, ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO GABINETE DO EXMO. DES. MÁRCIO MURILO DA CUNHA RAMOS ACÓRDÃO VOTO VENCEDOR APELAÇÃO CÍVEL N 200.2009.013329-5/002 7' Vara da Família da Capital RELATOR: Des. Genésio Gomes Pereira Filho RELATOR PARA O ACÓRDÃO: Des. Márcio Murilo da Cunha Ramos APELANTE: Luzia Luzinete Bezerra da Silveira e outros ADVOGADOS: Odon Bezerra Cavalcanti Sobrinho APELADA: Sudenil Soares da Silveira ADVOGADOS: Joselito Augusto Almeida APELO AÇÃO DE ALIMENTOS PROPOSTA POR EX- CÔNJUGE E FILHOS DEFICIENTES PROCEDÊNCIA PARCIAL --- CONCESSÃO APENAS PARA OS FILHOS IRRESIGNAÇÃO GENITOR COM ALTA RENDA NECESSIDADE DA EX-CÔNJUGE FILHOS DEFICIENTES ALEGAÇÕES SUFICIENTES PARA REVOLVER A DECISÃO A QUO CÔNJUGE IDOSA QUE NÃO COMPROVA AUTOSUFICIÊNCIA ALIMENTOS ARBITRADOS FILHOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS MAJORAÇÃO DEVIDA PERCENTUAL PEDIDO QUE EXTRAPOLA A RAZOABILIDADE PROVIMENTO PARCIAL. A obrigação alimentar entre cônjuges deve perdurar quando a alimentanda não é autossuficiente no seu sustento, não se encontra em idade compatível com mudança de vida e, ainda, que exerça atividade laboral, quando esta não revela rendimento compatível com a manutenção do seu status ao tempo da vida em comum. A fixação dos alimentos não pode ser imoderada, mas não pode ser silente às necessidades dos filhos, sobretudo quando portadores de necessidades especiais, quando na hipótese carecem de maior proteção e atenção. identificados. VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS os presentes autos acima ACORDA a Egrégia Terceir. Câmara ivel do Colendo Tribunal de Justiça do Estado, por maioria, em dar provimento arcial ao elo. RELATÓRIO
Trata-se de apelação cível interposta por Luzia Luzinete Bezerra da Silveira e outros, contra a decisão proferida pela Juíza da 7' Vara de Família da Capital (fls. 313/317) que, nos autos da ação de alimentos proposta em face de Sudenil Soares da Silveira, julgou parcialmente procedente o pedido formulado pelos autores, condenando o promovido ao pagamento de alimentos fixado em 25% (vinte e cinco por cento) dos seus rendimentos líquidos, excetuando os descontos obrigatórios, em favor apenas de seus filhos. Os apelantes alegam que o alimentante recebe renda cerca de $ 12.000,00 (doze mil reais), sendo sempre o provedor de toda a família. Que a ex-cônjuge e idosa e que com a renda que aufere não consegue prover-se. Ao final, pugnam pelo provimento do apelo no sentido de que seja o apelado condenado a pagar 10% (dez por cento) para sua ex-cônjuge e 50% (cinquenta por cento) em favor de seus filhos, ou, 30% (trinta por cento) para cada filho, totalizando 60% (sessenta por cento). Contrarrazões às fls. 331/333 A Procuradoria de Justiça, em seu parecer às fls. 351/352, opinou pelo desprovimento do recurso. É o relatório. VOTO: O cerne da controvérsia é estabelecer se os promoventes encontram-se em situação de premente necessidade e se o promovido, encontra-se em situação de amparalos,e, em caso afirmativo qual o percentual a ser definido para a referida obrigação alimentar. A obrigação de prestar alimentos tem como base, tradicionalmente, o binômio necessidade\possibilidade. Ou seja, exige-se a comprovação da necessidade de quem o pretende, e, em contrapartida, a possibilidade do outro de provê-los. A existência e a dimensão da obrigação merecem uma fixação com prudência consoante as regras da razoabilidade, sopesando a situação econômica dos sujeitos ativos e passivos. Perquirir a necessidade de quem pede, e a possibilidade de quem deve os alimentos, compreende a essência de toda ação que confere, revisa ou exonera esta obrigação. No caso em espécie, trata-se de ação de alimentos, pleiteados pela excônjuge (hoje com 67 anos) e dois filhos maiores, mas incapazes por motivo de deficiência, após o fim da união de 43 anos de casamento. A ex-cônjuge é pedagoga do Estado e recebe R$ 1.120,05 (um mil cento e vinte reais e cinco centavos) contracheque de fev/2011 fls. 284 - e o ex-cônjuge, e genitor, recebe aproximadamente R$ 12.000,00 (doze mil reais) março/2011 - conforme contracheque fls. 289. O apelado demostrou, a contestaç -o fls. 74, interesse em comprometer-se a continuar pagando o plano d saúde da ex-cônjuge e dos filhos na ordem de R$ 1.218, assim como ofereceu em audiência e conciliação o percentual de 27% aos filhos, tudo isso demonstra a possibilidade do apela o pagar 5% para a sua ex-cônjuge e 30% aos filhos.
Extrai-se das referidas informações, que, na união conjugal foi construído um alto padrão de vida, com grandes despesas, oriundas, em sua maioria, em decorrência de dois filhos com necessidades especiais. A genitora embora trabalhe e receba pouco mais de R$ 1.000,00 (um mil reais), o valor é insuficiente ao seu próprio sustento. Quanto a sua atividade profissional, percebe-se que seu desenvolvimento restou prejudicado diante da dedicação necessária conferida aos filhos do casal. Em contrapartida, o marido aufere alto salário e, na constância de 43 anos de casamento, foi o provedor de todas as despesas, querendo neste momento alterar abruptamente esta sua condição. Ressalte-se que as necessidades de pessoas portadoras de deficiência são maiores que as ordinariamente previstas por qualquer família sem tal problema, posto que o custo com remédios, consultas, fisioterapia, fonoaudiologia e outros acompanhamentos suplantam o cotiano de despesas comuns. Ressalte-se, que, foi a genitora que sempre teve o encargo de cuidar dos filhos e hoje encontra-se em idade avançada. A apelante, que hoje conta com sessenta e sete anos, dedicou-se à família, sendo dependente economicamente do apelado e, muito embora tenha feito curso superior e trabalhado, sua renda nunca foi responsável pelo sustento seu e de seus filhos. A obrigação alimentar conferida à ex-cônjuge deve ser fixada com total cautela, pois a mulher dependente deve refazer sua vida e não ficar eternamente dependente do ex-marido, não podendo a pensão ser caracterizada como aposentadoria. Nesse ínterim, a obrigação conferida a ex-cônjuge deve ser fixada de forma transitória quando refere-se a mulheres jovens que tenham condições de retornar ao mercado de trabalho. Mas, este não é o caso dos autos. A obrigação alimentar entre cônjuges deve perdurar quando a alimentanda não é autossuficiente no seu sustento, não se encontra em idade compatível com mudança de vida e, ainda, que exerça atividade laborai, quando esta não revela rendimento compatível com a manutenção do seu status ao tempo da vida em comum. Não se mostra justo desamparar uma mulher com idade avançada que deixou sua vida em segundo plano, para cuidar dos filhos e do marido, e com isso ele conseguiu uma renda que é dez vezes superior a sua, e agora pretende que a companheira de 43 anos, passe por infortúnios financeiros que nunca conheceu. Por outro lado, restou demonstrada a possibilidade do alimentante, arcar com a obrigação alimentar tendo em vista ser servidor público bem sucedido que possui vencimentos informados em torno de R$ 12.000,00 (doze mil reais), o que se coaduna com o elevado padrão de vida ostentado pelo casal. Neste sentido, acolho as razões do apelo, parcialmente, para reformar a sentença condenando o promovido a pagar alimentos ex-cônjuge no percentual de 8%, entendendo que assim está sendo atendido o binô necess dade/possibilidade. Quanto ao percentual c ndenado a tít o-de -alimentos para seus dois filhos deficientes, entendo este insuficiente às ecessidades dos mesmos, daí porque aumentos estes de 25% (vinte e cinco )para 30%(trinta po,cento).
A fixação dos alimentos não pode ser imoderada, mas não pode ser silente às necessidades dos filhos, sobretudo quando portadores de necessidades especiais, quando na hipótese carecem de maior proteção e atenção. Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL AO APELO, para condenar o réu/apelado a obrigação de prestar alimentos em favor da sua excônjuge/apelante, no percentual de 8 1)/0(oito por cento) e aumentar a condenação para os seus filhos/apelantes para o percentual de 30% (trinta por cento). É como voto. Presidiu a Sessão o Exmo. Sr. Des. Genésio Gomes Pereira Filho. Participaram do julgamento o Exmo. Des. Márcio Murilo da Cunha Ramos, o Exmo. Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides e o Exmo. Des. Genésio Gomes Pereira Filho. Presente ao julgamento o Exmo. Dr. Francisco de Paula Ferreira Lavôr, Promotor de Justiça convocado. João P de 2012. mio Murilo da Cunha Ramos Desembargador
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