ACEITAÇÃO ALIMENTAR DE PACIENTES INTERNADOS EM HOSPITAL PRIVADO. RODRIGUES, Fernanda Nunes (Unitri, nanda-nutricao@hotmail.com) 1 RAMOS, Jeniffer Rodrigues (Unitri, jennynutricao@hotmail.com) 2 PÁDUA, Carolina Domingues ( Unitri, caroldpadua@hotmail.com) 3 PASQUINI, Thaisa Alvim Sousa (Unitri, taspasquini@gmail.com) 4 1 Discente do Curso de Graduação em Nutrição, Centro Universitário do Triângulo. 2 Discente do Curso de Graduação em Nutrição, Centro Universitário do Triângulo. 3 Nutricionista Clínica. 4 Nutricionista, Docente do Curso de Nutrição, Centro Universitário do Triângulo. RESUMO A desnutrição hospitalar manifesta-se mundialmente, tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. No Brasil, o estudo IBRANUTRI mostra que aproximadamente 48% dos indivíduos hospitalizados apresentam algum tipo de desnutrição. A desnutrição intra-hospitalar nem sempre está associada a patologia de base, mas sim com fatores como falta de apetite, mudança de hábitos e alterações do paladar, ou também, por fatores relacionados à refeição como apresentação, temperatura, textura, sabor e aroma do alimento, e até mesmo dos talheres oferecidos. Objetivo: Avaliar quais são os fatores que interferem na aceitação da dieta no ambiente hospitalar. Metodologia: Aplicação de um questionário de autopreenchimento, para avaliação da aceitação alimentar. Resultados: Participaram desta pesquisa 29 pacientes hospitalizados, sendo 15 de acomodação de leito tipo apartamento e 14 de enfermaria. Observou-se que 40 % dos pacientes apresentaram uma ótima aceitação alimentar. Em relação aos fatores que mais influenciam na ingestão alimentar, podemos citar como fator primordial a temperatura do alimento e no segundo lugar o horário, o sabor e a quantidade
oferecida. Conclusão: Determinar quais aspectos interferem na alimentação do paciente é uma importante ferramenta para prevenção da desnutrição hospitalar, uma vez que identificado o problema a busca pela solução se torna mais fácil. Palavras chaves: desnutrição, pacientes hospitalizados e aceitação alimentar. 1-INTRODUÇÃO A desnutrição hospitalar manifesta-se mundialmente, tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. No Brasil, o estudo IBRANUTRI (Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional) demonstrou que aproximadamente 48% dos indivíduos hospitalizados em estabelecimentos públicos de saúde apresentam algum tipo de desnutrição, sendo 12% diagnosticados como desnutridos graves (MARCADENTI, 2011). Nos últimos anos, muitas publicações científicas apontam a desnutrição como a principal responsável pelos altos índices de morbidade; devido à cicatrização lenta de feridas, alta taxa de infecção hospitalar, maior permanência nos hospitais, principalmente UTI e de mortalidade. O Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar, (IBRABUTRI), constituiu-se em um estudo epidemiológico, que avaliou o estado nutricional de 4.000 pacientes internados na rede pública hospitalar dos 12 Estados brasileiros e do Distrito Federal. Dos doentes pesquisados, encontrou-se uma taxa de 48,1% de desnutrição nos pacientes internados, no qual 12,6% apresentavam desnutrição grave e 35,5% apresentavam desnutrição moderada (SANTOS, 2005). O Nutridia Brasil, estudo realizado anualmente á nível nacional que tem como objetivo conscientizar os profissionais de saúde e instituições médicas sobre a importância dos cuidados nutricionais adequados para recuperação do paciente; avaliou via questionário a aceitação alimentar do paciente naquele dia; a pesquisa detectou que 72% dos pacientes não ingeriram por completo as três principais refeições do dia. Entre eles, 54,8% não ingeriram todo o almoço
e 29,2% menos da metade. A maioria aceitava melhor o café da manhã. Entre as razões para a baixa aceitação da dieta hospitalar está à falta de apetite (37,2%), repulsa pelo sabor (10,6%), hábito de comer pouco (10%), realização de exame/cirurgia no horário da refeição (9,6%) e náuseas ou vômitos (8,3%) (WAITZBERG, 2001). Estudos apontam que os pacientes não ingerem boa parte da alimentação que lhes é oferecida em razão não apenas da doença, da falta de apetite e das alterações do paladar, mas também pela apresentação, temperatura, textura, sabor e aroma do alimento, da mudança de hábitos, do ambiente hospitalar e até mesmo dos talheres oferecidos. (SOUSA, 2011). Além disso, mais da metade dos pacientes precisam de auxilio de uma acompanhante para ajudar na alimentação e também muitas vezes a única fonte de alimentação é vinda do hospital. Nos últimos anos, diversos hospitais têm adotado a filosofia de que a qualidade do serviço de alimentação e nutrição deve aliar a dietoterapia à gastronomia na recuperação das patologias, prevenção de doenças e na melhora em relação à aceitação da dieta, visto que a preocupação de montar um prato simples, porém de uma forma bonita e atraente, diminui o desperdício do hospital, bem como o cliente fica satisfeito (MESSIAS, 2011). 2-METODOLOGIA Participaram deste estudo transversal, pacientes hospitalizados em um hospital e maternidade privado, situado na cidade de Uberlândia, Minas Gerais, tendo duas semanas como período de coleta de dados. A coleta de dados foi feita durante as visitas de leito, realizadas diariamente pela equipe de nutrição. Para avaliação a aceitação alimentar foi entregue ao paciente, um questionário de autopreenchimento, onde o mesmo tinha como objetivo verificar os seguintes parâmetros abordados: abordagem na distribuição, horário da refeição, temperatura, textura / consistência, sabor, aroma, apresentação e talheres oferecidos. O mesmo assinalava a alternativa
de acordo com o seu nível de ingestão: ótima, boa, ruim, regular ou ruim; os pacientes que assinalaram alguma alternativa que não ótima deveria marcar na próxima tabela que contem fatores ligados á dieta ou fatores pessoais, qual desses pontos que interferiram para que não tivesse uma ótima aceitação, assim podendo ser possível aos pesquisadores verificar quais fatores influenciaram a recusa alimentar. O questionário permaneceu com o paciente por um período de 24 horas e recolhido após esse período, assim sendo o paciente pode receber todas as refeições e consequentemente realizou uma melhor avaliação. 3-RESULTADOS E DISCUSSÃO Dentre os 29 pacientes que responderam ao questionário, 12 (40%) tiveram uma ótima aceitação, 9 (30 %) uma boa aceitação,5 (16,6%) uma aceitação regular e 3 (10 %) uma aceitação considerada ruim. Gráfico 1-Aceitação do prato 14 12 10 8 6 4 2 0 Ótimo Boa Regular Ruim Avaliando os motivos que interferiram na não aceitação do paciente pode-se verificar que a temperatura foi um dos fatores relacionados ao prato recebido
que mais influenciou na não aceitação, posteriormente ocupando mesmo nível fatores como: quantidade oferecida, sabor e horário. Kondrup, em seu estudo, realizado em 2001, argumenta que outros aspectos interferem na aceitação de uma refeição: desde a recepção da matéria-prima até a distribuição das preparações, que envolvem o ambiente onde se faz a refeição e o acompanhamento do consumo alimentar. Destaca ainda que aspectos nutricionais e políticas voltadas para a melhoria da qualidade da assistência alimentar são importantes, no entanto os aspectos culturais relacionados à alimentação devem ser priorizados para aumentar o consumo alimentar dos pacientes. (SOUSA, 2011). Gráfico 2-Motivos que interferiram na aceitação alimentar: 6 5 4 3 2 1 0 Ao avaliar se o tipo de leito interferia na recusa alimentar apresentada pelos pacientes pode-se verificar que pacientes acomodados em enfermaria tiveram maior recusa á dieta,fato que pode ser ligado por estar internado juntamente com outro paciente que apresenta diversidade de sinais e sintomas como nauseas,diarreia,flatulências,causando assim a recusa do paciente que esta com bom apetite porem acompanhando tal fato; ao contrário dos pacientes que estavam em acomodação tipo apartamento que ficam acomodados
sozinhos não presenciando tais fatos tiveram boa aceitação da dieta e nenhuma recusa Gráfico 3- Influência do tipo de leito na aceitação: 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Boa aceitação Boa aceitação Má aceitação Má aceitação Apartamento Enfermaria Apartamento Enfermaria Relacionando o tipo de dieta (livre, hipossódica e branda) a recusa alimentar pode-se verificar que também é um fator que interfere na não aceitação, obtendo um resultado onde a melhor aceitação foi a da dieta livre, onde, de 18 pessoas que estavam recebendo dieta livre apenas 8 não aceitaram,de 4 pessoas recebendo dieta branda apenas 1 aceitou e de 6 pessoas aceitando dieta hipossódica apenas 1 aceitou. È compreensível e levado em consideração que as dietas hipossódica e branda sofrem modificações devidas á patologia do paciente e podem ser o motivo da aversão apresentada. Gráfico 3: Tipo de dieta x aceitação
12 10 8 6 4 2 0 Livre Branda Hipossodica 4- Conclusão Determinar quais aspectos interferem na alimentação do enfermo se torna uma importante ferramenta para prevenção da desnutrição hospitalar, uma vez que identificado o problema a busca pela solução do problema se torna mais fácil. A partir dos resultados obtidos, observou-se que existe a necessidade de reavaliação dos processos envolvidos na produção e distribuição de dietas, ações como melhoria na qualidade sensorial dos alimentos e obtenção de utensílios adequados para a manter a temperatura como um carrinho térmico para distribuição. Fatores como tipo de dieta onde algumas são modificadas de acordo com a patologia do paciente não são mutáveis, porem pratica de incentivo e orientações podem resultar em uma melhor aceitação alimentar.
5-Referências 1- KONDRUP, J. Can food intake in hospitals be improved? Clin Nutr. 2001; 20(Supplement1):153-60.Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks&ref=000111&pid=s1415-5273201100020000900010&lng=en>. Acesso em agosto, 2013. 2 - MARCADENTI A.; VENCOTTO, C.; BOUCINHA, M.E.; LEUCH, M.P.; RABELLO, R.; LONDERO, L.C.; RIBEIRO, A.S.; TOLLER,A.; SOUZA, S.P.; SAGABINAZZI, L. Desnutrição, tempo de internação e mortalidade em um
hospital geral do Sul do Brasil. Revista Ciência & Saúde, Porto Alegre, v. 4, n. 1, p. 7-13, jan./jun. 2011. 3 - MESSIAS, G.M.; PRESTA, F.M.P.; SOUZA, M.V.M. Benefícios da gastronomia hospitalar na alimentação do paciente idoso. Ver. Eletrônica Novo Enfoque, 2011,v.12, n12, p23-31. Disponível em <http://www.castelobranco.br/sistema/novoenfoque/files/12/artigos/04.pdf >. Acesso em agosto, 2013. 4- SANTOS V.A.; ABREU, S.M. Impacto da desnutrição no paciente adulto hospitalizado. Rev Enferm UNISA 2005; 6: 99-103. 5- SOUSA A.A.; GLORIA, M.S.; CARDOSO, T.S. Aceitação de dietas em ambiente hospitalar. Rev. Nutr. vol.24 no.2 Campinas Mar./Apr. 2011. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1415-52732011000200009 >.Acesso: agosto, 2013. 6- WAITZBERG, D.L.; CAIAFFA, M.T.; CORREIA, M.T. Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar (IBRANUTRI). Disponível em: <http://www.hgb.rj.saude.gov.br/ciencia/nutri/nut01.asp>. Acesso em agosto, 2013.