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Transcrição:

INOVAÇÕES TÉCNICO PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UM CONTEXTO MULTIFACETADO Ketiuce Ferreira Silva UFTM/UFU/Pitágoras ketiuce@yahoo.com.br Martha Maria Prata Linhares UFTM martha.prata@gmail.com Resumo: Este pôster tem o objetivo de apresentar, à luz de referencial teórico, algumas especificidades da Educação a Distância (EaD), enquanto cenário pertencente às novas demandas que permeiam os processos de ensino aprendizagem contemporâneos. As informações apresentadas ao longo deste texto fazem parte de uma pesquisa de mestrado em andamento cuja problemática é: como ocorre o desenvolvimento profissional docente na EaD? Nesse sentido, a discussão se constrói em torno das características da EaD, das influências das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs) nos processos de ensinoaprendizagem, e da relação destes fatores com a inovação técnico pedagógica na ação docente. Tal discussão constrói se por meio da contribuição de autores como, Mill (2012), Marcelo (2013), Kenski (2013), Silva (2009), Masetto (2012), entre outros que apontam a EaD como modalidade que tem muito a contribuir com a educação, mas é preciso atenção diante de suas peculiaridades. Questionar se sobre os aspectos evidentes e os aparentemente velados na EaD é tarefa essencial para a reflexão e re/construção de conceitos e práticas que tragam para esta modalidade educacional posturas mais conscientes e efetivas, em prol de melhores condições para a formação e para o trabalho docente e, consequentemente, para a qualidade do processo de ensino aprendizagem na EaD. A ação docente em formações a distância pode e deve explorar muitos aspectos da educação presencial, além de contemplar outras especificidades marcadas pela mediação didático pedagógica apoiada pelas TDICs e pela flexibilidade de tempo e espaço. Em uma ou em outra modalidade, qualidade e inovação dependem do fator humano e as modernidades tecnológicas devem ser meios utilizados com vistas a favorecer a efetividade dos processos educativos. Palavras chave: Inovações técnico pedagógicas. Educação a Distância. Ação docente. 1. Introdução Pesquisadores como Nunes (2009) registram que a história da EaD constrói se, em nível mundial, há muitos anos. Tal trajetória passa pelo uso de correspondência, televisão, rádio, até chegar às TDICs. Suas características acompanham o contexto social de cada momento histórico. Essa modalidade educacional tem crescido expressivamente e a origem desse crescimento passa por aspectos como, projetos de expansão da educação superior, aumento do uso do computador e da internet nos mais diferentes contextos, e por fatores legais. No Brasil a EaD levou algum tempo para ser reconhecida. E isso ocorreu graças ao fator legal representado por documentos como a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996 que, por meio do art. 80, regulamenta o Decreto 5.622/2005. Este que, dentre outros aspectos, ressalta que a mediação didático pedagógica na EaD conta com o apoio das TDICs e conta com a diversificação de tempo e espaço para professores e alunos. 02640

2 Diante disso, a EaD tem conquistado mais espaço e, consequentemente novas desafios e discussões passam a permear os processos de ensino aprendizagem e, consequentemente, o desenvolvimento profissional docente. Em torno desta problemática este texto aborda, de maneira sintética, alguns tópicos construídos a partir de referencial da área em questão. Tais tópicos apresentam informações extraídas de uma pesquisa em desenvolvimento e versam sobre as peculiaridades da ação docente na EaD e a relação deste contexto com a prática pedagógica inovadora. As considerações finais esboçam uma reflexão, que ainda está sendo aprofundada, acerca das possibilidades e desafios apontados ao longo do texto. 2. Peculiaridades da docência na EaD As etapas de planejamento, execução e avaliação dos processos de ensinoaprendizagem na EaD são partilhadas por professores, tutores e equipe de apoio técnico e pedagógico. Segundo Mill (2012) há uma fragmentação necessária para os moldes em que a EaD ocorre atualmente, sem desvincular se da perspectiva de interdependência das atividades que constituem o trabalho pedagógico. Dentre as diversas exigências que recaem sobre o docente, Oliveira e Santos (2013) destacam: ensinar o aluno a aprender a aprender, domínio de conteúdo, visão sociointeracionista, versatilidade de práticas e recursos pedagógicos, postura de pesquisador, comprometimento e responsabilidade, entre outros. É no ciberespaço que estão os ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs) que, além de ser o lugar onde ocorre o processo de ensino aprendizagem, também o condiciona. Um espaço que tem sua existência condicionada à intencionalidade de quem faça uso dele. Nesta perspectiva, Marcelo (2013) fala do conhecimento técnico pedagógico enquanto convergência dos conhecimentos de conteúdo, pedagógico e tecnológico. A novidade tecnológica não é garantia de inovação pedagógica e para que os processos de ensinoaprendizagem sejam inovadores é preciso tempo, atrevimento para revisar os currículos, foco na qualidade e na resolução de problemas reais. Kenski (2013, p.120) defende que as instituições devem preparar seus professores... para trabalharem com a educação a distância e, mais ainda, conseguir que eles possam atuar coletivamente, integrados em equipes com os demais profissionais, viabilizando, assim, o oferecimento bem sucedido das atividades nos espaços virtuais.. Ou seja, a formação adequada deve começar pela imersão do professor na modalidade, uma formação pela e para a EaD e que possibilite compreender e atuar nas especificidades de tempo, espaço, planejamento, execução e avaliação dos processos de ensino aprendizagem a distância. 02641

3 3. A perspectiva pedagógica e inovadora acerca do uso das TDICs As peculiaridades da EaD são observadas pela mescla de recursos utilizados, relações estabelecidas, e outros fatores que constituem o processo formativo dessa modalidade educacional. Estes elementos fazem parte do que se pode chamar de identidade da EaD contemporânea e se constituem na inter relação entre fatores técnicos e humanos. Mas afinal, por que as tecnologias digitais? Pesquisadores como Coll e Illera (2010) argumentam que: (...) a incorporação das TIC nas salas de aula abre caminho para a inovação pedagógica e didática e para a busca de novas vias que visam melhorar o ensino e promover a aprendizagem; e a ubiquidade das TIC, presentes em praticamente todos os âmbitos de atividade das pessoas, multiplica as possibilidades e os contextos de aprendizagem muito além das paredes da escola. (COLL e ILLERA, 2010, p. 289). Os autores ampliam o argumento acima ao mencionarem que essas tecnologias afetam o tempo, as formas, os lugares, as finalidades e os objetivos educacionais; e acrescentam que a alfabetização digital requer parceria entre conhecimento técnico, compreensão para produzir e difundir informações com o uso da multimídia e contribuir com as práticas sociais e culturais de um povo. Neste sentido, Silva (2009) destaca quatro exigências das quais o professor deverá se dar conta: habilidade para lidar com a mídia online para elaborar material, comunicar se e criar conhecimento; explorar a hipertextualidade em prol da comunicação bidirecional e interativa; promover interatividade com o uso da mensagem modificável e flexível, utilizada para mediar a comunicação entre emissor e receptor; utilizar a internet para potencializar a comunicação e, consequentemente, o processo de ensino aprendizagem por meio de blog, fóruns, chat, listas de discussão, sites, AVAs e outros que, além de contribuir com a inclusão digital, favoreçam a construção coletiva e participativa do conhecimento, incentivando a autonomia, pesquisa, comunicação, criatividade, interatividade e autoria. E o que a inovação tem a ver com isso? O verbo inovar tem sua essência representada pela inter relação entre teoria e prática que busca refletir e agir sobre a diversidade de fenômenos, problemas e necessidades do contexto educacional e que é constituída pelo vínculo mútuo de diferentes fatores (intelectuais, morais, éticos, afetivos, práticos...). A partir de Carbonell (2002, p. 19), Masetto (2012, p. 16) define inovação como: (...) um conjunto de intervenções, decisões e processos, com intencionalidade e sistematização que trata de modificar atitudes, ideias, culturas, conteúdos, modelos e práticas pedagógicas e introduzir novos materiais curriculares, estratégias de ensino e aprendizagem, modelos didáticos e outras formas de organizar e gerir o currículo, a escola e a dinâmica da classe. (CARBONELL, 2002, p. 19, apud MASETTO, 2012, p. 16). Nesse sentido, a inovação relaciona se à maneira que se entende o que é conhecer. É um processo de ruptura, que exige flexibilidade, humildade, abertura para pensar o novo e 02642

4 respeito ao pensamento do outro, conforme Prata Linhares, Souza, Lopes et al (2008). Inovação exige uma reflexão atenta e crítica e uma disposição para descartar ideias ou abordagens novas que somente fortaleçam aspectos informativos e instrutivos, deixando de lado aspectos construtivos, criativos e reflexivos, como ressalta Prata Linhares (2012). Assim, é possível inferir que a inovação está relacionada com processos de mudança, ruptura, reflexão, com complexidade e sistematicidade. A ruptura equivale ao rompimento com o paradigma tradicional que supervaloriza fatores como, objetividade, racionalidade técnica, quantificação, determinismo, divisão. Inovar requer entender que os fenômenos que integram na indissociação das dimensões biológica, cognitiva e social da vida. E as modernidades tecnológicas devem ser usadas em prol dessa inter relação. 4. Considerações finais Diante do exposto, percebe se que a EaD conquista, cada vez mais, um espaço relevante na educação. Essa realidade reforça a necessidade de atenção para com os processos de ensino aprendizagem que, presencial ou a distância, determinam a qualidade da educação. Esta sim deve ser a principal preocupação dos autores e atores desse contexto. Tempo e esforços devem ser investidos na militância pela qualidade de processos, relações, políticas públicas, condições de trabalho e demais fatores que interferem direta e indiretamente na vida dos sujeitos participantes desse cenário. As TDICs, enquanto recursos presentes no atual contexto social, não podem ser ignoradas, mas o seu uso efetivo está diretamente condicionado ao fator humano, às intencionalidades pedagógicas e sistemáticas. As contribuições aqui analisadas permitem observar que a inovação deve ser uma exigência para a educação. Requer admitir que as verdades são provisórias e as incertezas permanentes Afinal, os tempos, as pessoas e as necessidades mudam. Construir postura reflexiva, ética e política acerca da educação é tarefa árdua e permanentemente necessária, que requer compromisso social e imersão crítica e comprometida com a realidade. Essa postura deve ser mantida por todos profissionais que constroem a história da educação. 5. Referências BRASIL. Decreto 5.622 de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004 2006/2005/Decreto/D5622.htm>. Acesso em: 3 jun. 2013. 02643

5. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso em: 4 mar. 2013. COLL, César; ILLERA, José Luis Rodríguez. Alfabetização, novas alfabetizações e alfabetização digital. In:. COLL, César; MONEREO, Carles. Psicologia da educação virtual: aprender e ensinar com as tecnologias da informação e da comunicação. Tradução de Naila Freitas. Porto Alegre: Artmed, 2010, p. 289 310. KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas (SP): Papirus, 2011, 141 p. MARCELO, Carlos. Las tecnologías para la innovación y la práctica docente. Revista Brasileira de Educação. vol.18, n.52, Rio de Janeiro, jan./mar. 2013, p. 25 47. Disponível em: <http://educa.fcc.org.br/pdf/rbedu/v18n52/v18n52a03.pdf>. Acesso em: 1 fev. 2013. MASETTO, Marcos Tarciso. Inovação curricular no ensino superior: organização, gestão e formação de professores. In:. Inovação no ensino superior. MASETTO, Marcos (Org.). São Paulo: Edições Loyola, 2012. Cap. 1, p.15 36. MILL, Daniel. Docência virtual: uma visão crítica. Campinas (SP): Papirus, 2012, 304 p. NUNES, Ivônio Barros. A história da EaD no mundo. In:. Educação a Distância: o estado da arte. LITTO, Fredric Michael; FORMIGA, Manuel Marcos Maciel (Orgs.). São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. Cap.12, p. 2 8. OLIVEIRA, Eloiza da Silva Gomes de; SANTOS, Lázaro. Tutoria em Educação a Distância: didática e competências do novo fazer pedagógico. Revisa Diálogo Educacional, Curitiba (PR), v. 13, nº. 38, p. 203 223, jan./abr. 2013. Disponível em: <http://www2.pucpr.br/reol/index.php/dialogo?dd1=7642&dd99=view>. Acesso em: 14 maio 2013. PRATA LINHARES, Martha Maria. A Inovação e o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação. In:. Galán, José Gomez; Lacerda Santos, Gilberto. (Org.). Informática e Telemática na Educação: as tecnologias de informação e comunicação na educação. Brasília: Liber Livros: 2012, p. 85 104. PRATA LINHARES, Martha Maria; SOUZA, Waleska D. D. de; LOPES, Sônia M. G; SILVA, Washington A.; CAMPOS, Luiz A. S.; MARTINS, Rosane A. de S.. Uma experiência em construção de inovação curricular no ensino superior. Revista Profissão Docente, Uberaba, v.8, n. 17, p.1 18, ago/dez. 2009. Disponível em <http://www.revistas.uniube.br/index.php/rpd/article/view/220/211>. Acesso em: 28 abr. 2014. SILVA, Marco. Educar na cibercultura: desafios à formação de professores para docência em cursos online. X Congresso Internacional Galego Português de Psicopedagogia na Universidade do Minho, Portugal, 2009. Revista Digital de Tecnologias Cognitivas, nº 3, jan./jun. 2010. Disponível em: <http://www.pucsp.br/pos/tidd/teccogs/artigos/pdf/teccogs_n3_2010_05_artigo_silva.pdf>. Acesso em: 22 dez. 2012. 02644