Mesa redonda: Alimentação do lactente e pré-escolar Alimentação complementar e novas evidências Fabíola Isabel Suano de Souza Conjunto de outros alimentos, além do leite materno, oferecidos ao lactente. Idade de início Conceito: alimentação complementar 2 m 4 m 6 m 12 m 24 m Manutenção do aleitamento materno Alimentos complementares ou de transição Fase de grande vulnerabilidade Ministério da Saúde. CAB 23, 2015. Porque a obesidade cresce? SBP. Manual de Alimentação, Rio de Janeiro, 2012. 1
EVIDÊNCIAS ATUAIS: OBESIDADE, ALERGIA E DOENÇA CELÍACA Alimentação complementar: doenças crônicas não transmissíveis 9050 estudos 275 (inglês) 6 estudos (AME por 6 meses) ZERO (comparação, exposição, população, desfecho relevante) Martin A, Bland RM, Connelly A, Reilly JJ. Matern Child Nutr. 2016 Jul;12(3):418-27. 2
Introdução AC e obesidade Estudo de coorte (n = 5068): tempo de introdução de alimentação complementar em lactentes amamentados e risco de sobrepeso/obesidade Para cada mês de retardo na introdução da alimentação complementar (2 6 meses) 6-10% o risco de obesidade até os 42 anos. (4 vs 6 meses = 12 a 20%) Introdução AC e obesidade Coorte de nascimento (VIVA project; n = 847): introdução de AC (alimentos sólidos) em lactentes em aleitamento materno (AM) e em uso de fórmula infantil com obesidade (IMC p 95) aos 3 anos Introdução da AC: < 4 meses, 4 a 5 meses e 6 meses Huh SY, Rifas-Shiman SL, Taveras EM, Oken E, Gillman MW. Pediatrics. 2011 Mar;127(3):e544-51. 3
Obesidade: 40/568 (7,0%) Obesidade: 35/279 (12,5%) Obesidade aos 3 anos: 75 (9%) OR = 6,6 (IC 95% 2,3 6,9) AM protege obesidade AC com fórmula < 4 meses = > risco obesidde OR = 1,1 (IC 95% 0,3 4,4) Alimentos alergênicos 4
Alimentos alergênicos Estudo randômico: lactentes em aleitamento materno exclusivo em UK (n=1303) Introdução de alimentos alergênicos: leite, amendoim, ovos, gergelim, peixe branco e trigo. Grupo precoce: 3 5 meses de vida Grupo tradicional: 6 meses de vida Desfecho principal: alergia alimentar com 1 e 3 anos (TPO, 94% de seguimento) Perkin MR, Logan K, Tseng A; EAT Study Team. N Engl J Med. 2016 May 5;374(18):1733-43. = Perkin MR, Logan K, Tseng A,; EAT Study Team. N Engl J Med. 2016 May 5;374(18):1733-43. 5
Amendoim Bamba Snack Learning Early About Peanut Allergy Estudo randômico: lactentes (n=640, 4 11 meses) com eczema, alergia a ovo ou sensibilização (Prick- Test > 6 mm) ou ambos Desfecho: alergia a amendoim até 60 meses Grupo 1: evitar consumo de amendoim até 60 meses Grupo 2: consumir amendoim (6 gramas/semana) Du Toit G, Roberts G, Sayre PH,; LEAP Study Team. N Engl J Med. 2015 Feb 26;372(9):803-13. Amendoim Learning Early About Peanut Allergy Du Toit G, Roberts G, Sayre PH,; LEAP Study Team. N Engl J Med. 2015 Feb 26;372(9):803-13. 6
Doença celíaca Ensaio clínico duplo-cego e randômico (n=944 lactentes, HLA-DQ2 (+) ou HLA-DQ8 (+) + 1 parente de 1º grau com doença celíaca Intervenção (16 a 24 sem): 4 a 6 meses Grupo intervenção (n=475): 100 mg/dia glúten Grupo placebo (n=469) Dosagem de Ac-antigliadina e Ac-antitransglutaminase Desfecho primário: biópsia confirmando Doença Celíaca aos 3 anos Vriezinga SL, et al. Engl J Med. 2014 Oct 2;371(14):1304-15.. N Engl J Med. 2014 Oct 2;371(14):1304-15. DC = 5,2% vs 5,9% 7
HÁBITOS ALIMENTARES Alimentação complementar: formação hábitos alimentares O que se sabe: Tempo de introdução: 6 meses Vigência do aleitamento materno: diferentes sabores Variedade de alimentos (maioria dos grupos) Diferentes texturas Exposições repetidas (8 a 10): levam a melhor aceitação Família sempre é modelo Nem sempre face negativa = cara feia, significa não gostar do alimento Mennela JA, et al. Am J Clin Nutr 2014;99:s704 11. 8
Plasticidade: sabor salgado Exposição a mingau (amido de milho) e não frutas associouse com maior aceitação da solução de NaCl aos 6 meses. Stein L, et al. Am J Clin Nutr 2012; 94:123-9. Polimorfismos: sabor Objetivo: estudar se o polimorfismo no gene TAS2R38 - sabor (PP ou PA) associa-se com ingestão energética total e por meio de alimentos adoçados. O que se sabe: presença do polimorfismo = crucíferos e vegetais crus Método: estudo longitudinal (n = 691, 5 países europeus). Recordatório de 3 dias (1 a 6 anos) Pawellek I, et al; European Childhood Obesity Trial Study Group. Appetite. 2016 Jul 28;107:126-134. 9
Polimorfismo PP/PA Doces: 360 kcal/dia Total: 234 kcal/dia Tempo de introdução e hábitos alimentares Coorte (n=2389) mães-bebês: dificuldades alimentares aos 3 anos 61% referem alguma dificuldade : comer pouco, comer o alimento inadequado e seletividade Introdução AC 6 meses associa-se 27% dificuldades alimentares em comparação a introdução 4 6 meses (RR 0,73; IC 95% 0,59-0,91; p = 0,004) Hollis JL, et al; Southampton Women s Survey Study Group. Br J Nutr. 2016 Jun 30:1-8. 10
Alimentação complementar: preferências Long-term consequences of early fruit and vegetable feeding practices in the United Kingdom. Coulthard H, Harris G, Emmett P. Estudo de coorte AVON (n = 7866): avaliou por meio de questionário padrão da alimentação complementar (4 6 meses) e dieta aos 7 anos Consumo de frutas e vegetais, preparados em casa, aos 6 meses associou-se com ingestão mais frequente desses alimentos aos 7 anos O mesmo não aconteceu quando a ingestão era de alimentos prontos para bebês Public Health Nutr. 2010 Dec;13(12):2044-51. Baby-Led-Weaning (BLW) Baby-Led-Weaning (BLW): lactente encorajado, a partir dos 6 meses, a consumir com os próprios dedos todos os alimentos (da família) sem modificação de consistência https://www.youtube.com/watch?v=b5x_weopgwu Daniels L, et al. BMC Pediatr. 2015 Nov 12;15:179. 11
Baby-Led Introduction to SolidS (BLISS) Perguntas não respondidas sobre BLW: Há impacto sobre o crescimento e desenvolvimento? A ingestão de micronutrientes é suficiente? Essa prática pode afetar a formação dos hábitos alimentares? Influencia comportamento dos pais/cuidadores? É um método de alimentação complementar viável para os pais? É seguro? Alimentação responsiva e sensível Silva GA, Costa KA, Giugliani ER. J Pediatr (Rio J). 2016 May-Jun;92(3 Suppl 1):S2-7. Ato de alimentar e ser alimentado: interação entre cuidadores (pais) e filhos Alimentação responsiva ou sensível: 4 princípios (WHO, 2010) 1. Alimentar a criança pequena diretamente e assistir as mais velhas quando elas já comem sozinhas. Alimentar lenta e pacientemente, encorajar a criança a comer, mas não forçá-la; 2. Se a criança recusar muito os alimentos, experimentar diferentes combinações, texturas e métodos de encorajamento 12
Alimentação responsiva e sensível Silva GA, Costa KA, Giugliani ER. J Pediatr (Rio J). 2016 May-Jun;92(3 Suppl 1):S2-7. Alimentação responsiva ou sensível: 4 princípios (WHO, 2010) 3. Minimizar distrações durante as refeições, criança perde o interesse facilmente 4. Hora da alimentação: momento de aprendizado e amor falar com a criança durante a alimentação, manter contato visual e tocar. Alimentação não responsiva : cuidadores pouco sensíveis e receptivos aos sinais da criança (assumem ou perdem o controle e não valorizam o momento) Considerações finais Novos conceitos: introdução aos 6 meses de vida (4 a 6 meses) na vigência do aleitamento materno Variedade de alimentos e família como modelo Não restringir alimentos saudáveis Comportamento Fatores genéticos Proteger: monotonia e alimentos ultraprocessados 13
Tarsila do Amaral A família 14