Avaliação na Inclusão ( Josiane Mayr Bibas e Maria Izabel Valente )

Documentos relacionados
INCLUSÃO SOCIAL. PALAVRAS-CHAVE: política de inclusão social, cidadania, educação inclusiva.

Adaptações Curriculares do Aluno Surdo

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL VOLTADA À INCLUSÃO SOCIAL

Práticas Avaliativas e Aprendizagens significativas

TÍTULO: UM RELATO DA INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM SINDROME DE DAWN NA REDE REGULAR DE ENSINO CORAÇÃO DE JESUS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES.

Rosangela Ramos AVALIAÇÃO DIAGNÓSTISCA E NIVELAMENTO. 07/02/2019 DE 14:00 ÀS 16:00 Horas

A Educação do Superdotado no Contexto da Educação Inclusiva. Eunice Soriano de Alencar Universidade Católica de Brasília

INCLUSÃO ESCOLAR- O QUE A SALA DE RECURSOS TEM A VER COM ISSO?

O JOGO COMO RECURSO METODOLÓGICO PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS

Eixo Temático: Currículo, Metodologia e Práticas de Ensino Educação e Diversidade.

BNCC e a Educação Infantil

Gestão Democrática da Educação. Profª Drª Emilia Cipriano

PERCURSO FORMATIVO CURRÍCULO PAULISTA

PARA QUE SERVE A CRECHE E A PRÉ- ESCOLA = FINALIDADE NA SOCIEDADE: QUAL SEU PAPEL / FUNÇÃO DIANTE DA CRIANÇAS E DE SUAS FAMÍLIAS

Metodologias ativas na EaD. Sandra Rodrigues

Capacitação Multidisciplinar Continuada. EDUCAÇÃO INCLUSIVA e NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS (NEE)

AULA 1. Rodrigo Machado Merli Diretor Escolar da PMSP Pedagogo Didática de Ensino Superior PUC/SP Estudante de Direito

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DOS CENTROS ESTADUAIS DE TEMPO INTEGRAL PROJETO DE VIDA. Professoras: Marcoelis Pessoa e Silvana Castro

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM PROFA. JAQUELINE SANTOS PICETTI

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO INFANTIL FRENTE AOS DESAFIOS DA BNCCEI. Rita Coelho

O TRANSTORNO GLOBAL DO DESENVOLVIMENTO NA PERSPECTIVA DA INCLUSÃO ESCOLAR: ANALISE, REFLEXÃO E FORMAÇÃO EM FOCO.

Os dez conselhos para uma escola bem sucedida. Claudio de Moura Castro

Avaliação qualitativa Portfólios de aprendizagem

O TRABALHO DO PROFESSOR COMO AGENTE LETRADOR EM TURMAS DO 6 ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

DIFERENCIAÇÃO PEDAGÓGICA ALIADO AO USO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA NA PERSPECTIVA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA E NO ATENDIMENTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL.

EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA EM POLÍTICAS EDUCACIONAIS BRASILEIRAS

MANUAL DO COORDENADOR. 1ªsérie/2ºano até 8ªsérie/9ºano

AVALIAÇÃO. A Avaliação que Temos e a Avaliação que Queremos: Bruxa Má ou Fada Madrinha?

A DISCIPLINA DE DIDÁTICA NO CURSO DE PEDAGOGIA: SEU PAPEL NA FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL

PORTFÓLIO COMO INSTRUMENTO DE ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DO ALUNO. Prof. Antonio Medeiros JúniorJ Tutor do PET SAÚDE.

ADAPTAÇÕES CURRICULARES. Eliana Marques Zanata

CURRÍCULOS E PROGRAMA

Algumas discussões relacionadas à educação inclusiva no contexto social e principalmente o escolar

CONSELHO DE CLASSE: O ANO TODO E AGORA EM ESPECIAL NO FINAL DO ANO LETIVO

O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM DEFICÊNCIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.

Nessa concepção Planejamento:

O PAPEL DAS INTERAÇÕES PROFESSOR-ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

Agente de transformação social Orientador do desenvolvimento sócio-cognitivo do estudante Paradigma de conduta sócio-política

ESCOLAS INCLUSIVAS. Susana Bagatini

AS RELAÇÕES INTERATIVAS EM SALA DE AULA: O PAPEL DOS PROFESSORES E DOS ALUNOS. Zabala, A. A prática Educativa. Porto Alegre: Artmed, 1998

AVALIAÇÃO ESCOLAR QUESTÕES DE PROVAS DE CONCURSOS PÚBLICOS DO MAGISTÉRIO

PLANEJAMENTO NO ENSINO DE QUÍMICA. Londrina, 21 de Setembro de 2017

Inovação & A avaliação

PROJETO BRINCANDO SE APRENDE

Preparação para Concursos 2017 Simulado 100 Questões: Avaliação da Aprendizagem

INSTRUÇÃO NORMATIVA PROET Nº 3 DE 20 DE ABRIL DE Assunto: Recuperação Paralela

Gilmara Teixeira Costa Professora da Educação Básica- Barra de São Miguel/PB )

Adaptação Curricular. Andréa Poletto Sonza Assessoria de Ações Inclusivas Março de 2014

DIFICULDADES RELATADAS POR ALUNOS DO ENSINO MÉDIO NO PROCESSO DE ENSINO DE QUÍMICA: ESTUDO DE CASO DE ESCOLAS ESTADUAIS EM GRAJAÚ, MARANHÃO 1

ADAPTAÇÕES CURRICULARES NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Posicionamento: Centro de Referências em Educação Integral

MÓDULO IV - COMO PROMOVER O SUCESSO DA APRENDIZAGEM DO ALUNO E A SUA PERMANÊNCIA NA ESCOLA?

Atena Cursos - Curso de Capacitação - AEE PROJETO DEFICIÊNCIA DA LEITURA NA APRENDIZAGEM INFANTIL

FAMÍLIA E ESCOLA: UMA PARCERIA DE SUCESSO

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

Discutindo o trabalho docente aliado às novas tendências educacionais De 25 à 29 de Maio de 2009 Vitória da Conquista - Bahia

Olhando o Aluno Deficiente na EJA Algumas Reflexões. Lúcia Maria Santos Tinós

Planejamento Escolar 2019

A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES E A INCLUSÃO ESCOLAR

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS CENTRO DE TEOLOGIA E HUMANIDADES CURSO DE FILOSOFIA

BASE NACIONAL COMUM EM DEBATE: desafios, perspectivas e expectativas. Por: Gilvânia Nascimento Presidenta Nacional - UNCME

ENSINO INTEGRAL: MELHORIAS E PERSPECTIVAS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Associação Catarinense das Fundações Educacionais ACAFE PROCESSO SELETIVO PARA ADMISSÂO DE PROFESSORES EM CARÁTER TEMPORÁRIO 2017

FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: TRANSFORMAR O ENSINO POR MEIO DO DIÁLOGO

COLÔNIA LEOPOLDINA NÍVEL SUPERIOR CADERNO DE QUESTÕES OBJETIVAS

Tema - EDUCAÇÃO BRASILEIRA: Perspectivas e Desafios à Luz da BNCC

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓGICO: 2010

18/06/2015. Didática Aula 3. O que é PLANEJAR? O que é PLANEJAR?

A flecha invertida. Gestão do Desempenho como critério de avaliação da liderança

EDUCAÇÃO COM AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR X ALUNO: ELEMENTO SIGNIFICATIVO PARA A APRENDIZAGEM NO ENSINO FUNDAMENTAL

PROJETOS EDUCACIONAIS NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Fonte [1] A LDB, nos artigos 22 a 38, detalha no Capítulo II a Educação Básica (EB), a qual, consoante o art. 22, objetiva, in verbis, (...) desenvolv

Conselho Municipal de Educação

AEB: Autarquia Educacional de Belo Jardim Professor: Alunos: Gledson, Luana, Maryelly, Sandro. I Período pedagogia

REUNIÃO COM OS EDUCADORES DO 2º SEGMENTO

O AUTISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

PLANO DE ENSINO. Disciplina: Fundamentos e Metodologia na Educação de Jovens e Adultos II

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

CURSO DE BACHAREL EM CIÊNCIAS MILITARES

O QUE NÃO PODE FALTAR NO PLANEJAMENTO ESCOLAR?

A CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE DA CRIANÇA: UMA REFLEXÃO SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA 1

PLANO EDUCACIONAL INDIVIDUALIZADO PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: DESENHO PARA O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

Inova Escola: Papel do Professor

INCLUSÃO ESCOLAR - O PLANEJAMENTO DAS AULAS TEM DE PREVER ATIVIDADES PARA TODOS OS ALUNOS! SIMONE HELEN DRUMOND ISCHKANIAN

OFICINA: Aprendizagem no Ensino Superior. FORMADORAS: Profa. Blaise K. C. Duarte Profa. Lourdes Furlanetto Profa. Luciane Nesello

Palavras-chave: Competências; habilidades; resolução de problemas.

UMA REFLEXÃO SOBRE AS CONCEPÇÕES DE ESTÁGIO CURRICULAR E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O FUTURO LICENCIADO EM CIÊNCIAS AGRÍCOLAS.

FUNDAMENTOS DA SUPERVISÃO ESCOLAR

AULA 04. Profª DENISE VLASIC HOFFMANN,Jussara Avaliar respeitar primeiro, educar depois.

REGULAMENTO DE ACOMPANHAMENTO DA AVALIAC ÃO DE ENSINO APRENDIZAGEM ENFERMAGEM

PLANO DE ENSINO Projeto Pedagógico: 2017

de ideias, de pontos de vista, de práticas, para que, em confronto com as próprias experiências, cada um possa chegar a conclusões pessoais que

PROFESSORES REFLEXIVOS EM UMA ESCOLA REFLEXIVA. ALARCÃO, ISABEL 4ª ed., São Paulo, Cortez, 2003

CONCLUSÃO DO ENSINO MÉDIO X INGRESSO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Revista X, volume 2, 2008 Página 76 RELATO

PLANEJAR: atividade intencional > tomada de decisões

VMSIMULADOS QUESTÕES DE PROVAS DE CONCURSOS PÚBLICOS CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS CE EA FP PE PP 1

EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

INOVAÇÃO EDUCATIVA_. Esse é o nosso jeito de fazer, nossa missão e razão de existir

Transcrição:

Avaliação na Inclusão ( Josiane Mayr Bibas e Maria Izabel Valente ) Quando se fala em avaliação, devemos pensar em dois momentos distintos: A) avaliação inicial: delineia o perfil de aprendizagem do aluno B) avaliação durante o processo de ensino-aprendizagem A) Avaliação inicial: avaliação realizada no início do ano letivo pela professora do ensino regular, contando com a cooperação da família e dos outros profissionais envolvidos com a criança. Ao professor cabe identificar as Necessidades Educacionais Especiais (NEEs) de seu aluno, pela sua proximidade e por ser o mediador e organizador de sua aprendizagem. A participação dos pais traz dados de realidade vivenciados pela criança em outros âmbitos, que contribuem para traçar um perfil pautado em suas competências, mais que em ineficiências. Pais que participam do processo compreendem melhor as necessidades do filho e os objetivos educacionais do professor, e tomam consciência da importância de seu papel e de sua capacidade de expandir os conhecimentos trazidos da escola. O parecer dos profissionais que fazem o suporte educacional ou terapêutico da criança também deve fazer parte da avaliação inicial. Uma minuciosa observação das habilidades e dificuldades do aluno com NEEs vai possibilitar a construção de objetivos de aprendizagem a serem alcançados, entrelaçando informações, metas e prioridades, baseados no currículo da série em questão. Nesta reflexão, novos critérios são levantados, de acordo com a dificuldade de cada criança (por exemplo, a criança com baixo nível de atenção, terá o tempo de permanência em atividades definido como critério, e portanto como índice de aprendizagem), e de suas competências (se ela ainda não sabe ler, mas se interessa muito por histórias, por exemplo). A definição das NEEs possibilita conceber um projeto educativo de uma maneira aberta e flexível, como um instrumento para promover o desenvolvimento do aluno. Deve ser adaptado às suas características educacionais, sociais, culturais bem como ser referência para suas diversidades, capacidades e dificuldades. O currículo tem de ser um instrumento verdadeiramente útil, que responda à inevitável diversidade dos alunos, quanto ao interesse, ritmo de aprendizagem e experiências anteriores. A definição das competências do aluno deverá ser mais importante que a

definição de suas limitações, pois é partindo do que se sabe que chegamos ao que não se sabe. Exemplos de estratégias adaptativas: Mudança da temporalidade dos objetivos, conteúdos e critérios de avaliação:considerar que o aluno com NEEs pode alcançar os objetivos comuns ao grupo, mas pode requerer um período maior de tempo; Priorizar objetivos, conteúdos e critérios de avaliação, para dar ênfase aos objetivos que contemplem as altas habilidades do aluno, suas condutas típicas e suas dificuldades. Essa priorização não implica abandonar os objetivos definidos para seu grupo, mas acrescentar outros, concernentes com suas NEEs. Os critérios de priorização são o significado dos conteúdos, se são básicos, fundamentais e pré-requisitos para aprendizagens posteriores. Prevalência da tendência a promover o aluno, e não a dificultar seu percurso.para alcançar este objetivo, é importante dar mais valor às competências que às dificuldades, às conquistas que aos prejuízos, tendo como parâmetro seus próprios ganhos em relação a si mesmo. A avaliação inicial é investigativa e leva à determinação dos objetivos, conteúdos, estratégias e condutas para cada aluno. Mas, ao mesmo tempo, tem caráter altamente dinâmico, uma vez que pode e deve ser constantemente revista e modificada. A partir desta avaliação inicial o professor terá um parecer real e individualizado de seu aluno bem como os parâmetros necessários para identificar seus avanços. B) Avaliação no processo ensino-aprendizagem: A avaliação do desenvolvimento dos alunos também muda para ser coerente com as demais inovações propostas. O processo ideal é o que acompanha o percurso de cada estudante, do ponto de vista da evolução de suas competências, habilidades e conhecimentos. A meta é mobilizar e aplicar conteúdos acadêmicos e outros meios que possam ser úteis para se chegar a realizar tarefas e alcançar os resultados pretendidos pelo aluno. Apreciam-se os seus progressos na organização dos estudos, no tratamento das informações e na participação na vida social. Desse modo, muda-se o caráter da avaliação que, usualmente, se pratica nas escolas e que tem fins meramente classificatórios. Para alcançar sua nova finalidade, a avaliação terá, necessariamente, de ser dinâmica e contínua, mapeando o processo de aprendizagem dos alunos em seus retrocessos e progressos.

Vários são os instrumentos que podem ser utilizados para avaliar, de modo dinâmico, os caminhos da aprendizagem, como: os registros e anotações diárias do professor, os chamados portfólios e demais arquivos de atividades dos alunos e os diários de classe, em que vão sendo colecionadas as impressões sobre o cotidiano do ensino e da aprendizagem. As provas também constituem opções de avaliação desejáveis, desde que haja o objetivo de analisar, junto aos alunos e seus pais, os sucessos e as dificuldades escolares. É importante também que os alunos se auto-avaliem e nesse sentido o professor precisa criar instrumentos que os exercitem/auxiliem a adquirir o hábito de refletir sobre as ações que realizam na escola e como estão vivenciando a experiência de aprender. Para ensinar a turma toda, parte-se da certeza de que as crianças sempre sabem alguma coisa, de que todo educando pode aprender, mas no tempo e do jeito que lhe são próprios. É fundamental que o professor nutra uma elevada expectativa pelo aluno. O sucesso da aprendizagem está em explorar talentos, atualizar possibilidades, desenvolver predisposições naturais de cada aluno. As dificuldades e limitações precisam ser reconhecidas, mas não devem conduzir ou restringir o processo de ensino, como habitualmente acontece. Independentemente das diferenças de cada um dos alunos, temos de passar de um ensino transmissivo para uma pedagogia ativa, dialógica e interativa, que se contrapõe a toda e qualquer visão unidirecional, de transferência unitária, individualizada e hierárquica do saber. O professor deixa de ser um palestrante. Para ensinar a turma toda, o professor partilha com seus alunos a construção/autoria dos conhecimentos produzidos em uma aula, restringindo o uso do ensino expositivo. Em sua sala de aula os alunos passam a interagir e a construir ativamente conceitos, valores e atitudes. Esse professor arranja e explora os espaços educacionais com seus alunos, buscando perceber o que cada um deles consegue apreender do que está sendo estudado e como procedem ao avançar nessa exploração. Certamente um professor que engendra e participa da caminhada do saber com seus alunos, como nos ensinou Paulo Freire (1978), consegue entender melhor as possibilidades e dificuldades de cada um e provocar a construção do conhecimento com maior adequação. O professor, neste contexto, não procurará eliminar as diferenças em favor de uma suposta igualdade do alunado. Antes, estará atento à singularidade das vozes

que compõem a turma, promovendo a exposição das idéias e contrapondo-as todo tempo, provocando posições críticas e enfrentamentos próprios de um ensino democrático. Sem estabelecer uma referência, sem buscar o consenso, mas investindo nas diferenças e na riqueza de um ambiente que confronta significados, desejos e experiências, o professor garante a liberdade e a diversidade das opiniões dos alunos. Ele deverá propiciar oportunidades para o aluno aprender a partir do que sabe e chegar até onde for capaz de progredir. Aprendemos quando resolvemos nossas dúvidas, superamos nossas incertezas e satisfazemos nossa curiosidade. Algumas dúvidas freqüentes: São válidas as retenções entre um ciclo e outro, ou entre uma série e outra, para quem não alcançou notas mínimas? O simples fato de existir avaliações, em que uma nota mínima é exigida para a promoção, já reflete que a escola continua adotando padrões conservadores de avaliação. Isto porque a nota mínima representa a intenção que alguma padronização é necessária naquela escola e um rendimento mínimo é esperado de todos os alunos. Nesse momento, começam as exclusões e não apenas de crianças com deficiência. Assim, as avaliações com o fim de reter o aluno devem ser repensadas pelos sistemas de ensino, pois deveriam refletir as habilidades alcançadas para o aluno seguir em frente, e não o contrário. Para seguir em frente, o aluno precisa encontrar sempre práticas de ensino adequadas à diversidade. Por outro lado, ainda que não se altere o sistema de avaliação, é indispensável que mude o olhar do professor ao corrigir as provas, levando sempre em conta as peculiaridades de cada criança que compõe a sua turma. Mas não é importante que um mínimo de aprendizado seja exigido para se passar adiante? É necessário que se espere o máximo de aprendizado dos conteúdos curriculares ministrados, mas com respeito às limitações naturais de todos os alunos. A forma tradicional de se fazer avaliações não leva em conta esses limites e faz com que a criança fique retida porque não aprendeu certos conteúdos. A experiência demonstra que não é a repetência que vai fazer com que o aluno aprenda, mas sim o estímulo contínuo e a valorização de suas potencialidades. Cada série/ciclo é uma nova oportunidade de aprendizado e deve oferecer os conteúdos de forma rica e plural, para que todos os alunos se identifiquem e aprendam a seu modo.

Referências Bibliográficas: - O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular/ Ministério Público Federal -Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, Luisa de Marillac P. Pantoja, Maria Teresa Eglér Mantoan/2004 - Parâmetros Curriculares Nacionais / Documento Avaliação na Educação Especial - Necessidades Educacionais Especiais Como Avaliá-las? Sahda Marta Ide/2001 - Atuando em Contexto: O Processo de Avaliação numa Perspectiva Inclusiva Denise Meyrelles de Jesus/2004