Destaque Setorial - Bradesco

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1 Balanço de investimentos 03 de março de 2015 Retração dos anúncios de investimento ocorreu de forma generalizada em, mas desempenho negativo foi mais intenso na indústria e no comércio Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos A desaceleração da economia brasileira no último ano foi em grande parte explicada pela retração dos investimentos. Estimamos recuo de quase 10% da formação bruta de capital fixo (FBCF) no último ano, dado que será conhecido apenas no final de março. O resultado refletiu a queda da confiança do empresário e o ajuste das condições de financiamento de bens de capital, através da alta da taxa de juros para o programa de sustentação do investimento (PSI) no início de. Ademais, muitos projetos anunciados em anos anteriores estão em fase de maturação, o que significa que as empresas deverão esperar Priscila Pacheco Trigo mais algum tempo para fazerem novos aportes. Os anúncios de investimentos, que temos coletado desde 6 na imprensa brasileira, também apontaram retração significativa na intenção das empresas investirem. A indústria e o comércio foram os segmentos mais afetados, mas a redução dos investimentos também foi observada no setor de serviços. Para 2015, esperamos nova queda dos investimentos, da ordem de 3,0%, em linha com o cenário já anunciado de corte de 20% dos aportes na cadeia de petróleo e gás natural e de gradual recuperação da confiança O número de investimentos anunciados na mídia caiu de em para 986 em. Esse foi o terceiro ano consecutivo de retração em 2011 foram anunciados investimentos. A desagregação dessa coletânea de investimento indica queda generalizada entre os setores. O destaque negativo ficou com a indústria, com participação de 34% dos investimentos em 2015, ou 332 anúncios. Esse setor representou mais de investimento 6-50% dos aportes coletados em 6, percentual que vem caindo desde então. Nesse segmento, a queda dos anúncios foi iniciada em A retração da produção industrial ajuda a explicar parte dessa queda nos investimentos no setor. Ademais, o baixo nível de utilização da capacidade instalada e a redução da confiança do setor não estimulam o empresariado a ampliar seus investimentos como em anos anteriores. 1

2 Agroindústria 3% Composição setorial dos investimentos anunciados em Serviços 44% Indústria 34% Comércio 19% investimento acumulados em doze meses Indústria jan/08 mar/08 mai/08 jul/08 set/08 nov/08 jan/09 mar/09 mai/09 jul/09 set/09 nov/09 jan/10 mar/10 mai/10 jul/10 set/10 nov/10 jan/11 mar/11 mai/11 jul/11 set/11 nov/11 jan/12 mar/12 mai/12 jul/12 set/12 nov/12 jan/13 mar/13 mai/13 jul/13 set/13 nov/13 jan/14 mar/14 mai/14 jul/14 set/14 nov/14 jan/15 A abertura dos dados permite identificar que a queda dos anúncios de investimentos na indústria foi puxada principalmente pelos segmentos de alimentos e bebidas, equipamentos de transporte e mineração e siderurgia. A indústria de alimentos e bebidas nos últimos anos foi influenciada pela alta dos preços de insumos e/ou pelo aumento de impostos, impactando negativamente nas vendas desses produtos. Mesmo assim, o setor continua em destaque quanto ao número de anúncios de investimento. No caso de equipamentos de transporte, as plantas de automóveis anunciadas nos últimos anos estão Alimentos e bebidas Bens de capital Equipamentos de transporte Química e petroquímica Mineração, siderurgia e metalurgia Material de Construção Farmacêutica Eletroeletrônica e informática Papel e Celulose Petróleo e Derivados Perfumaria, Higiene e Limpeza Diversas Calçado, têxtil e vestuário Indústria de Móveis e Madeira em construção ou entraram em operação recentemente, de forma que os anúncios de novos projetos tendem mesmo a diminuir. Somado a isso, a construção de estaleiros também tende a ser menor, dado o atual ciclo de investimentos em petróleo e gás natural. Em mineração, siderurgia e metalurgia, os projetos anunciados também estão em andamento ou entrando em operação. Além disso, a desaceleração da economia chinesa e a consequente redução dos preços de commodities deverão limitar, pelo menos por um tempo, novos projetos em mineração tanto no Brasil e como no mundo investimento desagregação dos segmentos industriais e 2

3 No comércio varejista, a retração dos anúncios ocorre desde 2012, encerrando com 182 anúncios. Com isso, o setor respondeu por 19% dos anúncios no período. De fato, a atividade do varejo vem desacelerando há dois anos e, no último ano, chegou a registrar retração, como apontado pelo IBGE. O menor crescimento do rendimento das famílias, a inflação em alto patamar e a reversão, principalmente no segundo semestre de, na geração de emprego formal contribuíram para a piora na avaliação do índice de confiança do consumidor. Isso refletiu diretamente no desempenho das vendas no varejo e, consequentemente, na intenção do empresário em investir no setor. Também foi importante para o setor a postergação dos projetos de novos shopping centers ,0 investimento - comércio Confiança do consumidor 121,0 120,7 113,7 113,3 271,0 290,0 190,0 121,9 329,0 269,0 109, ,0 110 investimento no setor de comércio e confiança do consumidor - acumulados em 12 meses ,0 101,7 95, ,0 101,8 50 nov/07 fev/08 mai/08 ago/08 nov/08 fev/09 mai/09 ago/09 nov/09 fev/10 mai/10 ago/10 nov/10 fev/11 mai/11 ago/11 nov/11 fev/12 mai/12 ago/12 nov/12 fev/13 mai/13 ago/13 nov/13 fev/14 mai/14 ago/14 nov/14 fev/15 95 Fonte: FGV, imprensa No mesmo sentido, mas em intensidade menor, os anúncios do setor de serviços passaram de 501 em para 438 em, representando 45% do nosso levantamento. O número de anúncios nesse segmento atingiu seu pico em 2012 e desde então está em declínio. Transporte e logística, restaurantes e turismo e hotelaria explicam boa parcela da retração do setor de serviços no último ano. Acreditamos que o desempenho enfraquecido da indústria pesou na decisão de investimento das empresas do setor de transporte e logística. Adicionalmente, o crescimento menos intenso da agropecuária limitou os planos das transportadoras e operadoras logísticas ligadas ao campo. Já no caso de restaurantes e turismo e hotelaria, a realização da Copa do Mundo havia inflado os anúncios em anos anteriores, de forma que novos aportes no setor podem demorar a ocorrer, ao menos nas cidades que sediaram o evento esportivo. Por fim, destacamos também a queda no número de investimentos anunciados para construção do segmento imobiliário, que passou de 61 em para 55 em. Esse ajuste está em linha com a retração das vendas de imóveis residenciais e comerciais (lajes corporativas e salas de escritórios), conforme observamos no último ano investimento desagregação do setor de serviços Energia Elétrica Transporte e logística Outros serviços Construção Civil Restaurantes Telecomunicações Turismo e Hotelaria Saúde Educação Saneamento Básico investimento Serviços

4 Vale reforçar que neste estudo não acompanhamos a efetivação e nem o andamento dos investimentos anunciados. Assim, muitos desses projetos podem ter sido modificados, adiados ou até mesmo cancelados. Nesse sentido, a sondagem de investimentos realizada pela FGV indica um ajuste para baixo em dos investimentos planejados no final de. A pesquisa aponta tanto uma redução do número de empresas que esperavam ampliar seus investimentos quanto um acréscimo do percentual de empresas que projetavam reduzir seus aportes. A perspectiva de menor crescimento da economia doméstica continuará puxando para baixo os investimentos realizados no Brasil em Ademais, o ajuste das políticas fiscal e monetária, combinado com as mudanças nas taxas de financiamento do PSI, deverá levar o empresário a adiar ou a revisar os projetos de investimento. Ainda assim, a expectativa de recuperação gradual na confiança dos empresários e das famílias neste ano favorecerá a retomada, ainda que tímida, dos investimentos ao longo de Nesse cenário de menor crescimento e elevada ociosidade na capacidade instalada da maior parte da economia brasileira, os aportes deverão ser voltados à busca por processos mais eficientes e produtivos. Com isso, nossa expectativa é de queda de 3% da formação bruta de capital fixo (FBCF) neste ano. Vale reforçar que a retração da FBCF poderá ser mais acentuada caso o atual risco de racionamento energético se torne realidade e postergue a melhora da atividade doméstica Investimentos anunciados FBCF 162,7,1 413,9 345,8 434,9 183,4 189,6 405,6 0,7 3, ,4 315,6 276,4 investimento e formação bruta de capital fixo (índice 1995 = ) dados dessazonalizados ,5 153, ,6 50 mar/06 jun/06 set/06 dez/06 mar/07 jun/07 set/07 dez/07 mar/08 jun/08 set/08 dez/08 mar/09 Variação da formação bruta de capital fixo (FBCF) jun/09 91,1 set/09 dez/09 25,0% 20,0% 15,0% mar/10 jun/10 set/10 dez/10 mar/11 jun/11 set/11 dez/11 mar/12 jun/12 set/12 dez/12 mar/13 jun/13 set/13 13,9% 13,6% dez/13 mar/14 jun/14 set/14 dez/ , ,3% Fonte: IBGE, imprensa 10,0% 9,1% 9,8% 5,0% 3,6% 4,7% 5,2% 0,0% Fonte: IBGE Elaboração e projeção: BRADESCO -5,0% -10,0% ,7% ,0% ,7% -3,0%

5 Equipe Técnica Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Marcelo Cirne de Toledo - Superintendente executivo Economia Internacional: Fabiana D Atri / Felipe Wajskop França / Thomas Henrique Schreurs Pires Economia Doméstica: Igor Velecico / Andréa Bastos Damico / Ellen Regina Steter / Myriã Tatiany Neves Bast Análise Setorial: Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo / Leandro de Oliveira Almeida Pesquisa Proprietária: Fernando Freitas / Leandro Câmara Negrão / Ana Maria Bonomi Barufi Estagiários: Ariana Stephanie Zerbinatti / Vanderley Rodrigues Gonçalves Junior / Lucas Zaniboni / Thomaz Lopes Macetti / Victor Hugo Carvalho Alexandrino da Silva / Davi Sacomani Beganskas / Ives Leonardo Dias Fernandes / Henrique Neves Plens O BRADESCO não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações e projeções. Todos os dados ou opiniões dos informativos aqui presentes são rigorosamente apurados e elaborados por profissionais plenamente qualificados, mas não devem ser tomados, em nenhuma hipótese, como base, balizamento, guia ou norma para qualquer documento, avaliações, julgamentos ou tomadas de decisões, sejam de natureza formal ou informal. Desse modo, ressaltamos que todas as consequências ou responsabilidades pelo uso de quaisquer dados ou análises desta publicação são assumidas exclusivamente pelo usuário, eximindo o BRADESCO de todas as ações decorrentes do uso deste material. Lembramos ainda que o acesso a essas informações implica a total aceitação deste termo de responsabilidade e uso. A reprodução total ou parcial desta publicação é expressamente proibida, exceto com a autorização do Banco BRADESCO ou a citação por completo da fonte (nomes dos autores, da publicação e do Banco BRADESCO). 5