Projetos de redes de distribuição de gás natural: uma abordagem baseada em programação matemática

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Transcrição:

Projetos de redes de distribuição de gás natural: uma abordagem baseada em programação matemática Resumo A implantação de infra-estruturas para o transporte de Gás Natural é bastante onerosa, dificultando sua ampla oferta de no Brasil. Assim, devem se buscar métodos que minimizem seus custos de construção, de forma a possibilitar uma expansão da oferta do combustível supracitado. O objetivo do presente trabalho é elaborar um modelo de programação matemática que possibilite o projeto de redes de distribuição de gás natural com custo mínimo para uma área de estudo. Foram coletados dados de uma área do município de Fortaleza como exemplo para o projeto ótimo de uma rede de tubulações. Modelos de programação matemática foram implementados e solucionados no programa LINGO. Dada a complexidade computacional dos problemas gerados, estratégias de decomposição foram empregadas, sendo possível obter as soluções ótimas dos subproblemas gerados. Palavras-chave: Programação linear inteira mista, Logística de Distribuição do Gás Natural, Problemas de fluxos em redes. 1. Introdução Conforme Sousa Júnior et al.(2006), pode-se definir utilidades (utilities) como sendo as instalações de água e esgoto, cabos de dados e de fibra ótica, instalações elétricas, de televisão e outras que utilizem uma área pública para movimentar seus produtos e que para tanto necessitam de autorização do órgão competente. As utilidades são fundamentais para que a coletividade tenha condições de desempenhar suas atividades básicas com qualidade de vida. Contudo, as redes de infra-estruturas, são extremamente onerosas, pois implicam, além da aquisição dos elementos constituintes da rede, em operações de escavação, implantação de tubulações, reaterro e pavimentação ou recapeamento. Por serem caras, as utilidades acabam, em nosso país, não sendo ofertadas para a grande maioria da nossa população, principalmente para os grupos menos abastados financeiramente. Dentre as utilidades em destaque podem-se citar as instalações de gasodutos para a distribuição de gás natural, o qual é um produto que participa significativamente da matriz energética brasileira. De acordo com as peculiaridades e as especificidades do produto e dos consumidores, surge como problema de pesquisa a necessidade de definir o projeto ótimo de tubulações para distribuição de gás natural, para uma área delimitada, utilizando conjuntamente a possível malha dutoviária e os potenciais pontos de consumo, da forma mais econômica. A formulação e a resolução de um modelo de programação matemática, para o projeto de redes de tubulações de gás natural, podem ser utilizadas para conceber redes, com comprimento mínimo, as quais atendam todos os pontos de consumo. O objetivo do presente trabalho é elaborar um modelo de programação matemática que possibilite o projeto de redes de distribuição de gás natural com custo mínimo para uma área de estudo. Para a consecução de tal objetivo e com o intuito apenas de verificar a validade da abordagem a apresentar, trabalhou-se com a malha viária de uma área delimitada geograficamente, situada na cidade de Fortaleza, sem tratar os méritos viabilidade econômicofinanceira.

O presente trabalho é composto por mais três seções e está estruturado da seguinte forma: na segunda seção são apresentados conceitos básicos de otimização e o modelo de fluxo em redes, que caracterizam o problema de programação matemática utilizado neste trabalho; na terceira seção é apresentada a metodologia empregada, por meio da aplicação dos conceitos estudados, para modelar um projeto de redes em um caso de infra-estrutura urbana de distribuição de gás natural; por fim, na quarta seção, são apresentadas as conclusões acerca do trabalho. 2. Problema não capacitado de fluxos com custos fixos nos arcos Problemas de fluxo em redes são modelos com grande potencialidade de aplicação prática, com empregos nas áreas de transportes, produção, hidráulica, dentre outras (HILLIER e LIEBERMAN, 1995; GOLDBARG e LUNA, 2005). Como exemplos desta classe de problemas de otimização, pode-se destacar o problema do caminho mais curto entre dois pontos, o problema de fluxo máximo em uma rede e a árvore geradora mínima. Uma discussão mais aprofundada sobre o tema pode ser encontrada em Hillier e Lieberman (1995). Existe uma importante classe de problema de fluxo em redes denominada pela literatura como fixed-charge network flow problem, ou, em português, problema de fluxo com custos fixos nos arcos. Dado em grafo G = (V,E), no qual existe um custo fixo para implantação de cada aresta e ofertas e demandas de um determinado produto nos vértices, como estabelecer a rede que possibilite o fluxo de menor custo? A esse problema de otimização dá-se o nome de problema não capacitado de fluxos com custos fixos nos arcos (NCFCF). Pode-se, então, formular o seguinte modelo de programação inteira mista (CRUZ et al., 2001): Minimizar ( c ( i, A. x + h. y ) (1) Sujeito a: y ji y j δ ( i) j δ + ( i) = k D d, i S, k 0, i T, (2) d i, i D, y dk x, ( i, E, (3) k D y 0, ( i, E, (4) x { 0,1}, ( i, E, (5) em que: c : custo fixo associado à implantação do arco (i,; x : variável binária que igual à 0, se o arco (i, não é utilizado, sendo 1 caso contrário; h : custo variável por unidade de fluxo no arco (i,; d k : demanda no nó k; y : quantidade de fluxo no arco (i,; S: conjunto de nós de oferta; T: conjunto de nós de passagem (nós de Steiner); D: conjunto de nós de demanda;

A: subconjunto de V equivalente a T D A. A função objetivo a ser minimizada representa o custo de implantação e de operação da rede. As restrições do tipo (2) garantem a conservação de fluxo nos vértices do grafo. As restrições do tipo (3) asseguram que só haja fluxo nos arcos para os quais a variável binária assume valor unitário. As restrições do tipo (4) garantem a não-negatividade das variáveis de fluxo, e, por fim, as restrições do tipo (5) dizem respeito ao caráter binário das variáveis de decisão. A restrição de capacidade dos arcos serve apenas para forçar que o custo fixo seja incluído na função objetivo quando o fluxo é positivo. Problemas com esta característica são conhecidos como problemas de fluxo não capacitado. O NCFCF é um problema de programação inteira mista por que a variável x é binária e a variável y pode assumir valores contínuos de fluxo. Sua complexidade é do tipo NP-difícil e algumas referências sobre heurísticas para sua resolução podem ser encontradas em Goldbarg e Luna (2005). A literatura destaca inúmeras aplicações do problema de fluxo com custo fixo, como, por exemplo, projeto de circuitos elétricos, planejamento de redes de telecomunicações, projeto de utilidades (água, esgoto, drenagem, gás, óleo, energia elétrica, telefonia, fibra ótica, etc), planejamento de redes de tráfego, dentre outras. Diversos problemas clássicos de otimização, como, por exemplo, o problema de Steiner e o problema de caminho mais curto em um grafo, são casos particulares do problema de fluxo com custos fixos nos arcos. Na Figura 1 é ilustrada a hierarquia dos problemas NCFCF. O problema de Steiner é um caso particular do NCFCF, com h = 0. Existem diversas variações do Problema da Árvore de Steiner (PAS), conforme pode se observar em Goldbarg e Luna (2005). 3. Aplicação do modelo Figura 1 Hierarquia dos problemas de NCFCF. Fonte Newhauser e Wolsey (1988). A metodologia de aplicação utilizada foi composta por três etapas. Na primeira fase, foi realizado o levantamento de dados necessários para a concepção do modelo. A segunda etapa consistiu na formulação matemática, na implementação computacional e na resolução do modelo. Por fim, na terceira e última etapa, apresentam-se os resultados obtidos a partir da aplicação do modelo. a) Descrição dos procedimentos iniciais

A rede de distribuição de gás natural pode se expandir de acordo com a malha viária existente. Desta forma, para aplicar o modelo, adotou-se uma região como exemplo de utilização do conceito. A região adotada foi o Bairro de Fátima, situado na cidade de Fortaleza, Capital do Estado do Ceará. A malha viária do Bairro de Fátima é apresentada na Figura 2. Na Figura 2, as vias são representadas por arestas. Assim, os encontros das arestas (vias no caso) são caracterizados pelos nós. Estes nós, são os pontos numerados de 1 a 235, de forma que há dois tipos a salientar, os nós de oferta e os nós de demanda. Para a região escolhida, tem-se os ramais da dutovia já existente que irão fornecer Gás Natural para os pontos de consumo. Os ramais dutoviários são caracterizados como os nós de oferta, nos pontos 1 e 235. Deste modo, a rede de distribuição deve sair, de um ou de ambos os pontos de oferta. Consideraram-se pontos de demanda os pontos 13, 36, 48, 103, 125, 147, 190, 194, 196, 225, 233, os quais representam os postos de abastecimento de combustíveis já existentes na área. Assim como os nós de oferta, os nós de demanda foram impressos em cor vermelha, de modo a se diferenciarem dos demais. Desta forma, a finalidade do projeto da rede de distribuição do caso exposto, caracteriza-se de tal forma que os dois pontos de oferta atendam aos onze pontos de consumo citados anteriormente. b) Implementação computacional Para o modelo aplicado, os dados de entrada do modelo são os arcos que representam as arestas do mapa mostrado na Figura 2. É fácil perceber que o esforço computacional para encontrar a solução ótima depende do número de arcos do grafo que representa a malha viária mostrada. 6 1 8 2 3 10 4 5 121315 18 19 21 23 25 27 29 31 7 32 9 30 33 34 11 14 16 17 20 22 24 26 28 35 48 51 36 37 49 50 38 7677 78 52 39 53 4041 54 62 42 43 44 45 46 47 75 79 55 71 73 80 5657 61 67 70 81 82 5859 83 6063 64 65 66 68 69 72 74 101 102 84 85 97 99 103 86 104 87 105 88 89 107 106 90 91 92 93 95 96 98 100 94 118 121 108 117 11 9 109 151 110 122 12 0 111 11 2 113 114 11 5 116 133 134 15 2 12 3 131 132 138 172 153 124 1125 126 12 7 128 129 130 135 137 136 173 154 13 149 150 140 9 146 14 7 148 174 155 143 144 145 156 141 142 175 157 158 161 163 4 17 0 171 207 176 159 160 162 16 5 166 167 168 169 208 177 179 183 186 20 9 178 18 1 184 187 19 6 21 9 21 0 18 193 194 182 0 189 19 5 211 185 190 191 19 2 225 220 213 188 201 212 197 199 200 22 6 221 214 198 20 5 222 216 203 204 215 202 227 217 223 218 206 228 230 224 229 231 232233 234 235 Figura 2 Malha Viária do Bairro de Fátima.

Como há dois pontos de oferta, pela disposição espacial dos nós de demanda em relação aos nós de oferta, verificou-se a possibilidade de dividir o grafo. Então, trabalhou-se a partir daí com dois subgrafos. Constatou-se uma redução do número de arcos em virtude da divisão, pois nota-se que algumas regiões do grafo não apresentam pontos de demanda. Para a obtenção da matriz de adjacências do grafo em análise, a qual estabelece as relações de conexão entre os vértices, bem como as aos comprimentos dos arcos do grafo, procedeu-se da seguinte forma: utilizando o software AutoCAD, a partir do mapa mostrado anteriormente, encontrou-se o comprimento de cada arco. Criou-se uma planilha no Microsoft EXCEL, denominada Vetor Distâncias, com os nós iniciais, os nós finais e o comprimento dos arcos, para cada arco do grafo. Então foram concebidos dois vetores distâncias, vetor distância um e vetor distância dois, para cada um dos dois grafos analisados. Para o grafo um, verifica-se que o número de arcos é igual a cento e vinte e três, significando que a matriz de adjacências para este terá dimensão (123x123). Já para o grafo dois, verificase que o número de arcos é igual a dezessete, implicando que a matriz de adjacências para este terá dimensão (17x17). Depois de concluído este procedimento, criou-se outra planilha do Microsoft EXCEL para elaborar a matriz de adjacências correspondentes aos dados do Vetor de distância. Esta matriz deve ser quadrada e simétrica. A montagem da matriz foi efetuada de forma sistemática. A partir do vetor distâncias, tem-se a relação de adjacência entre os nós, de tal forma que o elemento correspondente à linha do nó inicial e à coluna do nó final seja preenchido com a distância entre eles. Quando não houver ligação, ou seja, arco interligando os dois nós, o elemento correspondente na matriz assumirá o valor (-1). Então foram elaborados os vetores oferta e demanda. Nestes dois vetores, os elementos assumem valores binários. No vetor de oferta, atribui-se o valor zero para os elementos correspondentes aos nós que não representam pontos de oferta; caso contrário, os elementos assumem o valor um, de maneira que o número de pontos de oferta é igual ao número de elementos que assumem o valor um. Procedimento análogo é efetuado para o vetor de demandas. Para a implementação e resolução do modelo de otimização combinatória proposto, utilizouse a ferramenta computacional LINGO, software amplamente difundido no meio corporativo, destinado à modelagem de problemas de programação linear, inteira e não-linear. Após concepção da matriz de adjacências e dos vetores de oferta e de demanda, colocaram-se os valores, na mesma disposição seqüencial, em um arquivo no formato de texto (.txt). Estes arquivos são os dados de entrada para o pré-processador gerar um arquivo no formato do LINGO. Tal arquivo consiste no modelo matemático apresentado na seção 2 deste artigo. Para geração dos modelos de programação matemática, foi utilizado um pré-processador, o qual lê arquivos de entrado no bloco de notas e gera o arquivo de extensão do LINGO. O préprocessador utilizado foi desenvolvido em linguagem Pascal. Verifica-se que pela disposição espacial dos nós de oferta e demanda, e pelo porte do problema, é possível realizar processos de redução para diminuir o esforço computacional. A função de Pré-processamento visa tornar o problema menor, sem que as características originais do mesmo sejam alteradas, tornando-o menos complexo quanto ao tamanho original e, conseqüentemente, com menor custo computacional para o processamento do algoritmo

que irá analisar os dados resultantes do pré-processamento. Isto equivale a dizer que o espaço de busca do problema será reduzido a um espaço de busca menor, mas com as mesmas características, ou seja, a solução ótima pode ser encontrada utilizando-se o espaço de busca completo ou o espaço de busca reduzido, mas com este último o custo computacional é menor. As características originais devem permanecer inalteradas, assim como o resultado final. Algumas formas de redução do problema inicial e estudos com o problema de Steiner foram propostas em Silva (2004). c) Resultados Para o grafo um, o LINGO esteve em operação por mais de cem horas e não encontrou a solução. Então, optou-se por recorrer a metodologias de redução. O grafo um foi subdividido em grafos menores. Os pontos de demanda foram agrupados em clusters de acordo com as distâncias entre si. Determinaram-se os pares de pontos de demanda com menor distância entre si, e, deste modo, compunha-se um cluster. Portanto, foi possível dividir o problema em subproblemas, os quais poderiam ser facilmente solucionados computacionalmente. A solução para o problema em estudo é mostrada na Figura 3. É pertinente salientar que não é possível garantir que essa é a solução ótima do problema global, mas que é uma solução de boa qualidade, visto que é composta pelas soluções ótimas dos subproblemas obtidos pela estratégia de decomposição. 1 31 48 49 76 77 78 50 6 8 2 3 10 4 5 1213 15 7 32 9 3334 11 14 16 17 51 35 3637 38 52 39 53 4041 54 62 42 55 79 80 56 57 61 81 82 5859 83 6063 102 84 85 103 86 104 87 105 89 107 10688 90 108 121 119 109 151 110 122 120 111 152 123 172 153 124 1 125 126 173 154 141 139 140 230 225 226 207 227 228 229 231 232233 234 155 156157 158 160 148 149 146 147 174 175 170 171 176 168 169 208 177 179 183 209 178 181 196 219 210 180 194 182 193 195 211 190 191 192 220 212 221 222 150 235 Figura 3 Solução obtida para o problema analisado.

4. Conclusões A elaboração desse trabalho teve por objetivo fundamental propor, diante dos conceitos de programação matemática, um projeto otimizado de redes de distribuição de gás natural. Tendo em vista que uma malha viária pode ser considerada como um grafo, o modelo para otimização do projeto de tubulações de gás natural desenvolvido foi baseado no Problema de Árvores de Steiner (PAS), sendo aplicado ao Bairro de Fátima, situado em Fortaleza, Capital do Estado do Ceará. A metodologia, apresentada neste trabalho, mostrou-se de grande valia para o projeto de infraestruturas de uma forma geral. Os projetos de redes de distribuição de Gás Natural são, além de complexos, onerosos em sua implantação. As economias de escala resultantes de um projeto ótimo justificam os esforços direcionados para o emprego de metodologias, tais como a programação matemática, no apoio ao projeto de redes de infra-estruturas. É imprescindível ressaltar que, na revisão bibliográfica que deu suporte a este trabalho, assim como em buscas feitas na internet, não foi encontrado nenhum trabalho que utilizasse programação matemática para a modelagem de redes de distribuição de Gás Natural por dutovias. A modelagem proposta apresenta diversos aspectos relevantes, dentre os quais podem ser destacados: (i) por meio da modelagem efetuada obteve-se uma maior compreensão da complexidade do problema; e (ii) verifica-se que esse processo pode ser aplicado também a redes urbanas, tais como fibra-ótica, telecomunicações, distribuição de energia elétrica, captação de águas pluviais, dentre outras. No que diz respeito à aplicabilidade do modelo proposto, podem ser feitos os seguintes comentários. Apesar da teoria do Problema de Steiner estar calcada em um arcabouço matemático complexo, exigindo um elevado grau de conhecimento do assunto, por parte do analista, para a tarefa de modelagem, manusear um modelo já estabelecido não se caracteriza como uma atividade difícil. Referências CRUZ, F.R.B.; COLOSINO, E.A.; MATEUS, G. R. Algoritmo para o problema não capacitado de fluxos com custos fixos nos arcos: uma comparação estatística. Pesquisa Operacional, V.21, n.2, p.123-136, 2001. GOLDBARG, M. C.; LUNA, H. P. L. Otimização combinatória e programação linear modelos e algoritmos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. HILLIER, F.S.; LIEBERMAN, G.J. Introduction to Operations Research. United States of America: Editora McGraw-Hill, 1995. NEWHAUSER, G.L.; WOLSEY, L.A. Integer and combinatorial optimization. New York: John Wiley & Sons, 1988. SILVA, H. A. Estudo da otimização de redes baseada no problema de Steiner. Curitiba: Mestrado em Informática Industrial, 2004. SOUSA JÚNIOR, J.N.C; PRATA, B. A.; NOBRE JÚNIOR, E.F. O desafio da gestão de infra-estruturas urbanas para o desenvolvimento sustentável das cidades. XI Encontro de Iniciação à Pesquisa da UNIFOR, 2005.