DESNUTRIÇÃO HOSPITALAR: UMA ABORDAGEM NUTRICIONAL
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- Beatriz Tuschinski de Abreu
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1 1 DESNUTRIÇÃO HOSPITALAR: UMA ABORDAGEM NUTRICIONAL SENA, Bianca Oliveira 1 BRASIL, Lara dos Santos ¹ MACHADO, Juliana Sobreira ¹ BINDACO, Érica Sartório² VIANA, Mirelle Lomar³ INTRODUÇÃO A desnutrição energético-proteica é caracterizada como uma doença de origem multifatorial, que apresenta uma taxa elevada de mortalidade, capaz de causar alterações fisiológicas na tentativa de adequar o organismo à falta de nutrientes (LIMA; GAMALLO; OLIVEIRA, 2010). Segundo Fontoura et al (2006) a desnutrição é um estado comum em hospitais. Estima-se que a desnutrição energético-proteica afete entre 30% e 60% dos pacientes internados, sendo que esses indivíduos permanecem hospitalizados por um período de tempo 50% maior do que os pacientes bem nutridos (OLIVEIRA; ROCHA; SILVA, 2008). A desnutrição influencia na evolução clínica dos pacientes hospitalizados, podendo afetar na diminuição da imunidade, aumentar o risco de infecções, retardar a cicatrização de feridas e aumentar o tempo de permanência hospitalar (FONTOURA et al, 2006); (GRACIA; MERHI; PEREIRA, 2004). A avaliação nutricional é uma ferramenta importante para diagnosticar a presença de desnutrição no enfermo e é realizada através de avaliações subjetivas e objetivas, que tem como objetivo identificar indivíduos em risco nutricional ou desnutridos (OLIVEIRA; ROCHA; SILVA, 2008). 1 Graduanda do Curso de Nutrição do Centro Universitário são Camilo-ES, bianca_sena@hotmail.com; ¹ Graduanda do Curso de Nutrição do Centro Universitário são Camilo-ES, juh_sobreira@hotmail.com; ¹ Graduanda do Curso de Nutrição do Centro Universitário são Camilo- ES,larah_docinho@hotmail.com; ² Professor orientador: Especialista em Nutrição Humana e Saúde pela Universidade Federal de Lavras ; Centro Universitário São Camilo-ES, ericabindaco@gmail.com; ²Professor orientador: Doutora em Ciência de Alimentos, mirellenut@yahoo.com.br. Cachoeiro de Itapemirim ES, agosto de 2013.
2 2 Dessa forma, este trabalho tem como objetivo verificar na literatura científica estudos sobre a desnutrição hospitalar, que evidenciem as principais causas da desnutrição bem como as possíveis soluções para esse problema. MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica básico com objetivo descritivo, visando demonstrar os principais aspectos da desnutrição hospitalar, especialmente sua prevalência, causas mais comuns e possíveis soluções. Os dados para a pesquisa foram retirados de artigos científicos e livros, das bases de dados eletrônicos como Scielo e Google Acadêmico, além do acervo geral do Centro Universitário São Camilo-ES, no período de Março de Após a coleta de toda a base bibliográfica, foi realizada uma triagem daqueles que relatavam os assuntos de interesse para a pesquisa e que atendessem aos objetivos estabelecidos como, desnutrição hospitalar, causas da desnutrição, avaliação nutricional e tratamento nutricional do paciente hospitalizado. DESENVOLVIMENTO Perfil Epidemiológico O estudo da desnutrição, no domínio hospitalar, tem sido destaque nos últimos 25 anos. Evidências indiscutíveis mostram que a desnutrição protéica, principalmente quando relacionada à doença, leva a ampliação da morbimortalidade (REZENDE et al, 2004). A desnutrição é comum no âmbito hospitalar. Diversos estudos em todo o mundo mostram que 40% dos pacientes encontram-se desnutridos na admissão e em torno de 75% perdem peso durante a internação por mais de uma semana, e a taxa de mortalidade é maior do que aquela esperada em pacientes adequadamente nutridos. Portanto, a detecção precoce do risco nutricional e da desnutrição, pode ser decisiva para a sobrevida do paciente (OLIVEIRA, ROCHA, SILVA, 2008). A Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE), em 1996, criou o Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar (IBRANUTRI), um
3 3 estudo epidemiológico transversal, que analisou o estado nutricional de 4000 pacientes internados na rede pública de 12 Estados e do Distrito Federal do País, entre 01 de maio e 15 de novembro de 96. Esse estudo revelou que quase metade (48.1%) dos doentes internados encontrava-se desnutrido (MALAFAIA, 2009). Etiologia da Desnutrição Hospitalar As causas da inadequação do cuidado nutricional em hospitais são várias e muitos pacientes estão desnutridos na hospitalização e apresentam dietas inadequadas (GARCIA; MERHI; PEREIRA, 2004). Um estudo feito por Rezende et al (2004), demonstrou que a prevalência dos Sintomas Gastrointestinais, apresentados em algumas patologias, podem atuar como modificadores do apetite, diminuindo a ingestão calórica adequada, o que, consequentemente, contribuirá para desnutrição nas suas diversas formas de apresentação. Os autores ainda afirmam que outro fator que contribui para a desnutrição energético proteica é o tempo de internação. Quanto mais tempo o paciente fica no hospital maior a chance de ficar desnutrido e maior o tempo que precisará ficar internado. Alguns trabalhos mostram que 22% dos pacientes hospitalizados apresentam risco nutricional e, entre eles, somente 25% recebem durante o período de internação, quantidades suficientes de calorias e proteínas. Vários fatores colaboram para esta inadequação nutricional, entre eles: o desconhecimento dos requerimentos dietéticos, a falta de atenção dietoterápica individualizada e problemas operacionais relacionados ao serviço de alimentação. Avaliar a dieta hospitalar é decisivo para superar a etapa de diagnóstico e buscar explicações para a desnutrição (GARCIA; MERHI; PEREIRA, 2004). Prováveis Soluções No paciente crítico, a importância da nutrição, baseia-se no conhecimento dos efeitos fisiológicos da desnutrição, como prováveis alterações nas funções muscular, respiratória e cardíaca, na cascata de coagulação, no balanço eletrolítico e hormonal, e na função renal. A nutrição compromete as respostas: emocional e comportamental, a recuperação funcional e o valor total do tratamento. A precisão de identificar o paciente desnutrido ou com potencial para ter desnutrição é um aspecto crítico do seu manuseio (FONTOURA, 2006).
4 4 Ressalta-se que Avaliação Nutricional (AN) identifica pacientes em risco nutricional e a partir disso, são determinadas as prioridades do auxílio nutricional como escolha da via de alimentação. O uso de práticas que avaliem o estado nutricional e o monitorem durante a internação, passou a ser uma recomendação para diminuir a morbimortalidade e os custos da internação (FONTOURA, 2006); (GARCIA; MERHI; PEREIRA, 2004). A AN mensura de modo estático compartimentos corporais e analisa as modificações causadas pela subnutrição. A avaliação metabólica abrange a análise de estruturas e funções de órgãos e sistemas, das alterações metabólicas relacionadas à perda de peso e massa magra e outros compartimentos corporais, e a resposta metabólica a influência nutricional (OLIVEIRA; ROCHA; SILVA, 2008). O histórico do paciente e o exame físico são solicitados para uma correta avaliação do estado nutricional, deve enfocar a história de peso, hábitos alimentares não comuns e restrições, função gastrointestinal. Já avaliação física inclui o aspecto total do paciente, se ele possui edema, ascite, caquexia, obesidade, modificações cutâneas e mucosas, petéquias ou equimose, glossite, estomatite ou queilose. E o sistema músculo-esquelético é inspecionado e palpado, com atenção especial aos bíceps, tríceps, quadríceps e aos músculos interósseos das mãos, temporais, supra e infraescapular (OLIVEIRA; ROCHA; SILVA, 2008). O trabalho unido de especialistas com formações diferentes possibilita integração, harmonia e completa os saberes e habilidades dos integrantes da equipe permitindo identificar, intervir e acompanhar a terapêutica dos distúrbios nutricionais. As observações clínicas, feitas pela equipe de saúde formam parâmetro imprescindível para a detecção precoce e medida de monitorização (MAICÁ; SCHWEIGERT, 2008). CONSIDERAÇÕES FINAIS A desnutrição energético-proteica é uma doença comum no âmbito hospitalar que influencia diretamente no prognóstico do paciente, sendo responsável pela piora do quadro clínico e pelo maior tempo de internação hospitalar.
5 5 Os métodos de avaliação do estado nutricional são ferramentas simples, práticas e de baixo custo que permitem ao nutricionista identificar pacientes desnutridos ou em risco nutricional. Dessa forma, pode-se concluir que o estado nutricional do paciente hospitalizado é um importante fator para o prognóstico do enfermo. Sendo essencial o conhecimento de toda a equipe sobre o estado nutricional, e este, devendo constar nos prontuários médicos. REFERÊNCIAS LIMA, Adriana Martins; GAMALLO, Silvia Maria M.; OLIVEIRA, Fernanda Luisa C. Desnutrição energético-proteica grave durante a hospitalização: aspectos fisiopatológicos e terapêuticos. Revista Paulista de Pediatria, São Paulo, v.28, n. 3, p , set REZENDE, Ionar Figueredo Bonfim et al. Prevalência da desnutrição hospitalar em pacientes internados em um hospital filantrópico em Salvador (BA), Brasil. Revista de Ciências Biológicas, Salvador, v. 3, n. 2, p , jul./dez OLIVEIRA, Luna Mares Lopes de; ROCHA, Ana Paula Coelho; SILVA, Jânia Maria Augusta da. Avaliação Nutricional em Pacientes Hospitalizados: Uma Responsabilidade Interdisciplinar. Saber Científico, Porto Velho, v. 1, n. 1, p , jan./jun FONTOURA, Carmen Sílvia Machado et al. Avaliação Nutricional do Paciente Crítico. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, Porto Alegre, v. 18, n. 3, p , jul./set MAICÁ, Anahi Ottonelli; SCHWEIGERT, Ingrid Dalira. Avaliação nutricional em pacientes graves. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, Rio Grande do Sul, v. 20, n. 3, p , ago GARCIA, Rosa Wanda Diez; MERHI, Vânia Aparecida Leandro; PEREIRA, Alexandra Missio. Estado nutricional e sua evolução em pacientes internados em clínica médica. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, Campinas, v. 19, n. 2, p , abr./mai./jun MALAFAIA, Guilherme. A desnutrição proteico-calórica como agravante da saúde de pacientes hospitalizados. Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde, Ouro Preto, v. 34, n. 2, p , mai./ago
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