RECURSOS DIDÁTICOS PARA A INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS

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Transcrição:

RECURSOS DIDÁTICOS PARA A INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS TÁSSIA ALESSANDRA DE SOUZA FERRAZ ferraz.tassia@gmail.com INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAÇÃO DE SURDOS (INES) 1

INTRODUÇÃO A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no sistema regular de ensino está prevista em lei e é uma realidade desafiadora com a qual os profissionais da educação têm que lidar nos dias de hoje (LIMA, 2005; MEC, 1996). Trata-se de um tema polêmico e controverso, pois, ao mesmo tempo em que parece ser a solução para o acesso de toda a população brasileira à educação, na prática, o não cumprimento de uma série de requisitos determinados nas próprias políticas e dispositivos legais mantém estes alunos em regime de exclusão e traz frustrações aos profissionais envolvidos no processo ensino-aprendizagem, uma vez que os objetivos deste processo não são atingidos (MACIEL, 2000). Com relação a alunos surdos incluídos em escolas regulares, alguns dos desafios encontrados são: dificuldade de comunicação com o aluno, uma vez que ele não compreende bem a língua portuguesa oralizada ou escrita; ausência de intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), para que a transmissão do conteúdo para o aluno possa ser feita através da sua língua mãe; defasagem de conhecimentos do aluno surdo com relação aos demais, devida à falta de comunicação e instrução dentro e fora da escola; carência de recursos bilíngues, visuais, concretos ou práticos, que possibilitem o acesso do aluno surdo ao conteúdo em igualdade de condições com relação aos demais alunos; falta de materiais e registros disponíveis em LIBRAS; despreparo dos profissionais envolvidos (BARRAL et al., 2012; LORENZINI, 2004; QUADROS, 2005). No intuito de minimizar estes problemas e de tornar possível a transmissão de conhecimento a surdos e ouvintes em contextos inclusivos, a oficina Recursos didáticos para a inclusão de alunos surdos vem mostrar algumas opções de recursos que podem ser utilizados para contemplar a totalidade dos alunos nestas turmas. Durante a oficina, serão fornecidas informações importantes quanto às particularidades dos alunos surdos (linguagem, cultura, potencialidades e limitações) e demonstradas estratégias eficientes em promover a participação e o aprendizado destes alunos, sem prejuízo dos demais. Serão apresentadas opções de recursos para a comunicação e para a elaboração de material didático-pedagógico inclusivo, além de orientações na escolha de atividades práticas e vivências a serem oferecidas às turmas. Como base para a 2

troca de experiências entre os participantes da oficina, será conduzida a montagem do experimento intitulado adubo caseiro, que está disponível no volume 3 da coleção Ser protagonista (SANTOS et al., 2010). A escolha desta prática como eixo para a oficina se deu devido à possibilidade de visualização e acompanhamento de alguns processos durante a formação do composto, estimulando o envolvimento dos alunos e a interação entre eles, à facilidade na abordagem de diversos temas transversais e à sua versatilidade, que nos permite aplicá-la em mais de uma etapa do ensino básico. O adubo caseiro já foi realizado com alunos surdos do 6 o. ano do ensino fundamental do INES, no âmbito da disciplina Ciências, e apresentou ótimos resultados. O projeto culminou com a apresentação, pelos próprios alunos, de uma pequena horta suspensa, adubada com o composto, e de todo o processo de produção do composto durante a Rio +20, no ano de 2012. O tema tem grande relevância para as questões ambientais, muito discutidas atualmente. Com a elaboração do adubo caseiro, os alunos contribuem para a diminuição do volume de resíduos sólidos no local onde obtêm a matéria orgânica necessária, aprendem sobre a importância de se evitar o desperdício de alimentos e materiais e compreendem que alguns materiais não se decompõem facilmente e geram prejuízos à natureza. Além disso, os recursos necessários a esta prática são simples e fáceis de se conseguir, o custo é baixo, a participação ativa dos alunos é garantida e as dificuldades de comunicação entre eles e com o professor são reduzidas, pois a visualização e a experiência falam por si só, numa linguagem acessível a todos. O principal objetivo desta oficina, afinal, é apresentar recursos e estratégias eficientes no ensino de Ciências, Biologia e por que não? outras disciplinas para alunos surdos. Para isto, algumas informações adicionais são necessárias e elas serão igualmente transmitidas no decorrer do evento. DESENVOLVIMENTO As escolas públicas brasileiras têm, de maneira geral, pouca verba disponível para investimento em recursos pedagógicos. Os profissionais envolvidos na educação de surdos nestas escolas geralmente não foram capacitados para isto e não recebem instrumentos ou orientação adequados para uma prática verdadeiramente inclusiva. 3

Mesmo no INES, que é, no Brasil, referência na produção de materiais e no atendimento ao público surdo, a produção de materiais pedagógicos específicos para uso em sala de aula e a capacitação de professores encontra uma série de dificuldades. A mera tradução do conteúdo e/ou a adaptação de recursos utilizados em aulas para turmas de ouvintes não garante a efetiva participação do aluno surdo, tampouco sua compreensão, já que a gama de conhecimentos prévios acumulados pelo surdo em cada disciplina é quase sempre menor que a dos ouvintes, devido à dificuldade de comunicação com o mundo ao seu redor. Portanto, o professor que recebe alunos surdos em suas turmas precisa repensar sua aula para atendê-los e, para isto, precisa conhecê-los, saber de onde vieram, o que aprenderam no contexto de sua disciplina e quais são as suas reais limitações. O professor precisa se interessar pelos seus alunos e tentar se colocar no lugar deles. A partir daí, ele mesmo será capaz de criar estratégias para atender às necessidades pedagógicas destes alunos sem o prejuízo dos demais e não dependerá de um sistema educacional ideal (embora ele devesse existir) para realizar um bom trabalho. A oficina Recursos didáticos para a inclusão de alunos surdos, neste contexto, mostrará aos professores e demais interessados diversas maneiras de trabalhar um mesmo assunto, driblando as dificuldades tipicamente encontradas em sala de aula, com recursos disponíveis e acessíveis a surdos e ouvintes e com um olhar para a diversidade, para que a prática pedagógica possa contemplá-la. A montagem experimental e o acompanhamento da formação do adubo caseiro é um exemplo de opção prática e simples que promove a participação ativa e a integração entre os alunos, fornece material concreto para a construção de conhecimentos, facilita a problematização de questões relacionadas ao surgimento da vida, à decomposição de materiais e ciclos de nutrientes, à formação dos solos, entre outras, estimula o raciocínio na busca por explicações para as modificações que ali ocorrem e permite ao professor avaliar seus alunos individualmente, continuamente e sob diversos aspectos. As discussões geradas no âmbito desta oficina permitirão que os interessados troquem experiências, tirem dúvidas, conheçam recursos específicos e tenham novas ideias que possibilitem dar às suas aulas a abordagem mais eficiente no atendimento aos seus alunos. 4

CONSIDERAÇÕES FINAIS A oficina em questão não tem a pretensão de fornecer soluções para todos os problemas dos professores que atendem a alunos surdos incluídos em suas turmas. No entanto, iniciativas como esta, aliadas à vontade e ao interesse dos envolvidos, são o que contribui para o progresso da educação inclusiva no Brasil e no mundo. Ainda há muito o que fazer com relação à criação de novos recursos, à capacitação de profissionais e à garantia de acesso à educação para as minorias. Entretanto, a simples troca de experiências proporcionada por este evento é capaz expandir nossos horizontes e estimular nossa criatividade na busca por soluções para as difíceis questões do cotidiano em sala de aula e no aperfeiçoamento da prática docente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARRAL, J; PINTO-SILVA, F. E; RUMJANEK, V. M. Comunicando ciência com as mãos. Ciência Hoje, n. 296, p. 26-31, set. 2012. LIMA, M. S. C. O diverso, o diferente e o idêntico no contexto escolar: o que dizem os discursos oficiais das políticas públicas de inclusão? Movimento, Porto Alegre, vol. 11, n. 3, p. 183-198, set/dez. 2005. LORENZINI, N. M. P. Aquisição de um conceito científico por alunos surdos de classes regulares do ensino fundamental. 2004. 156 p. Dissertação (Mestrado em educação) Universidade Feral de Santa Catarina, Santa Catarina RS, 2004. MACIEL, M. R. C. Portadores de deficiência: a questão da inclusão social. São Paulo em perspectiva, vol. 14, n. 2, p. 51-56. 2000. MINISTERIO DA EDUCACAO. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. QUADROS, R. M. A escola que os surdos querem e a escola que o sistema permite criar: estudo de caso do estado de Santa Catarina. GT: Educação especial, n. 15. XXVIII Reunião anual da ANPEd, Caxambu, 2005. SANTOS, F.S; AGUILAR, J. B. V; OLIVEIRA, M. M. A. Ser protagonista. Biologia. Edições SM, São Paulo, 1 a. Edição, Vol. 3. p. 297. 2010. 5