RM da Vagina Joana Almeida, Teresa Margarida Cunha Serviço de Radiologia Director: Dr. José Venâncio INSTITUTO PORTUGUÊS DE ONCOLOGIA de Lisboa Francisco Gentil Organização do Conteúdo 1. Anatomia 2. Características da imagem 3. Técnica e Sequências da RM 4. Malformações Congénitas da vagina 5. Patologia Benigna da vagina 6. Patologia Maligna da vagina Curso de Radiologia Pélvica Lisboa, 3 de Maio de 2013 1. Anatomia 1. Anatomia Tubo fibromuscular medindo 8-12 cm Revestido por epitélio pavimento-celular Dividida em três terços Recto Uretra Septo Rectovaginal Septo Vesicovaginal Inferior Médio Superior Vagina 2. Características da Imagem 3. Técnica de RM A mucosa vaginal é melhor visualizada em onde surge com hipersinal Submucosa e muscularis têm hipossinal após gadolínio a mucosa vaginal realça Agente anti-peristáltico e opacificação vaginal com gel ecográfico Axial Axial Sagital Axial ou Coronal Oblíquo (perpendicular ao eixo longo da vagina) Sequências opcionais: Axial e sagital após administração de gadolínio com saturação da gordura Axial com saturação da gordura Difusão no plano Axial 1
4. Malformações Congénitas da vagina Agenesia e duplicação vaginal Septo vaginal Quistos congénitos vaginais Agenesia vaginal Pode ser parcial ou completa 1:5000 mulheres Isolada ou associada a agenesia ou hipoplasia do útero A causa mais comum é a síndrome de Mayer- Rokitansky-Kuster-Houser (MRKH) Tipo 1 é uma malformação isolada e o Tipo 2 está associada a anomalias do aparelho urinário. Agenesia vaginal Síndrome de Meyer-Rokitansky-Küster-Hauser Septo Vaginal 1 axial: não há vagina entre o recto e a bexiga. 2 sagital: ondulação externa superficial vaginal formada unicamente pelo seio urogenital. Não se identifica a vagina. 3 coronal 4 axial: sem útero. 17A 1 2 3 4 Pode ser transverso ou longitudinal, e pode ocorrer isolado ou associado a anomalias dos Canais de Müller O septo apresenta-se como uma estrutura fina, com hipossinal, melhor detectado no Presente em 75% dos casos de útero didelfus O septo vaginal transverso pode ser detectado na puberdade por um hematometrocolpos (melhor observado em ) Septo Vaginal Septo Vaginal Útero didelfus com um septo transversal vaginal obstructivo. Dois úteros e dois colos separados. Útero e vagina direitos distendidos por obstrução devido a um septo vaginal transverso (hematometrocolpos) no terço superior da vagina. A vagina esquerda encontra-se aplanada devido à distensão da vagina direita. Útero didelfus. coronal e axial: dois cornos uterinos, dois colos e dois lúmens vaginais separados por um septo longitudinal. 12A 54A 2
Quistos Congénitos vaginais 5. Patologias Benignas da vagina Quistos Mullerianos e de Gartner. Quistos de Gartner: Remanescentes embriológicos do canal mesonéfrico Estructuras quísticas na parede antero-externa da vagina 1 axial: o quisto de Gartner apresenta hipersinal (seta) e localiza-se na parede anteroexterna. 2 Sagital axial (seta). (cortesia da Dra. Rosana Santos) Quistos da glândula de Bartholin Fístulas vaginais Alterações após radioterapia Tumores benignos Quistos da Glândula de Bartholin Quistos da Glândula de Bartholin Têm origem nas glândulas de Bartholin situadas no introitus postero-externo internamente aos pequenos lábios. São bem definidos, de parede fina e não evidenciam captação em anel Intensidade de sinal variável na RM dependendo do conteúdo proteico. O quisto da glândula de Bartholin surge com hipossinal em e hipersinal em. 53A Fístulas Vaginais Fístula Vaginal As duas mais frequentes são a vesico-vaginal e a recto-vaginal Causas: Complicações relacionadas com a histerectomia vaginal ou abdominal Malformações congénitas Traumatismo do parto Tumores malignos Melhor detectadas em sagital com contraste após supressão da gordura Fístula vesico-vaginal-rectal. Antecedentes de radioterapia por carcinoma do colo. Axial e sagital : comunicação directa entre a parede posterior da bexiga colapsada, o segmento distal da vagina e a parede anterior do recto assinalada pela urina hiperintensa (seta) 66A 3
Fístula Vaginal Tumores Benignos Fístula recto-vaginal. Antecedentes de radioterapia por carcinoma do colo há 20 anos. Incluem o leiomioma, o hemangioma cavernoso, o pólipo fibroepitelial e o rabdomioma Habitualmente podem ser excisados para estabelecer um diagnóstico 74A Leiomioma Leiomioma Habitualmente encontra-se na linha média anterior Em e tem hipossinal homogéneo, semelhante ao miométrio Pode sofrer degenerescência à semelhança dos leiomiomas uterinos (hialina, mixóide, quística e hemorrágica) coronal: tumor redondo no terço médio à direita. A intensidade de sinal do tumor é homogénea e semelhante aos músculos. axial, coronal e sagital: tumor com hipossinal em relação com um tumor fibroso ou muscular. Cortesia do Dr. J. Sanches, Lisboa, Portugal 62A 6. Patologias Malignas da Vagina Primárias Carcinoma Melanoma Linfoma Leiomiossarcoma Secundárias Metástases Carcinoma da Vagina Raro 1-2 % dos tumores malignos ginecológicos Definição: localizado na vagina sem extensão ao orifício externo do colo superiormente nem à vulva inferiormente Tipos: Pavimentocelular Não pavimento-celular (Adenocarcinoma) 4
ESTÁDIO Classificação da FIGO do carcinoma da vagina DESCRIPTION TNM CATEGORY 0 Carcinoma in situ Tis I Tumor limitado à vagina II O tumor invade os tecidos para-vaginais mas não invade a parede pélvica III O tumor invade a parede pélvica T3 IVA O tumor invade a mucosa da bexiga e/ou do recto e/ou extensão para além da cavidade pélvica IVB Metástases à distância M1 T4 Carcinoma Pavimento-celular 85% dos tumores malignos da vagina Mulheres pós-menopausa (idade média 60 anos) Sintomas: Sangramento vaginal indolor, corrimento anormal, sintomas urinários, dor pélvica Associado à infecção por HPV Habitualmente ocorre na parede posterior do terço superior da vagina, RM: Intensidade de sinal intermédia no ; isointenso ao músculo no Carcinoma Pavimento-Celular Carcinoma Pavimento-Celular 66A Difusão 55A Adenocarcinoma Adenocarcinoma 9% dos carcinomas da vagina Mulher nova 14-21 anos (idade média 19 anos) Associado a endometriose e exposição ao dietilestilbestrol Ocorre principalmente na parede anterior do terço superior da vagina RM: Hiperintenso no e isointenso no Adenocarcinoma de células claras da vagina 50A 5
Melanoma da Vagina Melanoma da Vagina 0,5-2% dos melanomas; e 3% dos tumores malignos da vagina Mulheres pós-menopausa 75% das mulheres têm mais de 50 anos de idade Predilecção pelo terço inferior RM: Hipersinal em ; hipossinal em 63A FatSatGad Difusão FatSatGad Melanoma maligno primário da vagina. Tumor anterior do terço inferior da vagina. Em o tumor mostra um subtil hipersinal. Em o tumor tem hipersinal e após gadolínio e na difusão realça. Linfoma da Vagina Metástases Vaginais Cortesia do Dr. N. 25A Griffin O linfoma primário da vagina é raro, representando 1% dos linfomas extraganglionares primários. 80% dos tumores vaginais A maioria ocorre por invasão directa de tumores malignos adjacentes Tumores primários: Ovário, carcinoma do colo, carcinoma do endométrio e carcinoma rectal Metástases pavimento-celulares: 75% colo; 14% vulva Metástases de adenocarcinomas: lesão no terço superior com origem em 92% dos casos do aparelho ginecológico superior; lesão no terço inferior com origem em 90% dos casos do aparelho gastrointestinal RM: Metástases na vagina imitam as características em RM do tumor primário Metástases de Tumores Malignos Metástases de Tumores Malignos 33A Carcinoma do colo do útero que invade os dois terços superiores da vagina. sagital mostra um carcinoma do endométrio com metástase nos dois terços superiores da vagina. 66A 6
Metástases de Tumores Malignos Metástases de Tumores Malignos não Os mais frequentes são o carcinoma rectal e o da bexiga (disseminação por contiguidade) As metástases do adenocarcinoma do cólon e mama são raras Cortesia do Dr.J. H. Parikh 61A Carcinoma rectal invadindo a parede posterior da vagina. sagital mostra recidiva de carcinoma do ovário no terço superior da vagina com invasão do recto com fístula. 59A Pontos de Ensino Obrigada pela vossa atenção 1. A vagina deve ser preenchida com gel ecográfico antes da RM 2. As sequências devem incluir um axial oblíquo (perpendicular ao eixo longo da vagina), que permite visualizar o tumor e a sua relação com os tecidos para-vaginais. 3. A mucosa vaginal é melhor visualizada no 4. A RM tem uma acuidade de diagnóstico elevada na detecção nas anomalias dos Canais de Müller. 5. A patologia benigna, como quistos vaginais e bartolinites não requerem rotineiramente a radiologia 6. A patologia maligna mais frequente da vagina é a disseminação metastática; o carcinoma vaginal primário é raro. 7