Devolução de Mercadoria à empresa com CNPJ Inativo por motivo de 20/03/2015
Sumário Título do documento 1. Questão... 3 2. Normas Apresentadas pelo Cliente... 3 3. Análise da Consultoria... 3 3.1. Consulta a SEFAZ/SP... 6 4. Conclusão... 7 5. Informações Complementares... 7 6. Referências... 7 7. Histórico de Alterações... 7 2
1. Questão O cliente, empresa comercial varejista, estabelecida no Estado de São Paulo, adquiriu mercadorias de um fornecedor e por motivo qualquer necessita devolve-la. Ocorre que no intervalo entre o recebimento da mercadoria e necessidade de devolução, seu fornecedor sofre uma incorporação. Questiona-se como proceder neste caso. 2. Normas Apresentadas pelo Cliente Não foram apresentadas normas iniciais para análise. 3. Análise da Consultoria Antes de qualquer avaliação sobre o tema, nos cabe apresentar a definição de incorporação. Para isto, nos valemos da informação apresentada no site de RFB (Receita Federal do Brasil) disponível no canal Perguntas Frequentes no item Transformação,, Fusão e Cisão: 216 - O que vem a ser a incorporação de pessoa jurídica? A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações (Lei das S.A. - Lei n º 6.404, de 1976, art. 227; Código Civil - Lei n º 10.406, de 2002, art. 1116). Desaparecem as sociedades incorporadas, permanecendo, porém, com a sua natureza jurídica inalterada, a sociedade incorporadora. Cientes de que as normas tributárias que regulamentam a emissão de documento fiscais são estaduais, buscamos orientações nas disposições legais do Estado de São Paulo. A Solução à Consulta Tributária 1195/2013 contextualiza a questão analisada e nos apresenta os procedimentos a serem adotados. RESPOSTA À CONSULTA TRIBUTÁRIA 1195/2013, de 06 de Fevereiro de 2013. ICMS - CISÃO - TRANSFERÊNCIA DE PROPRIEDADE DE ESTABELECIMENTO QUE PERMANECERÁ NO MESMO LOCAL, EM SUA INTEGRALIDADE, SEM INTERRUPÇÃO DAS ATIVIDADES. I - Para a legislação do ICMS, não importa o modelo comercial adotado para a reestruturação da sociedade (cisão, fusão, incorporação, etc.), mas sim o que acontece de fato com o estabelecimento. II - Não há incidência do imposto estadual quando o estabelecimento for transferido na sua integralidade (artigo 3º, inciso VI, da Lei Complementar 87/1996). 3
III - É vedada a emissão de Nota Fiscal relativamente às mercadorias em estoque, Título do documento produtos acabados, materiais de uso e consumo e bens do ativo imobilizado (artigo 204 do RICMS/2000). IV - As transações efetuadas anteriormente à transferência de propriedade do estabelecimento, que ainda não foram concluídas ou que terão efeitos após essa transferência (ex: importação, devolução de mercadorias, etc.), serão assumidas automaticamente pela nova empresa, sem a necessidade de qualquer procedimento específico. V - A nova empresa terá direito ao saldo credor constante na escrituração do estabelecimento que sofreu alteração de titularidade 1. A Consulente, que de acordo com sua CNAE tem como atividade a fabricação de medicamentos para uso veterinário, informa que a diretoria de sua empresa, que possui ainda mais 15 estabelecimentos, decidiu separar seu estabelecimento realizando o processo de cisão. 2. Esclarece que, para tanto, foi criada uma nova sociedade empresarial e que as atividades dessa nova empresa continuarão sendo exercidas na mesma planta da Consulente. 3. Explica, ainda, que o endereço da nova sociedade não mudará, ou seja, permanecerá no mesmo local físico que a sociedade cindida e que tem dúvidas se para a transferência de titularidade dos estoques e ativos, haverá necessidade de emissão de nota fiscal. 4. Cita e transcreve trechos da Resposta à Consulta 561/2001, que, em seu entendimento, traz manifestação no sentido de que faz-se necessária a emissão de documento fiscal nos casos de cisão, mesmo não ocorrendo a movimentação física das mercadorias, mas argumenta que essa resposta se baseou num caso em que haveria uma cisão parcial; que parte do estabelecimento pertenceria a uma sociedade e a outra parte à outra. 5. Reforça a alegação de que no seu caso não haverá desmembramento interno, ou seja, todos os bens de ativo, estoques, materiais, mobiliários, e tudo o que mais estiver ligado ao estabelecimento da Consulente, será objeto dessa cisão e, por essa razão, entende que a emissão de notas fiscais nessa operação está em desacordo com o Artigo 204 do RICMS que dispõe sobre a vedação de emissão de documento fiscal, sem efetiva saída ou entrada de mercadoria. 6. Explica, ainda, que esse estabelecimento é centralizador do estado de São Paulo, na apuração do ICMS e que será efetuada a apuração dos valores de ICMS do estabelecimento e, em caso de saldo a pagar, será efetuado o recolhimento dentro do prazo legal e, em caso de restar saldo credor, efetuará a transferência dele, juntamente com todos os demais bens já citados para o estabelecimento novo. 7. Esclarece, ainda, que tem dúvidas relacionadas com as notas de devolução de clientes que adquiriram os produtos do estabelecimento da Consulente, antes da referida cisão, e dúvidas relativas às importações efetuadas antes da cisão e que porventura sofreram atraso em sua liberação nos portos ou aeroportos. 8. Diante do exposto, indaga: 1 - Na data da cisão (...) a Consulente precisará emitir notas fiscais de transferências de materiais de estoque, produtos acabados, materiais improdutivos de uso e consumo e bens que compõem seu ativo fixo, mesmo sabendo que permanecerão no mesmo local físico e que não haverá venda ou recebimento de valores nessa operação? 2 - Sendo positiva a resposta acima, a Consulente, solicita esclarecimentos como serão transferidos os estoques de matéria primas, produtos acabados, bens que compõe seu ativo fixo (CIAP) e materiais improdutivos de uso e consumo. Haverá destaque de ICMS nas operações? 3- Se houver saldo credor de ICMS no momento da cisão, poderá ser transferido através de conta gráfica no Registro de Apuração do ICMS? 4
4- Como podemos transferir o saldo credor do controle de crédito do ICMS do ativo permanente (CIAP)? 5- A Consulente, poderá receber mercadoria como exemplo: devolução, importação e outras operações após a cisão em nome da empresa antiga? Como poderá recepcionar mercadorias nessas condições? 9. Inicialmente, é importante registrar que, em regra, os negócios jurídicos que envolvem transformação na natureza e na forma de sociedades não estão diretamente afetos às questões tributárias pertinentes ao ICMS, pois cuidam de questões civis, ligadas ao patrimônio social e não à circulação de mercadorias. Isso não significa, contudo, que em todas as situações em que o patrimônio, integral ou parcialmente, passa de uma para outra empresa, nova ou preexistente, não haja situação que configure hipótese de incidência do ICMS. 10. Para a legislação do ICMS, não importa o modelo comercial adotado para a reestruturação da sociedade (cisão, fusão, incorporação, etc.), mas sim o que acontece de fato com o estabelecimento. 11. O artigo 3, inciso VI, da Lei Complementar 87/1996, estabelece que não incide o ICMS sobre operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de propriedade de estabelecimentoindustrial, comercial ou de outra espécie. 11.1 Note-se que para que não incida o imposto o estabelecimento, como unidade autônoma que é, deve ser transferido na sua integralidade. 12. Conforme exposto na consulta, o estabelecimento em questão permanecerá em atividade no mesmo local, sendo transferido em sua totalidade para uma nova empresa, que passará a deter as suas respectivas titularidades, com todos os elementos que os integram, portanto, a situação fática objeto da presente Consulta está enquadrada no artigo 3º, inciso VI, da Lei Complementar 87/1996. 13. Assim, tendo em vista que no caso relatado não haverá a movimentação física de bens e mercadorias e, principalmente, que é vedada expressamente a emissão de documento fiscal que não corresponda a uma efetiva saída ou entrada de mercadoria (artigo 204 do RICMS/2000), não há que se falar em emissão de documento fiscal relativamente às mercadorias em estoque, produtos acabados, materiais de uso e consumo e bens do ativo imobilizado. 14. Registre-se, ainda, que quando o estabelecimento é transmitido na sua totalidade, sua individualidade permanece íntegra. Tanto que não haveria, em tese, a necessidade de se alterar a inscrição estadual dos estabelecimentos. A escrita contábil e fiscal do estabelecimento transferido poderia ser mantida integralmente sob a nova titularidade, podendo, ainda, se utilizar os mesmos livros e documentos, com as devidas adaptações (artigo 1º, III, a, da Portaria CAT 17/2006). Ressalte-se que, na prática, em virtude dos procedimentos decorrentes do cadastro sincronizado de contribuintes da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo e da Secretaria da Receita Federal, a serem realizados eletronicamente, quando se altera a inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda - CNPJ, também acaba sendo necessário alterar a Inscrição Estadual correspondente. 15. Nesse sentido, fica claro que a nova empresa, em relação ao estabelecimento que sofreu a alteração na titularidade, assumirá, de fato e de direito, todas as suas atividades, bens, direitos e obrigações. 15.1. Portanto, tendo em vista a continuidade dos negócios, as transações efetuadas anteriormente à reestruturação da sociedade, que ainda não foram concluídas ou que terão efeitos após a criação da nova empresa (ex: importação, devolução de mercadorias, etc.), serão assumidas automaticamente pela nova empresa, sem a necessidade de qualquer procedimento específico. 16. No mesmo sentido, se o estabelecimento transferido possui créditos em sua escrita fiscal, em concordância com as normas pertinentes ao crédito fiscal, esse deve permanecer vinculado ao próprio estabelecimento. Dessa maneira, a nova empresa terá direito aos créditos constantes na escrituração desse estabelecimento. 5
17. Contudo, para se resguardar de eventuais problemas, é importante que todos esses Título do documento fatos estejam devidamente comprovados com documentos internos que oficializem a situação trazendo esclarecimentos acerca das ocorrências. 3.1. Consulta a SEFAZ/SP Objetivando receber uma resposta enfática da SEFAZ do Estado de São Paulo, sobre qual pessoa jurídica devemos encaminhar a nota fiscal de devolução de mercadoria, apresentamos por meio do canal Fale Conosco, disponível no site da SEFAZ de São Paulo, a consulta abaixo descrita: Protocolo de sua mensagem é 6548612 "O fornecedor AAA foi incorporado pela empresa BBB, a partir de então todas as obrigações do fornecedor AAA passaram a serem cumpridas pelo fornecedor BBB. Minha empresa necessita devolver a empresa AAA a mercadoria adquirida antes do processo de incorporação, agora que o processo já foi totalmente concluído. Com o cenário acima exposto questiono: Tendo ciência desta incorporação devo devolver a mercadoria a incorporadora BBB, mesmo tendo adquirido a mercadoria da empresa AAA ou devo devolver a mercadoria com uma nota fiscal da empresa AAA cabendo a empresa BBB recepcionar este documento? " 6
4. Conclusão Pelo acima exposto, principalmente no item 15 da Solução de Consulta 1195/2013, entendemos que não cabe a pessoa jurídica que retornara a mercadoria, responsabilidade de emissão de documento fiscal de devolução, em nome da nova pessoa jurídica que se formou após a incorporação, esta opção se dára apenas em algumas situação, conforme consulta informal apresentada a SEFAZ/SP. Nossa recomendação é a devolução da mercadoria em favor da empresa que efetivamente efetuou a venda, sendo responsabilidade da incorporadora recepcionar este documento, já que entre a incorporada e incorporadora há um contrato firmado que dá sustentação a este procedimento. Entendemos ser responsabilidade da incorporadora recepcionar, pela nova empresa, as transações que ainda não foram concluídas ou que sofreram efeitos após a incorporação e que tem seus documentos fiscais emitidos em nome da empresa incorporada. 5. Informações Complementares Esclarecemos que a informação passada neste parecer, com relação a emissão do documento, se trata do entendimento desta consultoria para a questão. Recomendamos ao Contribuinte elaboração e envio de consulta formal à Administração Fazendária de sua região como resposta formal do procedimento a ser adotado se houve necessidade de alteração do sistema. 6. Referências http://info.fazenda.sp.gov.br/nxt/gateway.dll/respostas_ct/icms/rc1195_2013.htm http://www.nfe.fazenda.gov.br/portal/perguntasfrequentes.aspx?tipoconteudo=e4+tmy+odf4= https://www.fazenda.sp.gov.br/email/obrigado_sefaz.asp?id=6548612 http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/dipj/2005/pergresp2005/pr212a231.htm 7. Histórico de Alterações ID Data Versão Descrição Chamado LSB 13/03/2015 1.00 Devolução LSB 20/03/2015 2.00 Devolução Resposta da SEFAZ/SP TRRT74 TRRT74 7