[ Eduardo Sabbag ] Manual de. Direito TRIBUTÁRIO. 5ª edição 2013. 0_abertura_sabbag_5ed_p1_38.indd 3 29/11/2012 16:50:11



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21 RELAÇÃO JURÍDICO- -TRIBUTÁRIA A relação jurídico -tributária pode ser assimilada por meio de um recurso mnemônico, por nós adotado em aulas, de cuja experiência pudemos idealizar a Linha do Tempo Compacta, a seguir representada. Trata -se de representação gráfica concebida no intuito de sistematizar a relação jurídico -tributária em cotejo com o tempo. Ao permitir uma visão abrangente e conjunta do Direito Tributário em movimento, a Linha do Tempo Compacta torna claros os momentos fulcrais da relação tributacional, traduzidos em uma ordem cronológica, facilmente compreensível ao estudioso. Não pretende ela aprofundar, mas sistematizar; nem simplificar, sem aprofundamento. Objetiva, sim, provocar uma visão crítica do liame obrigacional -tributário, em toda a sua inteireza. Apreciemo -la (ver Linha do tempo completa no Apêndice): HI = hipótese de incidência FG = fato gerador Linha do Tempo Compacta HI FG OT CT 1 A HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA OT = obrigação tributária CT = crédito tributário A hipótese de incidência tributária representa o momento abstrato, previsto em lei, hábil a deflagrar a relação jurídico -tributária. CORRETO, em prova rea lizada pelo Cespe/UnB, para o cargo de Analista Administrativo e Financeiro (Direito) da SEGER/ES, em 20-10- 2007: Em regra, o crédito tributário nasce em momento posterior ao fato gerador da obrigação tributária. IN pela ASPERHS Consultoria/PE, para o cargo de Advogado da Prefeitura Mu nicipal de Lagoa Grande/PE, em 27-01 -2008: A obrigação tributária principal nasce com o lançamento do respectivo crédito tributário. IN pela FUMARC -PUC/ MG, para o cargo de Ges tor Governamental da Se plag- -MG (e outras insti tui ções), em 17-02 -2008: A constituição do crédito tri butário corresponde crono lo gicamente à ocorrência do fato gerador. IN pela FUMARC -PUC/ MG, para o cargo de Defensor Público do Estado de Minas Gerais, em 2009: O crédito tributário se constitui pela ocorrência do fato gerador, e o lançamento atesta sua extinção. 21_relacao_juridico_tributaria_sabbag_5ed_p683_708.indd 683 24/10/2012 17:03:27

[ ] 684 Manual de Direito Tributário CORRETO, em prova reali zada pela ASPERHS Consul toria/pe, para o cargo de Advogado da Prefeitura Mu nicipal de Mirandiba/PE, em 18-05- 2008: Para que ocor ra o surgimento de uma relação jurídica tributária, deflagrando uma obrigação tributária para o sujeito passivo, é necessário que ocorra um evento, um fato, que coincida com uma hipótese prevista na lei que instituiu o tributo. CORRETO, em prova reali zada pela Vunesp, para a Outorga de Delegações de Notas e de Registros do Estado de São Paulo (5º Concurso/ Provimento TJ/SP), em 24-08 -2009: O nascimento da obrigação tributáriadá -se com a ocorrência do fato gerador previsto em lei. Observação: item semelhante foi considerado CORRETO, em provas realizadas por várias instituições. Note -as: (I) INTEC, para o cargo de Fiscal de Tributos Municipais de Biguaçu/SC, em 21-10 -2007; (II) Fundação Escola de Serviço Público do Estado do Rio de Janeiro (FESP/RJ), para o cargo de Fiscal de Tributos Municipais de Resende/RJ, em 2007; (III) Funrio, para o cargo de Procurador Municipal de Maricá/RJ, em 2007; e (IV) Instituto Pró -Município/CE, para o cargo de Fiscal Municipal de Tributos da Prefeitura de Pacatuba/CE, em 2009. Caracteriza -se pela abstração, que se opõe à concretude fática, definindo- -se pela escolha feita pelo legislador de fatos quaisquer do mundo fenomênico, propensos a ensejar o nascimento do episódio jurídico -tributário. Para Vittorio Cassone 1, significa a descrição que a lei faz de um fato tributário que, quando ocorrer, fará nascer a obrigação tributária (obrigação de o sujeito passivo ter de pagar ao sujeito ativo o tributo correspondente). 2 O FATO GERADOR O fato gerador ou fato imponível, nas palavras de Geraldo Ataliba 2, é a materialização da hipótese de incidência, representando o momento concreto de sua realização, que se opõe à abstração do paradigma legal que o antecede. Caracteriza -se pela concretização do arquétipo legal (abstrato), compondo, dessa forma, o conceito de fato. Assim, com a realização da hipótese de incidência, teremos o fato gerador ou fato jurígeno. É importante enaltecer que da perfeita adaptação do fato ao modelo ou paradigma legal despontará o fenômeno da subsunção. A partir dela, nascerá o liame jurídico obrigacional, que dará lastro à relação intersubjetiva tributária. Ademais, o fato gerador é momento de significativa magnitude na Linha do Tempo, uma vez que define a natureza jurídica do tributo (taxas, impostos, contribuições de melhoria), consoante a dicção do art. 4º, I, do CTN, valendo lembrar que o nome ou denominação do tributo são irrelevantes. Veja o dispositivo: Art. 4º. A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá -la: I a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II a destinação legal do produto da sua arrecadação. Quanto aos empréstimos compulsórios e às contribuições, não é demasiado reprisar que se trata de gravames finalísticos, não definidos pe lo fato gerador, mas, sim, pela finalidade para a qual foram instituídos. Por tanto, seus fatos geradores são irrelevantes, não sendo esses tributos con cebidos como tais, em razão deles, mas do elemento finalístico que os de marca de modo indelével. Cabe destacar que o fato gerador ganha significativa importância por definir a lei a ser aplicada no momento da cobrança do tributo, em 1 CASSONE, Vitório. Direito tributário, 18. ed., p. 143. 2 ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. 6. ed., 3. tir. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 68. 21_relacao_juridico_tributaria_sabbag_5ed_p683_708.indd 684 24/10/2012 17:03:27

Relação Jurídico-Tributária [ ] 685 abono do princípio constitucional da irretroatividade tributária (art. 150, III, a, da CF). Sabe -se que, em uma autuação fiscal, deve a autoridade fiscalizadora valer -se da lei que antecede os fatos geradores aos quais ela se refere, sob pena de veicular uma retroatividade legal, o que se pretende coibir com o postulado constitucional em comento. Como se notou, hipótese de incidência é a situação descrita em lei, recortada pelo legislador entre inúmeros fatos do mundo fenomênico, a qual, uma vez concretizada no fato gerador, enseja o surgimento da obrigação principal. A substancial diferença reside em que, enquanto aquela é a descrição legal de um fato (...) a descrição da hipótese em que o tributo é devido 3, esta se materializa com a efetiva ocorrência do fato legalmente previsto. Segundo leciona Ricardo Lobo Torres 4, o tributo deve incidir sobre as atividades lícitas e, de igual modo, sobre aquelas consideradas ilícitas ou imorais. De fato, há de haver uma universal incidência do tributo, porquanto a hipótese de incidência, materializando -se no fato imponível, é circunstância bastante para a irradiação equitativa da incidência tributária. Para Luiz Emygdio F. da Rosa Jr. 5, quando a norma jurídica tributária define um dado paradigma como hipótese de incidência fato econômico ao qual o direito atribui relevância jurídica, já está sopesando a situação em si e a capacidade contributiva da pessoa que a deflagra. Nesse passo, o Direito Tributário preocupa -se em saber tão somente sobre a relação econômica relativa a um determinado negócio jurídico, o que se nota na dicção do art. 118 do CTN. Trata -se de dispositivo que abarca um importante princípio, criado por Albert Hensel e Otmar Bühler 6, segundo o qual o tributo non olet, ou seja, o tributo não tem cheiro, significando que toda atividade ilícita deveria ser tributada. Note -o: Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo -se: I da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. De acordo com o art. 118 do CTN, são irrelevantes, para a ocorrência do fato gerador, a natureza do objeto dos atos praticados e os efeitos desses atos. 3 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário, 29. ed., pp. 127-128. 4 TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e tributário, 12. ed., p. 102. 5 ROSA JR., Luiz Emygdio F. Manual de direito financeiro e tributário. 17. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. p. 213. 6 V. TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de direito constitucional financeiro e tributário, v. III, p. 371. IN pela Esaf, para o car - go de Gestor Governamental do Estado de Minas Ge rais, em 2005: A hipótese de incidência é o fato da vida que gera, diante do que dispõe a lei tributária, o dever de pagar o tributo. IN pela Vunesp, para a Outorga de Delegações de Notas e de Registros do Estado de São Paulo (5º Concurso/Provimento TJ/SP), em 24-08 -2009: Quanto aos elementos essenciais do tributo, é possível afirmar que o fato gerador in abstrato corresponde a situação que, constatada, impõe a alguém a obrigação de pagar um tributo. Note, agora, o item considerado CORRETO, na mesma prova: O fato gerador é a situação definida em lei como necessária e suficiente para que se considere surgida a obrigação tributária. Observação: Item semelhan te foi considerado COR- RETO, em prova realizada pela Cespe/UnB, para o cargo de Procurador do Estado/PB, em 02-03 -2008. O art. 118 do CTN faz menção à expressão fato gerador, porém haveria de ser feita referência à hipótese de incidência. Daí a PUC/PR, em prova realizada para o cargo de Procurador Municipal de Curitiba/PR, em 2007, ter considerado CORRETA a seguinte assertiva: A expressão fato gerador é criticada por vários segmentos da doutrina em razão de que alude, ao mesmo tempo, à previsão abstrata da norma e à situação concreta a que ela se refere. CORRETO, em prova rea liza da pela FCC, para o cargo de Auditor Fiscal Tributário Mu nicipal de São Paulo, em ja neiro de 2007: A responsa bi lidade por infrações da le gislação tributária independe, salvo disposição em contrário, da intenção do agen te ou do responsável e da efetividade, natureza e ex ten são dos efeitos do ato. 21_relacao_juridico_tributaria_sabbag_5ed_p683_708.indd 685 24/10/2012 17:03:27

[ ] 686 Manual de Direito Tributário Note o item (adaptado) consi derado CORRETO, em prova realizada pelo Cespe/ UnB, para o cargo de Analista Administrativo e Financeiro Formação 1/Ciências Contábeis da SEGER/ES, em 1º -02-2009: Quando Vespasiano, no século I, começou a cobrar taxas sobre o uso dos mictórios de Roma, seu filho Tito o criticou em razão da origem do dinheiro nojento. Vespasiano pediu que ele cheirasse uma moeda e lhe disse: `Pecunia non olet`. O dinheiro não tem cheiro. O texto acima traduz a regra contida no CTN de que a definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo -se a validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como a natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Assim, podem ser tributados os atos nulos e os atos ilícitos, prevalecendo o princípio da interpretação objetiva do fato gerador. Nesse passo, infere -se do artigo em comento que, diante do fato típico tributário, há de prevalecer em caráter exclusivo a sua análise objetiva como fator relevante, em homenagem à equivalência necessária que dá sustentação ao postulado da isonomia tributária. Insta frisar que a indigitada máxima latina pecunia non olet originou -se do diálogo ocorrido entre o Imperador Vespasiano e seu filho Tito. Narra que este, indagando o pai sobre o porquê da tributação dos usuários de banheiros ou mictórios públicos, na Roma Antiga, foi levado a crer pelo genitor que a moeda não exalava odor como as cloacas públicas, e, portanto, dever -se-ia relevar todos os aspectos extrínsecos ao fato gerador, aceitando -se, sim, a tributação sobre aqueles que utilizavam tais recintos. Sendo assim, o vetusto aforismo latino impõe, na esteira do princípio da generalidade da tributação, que todos aqueles que realizarem o fato gerador do gravame poderão ser chamados a compor o polo passivo da relação jurídico -tributária, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos. Nessa esteira, para Ricardo Lobo Torres 7, se o cidadão pratica ati vidades ilícitas com consistência econômica deve pagar o tributo sobre o lucro obtido, para não ser agraciado com tratamento desigual frente às pes soas que sofrem a incidência tributária sobre os ganhos provenientes do trabalho honesto ou da propriedade legítima. Vale dizer, à luz de tais entendimentos doutrinários uníssonos, que o fato tributário deverá ser analisado em sua nudez econômica, longe de conotações extrínsecas. Desse modo, irrelevante será se a atividade é limpa ou suja, devendo o tributo gravar o resultado econômico de todas as circunstâncias fáticas, lícitas ou ilícitas 8. Tal panorama ratifica o paradigma de que a capacidade tributária passiva é plena, não comportando restrições. Note o art. 126 do CTN, que vem ao encontro do contexto preconizado pela máxima latina: Art. 126. A capacidade tributária passiva independe: I da capacidade civil das pessoas naturais; II de achar -se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios; III de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou profissional. 7 TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de direito constitucional financeiro e tributário, v. III, p. 372. 8 V. MARTINS, Ives Gandra da Silva. Teoria da imposição tributária, p. 320. 21_relacao_juridico_tributaria_sabbag_5ed_p683_708.indd 686 24/10/2012 17:03:27

Relação Jurídico-Tributária [ ] 687 O dispositivo em epígrafe diz respeito à capacidade jurídico- -tributária, referindo -se à aptidão da pessoa, titular de direitos, para compor o polo passivo da relação jurídica que envolve a cobrança do tributo. À luz do inciso I do art. 126, diz -se que a incapacidade civil absoluta ou relativa é de todo irrelevante para fins tributários. Os atos realizados por menores de 16 anos (e.g., o recém -nascido) ou até por aqueles entre 16 e 18 anos, pelos ébrios habituais, pelos toxicômanos, pelos pródigos, pelos excepcionais (sem desenvolvimento mental completo), pelos deficientes mentais e pelos surdos -mudos, quando estes não puderem exprimir sua vontade, se tiverem implicações tributárias, ensejarão infalivelmente o tributo. Quanto ao inciso II do indigitado dispositivo, a pessoa natural que sofrer limitações no exercício de suas atividades civis, comerciais ou profissionais não estará impossibilitada de fazer parte da sujeição passiva tributária. À guisa de exemplificação, temos: o falido, o interditado, o réu preso, o inabilitado para o exercício de certa profissão (v.g., o advogado suspenso pela OAB; o transportador autônomo com habilitação para dirigir suspensa; financista com empresa sob intervenção do Banco Central). Quanto ao inciso III, a incidência tributária ocorrerá independentemente da regular constituição da pessoa jurídica, mediante a inscrição ou registro dos seus atos constitutivos no órgão competente. Se, à revelia dessa formalidade legal o que torna a empresa comercial existente de fato, e não de direito, houver a ocorrência do fato gerador, v.g., a comercialização de mercadorias, dar -se -á a imposição do tributo, exigível, no caso, sobre os sócios da pessoa jurídica, haja vista a responsabilização pessoal constante do art. 135, caput, CTN. A esse propósito, o STJ entendeu que (...) a situação irregular da Empresa no Distrito Federal não afasta a obrigação de recolher o tributo, pois a capacidade tributária de uma empresa independe da constatação da regularidade de sua formação. (...) (CC 37.768/SP, rel. Min. Gilson Dipp, 3ª T., j. 11-06 -2003). Ad argumentandum, destaque -se que a sociedade em conta de participação não é pessoa jurídica, nem mantém relações jurídicas com terceiros, o que faz com que não possua capacidade tributária passiva. Para fins de responsabilização do tributo, atingir -se -ão os sócios, que são credores e devedores de terceiros. Por derradeiro, é importante frisar que as situações descritas no art. 126 servem tanto para deveres como para direitos dos contribuintes. Com efeito, o STJ entendeu que uma entidade, conquanto não formalmente constituída como pessoa jurídica, tem direito garantido de ingressar com o REFIS (REsp 413.865/PR, 1ª T., rel. Min. Luiz Fux, j. 26-11 -2002). De fato, tratar universalmente tais contribuintes significa evitar a burla à tributação, uma vez que inúmeros proprietários de bens imóveis pelo Cespe /UnB, para o cargo de Promotor de Justiça Substituto de Roraima (VII Concurso), em 07-06 -2008: Uma criança recém -nascida já tem capacidade tributária para ser devedora de IPTU. 21_relacao_juridico_tributaria_sabbag_5ed_p683_708.indd 687 24/10/2012 17:03:27

[ ] 688 Manual de Direito Tributário poderiam colocar seus bens em nome dos filhos menores, ou, ainda, incontáveis comerciantes deixariam de estar devidamente cadastrados perante o fisco. A lógica da equiparação está na racionalidade que deve vir a reboque do princípio da isonomia e também no viés da capacidade contributiva, evitando que, no caso, oferte -se um tratamento mais benévolo a autores, por exemplo, de ilícitos, em detrimento daqueles que se põem, diante do fenômeno da tributação, sob as vestes da legalidade, haurindo legitimamente os seus rendimentos provindos de lícitas fontes. Nesse sentido, temos dito que o postulado da generalidade da tributação expõe a necessária onipresença tributacional, com a indiferença de quem realizou ou como foi realizada a atividade tributável, para o Direito Tributário, abrindo -se, entretanto, para o viés excepcional da isenção, sem que isto possa dar azo a uma desigualdade jurídico -formal. É que, desgraçadamente, tem -se presenciado às escâncaras a ampliação de isenções para certos segmentos do setor produtivo e do capital especulativo, que acabam favorecendo a concentração do capital, por parte daqueles que ocupam as classes mais bem favorecidas, e promovendo o chamado engessamento social, com as restrições tributárias aos tantos e incontáveis contribuintes assalariados e pagadores de tributos! de nosso país. A aplicação da cláusula latina serve como mecanismo inibitório desse tipo de desequiparação irracional. A intenção do Direito Tributário, ao instaurar a norma do art. 118 do CTN foi de dar tratamento isonômico aos detentores de capacidade contributiva e, ao mesmo tempo, evitar que a atividade criminosa se configurasse mais vantajosa, inclusive pela isenção tributária. Adotar um entendimento oposto, salvo melhor juízo, parece pretender -se prestigiar o sentimentalismo em detrimento da isonomia tributária, abrindo aos contraventores, aos marginais, aos ladrões, aos que lucram com o furto, o crime, o jogo de azar, o proxenetismo etc., a vantagem adicional da exoneração tributária, de que não gozam os contribuintes com igual capacidade contributiva decorrente da prática de atividades, profissões ou atos lícitos 9. Posto isso, com base na interpretação a que procedemos, mostra -se insofismável a possibilidade livre de incidência de tributos, independentemente da regularidade jurídica dos atos ou da licitude do seu objeto ou dos seus efeitos. Analisando -se os fatos geradores sob o ponto de vista de sua ocorrência no tempo ( in sede temporale, para os italianos), a doutrina 9 FALCÃO, Amílcar de Araújo. Fato gerador da obrigação tributária, 2. ed., p. 90. 21_relacao_juridico_tributaria_sabbag_5ed_p683_708.indd 688 24/10/2012 17:03:28

Relação Jurídico-Tributária [ ] 689 tem proposto a seguinte classificação quanto à periodicidade: fatos geradores instantâneos, periódicos e continuados. Passemos à análise de cada um: 1. Fatos Geradores Instantâneos (ou Simples): a sua realização se dá num determinado momento de tempo 10, mediante a prática de um simples ato 11, negócio ou operação singular. O fato gerador instantâneo se inicia e se completa em um só instante, esgotando -se em determinada unidade de tempo 12, tal qual a luminosidade de um vaga -lume 13. Pra cada ato concretizado no mundo real haverá um fato gerador 14, uma relação obrigacional tributária autônoma 15. Exemplos: ICMS, IPI, II, IE, IOF, ITBI, ITCMD, entre outros. Destaque -se que o imposto sobre a renda, embora se classifique como complexivo como se verá abaixo, pode se enquadrar como instantâneo, quando se desdobra na modalidade IRRF 16 e IR -Incidente sobre ganho de capital em aplicação financeira 17. 2. Fatos Geradores Periódicos ou Complexivos (ou Complexos): a sua realização se põe ao longo de um espaço de tempo 18, portanto não ocorrem hoje ou amanhã, mas sim durante um longo período, ao término do qual se valoriza uma determinada quantia de fatos isolados que, somados, aperfeiçoam o fato gerador do tributo 19. Trata -se de fatos, circunstâncias ou acontecimentos globalmente considerados 20, com o transcurso de unidades sucessivas de tempo 21, para compor um só fato 10 V. AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 267. 11 MELO, José Eduardo Soares de. Capacidade contributiva. Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Dialética, 2008, p. 256. 12 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 279. 13 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 269. 14 V. AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 267. 15 FALCÃO, Amílcar de Araújo. Fato gerador da obrigação tributária. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 71. 16 Exemplo citado por: AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 268; e MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 29. ed. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 98. 17 Exemplo citado por: BORBA, Cláudio. Direito tributário: teoria e questões. 23. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008, 313; e MELO, José Eduardo Soares de. Capacidade contributiva. Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Dialética, 2008, p. 256. 18 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 268. 19 Idem. 20 FALCÃO, Amílcar de Araújo. Fato gerador da obrigação tributária. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 71. 21 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 279. pela ESAF, para o cargo de Agente de Fazenda da Secretaria Municipal de Fazenda do Rio de Janeiro, em 24-10 -2010: Fato gerador instantâneo é aquele que se realiza em um único ato ou contrato ou operação realizada que, uma vez realizada no mundo real, implica a realização de um fato gerador. Repete -se tantas vezes quantas essas situações materiais se repetirem no tempo. pela ESAF, para o cargo de Agente de Fazenda da Secretaria Municipal de Fazenda do Rio de Janeiro, em 24-10 -2010: Fato gerador periódico é aquele cuja realização se põe ao longo de um espaço de tempo; não ocorre hoje ou amanhã, mas sim durante um longo período de tempo, ao término do qual se valorizam diversos fatos isolados que, somados, aperfeiçoam o fato gerador do tributo. 21_relacao_juridico_tributaria_sabbag_5ed_p683_708.indd 689 24/10/2012 17:03:28

[ ] 690 Manual de Direito Tributário IN pelo Cespe /UnB, para o cargo de Procurador do Estado do Espírito Santo, em 27-04 -2008: A doutrina designa fato gerador continuado aquele cuja realização ocorre ao longo de um espaco de tempo, como no caso do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza. Note o item (adaptado) consi derado INCORRETO, em prova realizada pelo Cespe/ UnB, para o cargo de Analista Administrativo e Financeiro Formação 1/Ciências Contábeis da SEGER/ES, em 1º -02-2009: (...)O fato gerador periódico (ou complexivo) é aquele que se representa por situação que se mantém no tempo e que é mensurada em cortes temporais, como os tributos incidentes sobre o patrimônio. Por último, o fato gerador continuado se realiza ao longo de um espaço de tempo, como o imposto sobre a renda. A assertiva, aqui adaptada, foi solicitada em prova realizada pelo TRF/4ª Região, para o provimento de cargo de Juiz Federal Substituto (XIII Concurso). pela ESAF, para o cargo de Agente de Fazenda da Secretaria Municipal de Fazenda do Rio de Janeiro, em 24-10 -2010 : No fato gerador continuado, sua realização se dá de forma duradoura, podendo manter -se estável ao longo do tempo; nele, a matéria tributável tende a permanecer, existindo hoje e amanhã. gerador. São fatos isolados em um período ou ciclo de formação que serão agregados num todo idealmente orgânico 22. Os fatos geradores complexivos (ou complessivos ) 23 recebem outras denominações sinônimas, na visão de Amílcar de Araújo Falcão 24 : completivos, continuativos, periódicos ou de formação sucessiva. Valendo -nos de um recurso metaforicamente mnemônico, bem recomendado por Luciano Amaro 25, tal instituto assemelha -se a uma partida de futebol, que se desenrola durante os noventa minutos, mas se encerra com o apito final do árbitro. Há que ser verificar a partida, como é sabido, não pelo aceno último do juiz, mas por tudo o que aconteceu durante a sua ocorrência. O fato gerador complexivo ocorre, em sua forma clássica 26, quase que exclusivamente com o IR 27. A nosso ver, o fato gerador do IR deve ser classificado, quanto ao tempo, em complexo ou complexivo. Não obstante a doutrina mais abalizada já tê -lo associado a fato gerador continuado 28, entendemos que, para concursos públicos, a melhor classificação é a que aproxima o IR a fato gerador complexo, complexivo ou periódico. Por fim, é bom que se diga que o termo complexivo, utilizado em relação ao imposto de renda, não guarda nenhuma pertinência com a complexidade que possa vir a ter o ato administrativo, dependendo- -se, por exemplo, de mais de uma esfera decisória. 3. Fatos Geradores Continuados (ou Contínuos): a sua realização se dá de forma duradoura e estável no tempo; a matéria tributável tende a permanecer, existindo hoje e amanhã. O fato gerador continuado também conhecido por fato gerador de período ou por período certo de tempo leva um período para se completar. No Brasil, este período é 22 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 269. 23 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 280. O autor critica o italianismo complessivo, enaltecendo o fato de que o termo neológico não faz parte do nosso vernáculo. 24 FALCÃO, Amílcar de Araújo. Fato gerador da obrigação tributária. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 70. 25 V. AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 268. 26 V. CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 279. 27 Exemplo citado por: FALCÃO, Amílcar de Araújo. Fato gerador da obrigação tributária. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 71; BORBA, Cláudio. Direito tributário: teoria e questões. 23. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008, p. 312; AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 270; e TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e tributário. 12. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 248. 28 V. MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 29. ed. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 98. 21_relacao_juridico_tributaria_sabbag_5ed_p683_708.indd 690 24/10/2012 17:03:28

Relação Jurídico-Tributária [ ] 691 geralmente de um ano. Daí haver a necessidade de serem feitos cortes temporais 29 para a sua identificação (todo dia 15 de janeiro, por exemplo). Ele se aproxima do fato gerador instantâneo (porque ele acontece em um dia certo) e também do fato gerador complexivo, em certa medida 30. Ocorre normalmente com os impostos incidentes sobre o patrimônio: IPTU 31, ITR, IPVA. Vamos, agora, à análise dos arts. 116 e 117 do CTN: Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera -se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratando -se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II tratando -se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam -se perfeitos e acabados: I sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento; II sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do negócio. Com amparo nos dispositivos em epígrafe, quanto ao aspecto temporal, considera -se ocorrido o fato gerador: I em se tratando de situação de fato, desde o momento em que se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que se produzam os efeitos que são delas decorrentes. Como exemplo, temos, para a cobrança do imposto de importação, a efetiva entrada do bem no território nacional, adentrando no espaço aéreo brasileiro, seja por terra, pelo mar ou pelo ar. II em se tratando de situação jurídica, desde o momento em que tal situação jurídica esteja definitivamente constituída, nos termos do direito aplicável. A título de exemplo, citem -se os impostos sobre a propriedade (IPTU e ITR) ou a transmissão desta (ITBI e ITCMD), em que o fato gerador ocorre no momento em que a lei civil assim determina. Em se tratando de negócios jurídicos condicionais, considera -se ocorrido o fato gerador: 29 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 268. 30 Ibidem, p. 269. 31 Registre -se que Ricardo Lobo Torres (in Curso de direito financeiro e tributário. 12. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 251) associa o IPTU ao fato gerador periódico, pois cobrado anualmente. Com a devida vênia, ousamos discordar do entendimento do estimado e ilustre professor, preferindo aproximar o gravame do fato gerador continuado. IN pelo Cespe/UnB, para o cargo de Analista Administrativo e Financeiro Formação 1/Ciências Contábeis da SEGER/ES, em 1º -02-2009: O fato gerador pode ser classificado como instantâneo, periódico ou continuado. Diz -se instantâneo quando a realização do fato gerador se dá em um momento do tempo em razão de um ato singular. O fato gerador periódico (ou complexivo) é aquele que se representa por situação que se mantém no tempo e que é mensurada em cortes temporais, como os tributos incidentes sobre o patrimônio. Por último, o fato gerador continuado se realiza ao longo de um espaço de tempo, como o imposto sobre a renda. pela AOCP/Concursos, para o cargo de Assistente Jurídico da Agência Reguladora de Serviços Públicos de Santa Catarina (AGESC), em 2008: Salvo disposição de lei em contrário, considera -se ocorrido o FG e existentes seus efeitos, tratando -se de situação de fato, desde o momento em que se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios. pela FCC, para o cargo de Analista Superior II (Advogado) da Infraero, em junho de 2009: Ressalvada disposição de lei em contrário, considera- -se ocorrido o FG e existentes os seus efeitos, tratando -se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída a obrigação, nos termos de direito aplicável. 21_relacao_juridico_tributaria_sabbag_5ed_p683_708.indd 691 24/10/2012 17:03:28

[ ] 692 Manual de Direito Tributário a) sendo a condição suspensiva (evento futuro e incerto, de cuja realização se faz depender os efeitos do ato), no momento de seu implemento, vale dizer, no momento em que se realiza a condição. Por exemplo: doação condicionada a um casamento. b) sendo a condição resolutória (evento futuro e incerto, de cuja realização se faz decorrer o desfazimento do ato), desde que o ato ou negócio jurídico foi celebrado, sendo, neste caso, inteiramente irrelevante a condição. Por exemplo: fim de casamento provoca desfazimento da doação, a qual foi feita sob a condição de o donatário se casar. 3 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA HI FG OT Execução Fiscal pela Vunesp, para a Outorga de Delegações de Notas e de Registros do Estado de São Paulo (5º Concurso/Remoção TJ/ SP), em 17-08 -2009: São elementos da obrigação tributária: o sujeito ativo, o sujeito passivo, uma prestação de dar, de fazer ou de não fazer e o vínculo jurídico. Elementos da OT Sujeito Ativo Sujeito Passivo Objeto Causa São elementos da obrigação tributária: o sujeito ativo (arts. 119 e 120, CTN), o sujeito passivo (arts. 121 a 123, CTN), o objeto (art. 113, CTN) e a causa (arts. 114 e 115, CTN). pelo NCE/UFRJ, para o cargo de Gestor Fazendário (Área: Tributação e Arrecadação) da SEF/MG, em 2007: Considera -se sujeito ativo da obrigação tributária a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento. Observação: item semelhante foi considerado pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), para o cargo de Auditor Fiscal da Prefeitura Municipal de Tauá/CE, em 18-05 -2008. 3.1 Sujeito ativo A sujeição ativa é matéria afeta ao polo ativo da relação jurídico- -tributária. Refere -se, pois, ao lado credor da relação intersubjetiva tributária, representado pelos entes que devem proceder à invasão patrimonial para a retirada compulsória de valores, a título de tributos. Observe o art. 119 do CTN: Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento. As pessoas jurídicas de Direito Público podem ser titulares, por delegação, das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos (parafiscalidade), ou executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária (art. 7º do CTN). Posto isso, há dois tipos de sujeitos ativos: o direto e o indireto. a) Sujeito ativo direto: são os entes tributantes União, Estados, Municípios e Distrito Federal (art. 41, I, II, III do Código Civil, 21_relacao_juridico_tributaria_sabbag_5ed_p683_708.indd 692 24/10/2012 17:03:29