Parte Geral de Contratos

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Transcrição:

Parte Geral de Contratos Conceito de Contrato Natureza Jurídica Requisitos de Existência, Validade e Eficácia Princípios Contratuais Formação dos Contratos Classificação dos Contratos Cláusula Penal Arras Vícios redibitórios Evicção Extinção dos Contratos

Conceito de Contrato Conceito de Beviláqua Acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir direitos conceito amplo: acordo de vontade, impulsionado por uma necessidade que, de acordo com a lei, destina-se a adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos. Definição do Direito Civil Caio Mário: todo acordo de vontades de fundo econômico realizado, em função de uma necessidade, entre pessoas de Direito Privado, acordo que tem por objetivo a aquisição, o resguardo, a transferência, a conservação, a modificação ou a extinção de direitos, recebendo o amparo do ordenamento legal.

Natureza Jurídica Fato Natural Fato Jurídico Estrito Senso Fato Jurídico (lato senso) Ato-Fato Jurídico Ato Jurídico (lato senso) Ato Jurídico Estrito Senso Negócio Jurídico Unilateral Bilateral

Requisitos de Existência (art. 104, CCB) agente Plano da Existência manifestação de vontade objeto exteriorização da vontade (forma)

Requisitos de Validade (art. 104, CCB) genérica (capacidade de fato) Capacidade legitimação Subjetivos Consentimento Pluralidade de Centro de Interesses Objetivos Objeto Lícito, possível, determinado ou determinável Forma prescrita em lei Formais Forma não proibida (não defesa) em lei

Requisitos de Eficácia Condição (art. 121, CCB) Plano da Eficácia Termo (art. 131, CCB) Encargo (art. 136, CCB)

Princípios Contratuais Autonomia da Vontade (Consensualismo) Teoria Clássica (Liberal) Força Obrigatória Relatividade Boa-Fé Objetiva Teoria Contemporânea (Social) Função Social Justiça Contratual

Princípios Contratuais Liberdade de Contratar Autonomia da Vontade (Consensualismo) Liberdade Contratual Liberdade de escolher com quem contratar Teoria Clássica (Liberal) Força Obrigatória Pacta sunt servanda Liberdade de escolher o conteúdo do contrato Relatividade dos Efeitos do Contrato

Princípios Contratuais ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. FCVS. CESSÃO DE OBRIGAÇÕES E DIREITOS. "CONTRATO DE GAVETA". TRANSFERÊNCIA DE FINANCIAMENTO. AUSÊNCIA DE CONCORDÂNCIA DA MUTUANTE. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES DO STJ. 1. A jurisprudência dominante desta Corte se firmou no sentido da imprescindibilidade da anuência da instituição financeira mutuante como condição para a substituição do mutuário (precedente: REsp n.º 635.155 - PR, Relator Ministro JOSÉ DELGADO, Primeira Turma, DJ de 11 de abril de 2005). 2. In casu, a despeito de a jurisprudência dominante desta Corte entender pela imprescindibilidade da anuência da instituição financeira mutuante, como condição para a substituição do mutuário, sobreleva notar que a hipótese sub judice envolve aspectos sociais que devem ser considerados. 3. Com efeito, a Lei n.º 8.004/90 estabelece como requisito para a alienação a interveniência do credor hipotecário e a assunção, pelo novo adquirente, do saldo devedor existente na data da venda. 4. Contudo, a Lei nº 10.150/2000 prevê a possibilidade de regularização das transferências efetuadas sem a anuência da instituição financeira até 25/10/96, à exceção daquelas que envolvam contratos enquadrados nos planos de reajustamento definidos pela Lei n.º 8.692/93, o que revela a intenção do legislador de possibilitar a regularização dos cognominados contratos de gaveta, originários da celeridade do comércio imobiliário e da negativa do agente financeiro em aceitar transferências de titularidade do mútuo sem renegociar o saldo devedor. 5. Deveras, consoante cediço, o princípio pacta sunt servanda, a força obrigatória dos contratos, porquanto sustentáculo do postulado da segurança jurídica, é princípio mitigado, posto sua aplicação prática estar condicionada a outros fatores, como, por v.g., a função social, as regras que beneficiam o aderente nos contratos de adesão e a onerosidade excessiva. 6. O Código Civil de 1916, de feição individualista, privilegiava a autonomia da vontade e o princípio da força obrigatória dos vínculos. Por seu turno, o Código Civil de 2002 inverteu os valores e sobrepõe o social em face do individual. Desta sorte, por força do Código de 1916, prevalecia o elemento subjetivo, o que obrigava o juiz a identificar a intenção das partes para interpretar o contrato. Hodiernamente, prevalece na interpretação o elemento objetivo, vale dizer, o contrato deve ser interpretado segundo os padrões socialmente reconhecíveis para aquela modalidade de negócio. 7. Sob esse enfoque, o art. 1.475 do diploma civil vigente considera nula a cláusula que veda a alienação do imóvel hipotecado, admitindo, entretanto, que a referida transmissão importe no vencimento antecipado da dívida. Dispensa-se, assim, a anuência do credor para alienação do imóvel hipotecado em enunciação explícita de um princípio fundamental dos direitos reais. 8. Deveras, jamais houve vedação de alienação do imóvel hipotecado, ou gravado com qualquer outra garantia real, porquanto função da seqüela. O titular do direito real tem o direito de seguir o imóvel em poder de quem quer que o detenha, podendo excuti-lo mesmo que tenha sido transferido para o patrimônio de outrem distinto da pessoa do devedor. 9. Dessarte, referida regra não alcança as hipotecas vinculadas ao Sistema Financeiro da Habitação SFH, posto que para esse fim há lei especial Lei n 8.004/90, a qual não veda a alienação, mas apenas estabelece como requisito a interveniência do credor hipotecário e a assunção, pelo novo adquirente, do saldo devedor existente na data da venda, em sintonia com a regra do art. 303, do Código Civil de 2002. 10. Com efeito, associada à questão da dispensa de anuência do credor hipotecário está a notificação dirigida ao credor, relativamente à alienação do imóvel hipotecado e à assunção da respectiva dívida pelo novo titular do imóvel. A matéria está regulada nos arts. 299 a 303 do Novel Código Civil da assunção de dívida, dispondo o art. 303 que o adquirente do imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em 30 (trinta) dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento. 11. Ad argumentadum tantum, a Lei n.º 10.150/2000 permite a regularização da transferência do imóvel, além de a aceitação dos pagamentos por parte da Caixa Econômica Federal revelar verdadeira aceitação tácita (precedentes: EDcl no REsp n.º 573.059 - RS, desta relatoria, Primeira Turma, DJ de 30 de maio de 2005 e REsp n.º 189.350 - SP, Relator para lavratura do acórdão Ministro CESAR ASFOR ROCHA, Quarta Turma, DJ de 14 de outubro de 2002). 12. Consectariamente, o cessionário de imóvel financiado pelo SFH é parte legítima para discutir e demandar em juízo questões pertinentes às obrigações assumidas e aos direitos adquiridos através dos cognominados "contratos de gaveta", porquanto com o advento da Lei n.º 10.150/2000, o mesmo teve reconhecido o direito à sub-rogação dos direitos e obrigações do contrato primitivo (precedentes: AgRg no REsp 712.315 - PR, Relator Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, Quarta Turma, DJ de 19 de junho de 2006; REsp 710.805 - RS, Relator Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, Segunda Turma, DJ de 13 de fevereiro de 2006; REsp n.º 753.098 - RS, Relator Ministro FRENANDO GONÇALVES, DJ de 03 de outubro de 2005) 13. Recurso especial conhecido e desprovido. (REsp 769.418/PR, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/05/2007, DJ 16/08/2007 p. 289)

Princípios Contratuais AÇÃO DE REVISÃO CONTRATO - LEASING - CODECON - INAPLICABILIDADE AOS CONTRATOS BANCÁRIOS - ABUSIVIDADE DE CLÁUSULAS - ONEROSIDADE EXCESSIVA - LIMITAÇÃO CONSTITUCIONAL DE JUROS - INOCORRÊNCIA - PREVALÊNCIA DO "PACTA SUNT SERVANDA". Ante o caráter eminentemente financeiro do contrato de arrendamento mercantil, a ele não se aplicam as normas relativas ao CODECON. A cláusula que prevê a antecipação do Valor Residual Garantido não é defesa por lei; a referida antecipação inibe a execução daquele contrato pelo rito possessório, evidentemente com as benesses a ele inerentes. Livremente convencionadas entre as partes, as cláusulas do contrato não podem ser alteradas unilateralmente, devendo ser honrado o princípio do "pacta sunt servanda", da liberdade contratual e da autonomia da vontade. "O contrato obriga os contratantes. Lícito não lhes é arrependerem-se, lícito não é revogá-los, senão por consentimento mútuo, lícito não é ao juiz alterá-lo ainda que a pretexto de tornar as condições mais humanas para os contratantes. Com a ressalva de uma amenização ou relatividade da regra, que será adiante desenvolvida (n. 186, infra), o princípio de força obrigatória do contrato significa, em essência a irreversibilidade da palavra empenhada. A ordem jurídica oferece a cada um a possibilidade de contratar e dá-lhe a liberdade de escolher os termos da avença, segundo as suas preferências. Concluída a convenção, recebe a ordem jurídica o condão de sujeitar, em definitivo, os agentes. Uma vez celebrado o contrato, com observância dos requisitos de validade, tem plena eficácia, no sentido de que se impõe a cada um dos participantes, que não têm mais a liberdade de se forrarem às suas conseqüências, a não ser com a cooperação anuente do outro. Foram as partes que acolheram os termos de sua vinculação, e assumiram todos os riscos. A elas não cabe reclamar, e ao juiz não é dado preocupar-se com a severidade das cláusulas aceitas, que não podem ser atacadas sob a invocação de princípio s de eqüidade" TJMG - Número do processo: 2.0000.00.402880-4/000(1) Relator: GOUVÊA RIOS. Data do Julgamento: 16/12/2003 Data da Publicação: 21/02/2004.

Princípios Contratuais Boa-Fé Objetiva Teoria Contemporânea (Social) Função Social Justiça Contratual

Princípios Contratuais Boa Fé Objetiva Isolar 2 necessidades do cidadão Associar

Princípios Contratuais Boa Fé Objetiva Isolar Direitos da Personalidade Associar Associação Afetiva Associação Obrigacional Cláusula Geral da da Comunhão Plena de Vida (art. 1511, CCB) Cláusula Geral da Boa-fé Objetiva (art. 422, CCB)

Princípios Contratuais Boa Fé Objetiva nas relações de intimidade, penetra através dos direitos da personalidade Concretização do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana no ordenamento jurídico civil nas relações afetivas, através da cláusula geral da comunhão plena de vida nas relações obrigacionais, através da cláusula geral da boa-fé objetiva

Princípios Contratuais Boa Fé Objetiva Boa Fé Objetiva # Boa Fé Subjetiva

Princípios Contratuais Boa Fé Objetiva Pelo princípio da boa-fé exige-se das partes do contrato uma conduta correta, sob a ótica mediana do meio social, encarada não com enfoque do subjetivismo ou psiquismo do agente, mas de forma objetiva. (Humberto Theodoro Júnior) O que importa é verificar se o procedimento da parte, quando negociou as tratativas preliminares, quando estipulou as condições do contrato afinal concluído, quando deu execução ao ajuste e até depois de cumprida a prestação contratada, correspondeu aos padrões éticos do meio social. (Humberto Theodoro Júnior)

Princípios Contratuais Boa Fé Objetiva Função interpretativa A boa-fé objetiva assume 3 funções no CCB: Função integrativa Função controle

Princípios Contratuais Boa Fé Objetiva Função interpretativa Art. 113, CCB A boa-fé objetiva assume 3 funções no CCB: Função integrativa Art. 422, CCB Função controle Art. 187, CCB

Princípios Contratuais Boa Fé Objetiva Função interpretativa Art. 113, CCB A boa-fé objetiva assume 3 funções no CCB: Função integrativa Art. 422, CCB Função controle Art. 187, CCB

Princípios Contratuais Boa Fé Objetiva Função Interpretativa da Boa-fé Objetiva O princípio da boa-fé, diante da vontade contratual declarada, propicia a chamada interpretação normativa, que nada acrescenta ao contrato, mas serve para definir o sentido objetivo da declaração necessário para preservar os interesses do destinatário da manifestação volitiva, visto que este confiou no sentido literal da declaração e este define o conteúdo da declaração. Segundo a boa-fé objetiva, a interpretação não é daquilo que o declarante realmente quis declarar, mas do que o destinatário pôde legitimamente considerar como querido pelo declarante, em face do conteúdo de sua declaração. Para isso, o juiz recorrerá aos critérios objetivos da boa-fé (confiança, e usos nos negócios). Só assim a confiança do destinatário naquilo que foi declarado será protegida) (THEODORO JÚNIOR, Humberto. O contrato e sua função social. Rio de Janeiro: Forense, 2004. Pág. 22)

Princípios Contratuais Boa Fé Objetiva Função Integrativa da Boa-fé Objetiva Obrigação Complexa Deveres Laterais Proteção Informação Cooperação

Princípios Contratuais Boa Fé Objetiva Função de Controle da Boa-fé Objetiva (art. 187, CCB) O exercício de um direito subjetivo em desacordo com os limites estabelecidos pela lei, pelo tráfego jurídico e pela boa-fé constitui abuso do direito, o que configura verdadeiro ato ilícito.

Princípios Contratuais Boa Fé Objetiva Venire Contra Factum Proprium Figuras Correlatas à função de Controle da Boa-Fé Objetiva Supressio/Surrectio Tu Quoque

Princípios Contratuais Boa Fé Objetiva Venire contra factum proprium Trata-se de categoria de ato abusivo em que o agente adota uma posição jurídica em contradição com o comportamento assumido anteriormente por ele mesmo. Verificam-se dois comportamentos lícitos e sucessivos, porém o primeiro (fato próprio) é contrariado pelo segundo. Funda-se na necessidade de se preservar a confiança depositada na outra parte quando da prática do primeiro ato. Insere-se, ademais, na "teoria dos atos próprios", segundo a qual se entende que a ninguém é lícito fazer valer um direito em contradição com sua anterior conduta interpretada objetivamente.

Princípios Contratuais Boa Fé Objetiva Supressio/Surrectio A supressio é a situação do direito que deixou de ser exercitado em certas circunstâncias e não mais poderá sê-lo, por contrariar a boa-fé e a legitima confiança despertada na outra parte. Na surrectio, o exercício continuado de uma situação jurídica ao arrepio do convencionado ou do ordenamento jurídico implica nova fonte de direito subjetivo, estabilizando-se a situação para o futuro.

Princípios Contratuais Boa Fé Objetiva Tu Quoque Pela regra tu quoque, quem viola determinada norma jurídica não poderá exercer, sem incorrer em abuso, a situação jurídica que essa mesma norma lhe atribui. Assim, quando alguém adota uma conduta indevida e, posteriormente, tenta dela se beneficiar, estará ultrapassando os limites ditados pela boa-fé objetiva. Sucede uma injustiça da valoração do que o indivíduo confere ao seu ato e, posteriormente, ao ato alheio.

Princípios Contratuais Função Social Boa-Fé Objetiva Função Endógena Função Social do Contrato Função Exógena

Princípios Contratuais Função Social Fundamento Constitucional art. 3º, I. Art. 5º, XXIII. art. 170. Economia Aspecto estático Propriedade Aspecto Dinâmico Contrato

Princípios Contratuais Função Social Fundamento Infraconstitucional Art. 421, CCB Art. 421 A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. A função social é, portanto, razão e limite do princípio da liberdade contratual.

Princípios Contratuais Função Social Exemplos de desrespeito ao princípio da função social do contrato (HUMBERTO THEODORO JÚNIOR): Induzir a massa de consumidores a contratar a prestação ou aquisição de certo serviço ou produto sob influência de propaganda enganosa; Alugar imóvel em zona residencial para fins comerciais incompatíveis com o zoneamento da cidade; Alugar quartos de apartamento de prédio residencial, transformando-o em pensão; Ajustar contrato simulado para prejudicar terceiros; Qualquer negócio de disposição de bens em fraude de credores; Qualquer contrato que, no mercado, importe o exercício de concorrência desleal; Desviar-se a empresa licitamente estabelecida em determinado empreendimento, para a contratação de operações legalmente não permitidas, como, v.g., uma fatorizadora que passa a contratar depósitos como se fosse instituição bancária; ou a instituição financeira que, em lugar das garantias reais permitidas pela lei, passa a adtoar o pacto de retrovenda ou o compromisso de compra e venda, burlando assim a vedação legal do pacto comissório; A agência de viagens que sob a aparência de prestação de serviço de seu ramo, contrata na realidade o chamado turismo sexual, ou a mediação no contrabando ou em atividades de penetração ilegal em outros países; Enfim, qualquer tipo de contrato que importe desvio ético ou econômico de finalidade, com prejuízo para terceiros.

Princípios Contratuais Função Social Função Social e Princípios Clássicos Função Social e Princípio da Liberdade Contratual Função Social é razão e limite da Liberdade Contratual Função Social e Princípio da Relatividade dos Efeitos Subjetivos dos Contratos Influência positiva (contrato influi na sociedade) e negativa (sociedade se abstém de influir no contrato)

Princípios Contratuais Função Social Função Social e Princípios Clássicos Função Social e Princípio da Liberdade Contratual Função Social é razão e limite da Liberdade Contratual Função Social e Princípio da Relatividade dos Efeitos Subjetivos dos Contratos Influência positiva (contrato influi na sociedade) e negativa (sociedade se abstém de influir no contrato)

Princípios Contratuais PRINCÍPIO DA JUSTIÇA CONTRATUAL (OU DO EQUILÍBRIO CONTRATUAL) Segundo este princípio, em qualquer relação, o contrato deve, do início ao fim, manter um equilíbrio econômico. Deve haver o sinalagma, comutatividade.

Princípios Contratuais PRINCÍPIO DA JUSTIÇA CONTRATUAL (OU DO EQUILÍBRIO CONTRATUAL) Sinalagma (comutatividade) Genetico Funcional Lesão (art. 157, CCB) Onerosidade excessiva 478, CCB) (art.

Princípios Contratuais PRINCÍPIO DA JUSTIÇA CONTRATUAL (OU DO EQUILÍBRIO CONTRATUAL) Onerosidade Excessiva Teoria da Imprevisão Teoria da base objetiva do negócio Jurídico

Princípios Contratuais PRINCÍPIO DA JUSTIÇA CONTRATUAL (OU DO EQUILÍBRIO CONTRATUAL) Processual Civil e Civil. Revisão de contrato de arrendamento mercantil ("leasing"). Recurso Especial. Nulidade de cláusula por ofensa ao direito de informação do consumidor. Fundamento inatacado.indexação em moeda estrangeira (dólar). Crise cambial de janeiro de 1999 - Plano real. Aplicabilidade do art. 6º, inciso V, do CDC.Onerosidade excessiva caracterizada. Boa-fé objetiva do consumidor e direito de informação. Necessidade de prova da captação de recurso financeiro proveniente do exterior. Recurso Especial. Reexame de provas. Interpretação de cláusula contratual.

Princípios Contratuais PRINCÍPIO DA JUSTIÇA CONTRATUAL (OU DO EQUILÍBRIO CONTRATUAL) O preceito insculpido no inciso V do artigo 6º do CDC dispensa a prova do caráter imprevisível do fato superveniente, bastando a demonstração objetiva da excessiva onerosidade advinda para o consumidor. A desvalorização da moeda nacional frente à moeda estrangeira que serviu de parâmetro ao reajuste contratual, por ocasião da crise cambial de janeiro de 1999, apresentou grau expressivo de oscilação, a ponto de caracterizar a onerosidade excessiva que impede o devedor de solver as obrigações pactuadas. A equação econômico-financeira deixa de ser respeitada quando o valor da parcela mensal sofre um reajuste que não é acompanhado pela correspondente valorização do bem da vida no mercado, havendo quebra da paridade contratual, à medida que apenas a instituição financeira está assegurada quanto aos riscos da variação cambial, pela prestação do consumidor indexada em dólar americano.

Princípios Contratuais PRINCÍPIO DA JUSTIÇA CONTRATUAL (OU DO EQUILÍBRIO CONTRATUAL) - É ilegal a transferência de risco da atividade financeira, no mercado de capitais, próprio das instituições de crédito, ao consumidor, ainda mais que não observado o seu direito de informação (arts. 6, III, 31, 51, XV, 52, 54, 3º, do CDC). Incumbe à arrendadora desincumbir-se do ônus da prova de captação específica de recursos provenientes de empréstimo em moeda estrangeira, quando impugnada a validade da cláusula de correção pela variação cambial. Esta prova deve acompanhar a contestação (art. 297 e 396 do CPC), uma vez que os negócios jurídicos entre a instituição financeira e o banco estrangeiro são alheios ao consumidor, que não possui meios de averiguar as operações mercantis daquela, sob pena de violar o art. 6 da Lei n. 8.880/94. Simples interpretação de cláusula contratual e reexame de prova não ensejam Recurso Especial. (AgRg no REsp 374.351/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 30/04/2002, DJ 24/06/2002 p. 299)

Formação dos Contratos Negociações preliminares Fases Proposta Aceitação

Formação dos Contratos Negociações Preliminares = puntuação Conversações que, em regra, não obrigam as partes Indenização em determinadas circunstâncias Ato ilícito (corrente doutrinária) Responsabilidade pré-contratual (Antônio Chaves) Fundamentação Boa fé - Art. 422 Abuso de direito art. 186, 187 e 927 Elementos: Existência de negociações preliminares Conduta antijurídica Dano Dolo ou culpa Nexo causal

Formação dos Contratos Proposta = Oferta, policitação ou oblação art. 427 desde que séria e consciente, obriga o proponente pode ser provada por testemunhas se desrespeitada, gera perdas e danos Exceções Se contiver cláusula de não-obrigatoriedade Em razão da Natureza do negócio Ofertas limitadas ao estoque em razão das circunstâncias do caso art. 428 art 429 em geral, entende-se que é limitada ao estoque existente.

Formação dos Contratos Aceitação Concordância com a proposta Se modifica a proposta, denomina-se nova proposta ou contraproposta Art. 431 Expressa ou tácita Tácita: art. 432 Hipóteses em que a aceitação deixa de ter força vinculante Art. 430 Art. 433, retratação

Formação dos Contratos Momento em que se considera celebrado o contrato Definição de contrato entre presentes e entre ausentes Entre presentes 3 elementos presença jurídica das partes, e não física transmissão direta da vontade e não por vias de comunicação declaração de vontade imediata do aceitante, subseqüente à proposta Entre ausentes quando uma ou ambas as partes empregam, para exprimir ou seu assentimento, carta, telegrama, etc. Entre presentes Momento da celebração Aperfeiçoa-se de imediato Entre ausentes Teoria da declaração ou agnição Oblato aceita a proposta Teoria da expedição Oblato envia a aceitação Teoria da recepção Proponente recebe a aceitação Teoria da informação Contrato se forma no momento em que o policitante toma conhecimento da aceitação Aceita pelo NCCB Art. 434 3 exceções art. 434, I, II e III

Formação dos Contratos Art. 435 Lugar da celebração Importância de saber quando o contrato se forma Saber até quando as partes podem retirar o consentimento Averiguar a capacidade dos contratantes Determinar a legislação aplicável Definir autoridade competente para julgamento Responsabilizar o adquirente, nos contratos translativos de propriedade, pelos riscos e danos da coisa alienada

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