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Transcrição:

Destaque Depec - Bradesco Ano XII - Número 99-27 de março de 215 Aumento das exportações brasileiras de alimentos para a China deverá levar em conta restrições tarifárias e aumento da produção chinesa Fabiana D Atri Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos Enxergamos oportunidades e também desafios para as exportações do agronegócio brasileiro para a China nos próximos anos, especialmente nas cadeias de soja e de carne bovina. Existe elevada capacidade do lado brasileiro para ampliar e agregar valor às exportações de grãos, proteínas e outros produtos agrícolas, como café e açúcar, além dos processados. No entanto, esse potencial pode ser limitado pela evolução recente da agricultura chinesa (que tem elevado a capacidade produtiva do país) e pelas restrições sanitárias e tributárias que permeiam as relações comerciais do agronegócio. Sem invalidar as perspectivas bastante positivas para as exportações do nosso País, acreditamos que a produtividade no campo chinês deverá avançar bastante, de modo a atender grande parte da demanda doméstica. A relevância chinesa para o comércio mundial de alimentos vem crescendo ao longo dos China: participação dos principais alimentos na cesta de consumo das famílias urbanas (1992) outros 27,% Fonte: CEIC Lácteos Vegetais 12,3% Grãos 12,9% Frutos do mar 7,3% Ovo 5,% Carne 25,6% últimos anos. Essa posição foi garantida pela entrada do país na OMC e impulsionada pelo aumento da urbanização, pelas mudanças de hábitos alimentares, em grande medida, garantidas pelo enriquecimento da população. Comparando a cesta de consumo alimentar da população urbana entre 1992 e 212, é notável a maior diversificação. Além disso, chama atenção o aumento dos gastos com refeição fora do domicílio (crescimento anual de quase 9%). Isso acabou pressionando a produção de proteínas e produtos processados. Para tanto, foi elevado o esforço chinês em conseguir sua autossuficiência em importantes cadeias. Nos dez últimos anos 1, a produção e área plantada doméstica de grãos avançaram quase 3% e 11%, respectivamente 2. A produtividade cresceu, dessa forma, reforçada pela mecanização 3 e pelo ganho de escala na produção.a despeito disso, as importações de grãos subiram, somente entre 28 e 214, 143%, em quantidade. China: participação dos principais alimentos na cesta de consumo das famílias urbanas (212) 2,2% Lácteos Grãos Frutas 5,4% 9,7% 7,6% 1 Infelizmente, as comparações não se dão sempre nos mesmos períodos, dada a restrição da disponibilidade das séries de dados. 2 Para efeito de comparação, no período, a área plantada no Brasil cresceu 16,2% e a produção avançou 74,3%. 3 As vendas de máquinas agrícolas subiram em média 2% por ano nesse período outros 25,4% Frutas 1,7% Vegetais 12,5% Frutos do mar 8,7% Carne 25,1% Ovo 2,5% 1

Assim, o comércio de produtos agrícolas da China, que foi se desenhando nessa última década, tem seguido um padrão de importação de commodities cuja produção é mais intensiva em terra, como soja, cevada e algodão, e exportação dos produtos mais dependentes do fator trabalho, como peixe, frutas e vegetais. Ainda concentrado em poucos itens, as importações são de óleos, produtos derivados de carne e matérias-primas para alimentar o gado do país, principalmente de suínos e frangos. Destaca-se a soja (grãos, farelo e óleo) como principal produto agrícola importado, destinado principalmente à alimentação animal, levando as compras chinesas responderem por 65% do comércio mundial do produto. Mas, diante da pressão dos custos advindos da soja, novos produtos como sorgo e os grãos secos por destilação começaram a ganhar espaço nas compras chinesas. Como contrapartida, os produtores chineses conseguiram se especializar na produção de milho (principal cultura do país atualmente), trigo e arroz os quais o país tem buscado a autossuficiência por orientação do governo. 12. 1. 8. Alimentos processados Óleos vegetais e animais Produtos vegetais Produtos animais 14.356 15.897 1.829 17.121 9.124 China: importação de alimentos (em US$ milhões) 12.795 13.43 6. 4. 2. 6.89 6.412 1.88 7.732 26.319 25.357 9.68 8.884 33.236 11.539 4.326 5.912 55.979 61.782 7.211 6.774 9.285 12.454 13.89 28 29 21 211 212 18.97 2.239 213 214 Fonte: CEIC O Brasil conquistou importante espaço no fornecimento de alimentos para a China nos últimos anos, configurando-se como o maior fornecedor líquido de alimento para o país asiático. Respondemos por aproximadamente 2% das importações chinesas de alimentos entre 211 e 214, perdendo apenas para os EUA, que atendeu 25% desse montante comprado. A diferença entre o Brasil e os EUA é que esses últimos também importam produtos alimentícios chineses, como alho, suco de maçã, peixe, temperos, chá, noodles, castanhas e cogumelos 4. No nosso caso, a pauta de importação de alimentos chineses é bem mais restrita. Além do Brasil e dos EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Argentina são também importantes fornecedores de alimentos para a China. Destaque - Bradesco 32. 24. 16. 8. 5.29 3.346 1.333 1.7 617 24 Brasil EUA Nova Zelandia Argentina Austrália Canadá 25 26 27 28 29 21 211 212 213 29.57 21.563 6.744 5.621 5.172 4.521 214 Importações chinesas de alimentos - principais fornecedores (US$ milhões) Fonte: CEIC 4 Levando o déficit comercial da China com os EUA a ficar menos negativo quando comparado com o Brasil 2

Participação da China na safra 214/15 (Departamento de Agricultura dos EUA, relatório de março/215) Estoques iniciais produção importação uso doméstico exportação estoques finais 6,27 126 1,5 124 1 62,77 MUNDO TRIGO 187,49 724,76 157,48 714,53 16,57 197,71 % 32% 17% 1% 17% 1% 32% 77,32 215,5 2,5 216,1 79,22 MUNDO MILHO 172,14 989,66 112,8 976,52 116,84 185,28 % 45% 22% 2% 22% % 43% 46,81 144,5 4,4 148,4,4 46,91 MUNDO ARROZ 16,46 474,86 4,3 483,68 42,58 97,64 % 44% 3% 11% 31% 1% 48% 62,71 3 7,3 35,5 64,96 MUNDO ALGODÃO 11,71 119,24 34,4 11,96 34,42 11,6 % 62% 25% 21% 32% % 59% 14,43 12,35 74 86,2,25 14,33 MUNDO SOJA 66,32 315,6 114,8 288,5 117,42 89,53 % 22% 4% 65% 3% % 16% Sob a ótica brasileira, nossas vendas para o país asiático saltaram nos últimos anos. De 24 a 214, as exportações para a China cresceram quase 65% enquanto que as do agronegócio avançaram 92%, colocando o país como o principal comprador dos nossos produtos agrícolas. Ainda concentradas em soja em grãos, farelo e óleo, notamos aumento das vendas de açúcar. As exportações de carne acontecem de forma majoritária por Hong Kong, tendo em vista as restrições elevadas ainda presentes 5. A China, com isso, responde por pouco mais de 4% das exportações brasileiras de alimentos. Assim, por ora, entendemos que as vantagens competitivas brasileiras concentramse no mercado de soja, açúcar e carne bovina, até porque esses são segmentos que o governo chinês declaradamente não busca a autossuficiência. Tabela resumo das relações comerciais do Brasil com a China (US$ bilhões) 24 25 26 27 28 29 21 211 212 213 214 Variação acumulada de 24 a 214 (%) Exportações totais 5,442 6,835 8,42 1,749 16,523 21,4 3,786 44,315 41,228 46,26 4,616 646,4% Importações totais 3,71 5,355 7,989 12,618 2,44 15,911 25,595 32,788 34,251 37,34 37,341 96,4% Corrente de comércio com a China 9,152 12,19 16,392 23,367 36,567 36,915 56,381 77,13 75,479 83,33 77,957 751,8% Exportações do agronegócio 1,633 1,74 2,453 2,85 5,34 6,359 7,155 1,995 12,76 17,186 16,669 92,9% Importações do agronegócio,13,34,36,34,112,78,186,158,218,34,112 775,4% Fonte: Funcex Destaque - Bradesco Olhando à frente, as perspectivas de demanda chinesa são promissoras, mas as estratégias de produção da China também são audaciosas. O USDA divulgou relatório no final do mês passado com suas projeções de longo prazo para as importações de alimentos da China 6. O maior potencial de demanda estará na cadeia de proteínas. O consumo de frango subirá 35,6% entre 213 e 223, superando bastante o esperado para carne de porco (2,2%) e bovina (23%) 7. Para atender essa demanda, o crescimento das importações será mais significativo para suínos e carne bovina, como ilustrado na tabela a seguir. Entre as carnes, o maior potencial importador concentra-se na carne bovina, cujas importações têm crescido muito desde 21 e seguirão essa tendência (chegando a 75 milhões de toneladas em 223/24), mas ainda deverão equivaler a apenas 1% do consumo nacional. América Latina e Oceania são os fornecedores mais prováveis para atender o mercado chinês, uma vez que a China não tem comprado carne bovina dos EUA nos últimos dez anos por conta das preocupações com a BSE (bovine spongiform encephalopathy, encefalopatia espongiforme bovina, a doença da vaca louca), que acessa o mercado chinês também através de Hong Kong. 5 As exportações brasileiras de carne bovina foram barradas pela China em dezembro de 212, após a divulgação de um caso atípico da doença da vaca louca. O país manteve a medida mesmo após a Organização Mundial de Saúde Animal ter sustentado a classificação do Brasil como risco negligenciável, a mais baixa para o caso dessa doença. Entretanto, em julho de 214, por ocasião da visita do Presidente da China, Xi Jinping, ao Brasil, o país suspendeu o embargo, reabrindo seu mercado ao produto brasileiro. 3

25 2 15 bovino porco frango 4 475 495 531 57 63 635 674 712 748 784 China: importação de carnes (em mil toneladas métricas) 1 99 73 75 775 822 858 899 954 14 156 111 1142 1194 5 32 313 335 358 367 377 387 398 49 425 438 453 212 213 214 215 216 217 218 219 22 221 222 223 Perspectivas para o mercado de carne chinês (crescimento de 213 a 223, em quantidade) Produção doméstica Importação Consumo total Frango 35,4% 44,7% 35,6% Porco 19,7% 59,2% 2,2% Bovino 18,% 96,% 23,% De forma complementar, o potencial comprador de grãos é considerável para ser alimento das carnes, uma vez que para produzir cada quilograma de carne são necessários aproximadamente 3 kg de ração. Dessa forma, as importações chinesas de soja continuarão crescendo e deverão chegar a 7% das importações globais até 223. As importações de milho também devem subir, mas seguirão restritas às cotas chinesas lembrando que atualmente essas são válidas também para trigo e arroz e correspondem aproximadamente a 5% do consumo anual. Espera-se que, no máximo, as importações de milho respondam por 1% do consumo chinês. Destaque - Bradesco Produto tarifa (em %) Milho* 1 Sorgo 2 Soja 3 Grãos secos destilados 5 Farelo de soja 5 Alfafa 9 Leite em pó e manteiga 1 Porco, frango e carne bovina congelados 12 Salsicha 15 Porco resfriado 2 Carne defumada ou salgada 25 A despeito dessas expectativas positivas para as exportações para a China, dentre as quais o Brasil será beneficiado, devemos considerar o potencial de aumento da produção chinesa. De fato, existe uma discrepância entre os cenários traçados pelos institutos de pesquisa chineses e pelos ocidentais. Por exemplo, a Academia Chinesa Tarifas chinesas sobre insumos para alimentação, carnes e derivados de leite (*) Dentro do cota anual de 7,2 milhões toneladas métricas. Acima desse valor, tarifa passa para 65% de Estudos Agrícolas estima números menores para as importações de diversos produtos quando comparamos com as estimativas elaboradas pelo USDA. A tabela a seguir resume essas diferenças que, em grande medida, são pautadas pelas hipóteses relacionadas à modernização e às reformas no país asiático. 6 http://ers.usda.gov/media/1784488/eib136.pdf, consultado em 17 de março de 215 7 Em 214, o consumo per capita do chinês para frango, porco e carne bovina chegou a: 6,6, 4,4 e 4,5 kg ante valores mundiais de 13,8, 15,3 e 1,1 kg (dados mundiais consideram informações da China), segundo a FAO. 4

Commodity USDA OCDE-FAO Academia Chinesa de Ciências agrícolas Centro de Pesquisa Chinesa para economia rural Arroz 2,4 2,4 2,3 1,8 Trigo 5,5 2,8 3,1 5,7 Milho 22 16.9* 12 18 Soja 112 81.5** 74 75 Carne 2,4 3,6 2,4 nd Algodão 4,6 3,3 1,6 3 Projeções para as importações chinesas de commodities selecionadas - para 223 (em milhões de toneladas métricas) (*) inclui grãos forrageiros (**) considera todos óleos de sementes Destaque - Bradesco As perspectivas mais otimistas para a produção na China, por sua vez, fundamentam-se nas diretrizes recentemente definidas pelo governo chinês. No começo deste ano, foi publicado o documento número 1 8 sobre a modernização da agricultura, no qual a segurança alimentar foi colocada como prioridade de Estado 9, garantida com ampliação do financiamento e desenvolvimento de áreas de irrigação em unidade de pequeno e médio porte. Além da ampliação da tecnologia no campo, reformas em curso no país têm a capacidade de transformar o modo produtivo no campo. Ajustes na propriedade rural e na mobilidade das pessoas, combinados com a expansão do setor privado, trazem boas perspectivas para a produção chinesa. De forma simplificada, ao permitir que o camponês tenha propriedade da sua terra no campo, essa poderá ser comercializada, gerando renda a esse cidadão e permitindo que grandes grupos comecem a consolidar a produção no campo. Ao mesmo tempo, existe a possibilidade de que esse camponês migre para as cidades com direitos a serviços públicos (o que hoje ainda acontece com caráter excepcional, já que a mobilidade, bem como o acesso a direitos dos cidadãos chineses é restrita). Assim, liberando essas pessoas do campo para a cidade, a urbanização será acelerada e a produção no campo terá um potencial significativo de ganho de produtividade. Vale dizer que já existem experiências nesse sentido, conduzidas muitas vezes por empresas multinacionais 1, e os resultados têm sido bastante satisfatórios. Importante ainda dizer, entretanto, que a China ainda sofre de problemas como escassez de água 11, elevados índices de poluição e uso intensivo de fertilizantes 12, que serão fatores restritivos ao aumento da produção doméstica. Complementando essas visões, estudo publicado recentemente pelo Conselho Empresarial Brasil China em parceria com a Apex 13 aponta potencial e desafios em importantes cadeias do agronegócio. Analisando os mercados de carne, suco de laranja, soja, café, celulose e calçados, há o reconhecimento dos ganhos de produtividade que ressaltam a capacidade de o Brasil atender o mercado chinês de alimento. A despeito disso, (i) existem diversas barreiras tarifárias e sanitárias para serem aprimoradas, (ii) o nível de renda médio do chinês ainda é baixo para acessar produtos de alto valor agregado, como carne bovina e suco de laranja; (iii) diante das diferenças de hábito alimentar, ajustes nos produtos brasileiros podem ser necessários para impulsionar nossas vendas e a penetração no mercado da China. Joga a nosso favor, a busca crescente pela segurança alimentar, lembrando que os chineses avaliam os alimentos estrangeiros como seguros. Dessa forma, por ora, a sinalização vinda do mercado chinês continua indicando as exportações de soja e de carne bovina como as mais promissoras para os próximos anos. O Brasil está bem posicionado para atender essa demanda. Países, como EUA, Austrália, Canadá e Nova Zelândia, seguirão atuando como importantes concorrentes. Ainda assim, enxergamos a própria China com elevado potencial para atender sua demanda, o que será impulsionado pelas reformas em curso. Incertezas relacionadas às diretrizes chinesas e barreiras às importações continuarão sendo importante para as empresas que desejem aproveitar essa oportunidade. A exemplo do que já se observa atualmente, companhias brasileiras seguirão investindo no mercado não só chinês, mas asiático, adaptando os produtos e estabelecendo parcerias 8 Trata-se do primeiro documento estratégico do governo publicado neste ano. 9 Cinco áreas foram selecionadas: aceleração da mudança do padrão produtivo, com foco em modernização; intensificação das políticas a favor do produtor agrícola, aumentando sua renda; promoção da integração do desenvolvimento do campo com a cidade; aprofundamento das reformas no campo; fortalecimento do ambiente legal das questões agrícolas. 1 Experiência na produção de café em Yunnan. Esse artigo traz essa referência: http://www.forbes.com/sites/ericrmeyer/214/5/14/coffee-in-yunnanchina-nestles-new-model/ 11 Ainda assim, o país consegue alimentar aproximadamente 1/5 da população mundial com 1% das terras aráveis do planeta. 12 Os produtores chineses utilizam aproximadamente 7% mais fertilizantes que a média mundial. 13 http://cebc.org.br/sites/default/files/pesquisa_cebc_-_apex_versao_final-oficial.pdf, consultado em 2 de março de 215 5

locais especialmente em logística. Por fim, entendemos que a capacidade produtiva chinesa será também alavancada pela aquisição de diversas operações no segmento do agronegócio em escala global. Exportações brasileiras do agronegócio para a China (US$ milhões) em 214 Fonte: Funcex Principais produtos Valor Soja (grão) 16.615,11 Fabricação de açúcar em bruto 875,85 Abate de suínos, aves e outros pequenos animais 52,67 Fabricação de óleos vegetais em bruto, exceto óleo de milho 416,27 Processamento industrial do fumo 331,8 Fabricação de sucos de frutas, hortaliças e legumes 75,63 Cultivo de plantas de lavoura permanente não especificadas anteriormente 35,27 Produção florestal - florestas nativas 23,7 Moagem e fabricação de produtos de origem vegetal não especificados anteriormente 22,99 Cultivo de café 7,41 Preservação do pescado e fabricação de produtos do pescado 5,53 Cultivo de cereais 4,81 Fabricação de açúcar refinado 4,8 Fabricação de produtos alimentícios não especificados anteriormente 4,2 Criação de animais não especificados anteriormente 3,58 Abate de reses, exceto suínos 2,19 Fabricação de produtos à base de café 2,17 Cultivo de fumo 1,66 Destaque - Bradesco 6

Destaque - Bradesco Equipe Técnica Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Marcelo Cirne de Toledo - Superintendente executivo Economia Internacional: Fabiana D Atri / Felipe Wajskop França / Thomas Henrique Schreurs Pires Economia Doméstica: Igor Velecico / Andréa Bastos Damico / Ellen Regina Steter / Myriã Tatiany Neves Bast Análise Setorial: Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo / Leandro de Oliveira Almeida Pesquisa Proprietária: Fernando Freitas / Leandro Câmara Negrão / Ana Maria Bonomi Barufi Estagiários: Ariana Stephanie Zerbinatti / Vanderley Rodrigues Gonçalves Junior / Lucas Zaniboni / Thomaz Lopes Macetti / Victor Hugo Carvalho Alexandrino da Silva / Davi Sacomani Beganskas / Ives Leonardo Dias Fernandes / Henrique Neves Plens / Mizael Silva Alves O BRADESCO não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações e projeções. Todos os dados ou opiniões dos informativos aqui presentes são rigorosamente apurados e elaborados por profissionais plenamente qualificados, mas não devem ser tomados, em nenhuma hipótese, como base, balizamento, guia ou norma para qualquer documento, avaliações, julgamentos ou tomadas de decisões, sejam de natureza formal ou informal. Desse modo, ressaltamos que todas as consequências ou responsabilidades pelo uso de quaisquer dados ou análises desta publicação são assumidas exclusivamente pelo usuário, eximindo o BRADESCO de todas as ações decorrentes do uso deste material. Lembramos ainda que o acesso a essas informações implica a total aceitação deste termo de responsabilidade e uso. A reprodução total ou parcial desta publicação é expressamente proibida, exceto com a autorização do Banco BRADESCO ou a citação por completo da fonte (nomes dos autores, da publicação e do Banco BRADESCO). 7