de injúrias, manchas e queimaduras, do que com a qualidade interna dos frutos. A aparência é o fator de qualidade mais importante, sendo avaliada por diferentes atributos, tais como, tamanho, forma e cor. A coloração é o atributo de qualidade mais atrativo para o consumidor, pois é associada com a maturação, frescor e também ao sabor (Trevisan et al. 2006). A cor é o elemento que, em primeiro lugar, atinge o olhar do comprador. Portanto, é para ela que devem se dirigir os primeiros cuidados. Diante disso, o objetivo do presente trabalho foi verificar a cinética de degradação de cor de frutas submetidas à refrigeração e a influencia da utilização de PVC sobre esse processo. Material e Métodos As frutas utilizadas foram adquiridas em uma feira livre, localizada no município de Campina Grande. Utilizou-se manga, banana, goiaba e mamão, no inicio do estágio de maturação. Essas frutas foram sanitizadas, por meio de imersão em água adicionada de cloro, na proporção de 15 ppm, seguida de enxágue em água corrente. Para cada tipo de fruta foram utilizadas duas amostras, que foram avaliadas quanto à embalagem, uma amostra de cada tipo foi envolta por folha de filme PVC, como amostra controle foram utilizadas as frutas sem embalagem. Ambas foram armazenadas sob refrigeração a temperatura de 8ºC, para acompanhamento da mudança de coloração em decorrência do tempo de armazenamento. A avaliação da cor da casca foi realizada aos 0, 3, 5, 8, 10, 13 e 15 dias e em triplicata, através de um colorímetro Color Flex 45/(2200) com leitura direta de refletância das coordenadas L* (luminosidade), a* (tonalidade vermelha ou verde) e b* (tonalidade amarela ou azul), do sistema Lab Hunter Universal. A partir das coordenadas foi possível determinar a diferença total de cor de acordo com a seguinte equação: E ( L)² ( a)² ( b)² Onde: representa diferença entre cada coordenada de cor da amostra no tempo zero e da amostra armazenada. Para acompanhar a degradação da coloração e a efetividade do tratamento aplicado, os resultados obtidos foram submetidos analise estatística por meio do Assistat. Foram calculados os modelos cinéticos das variações dos parâmetros luminosidade (L*), vermelho (a*) e amarelo (b*). Resultados e Discussão A tendência natural das frutas é a degradação e consequente declínio de qualidade, as médias e os resultados da determinação de cor (L, a, b e ) são apresentados nas Tabelas 1 a 4. Conforme observado na Tabela 1, durante todo o período de avaliação os tratamentos sem e com plástico filme, os parâmetros estudados como: a Intensidade de luminosidade, a intensidade de vermelho, a intensidade de amarelo e para a diferença total de cor (), foi observados que todas as médias diferiram entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade do inicio ao final do armazenamento da manga. Uma importante característica de qualidade e que exerce considerável papel na aceitabilidade do consumidor, é a cor da casca dos frutos. Para Pfeaffenbach et al. (2003), onde observaram a interferência significativa das embalagens na cor da casca de mangas armazenadas em diferentes tipos de filmes. Durante a maturação, observam-se alterações na coloração da casca de muitos frutos, sendo frequentemente o critério mais utilizado para julgar a maturidade (Pfaffenbach, 2003). 184

Cinética de degradação de cores de frutas frescas refrigeradas Tabela 1. Médias dos parâmetros de cor L*, a*, b*, da manga acondicionadas com e sem plástico filme armazenadas à 15 dias em temperatura ambiente. Tratamentos 0 3 5 8 10 13 15 Sem Filme 58,99aA 58,72 aa 58,68 aa 56,65aB 58,45 aa 56,44aB 51,10aC Com Filme 40,83bD 41,02 bd 42,78bC 43,74bB 42,44bC 44,27bB 45,84bA Sem Filme 14,90 ba 13,14bB 13,31bB 11,06bC 10,65bC 10,79bC 9,58bD Com Filme 25,66aA 23,26aB 22,84aB 21,26aC 16,04aE 17,79aD 12,04aF Sem Filme 44,46 aa 44,57bA 41,65bC 43,03bB 41,70bC 41,13 bc 39,46bD Com Filme 42,99bC 46,14 aa 46,25aC 46,88 aa 44,88aB 45,10 ab 44,42aB Sem Filme - 1,78bF 3,24bE 4,71bD 5,10bC 5,87bB 10,74bA Com Filme - 3,96aF 4,73aE 6,50aD 9,93aB 8,84aC 14,58aA Na Tabela 2, durante todo o período de avaliação os tratamentos sem e com plástico filme, os parâmetros estudados como: a Intensidade de luminosidade, a intensidade de vermelho, a intensidade de amarelo e para a diferença total de cor (), apesar das oscilações dos valores, em os tratamentos é possível perceber queda das médias de luminosidade comparando-se o 1 dia de armazenamento com 15 dia, indicando desta forma o escurecimento dos frutos. Silva et al. (2009) em estudo de conservação de atemóias sob refrigeração e diferentes tipos de embalagens, também observaram decréscimo na luminosidade durante o armazenamento dos frutos. Tabela 2. Médias dos parâmetros de cor L*, a*, b*, da goiaba acondicionadas com e sem plástico filme armazenadas à 15 dias em temperatura ambiente. Tratamento 0 3 5 8 10 13 15 Sem Filme 56,30bA 55,61bB 55,91bAB 54,90bC 52,83bD 51,79bE 50,50bF Com Filme 61,67aA 61,19aA 61,00aA 59,74aB 58,08aC 58,77aC 58,05aC Sem Filme -0,90aF -0,003bG 1,60aE 1,77aD 3,70aA 2,52bC 3,34bB Com Filme 0,67bF 1,39aE 1,59aD 1,35bE 2,91bB 2,80aC 3,45aA Sem Filme 43,03aA 39,46bC 41,65bB 41,13bB 36,77bF 37,28bE 37,81bD Com Filme 42,99aE 44,88aC 44,42aD 45,10aC 46,25aB 46,14aB 46,88aA Sem Filme - 3,73aD 1,57bF 3,53aE 8,46aB 8,01aC 8,82aA Com Filme - 2,08bE 1,83aF 2,94bD 5,34bB 4,78bC 6,0bA Observado na Tabela 3 que houve interferência dos tratamentos sem e com filme plástico e para os dias de armazenamento onde os parâmetros estudados como: a intensidade de luminosidade, a intensidade de vermelho, a intensidade de amarelo e para a diferença total de cor (), que apresentaram diferenças estatísticas significativas. DIAS et al. (2011) o armazenamento de mamão Formosa sob refrigeração, associado a atmosfera modificada com filme de PVC, foi mais eficiente na conservação pós-colheita e manutenção da qualidade dos frutos, proporcionando maior vida de prateleira. Tabela 3. Médias dos parâmetros de cor L*, a*, b*, do mamão acondicionadas com e sem plástico filme armazenados à 15 dias em temperatura ambiente. 185

Oliveira et al. 2015 Tratamento 0 3 5 8 10 13 15 Sem Filme 72,37bB 72,13aA 70,37bB 70,25 bb 69,76bC 68,02bE 68,44bD Com Filme 73,82aA 72,13aB 71,67aC 70,83aD 70,27aE 70,17aE 70,63aD Sem Filme 16,51aE 18,18aB 19,51bA 19,50bA 17,35aC 16,90aD 9,12bF Com Filme 15,98bD 13,88bF 21,34aB 25,66aA 15,77bD 16,52bC 14,71aE Sem Filme 48,31bF 57,75bE 62,01bD 62,53bC 65,71aA 62,37aCD 64,83aB Com Filme 61,93aD 64,05aC 67,17aB 68,17aA 63,96bC 58,48bE 54,69bF Sem Filme - 9,60aF 14,10aE 14,60aC 17,49aB 14,22aD 18,21aA Com Filme - 3,82bE 6,91bC 10,87bA 3,48bF 4,37bD 7,91bB Observa-se na Tabela 4, durante o período de avaliação os tratamentos sem e com plástico filme para os parâmetros estudados como: a Intensidade de luminosidade, a intensidade de vermelho, a intensidade de amarelo e para a diferença total de cor (), foi observados que todas as médias diferiram entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade do inicio ao final do armazenamento da banana. Podemos perceber que a degradação da cor ocorreu independente do modo de armazenamento, foi perceptível que além da coloração outros parâmetros também sofreram alterações significativas no período analisado, como é o caso da consistência. As bananas foram descartadas após o décimo dia de armazenamento, devido ao escurecimento quase total, o que tornou o acompanhamento posterior a esse período desnecessário. A seleção de filme com permeabilidade compatível à taxa de respiração do produto e ao controle da temperatura são requisitos importantes para o armazenamento em atmosfera modificada. O filme plástico deve apresentar permeabilidade seletiva adequada à entrada de O 2 e saída de CO 2, de modo que o produto não entre em anaerobiose ou processo de fermentação (Chitarra & Chitarra 2005). Tabela 4. Médias dos parâmetros de cor L*, a*, b*, da banana acondicionadas com e sem plástico filme armazenados à 15 dias em temperatura ambiente. Tratamento 0 3 5 8 10 Sem Filme 58,06bA 50,21bB 43,43bC 41,71aD 35,57aE Com Filme 66,58aA 57,04aB 45,20aC 31,61bE 33,22bD Sem Filme 2,40bE 7,47bC 7,26bD 9,29bB 11,38bA Com Filme 3,61aE 9,99aD 11,52aB 11,22aC 11,89aA Sem Filme 47,01bA 43,84bB 32,92bC 32,34aD 26,24aE Com Filme 52,44aA 48,99aB 35,76aC 22,53bD 22,68bD Sem Filme - 9,87bD 20,89bC 23,01bB 31,90bA Com Filme - 11,98aD 24,62aC 36,26aA 34,80aB Em relação à luminosidade, todas as frutas analisadas apresentaram uma tendência linear decrescente, ou seja, redução nos valores medidos em relação ao tempo. A exceção foi a manga embalada em plástico filme, que apresentou comportamento oposto, caracterizado pelo aumento de 12,27%, considerando as luminosidades final e inicial (Figura 1). Entretanto Serpa et al. (2014), ao avaliar a conservação de manga com uso de 186

Cinética de degradação de cores de frutas frescas refrigeradas fécula de mandioca preparada com extrato de cravo e canela reportaram redução da luminosidade durante o armazenamento, o que indica que a polpa das mangas tornou-se mais escura. Figura 1. Gráfico para o parâmetro L* (luminosidade). Analisando a Figura 2, temos que em bananas e goiabas os valores do parâmetro a*, apresentaram tendência a crescimento, com aumento superior a 200% para as bananas e 400% para goiabas. Nas mangas o comportamento foi decrescente, onde as maiores variações ocorreram na manga em plástico filme, e foram da ordem de 41,39%. Nos mamões foi observado aumento de a* até o oitavo dia de armazenamento, seguindo, após esse período, o declínio dos valores medidos. Figura 2. Gráfico para o parâmetro a* (vermelho). Os valores de b* não se mostram homogênios em resultados, conforme apresentado na Figura 3. As amostras controle de manga e goiaba seguiram tendência decrescente, enquanto no mamão houve elevação dos valores medidos em decorrência do tempo. Já nas amostras embaladas, comportamento contrario foi observado, tendo o mamão apresentado redução gradual dos valores medidos e mangas e goiabas mostrado crescimento. Ambas as amostras de banana seguiram propensão redutiva para os valores de amarelo ao longo do tempo, sendo essa redução melhor observada devido ao alto grau de escurecimento. Concenço et al. (2014), avaliando as propriedades físico-químicas da polpa, casca e extrato de mirtilo (Vaccinium myrtillus), verificaram que a coloração não se altera significativamente com o passar dos dias. 187

Oliveira et al. 2015 Figura 3. Gráfico para o parâmetro b* (amarelo). A diferença de cor () teve comportamento semelhante em todas as amostras analisadas, como pode ser observado na Figura 4, onde detecta-se o aumento nos valores medidos, representando que ocorreram perdas significativas da cor das amostras em relação os valores obtidos no tempo zero. Martelli et al. (2014), verificaram que polpas de frutas embaladas em filmes tiveram uma tendência natural da manutenção da coloração da polpa sem a necessidade da adição de corantes, o que é muito importante para a indústria de alimentos que busca alternativas para diminuir o uso destes tipos de produtos químicos. Figura 4. Gráfico para o parâmetro (diferença de cor). Conclusão Os parâmetros analisados sofreram variações condicionadas ao tipo de fruta, a presença, ou não de embalagem e ao tempo de armazenamento. As reações de degradação, praticamente dobraram a velocidade a partir do oitavo dia de armazenamento. A baixa temperatura auxiliou a redução do metabolismo das frutas, retardando o processo de senescência. As mangas e mamões após 15 dias, ainda apresentavam características desejáveis, as amostra embaladas foram mais efetivas na conservação, sendo a diferença, entre estas e as amostras controle, relacionada à consistência, pois o plástico filme além de retardar o processo de degradação de cor, favoreceu a manutenção da forma e consistência. 188

Cinética de degradação de cores de frutas frescas refrigeradas Nas bananas a estrutura física permaneceu, praticamente, inalterada, entretanto ocorram variações significativas da coloração, resultando em escurecimento, a utilização do plástico filme favoreceu o escurecimento se comparando com a amostra não embalada. Nas goiabas o processo foi semelhante, porém a o escurecimento foi menor na amostra de controle. Referências BATISTA, P.F., SANTOS, A. E. O., PIRES, M. M., et al. Utilização de filmes plásticos e comestíveis na conservação pós-colheita de melão amarelo. Horticultura Brasileira, v. 25, n. 4. 2007. CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Póscolheita de frutas e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: ESAL; FAEPE, 2005. 293 p. CONCENÇO, F. I. G. da R.; STRINGHETA, P. C.; RAMOS, A. M.; OLIVEIRA I. H. T. de; LEONE, R. de S. Caracterização e avaliação das propriedades físicoquímicas da polpa, casca e extrato de mirtilo (Vaccinium myrtillus). Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial, v. 8, n. 1, p.1177-1187, 2014. DIAS, T. C.; MOTA, W. F.; OTONI, B. S.; MIZOBUTSI, G. P.; SANTOS, M. G. P. Conservação pós-colheita de mamão formosa com filme de pvc e refrigeração. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal - SP, v. 33, n. 2, p. 666-670, 2011. LACERDA DANTAS, M. A., LACERDA, R. D., ASSIS, P. C. O. A participação da fruticultura no agronegócio brasileiro. Revista de Biologia e Ciência da Terra, Campina Grande, v. 4, n. 1-1, 2004. MARTELLI, M. dos R.; BARROS, T. T. de; ASSIS, O. B. G. Filmes de Polpa de Banana Produzidos por Batelada: Propriedades Mecânicas e Coloração. Polímeros, v. 24, n. 1, p.137-142, nov. 2014. MATSUURA, F. C. A., COSTA, J. P., FOLEGATTI, M. I. S. Marketing de banana: Preferência do consumidor quanto aos atributos de qualidade dos frutos. Revista de Fruticultura, Jaboticabal - SP, v. 26, n. 1, p. 48-52, 2004. MOURA, S. C. S. R., BERBARI, S. A., GERMER. S. P. M., et al. Determinação da vida-de-prateleira de maçã-passa por testes acelerados. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 27, n. 1, p. 141-148, 2007. PFAFFENBACH, L. B. Uso de embalagens plásticas na conservação pós-colheita e qualidade de mangas Haden 2H, Palmer e Tommy Atkins. 2003. 85 p. Tese (Mestrado em Agricultura Tropical e Subtropical) - Instituto Agronômico, Campinas, 2003. PFAFFENBACH, L. B.; CASTRO, J. V.; CARVALHO, C. R. L.; ROSSETTO, C. J. Efeito da atmosfera modificada e da refrigeração na conservação pós-colheita de manga espada vermelha. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 25, n. 3, p. 410-413, 2003. SERPA, M. F. P.; CASTRICINI, A.; MITSOBUZI, G. P.; MARTINS, R. N.; BATISTA, M. F.; ALMEIDA, T. H. de. Conservação de manga com uso de fécula de mandioca preparada com extrato de cravo e canela. Revista Ceres, Viçosa, v. 61, n. 6, p.975-982, nov. 2014. SILVA, A. V. C.; ANDRADE, G. D.; YAGUIU, P.; CARNELOSSI, M. A. G.; MUNIZ, E. N.; NARAIN, N. Uso de embalagens e refrigeração na conservação de atemóia. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 29, n. 2, p. 300-304, 2009. TREVISAN, R., TREPTOW, R. O., GONÇALVES, E. D., et al. Atributos de qualidade considerados pelo consumidor de Pelotas/RS, na compra de pêssego in natura. Revista Brasileira Agrociência, Pelotas, v. 12, n. 3, p. 371-374, 2006. VIEITES, R.L.; DAIUTO, E.R.; MORAES, M.R.; NEVES, L.C.; CARVALHO, L.R. Caracterização físico-química, bioquímica e funcional da jabuticaba armazenada sob diferentes temperaturas. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal v.33 n.2, 2011. 189