PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO: PERCEPÇÃO DOS EMPRESÁRIOS E ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE PEQUENO PORTE Autores: Jeter LANG, Araceli GONÇALVES e Heloysa dos SANTOS Identificação autores: Coordenador do Projeto IFC-Campus Ibirama, Colaboradora IFC-Campus Ibirama e Bolsista Introdução As atividades empresariais desempenham, além de soluções sociais, fundamental papel econômico, o qual exige controle dos elementos envolvidos no processo administrativo de uma organização. Neste processo a ação do gestor é pautada em uma série de fatores que refletem diretamente no desempenho empresarial, sendo um destes, a tributação. O formato de recolhimento de tributos é regulamentado pelo poder público e divide-se em impostos, taxas e contribuições de melhoria (Lei Nº 5.172 de 1966). Especificamente para as organizações e quanto aos tributos, há a possibilidade de optar por um regime de tributação, sendo pelo simples nacional, lucro presumido ou pelo lucro real. A partir destas possibilidades o gestor deverá analisar qual delas será a mais adequada para a sua organização. Esta situação de escolha reflete no conceito de planejamento tributário. O conjunto de análises e atos que refletirão em possíveis melhorias econômicas e de estabilidade empresarial compõem o Planejamento Tributário (MALKOWSKI,2000; WIPPEL,2015; FABRETTI,2006). A competência em definir a melhor opção proporcionará vantagem competitiva para a organização, e do contrário, provocará efeitos negativos para o desempenho organizacional. A essência deste projeto consiste em descrever a condição tributária no Brasil, com maior ênfase aos itens relacionados com as empresas de pequeno porte. Isto pois em nossa região as empresas de pequeno porte são a maioria. O formato metodológico foi delineado para cumprir os seguintes objetivos: Identificar conceitos e definições de planejamento tributário; Identificar e verificar a legislação tributária para as empresas de pequeno porte; Descrever a percepção dos empresários em relação ao contexto tributário; Descrever a situação tributária de uma empresa de pequeno porte. Demonstrar com os
resultados simulações matemáticas que contemplem a aplicação dos conteúdos desenvolvidos no ensino médio. Material e Métodos Quanto aos procedimentos técnicos a pesquisa pode ser classificada em pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e estudo de caso. Classifica-se como estudo de caso pois foi investigada uma empresa e de forma mais aprofundada sua composição tributária, isto alinha-se ao entendimento de Triviños (1987, p. 134) o qual indica que estudo de caso é uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente. Trata-se de uma microempresa familiar localizada no município de Presidente Getúlio. Este estudo também é documental, pois foram coletados e analisados documentos produzidos pela empresa que demonstraram a condição relativa ao processamento tributário. Para Gil (2010, p. 51) [...] a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa.. Com os dados foi possível gerar simulações da situação tributária da organização por meio do uso de ferramentas pertinentes a disciplina de Administração Financeira. Este procedimento é vinculado ao planejamento tributário, sendo que seus resultados indicam a oportunidade da escolha por determinado formato de contribuição, ou seja, entre o simples, lucro presumido e lucro real. O questionário desenvolvido objetivou identificar a percepção dos empresários de Presidente Getúlio quanto ao contexto tributário, ou seja, qual a consideração sobre a carga tributária e verificar o entendimento dos empresários a respeito de tributos, forma geral e em sua empresa. O questionário foi elaborado considerando o estudo de Leal, Santos e Costa (2015). Resultados e discussão No período de Maio à Agosto de 2016 foram aplicados questionários aos associados da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) da cidade de Presidente Getúlio, sendo que retornaram 40 respostas. Entre os principais questionamentos, foi solicitada a opinião dos empresários com relação a complexidade da apuração dos impostos pagos.
Tabela 1: Opinião dos empresários de Presidente Getúlio sobre a legislação tributária brasileira ser muito complexa em 2016. Opiniões Nº de empresas Discordo totalmente 0 Discordo muito 0 Discordo pouco 1 Concordo pouco 2 Concordo muito 14 Concordo totalmente 23 Total 40. De acordo com a Tabela 1 e com a Figura 1, observa-se que 23 empresários (58%), sendo a maioria, concordam totalmente sobre a legislação tributária brasileira ser complexa. Este achado foi também evidenciado por Wippel (2015) em seu estudo Planejamento Tributário- Estudo de Caso numa Empresa do Ramo Madeireiro do Alto Vale do Itajaí que indicou a complexidade do sistema tributário. O estudo de caso permitiu fazer as simulações tributárias da empresa no enquadramento do Simples Nacional, Lucro Presumido e pelo Lucro Real, assim estão respectivamente enquadrados os valores na Tabela 2, Tabela 3 e Tabela 4. Figura 1: Opinião dos empresários de Presidente Getúlio sobre a legislação brasileira ser muito complexa em 2016.. Tabela 2: Simples Nacional Tabela 3: Lucro Presumido Tabela 4: Lucro Real Getúlio sobre a Observa-se que o valor referente aos tributos é inferior pelo enquadramento no Simples Nacional, indicando, dessa maneira ser a melhor forma para a empresa, que é a adotada na realidade. Cabe destacar que os outros dois formatos causariam maior valor a ser
recolhido pela empresa, no caso do Lucro Presumido a empresa pagaria R$207.271,92 a mais, no caso do Lucro Real a empresa pagaria R$254.795,60 a mais. Conclusão O presente estudo aborda, principalmente, a questão tributária na qual as organizações estão inseridas e as ações dos gestores quanto às escolhas para compor o planejamento tributário. Foi possível identificar conceitos e definições de planejamento tributário, sendo que a definição trazida por Fabretti (2006, p.32) que expressa O estudo feito preventivamente, ou seja, antes da realização do fato administrativo, pesquisando-se seus efeitos jurídicos e econômicos e as alternativas legais menos onerosas, denomina-se Planejamento Tributário nos esclarece adequadamente o entendimento geral do terma. A legislação tributária que envolve as empresas de pequeno porte está contida na Lei Complementar nº 123 de 2006, a qual apresenta as possibilidades de enquadramento tributário e, também, contém as demais obrigações do contribuinte. Destaca-se a utilização da taxa de 45% expressa na Ordem de Serviço Normativa N 1/71 de 1971 que aponta a expectativa de lucratividade das empresas por parte do fisco. Em consequência desta porcentagem é possível simular a formação do custo de mercadoria vendida (CVM), elemento importante para compor o planejamento tributário. Das análise dos questionários foi possível descrever a percepção dos empresários em relação ao contexto tributário, sendo que a maioria 58% dos empresários consideram o planejamento tributário complexo Ao presenciar a apuração dos tributos e identificar os documentos pertinentes a este processo foi possível descrever a situação tributária da microempresa objeto do estudo, sendo enquadrada no simples. Ficou evidente a dificuldade dos gestores da organização em compreender todo o processo tributário. Com os dados da empresa foram simulados os vários tipos de enquadramento tributário, sendo que a opção feita pela organização, o simples, demonstrou ser a melhor alternativa considerando que se configura com a com menor recolhimento de tributo.
Referências BRASIL. Lei Complementar Nº 123, de 14 de Dezembro de 2006. Código Tributário Nacional. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm > Acesso em: 25 de Set de 2016. BRASIL. Lei Nº 5.172, de 25 de Outubro de 1966. Código Tributário Nacional Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm > Acesso em: 25 de Set de 2016. BRASIL. Ordem de Serviço Normativa N 1/71, de 09 de Setembro de 197. Fixa Percentual de Lucro Bruto. Disponível em: < http://legislacao.sef.sc.gov.br/html/diversos/ordserv_01_71.htm > Acesso em: 24 de Set de 2016. FABRETTI, L. C.2006. Contabilidade Tributaria. 10. ed. Atlas, São Paulo. GIL, A. C. 2010. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6 ed. Atlas, São Paulo. LEAL, P. H.; SANTOS, B. F. ; COSTA, B. M. N.. Contabilidade, planejamento e tributos na visão das pequenas empresas da cidade de Juazeiro do Norte. RAC (IESA), v. 14, p. 203-226, 2015. TRIVINOS, A. N. S. 1987. Introdução à pesquisa em ciências Sociais: a pesquisa qualitativa em educação. Atlas, São Paulo. WIPPEL, J. Planejamento Tributário- Estudo de caso numa empresa do ramo madeireiro do alto Vale do Itajaí. 2015.9f. Conclusão (Bacharelado em Ciências Contábeis) - Universidade do Estado de Santa Catarina.