Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

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1 Agosto de 2014 Mapa agrícola brasileiro registrou alterações relevantes nos últimos 20 anos, em busca de espaço para expansão da fronteira agrícola com custos mais competitivos Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos O setor agrícola brasileiro vem se consolidando como o mais diversificado quando comparamos com os demais países produtores agrícolas. Além de contar com ampla oferta de culturas, o País tem relevância no ranking global e dispersão regional. O Brasil é o maior produtor e exportador de açúcar, café e suco de laranja, e embora ocupe a segunda posição na produção de soja, fumo e carne bovina e avícola, é o maior exportador dessas commodities 1. Nos últimos 20 anos, a agricultura brasileira cresceu de forma significativa, expandindo a fronteira Setores Ranking de produção Ranking de exportação e álcool 1º 1º Café 1º 1º Suco de laranja 1º 1º 2º 1º Carne bovina 2º 1º Fumo 2º 1º Carne de frango 3º 1º 3º 2º Leite 4º Carne suína 4º 4º Algodão 5º 4º Cacau 5º Arroz 7º Trigo 15º O agronegócio brasileiro apresenta ampla capilaridade regional e diversidade de cultivos agrícolas. As regiões Centro-Oeste e Sul são as principais regiões agrícolas do País, com relevância na produção de grãos, carnes e leite. No Sul destaca-se também a produção de fumo voltado à exportação e a produção de frutas como pêssego, maçã, uva e pera. Essas regiões também apresentam perfil mais exportador, uma vez que Posição do Brasil no Ranking Global de Produção e Exportação de Produtos Agrícolas Fonte: USDA Regina Helena Couto Silva agrícola, com investimentos em tecnificação e profissionalização. Apesar de todo o avanço, ainda há desafios à frente principalmente os ligados à infraestrutura para escoamento da safra. O PIL (Programa de Investimento em Logística) lançado pelo Governo em agosto de 2012 prevê investimentos em ferrovias interligando regiões agrícolas para escoamento da produção. Embora as concessões dos projetos ainda não tenham sido realizadas, esperamos que estes investimentos possam trazer benefícios à infraestrutura agrícola do País nos anos à frente. as vendas externas do agronegócio representam respectivamente 86% e 53% da pauta exportadora do Centro-Oeste e do Sul, com destaque para soja, milho e carnes. O, embora não tenha participação relevante na produção de grãos, tem a pauta de produção mais diversificada do País. A região é forte em café, cana, suco de laranja, leite e carnes. 1 Para maiores detalhes vide a publicação de Julho de 2014, Avanço no campo garantiu ganho de participação do Brasil na produção e no comércio mundial de commodities agrícolas nos últimos anos. 1

2 São Paulo é o estado mais diversificado do, produzindo todas as culturas agrícolas e ainda tem forte presença na produção de borracha natural, com participação de quase 60% na produção brasileira. Nessa região as exportações agrícolas respondem por 20% da pauta exportadora. A região também conta com participação relevante do plantio de eucalipto utilizado para a produção de celulose, respondendo por 52% do plantio nacional. No Norte destaca-se a produção de guaraná e mandioca e no destacam-se as exportações de frutas como manga, melão, uva e castanha de caju para a Europa e para os EUA. O Norte- vem ganhando participação na produção de grãos, carnes e café nos últimos anos, destacando-se o Mapitoba 2. As exportações agrícolas respondem por 15% da pauta exportadora do Norte e por 37% do. Participação das regiões na produção de produtos agrícolas Produtos Norte Centro-Oeste Sul Grãos 2,0% 3,0% 5,0% 9,0% 21,0% 41,0% 53,0% 37,0% 19,0% 10,0% Café 8,0% 6,0% 4,0% 5,0% 4,0% 1,0% 11,0% 4,0% 73,0% 84,0% Sucroalcooleiro 14,0% 12,0% 9,0% 17,0% 7,0% 7,0% 70,0% 64,0% Carne Avícola 6,0% 18,0% 64,0% 60,0% 30,0% 22,0% Carne Suína 2,0% 5,0% 16,0% 81,0% 66,0% 12,0% 18,0% Carne Bovina 14,0% 20,0% 8,0% 11,0% 40,0% 36,0% 12,0% 12,0% 26,0% 21,0% Leite e Derivados 3,0% 5,0% 5,0% 5,0% 17,0% 14,0% 23,0% 36,0% 52,0% 40,0% Suco de Laranja 100,0% 100,0% Exportações Agrícolas (1) 15,0% 37,0% 86,0% 53,0% 20,0% Tão importante quanto identificar o mapa agrícola brasileiro, é relevante também acompanhar a mudança na dinâmica regional do agronegócio brasileiro. Nesse sentido, percebemos alguns movimentos como: (i) a migração de parte da produção de grãos do e do Sul para o Centro-Oeste e para o Mapitoba, em busca de terras mais extensas para cultivo com custos menores do que nas regiões agrícolas tradicionais e de mão-de-obra com custo mais baixo; (ii) a migração da pecuária de corte do para o Norte-, dando lugar à expansão da produção sucroalcooleira e a avícola e suína para o Centro-Oeste, em busca da oferta abundante de milho para ração na região; (iii) a migração da produção de leite do para o Sul do País, onde o nível de produtividade e de profissionalização na atividade é maior e (iv) a expansão do café no, mais especificamente na Bahia, cuja participação na produção brasileira da commodity subiu de 4% para 6% desde 1990 e (v) a expansão do plantio de eucalipto voltado à produção de celulose no Centro-Oeste, no Maranhão e no Piauí. Nos últimos 20 anos a agricultura brasileira passou por mudanças regionais relevantes, expandindo a fronteira agrícola, ampliando a profissionalização, buscando a redução de custos com terras e mão-de-obra e espaços maiores que possibilitassem a expansão acelerada. Nesse sentido a produção de grãos no perdeu participação no total do País, passando de 22,3% em 1990 para os atuais 9,3%, enquanto a participação no Sul caiu de 42,7% para 37,3%. O Mapitoba elevou a participação de 7,2% para 9,5%. No mesmo período a participação do Centro-Oeste quase dobrou, passando de 22,6% para 41,3%. No Norte- houve expansão do plantio de soja e de milho, culturas mais profissionalizadas e voltadas à exportação, ao passo que culturas mais básicas como arroz e feijão perderam participação. Um movimento mais recente, desde 2004, foi a ampliação dos abates de bovinos no Norte e, cuja participação passou de 14% para 19% e de 8% para 10% nessa ordem. No mesmo período a participação do e do Sul caiu de 26% para 20,7% e de 12% para 10,5% respectivamente. Desde 2004, a produção avícola continuou relevante no Sul do País, mas houve expansão mais expressiva de produção no Centro-Oeste. Com isso, a participação do Sul caiu de 65% para 61% enquanto a participação do Centro-Oeste subiu de 10% para 14%. Esse movimento teve origem na busca de custos mais baixos 2 Mapitoba Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia. 2

3 com a ração à base de milho. No mesmo período, a participação da produção de leite nos tradicionais produtores, São Paulo e Minas Gerais, caiu de 43% para 37%, ao passo que no Sul subiu de 26% para 37%. De forma resumida, as alterações mais relevantes no mapa agrícola brasileiro foram (i) a migração de parte da produção de grãos, de cana-de-açúcar e de carnes avícola e suína do Sul e para o Centro-Oeste, (ii) da produção de carne bovina do e Centro-Oeste para o Norte- e (iii) a ampliação da produção de leite no Sul do País. Daqui para frente acreditamos que a região Centro-Oeste e o Mapitoba deverão continuar registrando expansão da produção por contarem com disponibilidade de terras a preços mais baixos do que as regiões tradicionais, embora também tenham subido nos últimos anos. No Centro-Oeste, a expansão deverá continuar em grãos e cana e, na Bahia, deveremos observar a expansão de café, dado que o estado conta com bom nível de produtividade e com cafeicultura competitiva irrigada. Mas não acreditamos em novas alterações estruturais no mapa agrícola brasileiro. Devemos apenas observar expansão dos movimentos já iniciados há 20 anos. Importante ressaltar que os avanços da fronteira agrícola no Brasil ocorrem em grande escala sobre áreas de pastagens, muitas já degradadas, que foram recuperadas e transformadas em áreas próprias para grãos. Segundo o Ministério da Agricultura e Abastecimento brasileiro, para fazer frente à expansão esperada para a produção nacional, a área plantada total no Brasil deverá passar dos atuais 65 milhões de hectares para 72 milhões de hectares em 2023, o equivalente a uma expansão de 7 milhões de hectares, crescimento de 10,8%, com elevações mais robustas nas regiões Centro-Oeste, e Mapitoba. Os ganhos de produtividade, que cresceram em média 5% na última década, deverão acelerar nos próximos dez anos, sendo esperado incremento de 11% para as lavouras de grãos, em razão dos investimentos em mecanização, adubação, tratos culturais e tecnologia. Mas a logística merece atenção, pois necessita de investimentos em vias terrestres e portos para escoar a produção, hoje insuficientes para atender essa dinâmica esperada para os próximos anos. produtos na produção agrícola das regiões Produtos Norte Centro-Oeste Sul ,8% 52,8% 10,0% 37,6% 50,7% 52,7% 25,4% 42,2% 15,0% 29,6% 41,5% 30,1% 35,9% 45,2% 34,3% 41,5% 35,7% 35,3% 63,6% 63,4% Trigo 1,4% 0,1% 11,8% 7,6% 1,7% 1,2% Arroz 48,0% 15,5% 29,8% 5,3% 9,8% 1,1% 2 13,4% 10,6% 0,5% Feijão 7,7% 1,3% 18,7% 4,0% 1,6% 1,1% 2,9% 1,5% 5,6% 4,7% Algodão 2,0% 0,3% 5,6% 7,9% 2,2% 3,5% 4,0% 0,0% 3,5% 0,6% Grãos 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 60,0% 50,0% 42,7% 40,0% 30,0% 22,6% 20,0% 10,0% 9,9% 2,6% 0,0% 1990/91 Norte 52,7% Centro-Oeste Sul 49,6% 44,3% 42,8% 43,1% 41,3% 37,5% 30,7% 34,8% 33,2% 23,5% 14,6% 11,9% 8,9% 9,5% 9,3% 8,7% 2,9% 6,4% 3,3% 1991/ / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /13 /14 Safra de grãos por região - partic. (%)

4 Safra de grãos por região - em mil toneladas Norte Centro-Oeste Sul / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /13 /14 15,1% 60,8% Região Centro-Oeste 7,0% 1,8% Algodão 1,1% 0,0% 9,0% 18,0% 27,0% 36,0% 45,0% 54,0% 63,0% Produtos Agrícolas na Pauta de Exportação da Região Fumo Café Arroz Suco de Laranja 1,1% 2,9% 2,7% Celulose 12,2% 7,8% 7,6% Frutas 3,2% Álcool 1,5% Algodão 1,2% Cravo da Índia 0,8% Cacau 0,7% Fibras Têxteis Vegetais 0,7% Café 0,5% Fumo 0,4% Sal Marinho Suco de Laranja 0,1% 0,1% 0,0% 2,0% 4,0% 6,0% 8,0% 10,0% 12,0% 16,9% 27,3% 0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% Região Sul 4

5 Produtos Agrícolas na Pauta de Exportação da Região Café 2,8% 4,5% 5,2% 2,5% Celulose 2,1% Suco de Laranja 1,5% Álcool Leite 0,0% 1,0% 2,0% 3,0% 4,0% 5,0% 6,0% 1 Região Norte 5,0% 0,0% 2,0% 4,0% 6,0% 8,0% 10,0% 12,0% Equipe Técnica Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Marcelo Cirne de Toledo - Superintendente executivo Economia Internacional: Fabiana D Atri / Felipe Wajskop França / Thomas Henrique Schreurs Pires Economia Doméstica: Robson Rodrigues Pereira / Andréa Bastos Damico / Igor Velecico / Ellen Regina Steter / Leandro de Oliveira Almeida Análise Setorial: Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo Pesquisa Proprietária: Fernando Freitas / Leandro Câmara Negrão Estagiários: Ariana Stephanie Zerbinatti / Vanderley Rodrigues Gonçalves Junior / Otavio de Almeida Janny Teixeira / Lucas Zaniboni / Felipe Escandor Rubio / Thomaz Lopes Macetti O BRADESCO não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações e projeções. Todos os dados ou opiniões dos informativos aqui presentes são rigorosamente apurados e elaborados por profissionais plenamente qualificados, mas não devem ser tomados, em nenhuma hipótese, como base, balizamento, guia ou norma para qualquer documento, avaliações, julgamentos ou tomadas de decisões, sejam de natureza formal ou informal. Desse modo, ressaltamos que todas as consequências ou responsabilidades pelo uso de quaisquer dados ou análises desta publicação são assumidas exclusivamente pelo usuário, eximindo o BRADESCO de todas as ações decorrentes do uso deste material. Lembramos ainda que o acesso a essas informações implica a total aceitação deste termo de responsabilidade e uso. A reprodução total ou parcial desta publicação é expressamente proibida, exceto com a autorização do Banco BRADESCO ou a citação por completo da fonte (nomes dos autores, da publicação e do Banco BRADESCO). 5