revista Os planos dos bancos para garantir uma travessia segura em casos de catástrofe Green IT: economize e salve o planeta



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Transcrição:

dossiê das principais fornecedoras de TI no País revista Abril 2008 Número 016 Ano 003 Green IT: economize e salve o planeta m-payment: a revolução que vem da África Os planos dos bancos para garantir uma travessia segura em casos de catástrofe

ESTA É UMA PUBLICAÇÃO DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BANCOS - FEBRABAN COPYRIGHT 2008 ABRIL TODOS OS DIREITOS RESERVADOS www.febraban.org.br COMISSÃO ORGANIZADORA Coordenador-Geral Carlos Eduardo Corrêa da Fonseca Membros Agostinho H. T. de Gouveia - ABN AMRO Real Carlos Augusto de Oliveira - Banco Itaú Darlene G. A. Fasolo - Santander Banespa Delfino Natal de Souza - Caixa Econômica Federal Keiji Sakai - HSBC Odair Garcia - Banco do Brasil Paulo Cherberle - Bradesco Wilson Inácio Nunes - Nossa Caixa Gerente Geral de Eventos e Cursos da Febraban Nair Macedo Superintendente das Assessorias Técnicas da Febraban Wilson Antonio Salmeron Gutierrez Consultor Luis Marques de Azevedo Assessor Técnico da Febraban Nilton César Gratão Superintendente de Comunicação Social da Febraban William Thomazzi Salasar Edição Danilo Vivan (MTB 46.219) Colaborador Vanderlei Campos Projeto Gráfico e Editoração Felici+Designers Pautas, Reportagens e Textos ABCE Comunicação Sede Av. Brigadeiro Faria Lima, 1485 15º andar Torre Norte, Pinheiros CEP 01452-921 São Paulo SP 08 18 16 12 A CORRIDA PELO M-PAYMENT Crescimento da tecnologia GSM estimula bancos e operadoras de telefonia na corrida pelo mercado das compras pelo telefone celular. Saiba mais sobre a bem sucedida experiência do Standard Bank, da África do Sul, no uso dos dispositivos móveis como instrumentos de acesso aos serviços bancários. 21 AVANÇO EM SEGURANÇA Vem aí, mais um seminário de Certificação Digital. Será dia 28, no hotel Gran Meliá Mofarrej, em São Paulo. A tecnologia, que eleva a segurança nas transações eletrônicas de pagamentos ou documentos, continua avançando. 22 QUEM É QUEM Uma relação com mais de 66 expositores e patrocinadores do Ciab Febraban 2008. Saiba quem são as empresas que participarão da exposição, conheça seus perfis, seus produtos e os principais lançamentos para o mercado financeiro. Índice Editorial 05 Green IT 06 Continuidade de Negócios 08 m-payment 12 Espaço Inovação 16 Digitalização 18 Certificação Digital 21 Expositores 2008 22

CIAB FEBRABAN 2008 BANCOS anos à frente O ano de 2008 será lembrado como um período importante para reflexão e decisões sobre o futuro das insti - tui ções financeiras. Con siderando a evolução dos modelos de negócios, dos marcos regulatórios e da tecnologia, precisamos fazer escolhas cientes de que elas vão determinar o comportamento do mercado, a for - ma como os bancos vão se relacio - nar com seus clientes e sua impor - tância para a realidade sócioeco - nômica nos próximos anos. Temos falado na criação e integração de no vos ca nais, na eliminação do pa pel nos negócios da in dús tria financeira, em ní veis su periores de segurança para transa ções ele trônicas e em novos e decisivos instrumentos de pa ga mento para assegurar o aten dimento à demanda do mercado e ao cres cimento e velocidade da economia. E a XVIII edição do Ciab Febraban vai tratar dessas iniciativas que influem no modelo de negócios ban - cário para as próximas décadas. Depois de 40 anos da lei que regulamentou o processo de microfilma - gem como cópia legal men te reconhecida te mos, enfim, um projeto de lei pron to para ser votado no Senado que vai reconhecer juridicamente os processos de digitalização de imagens, dan do o dinamismo e atualida - de que o setor financeiro tanto aguarda. A Febraban organizou um seminário especialmente de dicado a est e assunto, cu jas reco men da ções serão apresentadas em painel do Ciab sobre o tema. Outra forma de realizar negócios que procura atingir sua maturidade é o m-payment. Um concorrido seminário sobre pagamentos móveis já foi realizado e promovido pela Febraban despertando crescen te interesse pela sessão do Ciab Febraban 2008, quan do o tema será amplamente abordado. A integração entre os diversos canais será mais um item da programação do Ciab Febraban. Hoje, ain da sem contar com o elenco de ope rações realizáveis através de um celular, mais de 80% das transações ban - cárias já são feitas por meio ele trô - nico. Nesse cenário, a agência ban cária deixa de ser um ponto de prestação de ser viços e passa a desempenhar um fundamental papel de relacionamento e conquista de novos clien tes. Vamos evoluir ainda mais nas condições de segurança para o universo de transações eletrônicas, e este é o tema central do congresso neste ano: Tecnologia e Segurança. Nos so evento vai tratar de questões não menos importantes como o sucesso de propostas de desenvolvimento sustentável em Tecnologia, denominado, no meio, como Green IT. O progresso da Certificação Digital e a necessidade de processos que garantam a continuidade de negócios, além dos estudos que a Fede - ração promove para prever o Banco 15 anos à frente serão apresentados nas sessões do congresso. Vários desses temas estão nas páginas dessa revista e serão objeto de atenção especial nos seminários que precedem o Ciab Fe raban. Marque então na sua agenda: XVIII CIAB FEBRABAN, NOS DIAS 11 A 13 DE JUNHO DE 2008. Carlos Eduardo Corrêa da Fonse ca - Diretor de Tecnologia da Febraban e Coordenador Geral do Ciab Febraban 2008 2008 FEVEREIRO 05

CIAB FEBRABAN 2008 QUANDO O MENOS é mais Consolidação, virtualização e racionalização: no Green IT, a palavra de ordem é reduzir custos. Ganham a empresa e o meio ambiente. Sustentabilidade e lucro não devem, em hipótese alguma, ser conceitos antagônicos. A opinião é do consultor Aerton Paiva, da Apel Gestão de Projetos. Ele foi um dos palestrantes do seminário Green IT, primeiro dos eventos Pré Ciab - workshops criados com o objetivo de debater, com antecedência, questões que farão parte do Ciab Febraban. O foco ainda são os negócios. Trata-se de uma equação na qual, a partir de agora, a questão sócio-ambiental passa a ter peso; mas a variável econômica ainda predomina, afir - ma Paiva. Para os executivos da área de Tecnologia da Informação (TI) do setor financeiro, a responsabilidade am - biental começa na escolha de for - necedores que adotem comporta- mentos ambientalmente compa tí - ve is e vai até a redução do consumo de energia, o descarte correto dos produtos obsoletos e de material de escritório e a destinação do lixo tecnológico, como computadores, impressoras, cartuchos e papel. O seminário teve cerca de 100 participantes, representantes das principais instituições financeiras que discutiram os aspectos econômicos dos projetos de sustentabilidade, especialmente no tocante à economia de energia, reuso de material e reciclagem. Participaram, como pai ne - listas, Paiva, da Apel, David Ander - son, arquiteto de Green IT da IBM e Alex Freitas, diretor de vendas da HP. O tema voltará a ser deba tido em painel específico no Ciab Febraban 2008. TI É DAS ÁREAS QUE MAIS POLUEM O impacto da utilização dos dispositivos da área de TI no meio ambiente é enorme: segundo um estudo da ONU (2007), nada menos que 15% do efeito estufa é causado por produtos e processos de informática. Num cenário em que a venda de com putadores vem aumentando em ritmo acelerado - principalmente nos países emergentes - que incorporam, ano a ano, uma enorme massa de novos consumidores, como Brasil e China - crescem, também, os pro - blemas ambientais relacionados ao uso intensivo da tecnologia. Alguns dados dão uma idéia dos impactos da atividade: (1) é necessária 1,8 tonelada de materiais para fabri - car um monitor de LCD (17 pole- 06 FEVEREIRO 2008

CIAB FEBRABAN 2008 gadas); (2) até o final de 2007, haverá 300 milhões de computadores obsoletos no mundo; (3) a grande maio - ria dos data centers pode consumir e ner gia de cidades inteiras. Diante de um quebra-cabeças no qual é preciso encaixar sustentabilidade e rentabilidade, os executivos do setor fazem as contas para encontrar uma solução. Um estudo da IBM aponta que, num cenário em que são adotadas as melhores práticas na gestão de servidores, a economia de energia pode chegar a 55%. É o estado da arte, aponta Anderson, da IBM. Essa economia pressupõe, por exemplo, a adoção de refrigeração líquida para os servidores, a consolidação dos data centers e a virtualização dos servidores. Freitas, da HP, lembrou que a refri - geração representa até 70% dos custos de energia de um data center. E que aproximadamente 85% dos data centers no mundo estão super dimensionados. Consolidação, virtua - lização e adoção de tecnologias mais eficientes são, portanto, pala - vras de ordem na gestão de servidores e data centers. Outro desafio é destino do lixo tecnológico que vai ficando pelo cami - nho, na esteira da modernização. Uma das iniciativas apresentadas pela HP no workshop é o programa Planet Partners de coleta e reciclagem. O programa consiste na retirada, pela companhia, de suprimen - tos para impressão de clientes corporativos selecionados e atende solicitações de, no mínimo, 10 peças. Desde seu lançamento no país, em 2003, o programa garantiu a retirada e reciclagem de 180 toneladas de equipamentos. Considerando-se que, nos próximos anos, o uso de recursos de informática deverá aumentar substancialmente e, com eles, os custos de insumos e matérias primas, racio na lizar o uso de recursos de TI, mais que uma postura am bientalmente correta, tem a ver com economia e ganho de produtividade - e, portanto, com lucro. Nesse ponto Anderson, da IBM, Paiva, da Apel, e Freitas, da HP, têm opiniões convergentes. Paiva, da Apel, questionou o papel de consumidores e empresas na busca por soluções que reduzam os impactos ambientais das atividades econômicas. De onde virão as motivações para transformar o discurso da sustentabilidade em ações concretas?, questionou. Dos próprios consumidores? Dificilmente. Uma pesquisa do Instituto Akatu revela que 66% dos consumidores nun ca deixou de comprar um produto porque seu fa - bricante não a presente comportamento sócio-ambi entalmente cor - reto. Ainda há uma clara divergência entre o discurso e a prática; a maior prova disso são as vendas de CDs piratas, influenciadas basicamente pelo fator preço. Também são escassas, na opinião de Paiva, as chances de as mudanças ocorrerem a partir de iniciativas das próprias empresas. Uma pesquisa do Instituto Ethos mostra que as companhias que ocupam a liderança nesse tipo de posicionamento têm se man tido nas mesmas posições há dois ou três anos. E a nota média dada às empresas nessa pesquisa pouco tem evoluído. Aparentemen - te, estamos estagnados, opina Pai va. A avaliação é de que há um muro, uma barreira, composta por uma série de idéias e preconceitos em relação à sustentabilidade, tais como (1) a de que a sustentabilidade é uma moda passageira ; (2) de que se trata de idéias adotadas apenas por ge -rentes e pelo alto escalão das companhias e que, portanto, nunca serão adotadas pelos níveis mais baixos e (3) de que são medidas adotadas pelos que não têm de apresentar resultados. Paiva é quem dá a palavra final. Mesmo diante dessa situação, a mensagem é clara: há um sentimento generalizado de que do jeito que está não dá para continuar. É preciso, portanto, atra - vessar o muro. David Anderson, arquiteto de Green IT da IBM 2008 FEVEREIRO 07

CIAB FEBRABAN 2008 À PROVA de udo Em 1920, a empresa americana John B. Eichleay mudou de lugar um prédio de oito andares, com cinco mil toneladas, no centro de Pittsburg, Arkansas (EUA), sem interromper os negócios e sua infra-estrutura como água, eletricidade e gás. A mudança foi para permitir o alargamento de uma avenida e o prédio foi arrastado em 12 metros ao custo de US$ 80 mil. Em 1930, a mesma empresa realizou o mesmo tipo de operação em outro prédio de oito andares e 12 mil toneladas da Companhia Telefônica Bell, em Indiana, Indianápolis (EUA), também sem interromper os serviços de telefonia de 650 funcionários que lá trabalhavam, atendendo 60 mil clientes. A mudança foi em ângulo de 90º e 76 metros de distância e custou US$ 225 mil. Sem dúvida, essas foram algumas das primeiras iniciativas de Gestão de Continuidade de Negócios (BCM - Business Continuity Management). Hoje, quem implanta um programa desse tipo procura determinar com precisão as vulnerabilidades operacionais de sua empresa e estruturar planos de continuidade de negócios para enfrentar com eficácia situações adversas, para evitar qualquer tipo de interrupção do negócio. O principal objetivo é garantir a sobrevivência da corporação. Segundo Wilson Antonio Salmeron Gutierrez, supe - rintendente das Assessorias Técnicas da Febraban e membro da subcomissão de Gestão de Continuidade de Negócios da Febraban, a questão ganhou força a partir dos atentados terroristas de 11 de setembro nos Estados Unidos, mas a preocupação já existia. Alguns anos antes, por exemplo, quando o assunto era o bug do milênio, muito foi feito nesse sentido. Notamos várias ações típicas de toda uma Gestão de Continuidade de Negócios, como treinamento, planos alternativos, análises de riscos, análises de impacto nos negócios, comunicação com a mídia e clientes. VITAL PARA OS BANCOS Na opinião de Gutierrez, o processo de Gestão de Continuidade de Negócios é importante para os bancos no sentido de se evitar paralisações nos negócios e no atendimento aos clientes e às expectativas dos seus acionistas; no combate às ações de má fé em tempos de crise (falta de controles); na manutenção da reputação; na garantia do cumprimento das obrigações regulatórias e legais; na eliminação de prejuízos financeiros; na redução da probabilidade de erros. Podemos ainda considerar que todas as empresas, independente do ramo de atuação, devem ter sua continuidade de negócios como parte do esforço para a sustentabilidade. Não há negócio sustentável sem um plano que garanta sua continuidade, afirma Adolfo Costa, representante titular do Real na subcomissão e analista de Continuidade de Negócios do Real. 08 FEVEREIRO 2008

Ataques terroristas, quedas de fornecimento de água, energia e até invasões de hackers. Não há negócio sustentável sem um plano que garanta sua continuidade. Os bancos já perceberam isso e investem em programas de Gestão de Continuidade de Negócios. Hoje, esse tipo de programa pode ser encarado até mesmo como aspecto de concorrência, pois uma organização pode se arriscar mais na sua estratégia de negócios se tiver maior controle sobre seus riscos. Em julho de 2007, o Banco Central publicou a Resolução 3.380, que obriga os bancos a terem sua estrutura de Gestão de Riscos e Planos de Conti nui - dade de Negócios, incluindo seus fornecedores. Isso fez com que os bancos, principalmente os grandes, se conscientizassem da real necessidade. A partir disso, a questão pode ser encarada até mesmo como aspecto de concorrência, pois uma organização pode se arriscar mais na sua estratégia de negócios se tiver maior controle sobre seus riscos. A continuidade de negócios pode ser vendida aos clientes como um diferencial em termos de segurança, ressalta Gutierrez. COMO FAZER Todos os bancos, de acordo com Costa, do Real, de - veriam implantar o seu Programa de Gestão de Continuidade de Negócios, criando uma metodologia presente em todos os momentos, que pode mudar constantemente, seguindo as alterações significativas nos processos, pessoas, tecnologia etc. Gutierrez dá a receita. Para ele um programa de Gestão de Continuidade de Negócios passa por várias fases, como convencimento da gerência sênior; implementação de uma política corporativa da Gestão de Continuidade de Negócios; implementação de uma Metodologia de Gestão de Continuidade de Negócios; treinamento para a conscientização para o tema; análise de riscos; análise de impacto nos negócios (BIA - Business Impact Analysis); elaboração dos planos de Continuidade de Negócios; testes e treinamentos; auditoria e atendimento a regulatórios. Mas não são apenas os bancos que se preocupam com essas questões. Costa, do Real, relata que, em geral, as organizações estão investindo em Continuidade de Negócios. Especialmente os fornecedores dos bancos estão preocupados em se alinhar com as exigências legais (Resolução 3.380 do Banco Central). Empresas de serviços de tecnologia, de telefonia, são exemplos de segmentos que investem pesado nos planos alternativos, pois precisam cumprir contratos que têm embutidas cláusulas de indisponibilidade (níveis de contrato de serviço ou SLA em inglês, Service Level Agreement). É uma necessidade que toda boa organização deve seguir, desde as pequenas até as grandes empresas, governamentais ou privadas, as do terceiro setor, profissionais autô - nomos, indústria etc. O escopo da própria norma ABNT NBR 15999-1:2007 - Gestão da Continuidade de Negócios - Boas Práticas indica a abrangência do assunto, diz Costa.

CIAB FEBRABAN 2008 O TRABALHO DA FEBRABAN Em fevereiro foi criada a subcomissão de Gestão de Continuidade de Negócios, subordinada à Comissão de Gestão de Riscos, sob a coordenação do Comitê Executivo de Suporte e Controles. O coordenador da subcomissão é Márcio Aurélio Nóbrega, executivo do Banco ABN AMRO Real. Essa subcomissão foi criada por iniciativa de algumas instituições financeiras, como Banco ABN AMRO Real, Itaú, Bradesco, Santander, Nossa Caixa, JP Morgan, Cacique e Unibanco. Os representantes desses bancos sugeriram que esse grupo passasse a fazer parte da estrutura das comissões e subcomissões da Febraban. Consultada, a diretoria da Febraban aprovou a criação da subcomissão de Gestão de Continuidade de Negócios, conta Gutierrez. O superintendente afirma que uma das evidências para a criação dessa subcomissão foi identificada no ano passado, quando questões sobre padronizações de alguns relatórios referenciados em resoluções do Banco Central foram colocadas em pauta. Como fazer? Qual formato? Qual plataforma? Outros quesitos que foram colocados para a criação da subcomissão foram benchmark, pes - quisas, alinhamentos, treinamentos, certificações indivi - duais e corporativas etc. Outra questão significativa, que move os trabalhos da subcomissão é a necessidade dos bancos terem um procedimento implementado para gerenciamento de crises. Sabemos que a forma de funcionamento do setor financeiro, hoje globalizado, segue a Teoria do Caos (uma borboleta que bata as asas na Ásia pela tarde, pode causar um furacão pela manhã do dia seguinte na América) lembra Costa, que faz questão de salientar que todos os bancos afiliados à Febraban podem participar dos traba - lhos da subcomissão. A Nossa Caixa já enfrentou perda do mainframe e de servidores críticos; perda de ambientes físicos, fogo, enchentes e resistiu. Ven - ceu todos esses problemas e manteve a operação em andamento. Todos esses fenôme - nos fazem parte dos testes de incidentes promovidos pela área de Ges tão de Continuidade de Negócios da instituição, que está subordinada a Segurança da Informação que, por sua vez, está ligada à diretoria de Tecnologia da Informação. Segundo Álvaro Leis, coordenador de Contingência e Continuidade de Ne - gócios da Nossa Caixa, quando são feitos os testes de incidentes a área de continuidade é imediatamente acio - na da para ativação do plano, segundo a metodologia utilizada. Dependen - do do caso, pode ser ativado o plano global ou parcial. As ações são to - madas de forma centralizada e o relatório é gerado para coleta de evi - NOSSA CAIXA ESTÁ PREPARADA PARA OS DESASTRES dências. Comunicamos a área de controles internos para que o fato seja registrado no relatório semestral, e também a auditoria interna. COMPROMETIMENTO TOTAL José Waldir Pacheco de Carvalho, gerente de Segurança da Informação da Nossa Caixa diz que os níveis exe - cutivos, de negócios e de tecnologia estão totalmente integrados a este processo na Nossa Caixa. O Sistema de Gestão de Continuidade de Ne - gócios - SGCN, é um processo dentro de um macroprocesso de contro - les, na cadeia de valor da institui ção. Os assuntos são tratados nos comi - tês de Controles Internos, de Riscos Operacionais e de Auditoria. Inú - me ros investimentos são efetuados, tanto nas áreas de negócios como em ambientes tec nológicos, e também em treinamentos. Existe um com prometimen to em to - da a organização pa ra esta questão. Na Nossa Caixa, a área que cuida da continuidade de negócios tem atividades e um planejamento específico no decorrer de cada semestre. Te mos atualmente seis profissionais dedi ca - dos ao tratamento desse pro ces so, com foco em TI, negócios e pes soas. Fazemos gestão dos planos e dos sites de contingências, acompa nha mos os testes, trei na mos o usuá rio no uso de ferramentas e aplica mos met odologia de GCN, conta Carvalho. Esses profissionais precisam conhecer o negócio da Nossa Caixa e devem co nhecer quais os ativos tecnológicos e de negócios, suportam cada segmento do banco. Deve conhecer e aplicar bem as meto dologias e dar 10 FEVEREIRO 2008

CIAB FEBRABAN 2008 GUTIERREZ (FEBRABAN) Gestão de Continuidade de Negócios evita paralisações nos negócios e no atendimento aos clientes e na manutenção da reputação ênfase aos pontos vulneráveis, sejam de ordem infra- es trutura, de processos e de pessoas. Devem acompa - nhar os usuá rios, subsidiando-os na execução de planos de continuidade de negócios, bem como atuar no planejamento de execução de testes periódcos, visando o aprimoramento e coleta de evidências. Sugere-se certifica ções como: DRII, BCI, COBIT, ITIL, CISSP, CISA, CISM, MCSO, Auditores ISO 27001. CERTIFICAÇÃO INÉDITA Em fevereiro, a Nossa Caixa recebeu a certificação da BS 25999 - parte 2 (norma britânica de continuidade de negócios), para o escopo de Continuidade de Negócios do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) para a baixa plataforma. Somos a pri - meira instituição financeira do mun - do a conseguir esta certificação e a terceira empresa do mundo a consegui-la, comemora Leis. O plano de testes da instituição junto às áreas de negócios é feito diariamente. Além disso, o banco tem um teste integrado semestral com todas as á - re as de negócios para coleta de evi - dências. Desenhamos cenários de cri ticidades alta, média e baixa. As - sim, em caso de sinistros, sabemos quais ações deveremos prio rizar. Realizamos testes em ambien tes de TI, com foco no SPB. Atu al mente, da - mos ênfase ao ambiente de produ - ção (data center principal), projeto GDPS (replicação de datacenter), se - ja para ambientes de alta como de baixas plataformas. O COMEÇO Para Pacheco, os atentados terroristas de 11/09 de 2001, nos EUA, ti ve - ram papel fundamental na que stão. Sem dúvida nenhuma, esta data ficará marcada para sempre. Foi um choque mundial, pois os atentados atingiram em cheio o núcleo do sistema financeiro dos EUA. Muitas histórias se ouviram e muitas foram citadas como exemplo. O fato é que a continuidade de negócios foi amplamente discutida, acendendo a cha ma da preocupação. No Brasil, ele destaca como grande impulso a Resolução do Bacen - BC2554, onde se imputou a respon - sabilidade de garantir a continuidade dos negócios pelos principais executivos da empresa. Quando surgiu o SPB - Sistema de Pagamentos Bra - sileiro, a gestão da continuidade tor - nou-se uma exigência, inclusive sujeita à multa e penalidades. Mais recentemente com a publicação da Reso lução 3380, que tratou de Risco Ope racio - nal, é que se concretizou efe tivamente a questão de Continuidade de Negócios no sistema financeiro nacional, comenta Pacheco. Hoje a Nos sa Caixa possui ferramentas para geração e administração de planos de conti nui - dade de negócios na Intranet. Já fo - ram treinados apro ximadamente 250 usuários segundo a metodologia interna. É atualmente uma área com alto nível de maturidade, estando no nível 4 do COBIT (DS4). 2008 FEVEREIRO 11

CIAB FEBRABAN 2008 na onda do M-PAYMENT Consolidação da tecnologia GSM abre espaço para popularização dos pagamentos pelo celular. Bancos e operadoras de telefonia buscam modelo para aproveitar essa onda. US$ 3.2 bilhões em pagamentos no mundo utilizando telefone celular 30% das transações bancárias online nos EUA serão completadas via dispositivos móveis. No Brasil, 10% 204 milhões de usuários de Mobile payments gerarão U$22 bilhões em transações Fonte: Apresentação de Julio Ramos (Microsoft), no seminário de m-payment 12 FEVEREIRO 2008

CIAB FEBRABAN 2008 Depois das primeiras experiências com serviços de pagamentos por celular - predominantemente pelo sistema de mensagens SMS - chegou a hora de o segmento se desenvolver, ganhar um padrão e conquistar uma clientela compatível com os mais de 126 milhões de aparelhos que fazem do Brasil um dos campeões mundiais no uso de celulares. Essa foi uma das conclusões do Seminário internacional m-payment promovido pela Febraban, dia 27 de março. O encontro é um dos eventos pré-ciab e contou com 153 participantes. A popularização da tecnologia GSM deverá favorecer a nova realidade. Por enquanto, a maioria das instituições oferece, por meio de seus serviços de Mobile Banking, a possibilidade de realizar operações simples como verificação de saldos e extratos. Agora, surgem as transferências eletrônicas por dispositivos móveis. PADRÃO E TARIFAS Para discutir um modelo que possibilite a integra ção entre bancos e compa nhias telefônicas, foi cri a do, após o Ciab Febraban 2007, um grupo de traba lho (GT) de Pagamentos Móveis. Os integrantes do GT identifi ca - ram alguns gar galos ao de - senvolvimen to desse mer - cado, tais como a não exis - tência de um aplicativo pa - drão para os clientes (co mo os brow sers na Internet) e as elevadas tarifas cobra - das nos servi ços SMS (de bancos e clientes). Nessas circunstâncias, o grupo está desenvolvendo um estudo levando em conta a criação de uma mensageria padrão, de modo a reduzir custos para a indústria de telecomunicações e para os bancos, os principais agentes desse processo. A padronização na infra-estrutura e mensageria levará a uma economia de escala viabilizando os micropagamentos. celular, bancos emissores, varejistas e adquirentes. Peça fundamental, no entanto, é a figura do chamado Trusted Service Management (TSM), um elo de ligação entre empresas de telefonia e bancos. Suas funções seriam a de distribuir, de forma segura os aplicativos, e a de compensar as operações entre as empresas de telefonia e os bancos. No Brasil, essa função poderia ser desempenhada pela CIP. A entidade já atua numa parte importante dessa cadeia, afirma Kavakama. DE OLHO NO MERCADO Independente dos projetos a serem desenvolvidos, os principais players desse novo e potencialmente gigantesco negócio já se movimentam, de olho nas oportunidades de negócio. A Oi já contabiliza mais de um milhão de usuários ca - dastrados no seu serviço de pagamentos móveis, o Oi Paggo. Lançado há um ano, o sistema possui 29 mil estabelecimentos co - mer ciais cadastrados. Em fevereiro, o serviço re gis - trou R$ 10,4 milhões de movimentação. O valor mé dio por operação é de R$165 usado, predominantemente, para operações KAVAKAMA (CIP) diz que GT está desenvolvendo estudo para criar mensageria padrão e reduzir custos para a indústria de telecomunicações e os bancos. O superintendente geral da Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), Joaquim Kavakama, avalia que um modelo apropriado para o Brasil seria semelhante ao ecossistema de pagamentos desenvolvido pela GSM Association (www.gsmworld.com). O sistema pressupõe a existência dos seguintes atores: clientes, operadoras de de recarga de celulares, objetos tecnológicos, compras de vestuário e farmácias. O funcionamento é simples: o lojista inicia a transação, pelo celular, informando o valor da compra e inserindo o número do celular do portador. 2008 FEVEREIRO 13

CIAB FEBRABAN 2008 O cliente, pelo seu aparelho, autoriza a operação. Finalmente, a Paggo, empresa da Oi responsável pela admi - nis tração das transações, confirma a operação. Toda a estrutura, composta por processadora, credenciadora (adquirente) e administradora é da própria Oi. O gerente de Mobilidade da Oi, Leonardo Caetano, avalia que a adoção de um modelo comum, como o apresentado por Kavakama, da CIP, seria importante para ampliar esse mercado. Fundamental essa grande joint venture proposta; não somos concorrentes dos bancos e uma estrutura dessas faria com que competíssemos num mercado total de mais de 100 milhões de potenciais usuários e não apenas na nossa base de clientes Oi, diz Caetano. ESTRÉIA DO BB Já o Banco do Brasil (BB) anunciou oficialmente sua estréia no mercado de transações por meio de celulares, também usando a tecnologia SMS (envio de textos, ou o torpedo ) de confirmação de operações de compra. O serviço permitirá a realização de negócios de baixo valor - R$ 1 a R$ 100,00. Pedro Luis Pivotto, da gerência de Canais do Banco do Brasil, informou que, nos três primeiros dias de operação - oficialmente inaugurado no dia 24 de março, a entidade cadastrou cerca de 300 estabelecimentos comerciais em São Paulo e no Distrito Federal. A Visanet atuará como credenciadora e administradora, e desenvolverá os POS (usados em operações a cartão) adaptados para operar com os celulares. A meta é ajudar o cliente a, por exemplo, acionar um disk-pizza. O cliente liga (pelo celular) para a pizzaria e faz o pedido; depois recebe uma mensagem encriptada no seu celular e autoriza o débito em conta através de SMS. Desde 2006, o BB oferece serviços de Mobile Banking. e-money O FUTURO VEM DA ÁFRICA Um país com renda per capta de US$ 5 mil, significativa parcela da população na informalidade e baixo acesso a serviços bancários. Não, não estamos nos referindo ao Brasil. O caso em questão é o da África do Sul. Aumentar a bancarização a partir de uma já extensa e consolidada base de telefones móveis é um desafio comum nos dois países. Esse foi o tema da palestra do sul-africano Herman Sing, diretor da Beyond Payments (empresa do grupo Standard Bank) no seminário de m-payment. O Standard Bank, maior grupo bancário da África do Sul instituiu uma joint venture com a maior companhia de telecomunicações local, a MTN, para lançar o MTN Banking. O sistema baseia-se em quatro pressupostos vitais, segundo Sing, para garantir os usuários das classes mais baixas, sem acesso a serviços ban - cários: (1) não é preciso pagar para adquirir o sistema; (2) não é preciso pagar para manter o sistema; (3) não há custos mínimos e (4) os usuários só pagam pelo que utilizam. CARTEIRA VIRTUAL Para abrir uma conta no MTN Banking, o interessado leva apenas 15 minutos e tem de responder somente cinco perguntas. Cumprida essa etapa, passa a ter uma conta virtual, cujo acesso é realizado pelo celular, com créditos de 150 randes (aproximadamente R$ 50) por dia. Além das contas criadas por celulares, a população possui a chamada carteira virtual, que viabiliza trocas comerciais que não envolvem dinheiro (o e-money). Calcula-se que na África do Sul, as operações móveis movimentem 150 bilhões de Randes (US$ 19 bilhões), enquanto o meio circulante total é de 65 bilhões de Randes (US$ 8 bilhões). Desde 2002, a Beyond Payments atua com serviços de Mobile Banking. Inicialmente, as operações e - ram rea lizadas na plataforma WAP (I e II). Em 2003, foi adotado um sistema de reconhecimento de voz, e, em 2004, a companhia passou a utilizar a tecnologia USSD, mais apropriada para ope rações de m-payment. Atualmente, a Beyond desenvolve ferramentas e aplicativos para GSM e 3G. Sinergia entre operadoras e bancos; produtos simples e de baixo custo; coexistência das novas tecnologias com os já consagrados cartões de plástico. Esses três ingredientes compõem a receita de su - cesso do modelo desenvolvido do outro lado do Atlântico. 14 FEVEREIRO 2008

CIAB FEBRABAN 2008 Iniciativa já beneficiou 51 empresas start-ups que desenvolvem tecnologia. Uma delas, a SML, inicia processo de exportação. evolução a partir do ESPAÇO INOVAÇÃO Espaço Inovação abriu oportunidades no exterior e no Brasil para a SML Trabalho iniciado há quatro anos pela Febraban - Federação Brasileira de Bancos e pelo ITS - Instituto de Tecnologia de Software, o Espaço Inovação apresenta, em 2008, seus primeiros resultados. A SML, empresa da área de gestão de documentos e automação e que já havia participado por duas edições parte, agora, para um projeto mais ambicioso: ser expositora, com estande próprio, ao lado de gigantes como IBM, Microsoft e Itautec. O gerente de Negócios e Parcerias, Oerton Fernandes, explica que o objetivo é aumentar a participação e fortalecer a marca como empresa fornecedora de soluções em ECM (Enterprise Content Management), BPM (Business Process Management) e Automação. A estréia foi há três anos. Vimos no Ciab uma maneira de mostrar nossos produtos para os profissionais que atuam no mercado financeiro e securitário, áreas usuárias das soluções da empresa, explica Fernandes. MERCADO EXTERIOR Em 2007, o faturamento da SML cresceu 15% acima do registrado em 2006. Para 2008, os planos prevêem, até junho, aumento de 30% em faturamento. Para isso, a empresa está investindo na conquista de mais 10 canais de integração para o mercado interno, que deverão se unir a outros cinco localizados em países da América Latina e Europa. Nossas soluções buscam atender as necessidades dentro das corporações, ou seja, 16 FEVEREIRO 2008

CIAB FEBRABAN 2008 BELLINETTI (ITS) As pequenas empresas têm uma chance de mostrar seu valor organizar, estruturar, assegurar e melhorar o fluxo de trabalho. Essa é uma das explicações para o nosso crescimento.mas, afinal, a participação no Espaço Inovação foi ou não importante para esse crescimento? Fernandes não tem dúvida que sim. Auxiliou-nos na abertura de novas oportunidades no mercado exterior e no Brasil. Fechamos contratos com dois dos principais bancos nacionais. O executivo deixa um recado para outras empresas que também apostam no Espaço Inovação: muito estudo e dedicação no desenvolvimento de seus produtos e serviços. PARA INICIANTES O Espaço Inovação é caracterizado pela escolha de empresas ainda iniciantes, com faturamento anuais inferior a R$ 10 milhões e que sejam brasileiras e desenvolvam soluções tecnológicas interessantes, passíveis de serem usadas em processos de Tecnologia da Informação (TI). Todo ano, uma comissão julgadora - composta por acadêmicos, empresas de investimentos e participações; representantes de grandes fornecedores e de bancos - escolhe 24 soluções ou projetos de produtos inovadores e promissores. A partir daí, a Febraban e o ITS dão ao selecionado a oportunidade de participar de um estande coletivo, localizado em espaço privilegiado no Ciab Febraban, proporcionando um contato direto com o setor financeiro, o que mais investe em TI no Brasil. A iniciativa proporciona um espaço de 280 metros quadrados, em área de exposição que reúne as 24 fornecedoras de tecnologia selecionadas que recebem toda a infra-estrutura necessária para a sua apresentação. Segundo José Vidal Bellinetti, diretor do ITS, o Espaço Inovação é uma iniciativa que tem muito a oferecer tanto às pequenas empresas quanto ao evento. Prova disso é a boa aceitação que temos visto dos participantes do congresso nestes últimos três anos. Desta forma, as pequenas empresas têm uma chance única para mostrarem o seu valor, interagir com o seu público e colocar o seu produto no mercado, enquanto os investidores agregam novas soluções ao seu negócio. 2008 FEVEREIRO 17

CIAB FEBRABAN 2008 VEM AÍ O NOVO CHEQUE BRASILEIRO Foram necessários 40 anos para que uma nova lei libe - rasse mais recursos técnicos para as cópias de documentos em papel. Em maio de 1968 (data sempre lembrada pelo movimento internacional dos estudantes que, de Paris a Berkeley, exigiam liberdade) foi decretada a lei brasileira 5.433/68 que estabelece a microfilmagem como a única forma legal de se reconhecer a autenticidade de uma cópia, única até hoje a legislar sobre o tema. De lá para cá, os bancos construíram os laboratórios fotográficos e se envol ve - ram num processo quí mico que custa muito caro a nós, à sociedade, e não abre a possibilidade de se evoluir tecnicamente, conta Ca r- los Augusto de Oliveira, do Ban co Itaú, da organização do Ciab Febraban e res - ponsável pelo seminário Digitalização de Documentos 2008, a ser realizado em 17 de abril, que contará com o patro cínio da IBM, Itautec, Perto, EMC e HP. EXPECTATIVA DE VOTAÇÃO Esse seminário é mais um dos eventos que precede o congresso Ciab e será responsável pelas questões a serem debatidas e decididas no congresso. E o tema, nesse ano, trará muitas novidades justamente em função da expectativa da votação no Senado Federal do Projeto de Lei 146, cujo relator é o senador Magno Malta. O PL 146 já é uma compilação de projetos que tramitaram na Câmara dos Deputados (abrange, por exemplo, o PL 0153 de 1999), foi apreciado pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT); entra agora na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) como última etapa para sua votação em plenário. Ele propõe a digitalização e o arquivamento, em mídia ótica ou digital autenticada, de documentos particulares e de órgãos públicos. Em outras palavras, dá validade jurídica aos atuais processos de digitalização e truncagem de cheques. Poderemos evoluir nos estudos que fazemos de digitalização e suas tecnologias e avançar para propor um redesenho do cheque usado no Brasil, declara Oliveira (Itaú) espera mais agilidade e menos custos com nova lei Marcelo Ebert Ribeiro, do Banco Real e do Grupo de Trabalho de Digitalização da Febraban. NOVO DESENHO Espera-se que estudos da Febraban apresentem desenhos de cheque que mo difiquem, por exemplo, os campos de assinatura e datas. O modelo atual esta - belece uma diferença de apenas 0.8 milímetros na distância da assinatura à data, fato que impede o reconhe - cimento digital. Outras mudanças no layout vão facilitar algoritmos de arquivamento, padrões de arquivos gerados e outras facilidades que vão incidir nos procedimentos de compensação. Imagine um país do tamanho do Brasil que ainda é obrigado a trocar documentos fisicamente, continua Oliveira, ao se referir a todos os benefícios de agilidade, simplificação, redução de custos e processos que a nova lei pode ocasionar. 18 FEVEREIRO 2008