Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

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1 Julho de 2014 Avanço no campo garantiu ganho de participação do Brasil na produção e no comércio mundial de commodities agrícolas nos últimos anos Priscila Pacheco Trigo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos O Brasil é um grande player na produção mundial de commodities agrícolas. Nos últimos anos, o País continuou avançando de forma significativa sustentado tanto pelo aumento de área plantada quanto pelos ganhos de produtividade. Considerado um dos países mais diversificados na produção agrícola, o Brasil responde hoje pela maior produção mundial de açúcar e café, a segunda maior de soja e de carne bovina e a terceira de carne de frango e de milho. Ademais, o Brasil é o quarto maior Culturas Part % produção do Brasil no mundo Posição do Brasil no Mundo Part % do Brasil no mundo produtor de carne suína e o quinto de algodão. O aumento da produção, na maioria dos casos, foi destinado ao mercado externo, de maneira que o Brasil ganhou espaço também no comércio mundial desses produtos. Para os próximos anos, o Brasil continuará avançando, ganhando market share no comércio global agrícola, ainda que o ritmo seja menor do que o crescimento dos últimos anos. Isso deve ocorrer principalmente em soja, algodão e carne bovina e de frango. Posição do Brasil no Mundo Açúcar 21,0% 1º 45,7% 1º Café 34,8% 1º 25,7% 1º Soja 30,3% 2º 40,1% 1º Bovina 16,9% 2º 21,3% 1º de Frango 14,9% 3º 33,5% 1º Milho 7,5% 3º 17,3% 3º e posição do Brasil no ranking mundial principais mercados agrícolas Suína 3,1% 4º 9,8% 4º Algodão 7,2% 5º 9,3% 3º Nos últimos cinco anos, o Brasil ganhou participação na produção mundial de quatro importantes atividades: soja, milho, algodão e carne bovina. No caso da soja, a produção brasileira cresceu 32% nesse período, atingindo 91 milhões de toneladas e ampliando sua participação global, de 26,5% na safra 2009/10 para 30,3% na safra 2014/15, Soja Bovina conforme estimativas do USDA 1. A posição de segundo maior produtor foi mantida nesse período, mas o Brasil se aproximou do primeiro colocado, os EUA, que detêm 1/3 da produção mundial de soja. Vale destacar que o aumento da produção brasileira nesse período ocorreu essencialmente pela expansão de 28% da área plantada. variação da EUA ,1% ,0% 8,2% Brasil ,5% ,3% 31,9% Argentina ,9% ,0% -0,9% China ,7% ,0% -19,9% Índia ,7% ,7% 13,4% EUA ,7% ,1% -5,6% Brasil ,6% ,9% 11,0% UE ,8% ,9% -4,2% China ,0% ,8% -0,1% Índia ,4% ,7% 57,1% Maiores produtores mundiais de soja e carne bovina 1 USDA Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, na sigla em inglês. 1

2 A posição de segundo colocado global também foi mantida na produção de carne bovina, atividade na qual o Brasil deve responder por 17% do globo neste ano. Esse percentual era de 15,5% em 2009, o que significa uma adição de um milhão de toneladas de carne bovina no período, representando cerca de 2/3 do incremento na produção global. A título de comparação, o primeiro colocado, novamente os EUA, com 19% da produção do mundo, registrou queda de 5,5% da produção entre 2009 e este ano. No caso do milho e do algodão, a participação brasileira é mais modesta, assumindo, respectivamente, a terceira e quinta colocação no mundo. No mercado de milho, a alta de 32% da produção brasileira, atingindo 74 milhões de toneladas, significou um aumento da participação de 6,8% para 7,5% entre as safras 2009/10 e 2014/15. O incremento ocorreu pela forte expansão de 21% da área plantada, especialmente na segunda safra, e pelo avanço da produtividade, que passou de 4,3 toneladas por hectare para 4,95 toneladas por hectare. No mesmo sentido, para o algodão, o avanço de 52% da produção doméstica garantiu aumento da participação mundial de 5,3% para 7,2% na mesma base de comparação. Esse resultado positivo também foi reflexo do aumento de 32% da área plantada e da produtividade, que subiu de 3,6 para 3,8 toneladas por hectare. Milho Algodão EUA ,3% ,1% 6,4% China ,9% ,4% 34,2% Brasil ,8% ,5% 31,9% UE ,2% ,7% 10,3% Ucrânia ,3% ,8% 157,5% China ,1% ,4% -7,8% Índia ,8% ,6% 16,3% EUA ,8% ,9% 23,1% Paquistão ,0% ,2% 2,8% Brasil ,3% ,2% 52,3% mundiais de milho e algodão Em sentido contrário, o Brasil manteve a produção de açúcar praticamente estável nos últimos cinco anos, o que representou uma queda da participação mundial dessa cultura de 24% na safra 2009/10 para 21% na atual safra. A queda dos preços nos últimos anos desestimularam os investimentos na lavoura de canade-açúcar, de forma que houve recuo da produtividade não compensada pela expansão de 23% da área plantada. Somado a isso, houve um incremento da produção destinada à produção de etanol, que subiu 10% no período. Ainda assim, o Brasil manteve a posição de maior produtor mundial, seguido pela Índia. O mesmo ocorreu com a produção de café: a despeito de ser o maior produtor, o Brasil perdeu participação no cenário mundial, passando a representar 33,3% na atual safra, ante 34,8% na safra 2009/10. Açúcar Café Produção ) Produção ) Brasil ,7% ,0% 1,1% Índia ,5% ,9% 35,2% UE ,0% ,3% -3,5% China ,5% ,8% 19,9% Tailândia ,5% ,3% 58,7% Brasil ,8% ,3% 10,5% Vietnã ,4% ,7% 58,1% Colômbia ,3% ,1% 48,1% Vale também ressaltar que o Brasil manteve a participação mundial na produção de carne suína e de frango, em 3,1% e 15% nessa ordem, nos últimos mundiais de açúcar ( e café (sacas de 60Kg) cinco anos. Isso é resultado da expansão de 8% e 15% respectivamente da produção doméstica desses bens. 2

3 Suína de Frango China ,7% ,4% 16,5% UE ,9% ,1% 1,3% EUA ,4% ,3% -1,1% Brasil ,1% ,1% 8,6% Rússia ,8% ,3% 38,3% EUA ,6% ,3% 8,4% China ,4% ,9% 5,0% Brasil ,0% ,9% 15,0% UE ,9% ,7% 13,6% Índia ,5% ,4% 46,1% mundiais de carne suína e de frango Grande parte do incremento da produção brasileira foi destinada ao mercado externo, principalmente para os países emergentes. Dessa forma, o Brasil também ampliou sua relevância no comércio global de produtos agrícolas, com a expansão da participação nas de soja, milho e algodão. Atualmente, o país representa 40%, 17% e 9,3% das vendas globais desses produtos, nessa ordem. Chama atenção o avanço da soja, cujo volume vendido deve passar de 28,6 para 45 milhões de toneladas entre as safras 2009/10 e 2014/15, ou seja, 50% da produção doméstica. Assim, o Brasil ultrapassou os EUA e é o maior exportador de soja atualmente. Soja Milho Algodão s Brasil ,3% ,1% 57,5% EUA ,6% ,4% 8,4% Argentina ,3% ,0% -31,2% Paraguai ,5% ,8% 6,1% Canadá ,5% ,0% 51,3% EUA ,0% ,4% -14,1% Argentina ,1% ,9% -3,1% Brasil ,0% ,3% 72,4% Ucrânia ,2% ,9% 215,5% Índia ,0% ,0% 80,5% EUA ,8% ,3% -19,4% Índia ,4% ,0% -13,0% Brasil ,6% ,3% 65,8% Austrália ,9% ,7% 46,8% mundiais de soja, milho e algodão Para a carne bovina, nem mesmo o incremento de 27% das brasileiras foi suficiente para ampliar sua participação, que manteve-se em 21%. Bovina Ainda assim, o Brasil é o maior exportador de carne bovina, totalizando dois milhões de toneladas que são enviadas ao exterior, ou 20% da produção doméstica. s Brasil ,4% ,3% 27,2% Índia 609 8,2% ,7% 207,9% Austrália ,3% ,4% 14,4% EUA ,8% ,0% 30,0% Nova Zelândia 514 6,9% 535 5,6% 4,1% mundiais de carne bovina 3

4 Por fim, o Brasil perdeu relevância no comércio de açúcar, café e de carne suína e de frango. Em especial, destacamos a perda de participação no mercado mundial de açúcar, que caiu de 50,3% para 45,7% nos últimos cinco anos. Mesmo assim, o Brasil é o maior exportador dessa commodity, destinando mais de 65% da produção nacional para o mercado externo. Açúcar Café de Frango Suína ) ) s Brasil ,3% ,7% 3,9% Tailândia ,2% ,0% 68,4% Austrália ,4% ,0% -8,3% México 751 1,6% ,9% 187,4% Guatemala ,8% ,5% 7,4% Brasil ,0% ,7% 4,2% Vietnã ,2% ,8% 34,4% Colômbia ,2% ,1% 31,5% Brasil ,2% ,5% 11,7% EUA ,7% ,8% 10,3% UE ,1% ,0% 39,9% Tailândia 379 4,5% 580 5,4% 53,0% China 291 3,5% 430 4,0% 47,8% EUA ,0% ,1% 18,5% UE ,3% ,2% 46,4% Canadá ,9% ,4% 12,6% Brasil ,6% 675 9,8% -4,5% China 232 4,1% 445 6,5% 91,8% mundiais de açúcar, (em e café (em sacas de 60 Kg) e carne de frango e suína Para os próximos anos, esperamos moderação no ritmo de crescimento das economias emergentes decorrente, dentre diversos fatores, dos menores ganhos relacionados à mobilidade social. Nesse sentido, o crescimento do consumo de alimentos também deverá desacelerar. Ainda assim, o USDA espera que o Brasil continue ganhando participação no comércio global de commodities agrícolas, embora não devemos observar alterações significativas no ranking mundial. Os destaques positivos serão soja, algodão e carne bovina e de frango. Para a soja, a entidade espera que a participação das brasileiras passe de 40% para 44% entre a safra 2014/15 e 2023/24, o que deve manter o Brasil como maior exportador de soja. A produtividade deve aumentar, mas o aumento das vendas externas virá principalmente pela expansão de área plantada. Já para o algodão, o avanço de 125% das brasileiras deve ser suficiente para que o Brasil aumente sua participação de 9% para 14% no mesmo período, embora mantenha a terceira colocação nas mundiais. No mercado de carnes, a participação deve atingir 25% e 41% das de carne bovina e de frango, respectivamente no mesmo período. A pecuária será impulsionada pela expansão em novas fronteiras agrícolas, especialmente da região conhecida como Mapitoba (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia). 4

5 Equipe Técnica Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Marcelo Cirne de Toledo - Superintendente executivo Economia Internacional: Fabiana D Atri / Felipe Wajskop França / Thomas Henrique Schreurs Pires Economia Doméstica: Robson Rodrigues Pereira / Andréa Bastos Damico / Igor Velecico / Ellen Regina Steter / Priscila Pereira Deliberalli / Andréa Marcos Angelo / Leandro de Oliveira Almeida Análise Setorial: Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo Pesquisa Proprietária: Fernando Freitas / Leandro Câmara Negrão Estagiários: Ariana Stephanie Zerbinatti / Vitor Inocêncio / Mariana Carvalhaes / Gabriela Helena Demarchi / Vanderley Rodrigues Gonçalves Junior / Otavio de Almeida Janny Teixeira / Lucas Zaniboni O BRADESCO não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações e projeções. Todos os dados ou opiniões dos informativos aqui presentes são rigorosamente apurados e elaborados por profissionais plenamente qualificados, mas não devem ser tomados, em nenhuma hipótese, como base, balizamento, guia ou norma para qualquer documento, avaliações, julgamentos ou tomadas de decisões, sejam de natureza formal ou informal. Desse modo, ressaltamos que todas as consequências ou responsabilidades pelo uso de quaisquer dados ou análises desta publicação são assumidas exclusivamente pelo usuário, eximindo o BRADESCO de todas as ações decorrentes do uso deste material. Lembramos ainda que o acesso a essas informações implica a total aceitação deste termo de responsabilidade e uso. A reprodução total ou parcial desta publicação é expressamente proibida, exceto com a autorização do Banco BRADESCO ou a citação por completo da fonte (nomes dos autores, da publicação e do Banco BRADESCO). 5