Destaque Setorial - Bradesco Papel e Celulose

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1 Papel e Celulose 09 de junho de 2016 Segmento de celulose apresenta bom desempenho, na contramão da indústria brasileira Regina Helena Couto Silva Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos Na contramão da indústria brasileira, o segmento de celulose tem registrado recordes de produção, resultado de investimentos realizados nos últimos dez anos na ampliação da capacidade. O principal foco de destino do excedente gerado pelo incremento de capacidade foi a China e também a recuperação mais recente da Europa e dos EUA. O segmento de papel, por sua vez, vem sendo mais afetado pelo fraco desempenho da demanda doméstica. Esse movimento de forte expansão da produção de celulose e de estabilidade da produção de papel vem se repetindo desde o ano passado, mesmo com a forte retração pela qual passa a economia brasileira, como resultado do avanço dos embarques nos dois segmentos. Acreditamos que a produção brasileira de celulose deverá seguir em elevação, sustentada pela retomada da demanda Celulose Papel Exportações brasileiras de papel e celulose - em dos EUA e da Europa e pela continuidade de demanda chinesa, apesar da desaceleração do crescimento econômico no país. Esse cenário deverá continuar atraindo investimentos em ampliação da capacidade. A produção de papel também deverá se expandir, embora em ritmo menos intenso, já que o mercado doméstico ainda seguirá enfraquecido e as exportações, que são menos relevantes, seguirão em ampliação moderada, com a retomada nos mercados da América Latina, nosso principal destino. A expansão de demanda por celulose deverá sancionar alta de preços no mercado internacional, haja vista notícias divulgadas recentemente de elevações das cotações a serem aplicadas a partir do segundo semestre deste ano * Fonte: IBÁ Celulose Papel Produção brasileira de papel e celulose - em Fonte: IBÁ Elaboração e (*) projeção: BRADESCO

2 Europa China EUA Exportações de Celulose para principais destinos - em Fonte: Secex Exportações de papel por destino - em mil toneladas América Latina União Europeia EUA China Chile Fonte: Secex No início dos anos 1990, a produção de celulose girava em torno de 5,8 milhões de toneladas/ano, o mesmo volume da produção anual de papel. A partir do forte incremento das compras chinesas de commodities, a produção brasileira de celulose saltou de um patamar 7,4 milhões de toneladas em para 17,2 milhões de toneladas em. No mesmo período, as exportações saltaram de 3,2 para 11,5 milhões de toneladas/ano, de uma participação de 43% na produção doméstica para 67%. A participação chinesa nos embarques brasileiros subiu de 3,4% para 33,2% e o país foi responsável por 50% do incremento das exportações entre e. A produção de papel avançou desde, passando de 7,4 para 10,2 milhões de toneladas em, no entanto, alavancada pelo consumo interno, já que as exportações permaneceram no mesmo volume anual de 2 milhões de toneladas nesse período, perfazendo uma participação média de 20% na produção. Nos últimos três anos, a produção de celulose vem ampliando em média 7,5% ao ano, fruto de investimentos realizados em novas plantas, voltadas principalmente à exportação. No primeiro quadrimestre deste ano, a produção cresceu 10,9% ante o mesmo período do ano passado, enquanto os volumes embarcados expandiram 16,7%, com ampliação para todos os destinos, com destaque para a expansão de 16,8% para a China e 8,1% para a América do Norte 1. Para a Europa, que é o principal destino da celulose brasileira com 38,5% dos embarques, as exportações ampliaram 2,5% Já a produção de papel está estabilizada no nível de 10 milhões de toneladas nos últimos cinco anos. No ano passado, a produção doméstica de papel permaneceu praticamente estável, com leve recuo de 0,5%. O fraco desempenho do mercado doméstico, que registrou queda de 4,6%, foi o responsável por esse cenário. A retração não foi mais acentuada em razão da ampliação de 11,5% dos volumes exportados, com expansão principalmente para a América Latina (9,9%), para a China (74,6%) e para a Europa (6,3%). Contribuiu também para a queda menos acentuada da produção, o menor volume importado em 31,4%, em resposta ao câmbio depreciado e à demanda doméstica mais fraca. Com isso, as importações passaram a atender 9% do mercado doméstico, ante os 13% que atendiam no ano anterior. No primeiro quadrimestre deste ano, a produção de papel continuou estável, com leve variação positiva de 0,7%. O fraco desempenho da produção foi o reflexo do consumo doméstico que caiu 4,7% no período. Já as exportações ampliaram em 7,8%. 1 Representam respectivamente segundo e terceiro destinos com 33,2% e 17,6% nessa ordem. 2

3 Por fim, estimamos que as exportações de celulose e de papel seguirão em ampliação, com a retomada dos embarques de celulose para a Europa e para os EUA e pela continuidade para a China, apesar da desaceleração do crescimento chinês. Os embarques de papel deverão manter a expansão para a América Latina, principalmente para a Argentina. Com isso, estimamos elevação de 8% da produção brasileira de celulose neste ano. Já para o papel, apesar da ampliação das exportações neste ano, estimamos recuo pelo terceiro ano consecutivo, de 1% da produção, em linha com a fraca demanda interna. A tendência de ampliação da demanda externa, originária principalmente na China por papéis para imprimir e escrever e papéis tissue, abre boas perspectivas para a celulose brasileira de fibra curta, a mais usada para a fabricação desse tipo de papel. Isso deverá continuar favorecendo a ampliação dos investimentos em expansão no Brasil. Apesar disso, não vemos tendência de sobre oferta global de celulose de fibra curta, a mais produzida pelo Brasil. Isso se deve à combinação de expansão da demanda e fechamento de capacidade em países menos produtivos. A título de ilustração, desde, os investimentos elevaram a capacidade instalada no Brasil em 5,7 milhões de toneladas. Em outros players, houve fechamento de 1,9 milhão de toneladas de capacidade nesse mesmo período, em fábricas obsoletas. Segundo levantamento realizando pelo Ibá, os investimentos em novas plantas somam R$ 26 bilhões entre 2016 e 2020, devendo acrescentar 6,2 milhões de toneladas à produção brasileira, o equivalente a 36% da atual produção nacional. Com isso, o Brasil poderá alcançar a 3ª posição do ranking, ultrapassando o Canadá até Perfil Setorial A celulose produzida no Brasil tem 72% de origem no eucalipto, 21% no pinus e 7% em outras árvores. O Eucalipto dá origem à fibra curta, utilizada para a fabricação de papéis para imprimir e escrever e papéis sanitários (tissue), enquanto o pinus dá origem à fibra longa, mais utilizada para fabricação de embalagens, com exigem maior resistência. Devido à baixa produção de celulose de fibra longa, o País precisa importar 25% do que consome. O Brasil exporta 67% da celulose produzida, sendo os 33% restantes distribuídos entre consumo próprio da indústria e vendas no mercado interno para as indústrias de papel. Os principais destinos das exportações brasileiras de celulose são: 38,5% Europa 33,2% China 17,6% América do Norte 8,7% Ásia (ex-china) 1,8% América Latina 0,2% África O Brasil exporta 20% do papel produzido. Os principais destinos das exportações brasileiras de papel são: 56,8% América Latina 12,9% Europa 11,9% América do Norte 6,8% Ásia (ex-china) 6,4% China 5,2% África A celulose depende mais da demanda internacional e do comportamento da taxa de câmbio, já que quase 70% são destinados à exportação. O papel é mais dependente do nível de atividade doméstica, já que as exportações respondem por 20% da produção e dentre os principais tipos de papéis produzidos, 77% são embalagens e papel para imprimir e escrever. No segmento de celulose há atuação de empresas com grande escala de produção, mínima de 1,5 milhão de toneladas/ano, ao passo que no segmento de papel há maior fragmentação, atuando empresas de porte médio. As empresas de celulose operam 24 por dia e, portanto, existem paradas programadas para manutenção das fábricas. 3

4 O Brasil é o maior produtor mundial de celulose de fibra curta, pois o clima brasileiro favorece o plantio de eucalipto, ao passo que nos demais países produtores a produção de celulose de fibra longa é maior, pois o clima favorece mais as florestas de pinus. No ranking global de produção total de celulose (fibra curta e longa) o Brasil ocupa a 4ª posição, com 9% de participação, atrás dos EUA (30%), da China (10,8%) e do Canadá (10,2%). O Brasil é bastante competitivo no segmento de celulose: Clima favorável Base de produção baseada no Eucalipto que leva em média 7 anos para crescer, enquanto o Pinus, base dos demais players leva em média 15 a 20 anos Boa logística de escoamento da produção: florestas próximas das fábricas, que também são próximas de terminais privativos. Infraestrutura de escoamento de fábricas distantes dos portos é baseada no modelo trimodal, rodovia-ferrovia-hidrovia. O Brasil é o 9º maior produtor de papel, com 2,6% de participação. Os maiores players são: China 25,6%, EUA, 18,6%, Japão, 6,5%, Alemanha 5,7%, Suécia 2,9%, Coréia do Sul 2,8%, Canadá 2,7%, Finlândia 2,7%. Os principais itens de custos da produção de celulose são: 44% madeira, 23% produtos químicos, 13% manutenção, 8% combustíveis e 5% mão-de-obra. Os principais itens de custos da produção de papel são: 34% mão-de-obra, 15% madeira e fibras, 14% Produtos Químicos, 11% fretes, 11% Energia Elétrica e Óleo Combustível e 9% Manutenção. Do total de madeira utilizada pela indústria de celulose, 85% é de produção própria. Os 15% restantes são fornecidos por pequenos produtores no sistema integrado de produção. Do total de 7,74 milhões de hectares de árvores plantadas no Brasil, 34%, o equivalente a 2,63 milhões de hectares, são das empresas de celulose, sendo o restante distribuídos entre uso para siderurgia, painéis de madeira, móveis e produtores independentes. A distribuição regional do plantio de eucalipto no Brasil é a seguinte: 25,0% Minas Gerais 17,5% São Paulo 14,4% Mato Grosso do Sul 11,3% Bahia 5,5% Rio Grande do Sul 4,1% Espírito Santo 4,0% Paraná 3,8% Maranhão 3,3% Mato Grosso 2,9% Pará 4

5 Equipe Técnica Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Fernando Honorato Barbosa - Superintendente executivo Economia Internacional: Fabiana D Atri / Felipe Wajskop França / Thomas Henrique Schreurs Pires / Ellen Regina Steter Economia Doméstica: Igor Velecico / Estevão Augusto Oller Scripilliti/ Andréa Bastos Damico / Myriã Tatiany Neves Bast / Daniela Cunha de Lima / Ariana Stephanie Zerbinatti Análise Setorial: Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo Pesquisa Proprietária: Leandro Câmara Negrão / Ana Maria Bonomi Barufi Estagiários: Wesley Paixão Bachiega / Carlos Henrique Gomes de Brito O BRADESCO não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações e projeções. Todos os dados ou opiniões dos informativos aqui presentes são rigorosamente apurados e elaborados por profissionais plenamente qualificados, mas não devem ser tomados, em nenhuma hipótese, como base, balizamento, guia ou norma para qualquer documento, avaliações, julgamentos ou tomadas de decisões, sejam de natureza formal ou informal. Desse modo, ressaltamos que todas as consequências ou responsabilidades pelo uso de quaisquer dados ou análises desta publicação são assumidas exclusivamente pelo usuário, eximindo o BRADESCO de todas as ações decorrentes do uso deste material. Lembramos ainda que o acesso a essas informações implica a total aceitação deste termo de responsabilidade e uso. A reprodução total ou parcial desta publicação é expressamente proibida, exceto com a autorização do Banco BRADESCO ou a citação por completo da fonte (nomes dos autores, da publicação e do Banco BRADESCO). 5