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Transcrição:

Serviço de Gastrenterologia Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, EPE Diretora: Dra. Maria Antónia Duarte Vera Costa Santos 10 Outubro 2015

TUBO DIGESTIVO Digestão de alimentos Boca Esófago Estômago Absorção de nutrientes Absorção de água Intestino delgado Cólon/recto

QUAIS SÃO OS EFEITOS DA DII NO TUBO DIGESTIVO? INFLAMAÇÃO CRÓNICA DO TUBO DIGESTIVO Doença de Crohn Boca recto (++ intestino delgado e cólon) Colite Ulcerosa Cólon e recto Dor abdominal Diarreia Perda de peso

ALIMENTAÇÃO NA DII Doença em remissão Sintomas Complicações estenose Pós-cirurgia

ALIMENTAÇÃO NA DII Doença em remissão Sintomas Complicações estenose Pós-cirurgia

DIÁRIO DA ALIMENTAÇÃO Refeição Pequeno-almoço Meio da manhã Almoço Lanche Jantar Ceia Alimentos Alimentos precipitantes? Sintomas (diarreia, dor, distensão abdominal)

ALIMENTAÇÃO NA DII Doença em remissão Sintomas Complicações estenose Pós-cirurgia

SINTOMAS Diarreia Agudização da doença, infeção, efeitos secundários da medicação, cólon irritável Dieta polifraccionada (refeições pequenas e frequentes) Hidratação adequada (1,5 2 L de água por dia) EVITAR Alimentos precipitantes Dieta rica em fibras e gorduras, nozes/sementes, frutas e vegetais crus (especialmente com casca), ervilhas/feijão, picantes, álcool, chocolate e cafeína ESCOLHER Sumos de fruta, compota de maçã/bananas Cereais como arroz e massas brancas Legumes cozidos e fruta sem casca Proteína conforme tolerância, como carnes magras, peixe Intolerância à lactose leite sem lactose, soja Fármacos anti-diarreicos (Imodium ) estão contra-indicados na DII

SINTOMAS Distensão abdominal Aerofagia, sobre-crescimento bacteriano, dieta EVITAR Alimentos picantes Legumes (ervilhas, feijões) e hotaliças como couves, couve-flor, brócolos Bebidas com gás Cafeína Alimentos que contém sorbitol (corante artificial)

SINTOMAS Obstipação (< 3 dejeções/semana, fezes de consistência dura) Proctite (inflamação do recto) Hidratação adequada Aumentar conteúdo de fibras Laxantes SINTOMAS Perda de peso Crises/agudização da doença Refeições pequenas e frequentes Sopa, sumos de fruta Dieta rica em proteínas e energia

ALIMENTAÇÃO NA DII Doença em remissão Sintomas Complicações - estenose Pós-cirurgia

COMPLICAÇÕES Estenose Doença de Crohn estenose no intestino delgado Evitar obstrução do trânsito Refeições pequenas e frequentes Mastigar bem os alimentos EVITAR Casca de fruta e legumes Sementes, nozes Milho, feijão Cartilagem (Eventualmente necessitará temporariamente de uma dieta líquida)

ALIMENTAÇÃO NA DII Doença em remissão Sintomas Complicações Pós-cirurgia

PÓS-CIRURGIA Remoção do íleon absorção de vitamina B12, sais biliares (absorção de gordura) Suplementos se necessário

PÓS-CIRURGIA Remoção do cólon e ileostomia absorção de água e minerais Aumentar/reduzir ingestão de água EVITAR Nozes, casca de fruta Legumes como couve e feijão (gás) Bebidas gaseificadas e cerveja Chocolate Ovos e alguns tipos de peixes (odores fortes)

PÓS-CIRURGIA Remoção do cólon e bolsa ileo-anal absorção de água e minerais EVITAR Coco, picantes, algumas frutas (irritação anal e dor abdominal) Bebidas alcoólicas (diarreia e desidratação)

PÓS-CIRURGIA Síndrome do Intestino Curto < 2 metros de intestino delgado Área de absorção de nutrientes muito reduzida Pode ser necessária alimentação entérica ou parentérica

OUTROS TIPOS DE NUTRIÇÃO Entérica Dieta líquida composta por nutrientes de fácil digestão Temporária (geralmente por período de 2-8 semanas) Mais utilizada nas crianças com doença de Crohn Nos adultos pode ser utilizada como complemento da alimentação Parentérica (intravenosa) Nutrientes administrados por via intravenosa Raramente necessária pós-cirurgia, síndrome do intestino curto

OUTRAS DIETAS FODMAPS (Fermentable Oligosaccharides, Disaccharides, Monosaccharides and Polyols) Moléculas de difícil digestão decompostas pelas bactérias do cólon distensão abdominal e diarreia Indicado no cólon irritável, muitas vezes associado à doença inflamatória do intestino Dieta de hidratos de carbono Dieta anti-inflamatória Dieta paleolítica Dieta rica em ómega 3 Dieta vegetariana ou semi-vegetariana Eficácia não comprovada

PRÓ E PRÉBIOTICOS Próbioticos podem ter algum papel na prevenção da inflamação da bolsa ileo-anal (pouchitis) Prébioticos sem efeito comprovado na DII PRODUTOS DE HERVANÁRIA E OUTROS SUPLEMENTOS Aloe vera Sem efeito comprovado na DII

CONCLUSÃO Dieta deve ser individualizada Diário da alimentação Evitar restrições exageradas manter nutrição adequada Hidratação fundamental Consultar Gastrenterologista/Nutricionista www.apdi.org.pt www.ccfa.org www.crohnsandcolitis.org.uk

Serviço de Gastrenterologia Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, EPE Diretora: Dra. Maria Antónia Duarte Vera Costa Santos 10 Outubro 2015