Relatório de Estabilidade Financeira



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Transcrição:

Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 212

2 Relatório de Estabilidade Financeira Publicação anual do Banco Nacional de Angola (BNA) É permitida a reprodução das matérias, desde que mencionada a fonte: Relatório de Estabilidade Financeira 212. Eventuais divergências entre dados e totais ou variações percentuais são provenientes de arredondamentos. Não são citadas as fontes das tabelas e dos gráficos de autoria exclusiva do Banco Nacional de Angola Banco Nacional de Angola Av. 4 de Fevereiro, nº 151 - Luanda, Angola Caixa Postal 1243 Tel: (+244) 222 679 2 www.bna.ao Objectivo do Relatório de Estabilidade Financeira No âmbito das atribuições conferidas ao Banco Nacional de Angola, por intermédio da sua Lei Orgânica n.º 16/1, de 15 de Julho, para a prossecução da política económica do Executivo, compete-lhe, para além da condução, execução, acompanhamento e controlo das políticas monetária, financeira cambial e de crédito, velar pela estabilidade do sistema financeiro nacional, assegurando, com essa finalidade, a função de financiador de última instância. Assim, em virtude desta prorrogativa, impende sobre o mesmo o dever de elaborar e publicar, com periodicidade regular, Relatórios relativos às suas atribuições, incluindo o Relatório de Estabilidade Financeira. Este relatório tem como objectivo principal identificar potenciais riscos para o sistema financeir angolano e dar a conhecê-los ao mercado. Tendo presente que não é a única instituição financeir com influência na estabilidade do sistema financeiro angolano, o conteúdo deste documento refle - te apenas as análises e opiniões do Banco Nacional de Angola.

Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 212 3 Índice Geral SUMÁRIO EXECUTIVO... 1 1. Enquadramento Macro Económico-Financeiro... 12 1.1. Apreciação Global... 12 1.2. Contextualização Internacional... 14 1.3. Condições Macroeconómicas Internas e Desenvolvimento Financeiro... 17 1.4. Perspectivas para o Primeiro Semestre de 213... 25 2. Mercado Monetário... 26 2.1. Operações de Regulação Monetária... 26 2.2. Emissão de Títulos do Banco Central e Operações de Mercado Aberto... 26 2.2.1. Taxas de Juro da Política Monetária... 27 2.2.2. Taxa LUIBOR... 27 2.2.3. Taxas de Juro das Emissões... 28 2.3. Operações Cambiais... 28 3. Sector Externo... 29 3.1. Grau de Abertura da Economia... 29 3.1.1. Taxa de Cobertura Global das Importações... 29 3.2. Conta Corrente... 3 3.3. Conta de Bens... 31 3.4. Serviços... 32 3.5. Rendimentos... 32 3.6. Transferências Correntes... 32 3.7. Conta de Capital e Financeira... 33 3.8. Saldo da Balança Global... 33 3.8.1. Reservas Brutas... 33 4. Sistemas de Pagamentos... 34 4.1. Disponibilidade... 34 4.2. Distribuição das operações ao longo do dia... 34 4.3. Exposição ao Risco... 35 4.4. Desempenho do Serviço de Compensação de Valores... 35 4.5. Desempenho do Subsistema Multicaixa - Terminais de Pagamento Automático... 35 4.6. Desempenho do Subsistema de Transferências a Crédito... 36 4.7. Concentração do Suporte Tecnológico a Nível dos Sistemas de Pagamento... 36 5. Organização do Sistema Financeiro... 37 5.1. Estrutura e Composição... 37 5.2. Localização de Rede de Agências e Dependências... 37 5.3. Níveis de Concentração do Sistema Bancário... 4

4 6. Supervisão Prudencial... 42 6.1. Sistema Bancário - Visão Geral... 42 6.1.1. Activo... 42 6.1.2. Passivo... 43 6.1.3. Capital Próprio... 44 6.2. Adequação do Capital... 45 6.3. Qualidade dos Activos e Risco de Crédito... 46 6.4. Rendibilidade... 5 6.5. Liquidez e Gestão de Fundos... 52 6.6. Sensibilidades a Variação de Mercado... 54 6.7. Estabilidade Financeira... 55 6.8. Testes de Sensibilidade do Sistema Bancário... 56 6.8.1. Análise de Cenário... 56 6.8.2. Análise de Sensibilidade... 58 7. Supervisão Comportamental... 6 7.1. Educação Financeira... 6 7.2. Actuação Normativa do DSC/BNA... 62 7.3. Condições Contratuais... 63 7.4. Reclamações... 64 7.5. Portal do Consumidor de Produtos e Serviços Financeiros... 66 7.6. Visitas ao Portal do Consumidor do BNA... 66 7.6.1. Conteúdos Visitados... 67 7.6.2. Artigos Visitados... 67 7.7. Visão Global das Reclamações... 68 ANEXOS... 69 Anexo 1 Cobweb da Estabilidade Financeira em Angola... 7 Anexo 2 Sectores de Actividade Económica... 71 Anexo 3 Agência de Notação Financeira: Rating... 72 Anexo 4 Liquidez (Análise de Cenário) Tipologia de Activos... 73 Anexo 5 Índice de Estabilidade Financeira... 73 Anexo 6 Balanço... 74 Anexo 7 Demonstração de Resultados... 75

Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 212 5 Índice de Gráfico Gráfico Cobweb da Estabilidade Financeira em Angola... 12 Gráfico Evolução dos Indicadores que compõem a Cobweb... 13 Gráfico Índice de Vulnerabilidade da Actividade Internacional... 14 Gráfico Índice de Clima Económico Mundial... 14 Gráfico 5 Yields das Obrigações de Governos... 15 Gráfico Índice de Volatilidade VIX Internacionais a 1 anos e VIX... 16 Gráfico Cor Tier 1 Sistema Bancário... 16 Gráfico Índice de Preços das Commodities... 17 Gráfico Crescimento Económico do Sector Petrolífero e Não Petrolífero... 18 Gráfico 1 Evolução da Estrutura do PIB... 18 Gráfico 1 Preço de Ramas Angolanas... 19 Gráfico 1 Reservas Internacionais Líquidas e Variação Mensal Kz/USD... 19 Gráfico 1 Indicadores Cambiais... 2 Gráfico 1 Inflação Mensal e Inflação Homólo... 2 Gráfico 1 Crédito Líquido ao Governo Central e BT de 9 dias... 21 Gráfico 1 Crédito à Economia e Depósitos... 21 Gráfico 1 Índice de Vulnerabilidade Financeira... 22 Gráfico 1 Índices de Herfindall Hirschman: Concentração das Q otas de Mercado e Conc. Sectorial... 22 Gráfico 1 Grau de Preferência por Liquidez... 23 Gráfico 2 Multiplicador Monetário... 23 Gráfico 2 Grau de Aprofundamento Financeiro... 24 Gráfico 2 Desvio Crédito/PIB Face ao seu Potencial... 24 Gráfico 2 Grau de Abertura... 29 Gráfico 2 Taxa de Cobertura das Importações... 3 Gráfico 2 Conta Corrente vs PIB... 3 Gráfico 2 Conta de Bens... 31 Gráfico 2 Exportações... 31 Gráfico 2 Reservas Brutas e Meses de Importação de Bens e Serviços... 33 Gráfico 2 Indisponibilidade SPTR por Sessão... 34 Gráfico 3 Distribuição dos Pagamentos no SPTR... 35 Gráfico 3 Montante dos Cheques e Ordens de Saque Compensados... 35 Gráfico 3 Nº TPA Activos versus Não Activos... 36 Gráfico 3 Número das Transferências Efectuadas no STC... 36 Gráfico 3 Agências e Dependências por Províncias e Agência e Dependências por Bancos... 38 Gráfico 3 Nº de Agências de Casas de Câmbio por Províncias e Sedes de C. Câmbio por Províncias... 38 Gráfico 3 Número de ATM s e TPA s... 39

6 Gráfico 3 Número e Valores de Levantamento e Compras... 4 Gráfico 3 Evol. dos Níveis de Concent. do Sistema Bancário Índice Herfindahl Hirschmann (IHH... 4 Gráfico 3 Evolução Níveis de Concentração de RC5... 41 Gráfico 4 Evolução Níveis de Concentração de RC1... 41 Gráfico 4 Evolução da Decomposição do Activo Total... 42 Gráfico 4 Activo Total por Controlo Accionário... 43 Gráfico 4 Evolução da Decomposição Passivo Total... 43 Gráfico 4 Evolução dos Depósitos por Prazo... 44 Gráfico 4 Evolução dos Depósitos por Moeda... 44 Gráfico 4 Solvabilidade... 45 Gráfico 4 Rácio de Solvabilidade por nº de Bancos... 46 Gráfico 4 Crédito Total/Activo... 47 Gráfico 4 Evolução do Crédito por Moeda... 47 Gráfico 5 Crédito Total por Sector de Actividade Económica... 48 Gráfico 5 Crédito Vencido/Crédito Total... 48 Gráfico 5 Evolução e Decomposição do Crédito Vencido por Sector de Actividade Económica... 49 Gráfico 5 Evolução e Decomposição do Crédito Vincendo por Sector de Actividade Económica... 49 Gráfico 5 Activo Remunerado/Activo... 5 Gráfico 5 Taxas de Juros Nominais de TBC e BT no Mercado Primário... 51 Gráfico 5 Rendibilidade... 51 Gráfico 5 Estrutura de Liquidez... 52 Gráfico 5 Crédito Total/Depósito Total... 52 Gráfico 5 Activos Líquidos/Activo Total... 53 Gráfico 6 Mismach Sistema Financeiro... 53 Gráfico 6 Evolução da Liquidez... 53 Gráfico 6 Activos Renumerados/Passivos Remunerados... 54 Gráfico 6 Exposição Cambial Aberta Líquida/Fundos Próprios Regulamentares... 55 Gráfico 6 Índice de Estabilidade Financeira... 56 Gráfico 6 Impacto da Reclassificação da Carteira de Crédit... 57 Gráfico 6 Estrutura de Liquidez... 57 Gráfico 6 Estrutura de Liquidez... 58 Gráfico 6 Volatilidade da Taxa de Câmbio... 58 Gráfico 6 Migração de 2 (dois) Níveis da Carteira de Crédito... 59 Gráfico 7 Número Acumulado da Contas Bankita a Ordem... 6 Gráfico 7 Número de Contas Bankita por Províncias... 6 Gráfico 7 Tipo de Documentos Utilizados para Abertura de Conta... 61

Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 212 7 Gráfico 7 Movimentos nas Contas de Depósitos à Ordem... 61 Gráfico 7 Contas Bankita por Género... 61 Gráfico 7 Estrutura Etária... 62 Gráfico 7 Actividade Profissiona... 62 Gráfico 7 Condições Contratuais... 63 Gráfico 7 Tipologia de Contratos de Cartões... 64 Gráfico 7 Condições Contratuais por Tipo de Bancos... 64 Gráfico 8 Reclamações por Tipo de Bancos... 64 Gráfico 8 Reclamações por Entidades... 65 Gráfico 8 Principais Produtos Reclamados... 65 Gráfico 8 Processo de Reclamação... 66 Gráfico 8 Número de Visitas... 66 Gráfico 8 Conteúdos mais Visitados... 67 Gráfico 8 Artigos mais Visitados... 67 Gráfico 8 Número de Reclamações... 68

8 Índice de Tabelas Tabela 1 Operações do Banco Central no Mercado Monetário... 26 Tabela 2 Taxa de Juro do Banco Nacional de Angola... 27 Tabela 3 Taxa Luibor... 27 Tabela 4 Taxas de Juro Médias Ponderadas Mercado Primário... 28 Tabela 5 Importação de Mercadorias (Classificação Económica... 32 Tabela 6 Conta Capital e Financeira... 33 Tabela 7 Listagem de Bancos... 37 Tabela 8 Instituições Financeiras de Microcrédito... 39 Tabela 9 Composição da Margem Financeira... 51 Tabela 1 Visitas por Países... 67

Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 212 9

1 Sumário Executivo O ano de 212, foi marcado pelo fim do Stand By Agreement (SBA), tendo o Fundo Monetário Internacional emitido um comunicado informando da aprovação da sexta e última revisão do Stand By Agreement (SBA) e da consequente disponibilidade imediata da última parcela da facilidade de crédito. Por sua vez, o contexto económico e financeiro favorável consubstanciado nas boas perspectivas de crescimento real da economia para o médio prazo, suportadas pela expectativa da gradual expansão da produção de petróleo e gás natural, política de incentivo de diversificação da economia e reformas estruturais implementadas fez com que as agências de notação de risco MOODY`s e FITCH revissem em alta o Outlook para a dívida soberana de Angola, alterando as notações de rating de Angola de B-Estável para Positivo. O BNA, continuou em 212, os trabalhos atinentes ao cumprimento das recomendações emanadas pelo Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional ao abrigo do Programa de Avaliação do Sistema Financeiro( FSAP), destacandose no período a publicação da regulamentação sobre tarifário do SPTR e o pacote de normas sobre o combate ao Branqueamento de Capitais e Financiamento ao Terrorismo. Para o ano de 213, prevê-se o cumprimento cabal de grande parte das recomendações em termos de regulação com a publicação das normas sobre: Governança Corporativa, Concessão, Classificação e Tratamento das Operações de Crédito bem como a norma das Provisões, Grandes Riscos e Limites de Concentração, Risco de Liquidez, Risco País e norma de Garantias Recebidas para Fins Prudenciais. No final de 212, a vulnerabilidade financeira associada à actividade internacional esteve na generalidade acima da sua média em função da incerteza que tem minado a recuperação da economia mundial com destaque para a crise da dívida soberana da Zona Euro e o seu possível efeito contágio a nível mundial bem como a baixa expectativa de negócios e a fragilidade do sector financeiro que continuam a caracterizar a economia norte-americana. Contextos, que ao agravarem-se, podem representar uma situação tendente a desencadear riscos para o sector financeiro angolano, como demonstrou a experiência de Angola na crise global anterior (28). Deste modo, num contexto de internacionalização, os principais riscos para a economia angolana estão associados a um potencial agravamento da crise da dívida soberana na Zona Euro e a um pior desempenho económico dos países que compõem a procura pelas ramas angolanas, sendo que o canal de transmissão dos riscos para o sistema financeiro de Angola continua a passar pela dependência que as contas externas têm das exportações petrolíferas, do impacto da sua variabilidade nas receitas fiscais, e consequentemente nas necessidades de financiamento do Estado, nas taxas de juro e nos recursos disponíveis dos bancos comerciais para a expansão e diversificação do crédito à economia Entretanto, o aumento das exportações por via do sector petrolífero traduz-se igualmente no aumento das reservas cambiais, contudo, demonstra a mono dependência da economia angolana face aos produtos minerais, deixando a mesma sujeita aos choques externos, no que concerne a evolução do preço do petróleo bruto no mercado internacional. Ao nível das relações comerciais de Angola com os outros países destaca-se a ligeira diminuição do grau de abertura da economia angolana, resultante do crescimento das receitas de exportação e das despesas de importação de bens e serviços do país, em magnitude superior ao crescimento do PIB em 212. A nível interno, a economia angolana no ano de 212, registou um crescimento económico robusto, uma situação fiscal mais forte, uma maior acumulação de reservas internacionais e uma taxa de câmbio estável, tendo culminado numa taxa de inflação de um só dígito Em termos globais, os riscos subjacentes ao sistema financeiro angolano e ao seu enquadramento macroeconómico situaram-se em níveis mais reduzidos face aos seus respectivos referenciais históricos, devido o aumento das receitas petrolíferas que contribuíram para um superavit orçamental do PIB, do crescimento contínuo do sector não petrolífero, das estimativas de crescimento global do Produto Interno Bruto (PIB) em termos reais e sobretudo da desaceleração da evolução do índice de preços interno para menos de dois dígitos pela primeira vez na história económico-financeira recente de Angola. As operações de regulação monetária, permitiram contrair a liquidez, medida pela diminuição da Base Monetária em cerca de 43,48%.

Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 212 11 No decurso da execução do mercado cambial primário em que factores, como a dependência da necessidade de esterilização do Tesouro Nacional, a quase inoperância do mercado cambial interbancário e a necessidade de preservação do nível de Reservas Externas influenciaram o seu comportamento. O recurso às reservas internacionais sob gestão do BNA permitiu atender à parte da procura, resultando numa depreciação acumulada do Kwanza face ao Dólar de apenas,571%. Baseado nas condições monetárias e no desenvolvimento financeiro, o Índice de Vulnerabilidade das Condições Monetárias e Financeiras registou menor vulnerabilidade para a economia de Angola em 212. O Sistema de Pagamentos de Angola funcionou com regularidade em 212, não obstante as situações de risco potencial relativas à compensação de valores elevados no SCV, à exposição ao risco operacional no SPTR e a dependência acentuada dos participantes do subsistemas do SPA a um número reduzido de fornecedores de software de sistemas de pagamentos e core banking. Em 212, apesar de não ter sido constituído nenhum banco novo, a actividade bancária continuou a expandir-se com a abertura de agências e dependências a nível nacional e a revelar indices de crescimento de depósitos, créditos e activos razoaveis. Porém verifica-se um nível de concentração elevado de crédito em 5 (cinco) instituições O Indice de Estabilidade Financeira, demonstra menor estabilidade em relação ao período homólogo, fruto da redução do spread bancário e dos níveis de rendibilidade, do incremento do risco de contágio do financiamento através do mercado interbancário, mas sobretudo do aumento do risco de crédito em função da deterioração da qualidade dos activos resultante do aumento do crédito em atraso e dos níveis de concentração de risco. Não obstante a redução do lucro líquido, o sistema bancário encerrou o exercício económico de 212, com capitais suficientes para enfrentar riscos subjacentes às actividades, como espelha o nível alto de solvabilidade da banca e os resultados das análises de sensibilidade com a manutenção do rácio de solvabilidade acima do minimo regulamentar face a cenários de reclassificação do crédito, das migrações de 1(um) e 2(dois) níveis de risco e da variação da taxa de câmbio. No entanto, a nível individual 4 (quatro) bancos que já apresentam problemas de adequação de capital seriam fortemente afectados e no cenário de reclassificação do crédito em conformidade com o normativo, 6 (seis) bancos que representam perto de 43% dos activos da banca apresentariam capital regulamentar abaixo do mínimo estabelecido. A liquidez permaneceu em níveis razoáveis no período, sustentado por índices de liquidez imediata aceitáveis e pela resistência do sistema face ao cenário de uma saída de 5% dos depósitos, com excepção de 2 (duas) instituições que representam 18,62% dos activos do mercado que não conseguiriam cumprir as suas obrigações imediatas. O sistema apenas seria fortemente afectado num cenário pouco provável de uma corrida aos bancos, necessitando para tal de um montante equivalente a 1% do PIB projectado para 212. O programa de inclusão financeira, continua a testemunhar o aumento dos níveis de bancarização, através dos depósitos Bankita sobretudo ao nível da população juvenil masculina. Tendo em vista a melhor organização do mercado bancário bem como a regulação da actuação dos bancos comerciais na sua relação com os clientes, o BNA no âmbito da supervisão comportamental, lançou no terceiro trimestre de 212, o portal do consumidor de produtos e serviços financeiros e aprovou um conjunto de normas que vão, entre outras, desde o procedimento para o atendimento de reclamações apresentadas às instituições financeiras pelos consumidores de produtos e serviços financeiros até à manutenção dos sistemas de vídeo vigilância e boas práticas a observar pelas instituições financeiras na prestação de informação ao público.

12 1. Enquadramento Macro Económico-Financeiro 1.1. Apreciação Global Em 212, a economia angolana registou um crescimento económico robusto, uma situação fiscal mais forte, uma maior acumulação de reservas internacionais e uma taxa de câmbio estável, tendo culminado com uma inflação de um só dígito. Num tal cenário, as autoridades prosseguem com um programa ambicioso de reformas institucionais, reforçando algumas áreas fundamentais no domínio fiscal, monetário e de gestão financeira O ano de 212, também foi marcado pelo fim do Stand By Agreement (SBA). O Fundo Monetário Internacional emitiu um comunicado informando da aprovação da sexta e última revisão do Stand By Agreement (SBA) e da consequente disponibilidade imediata da última parcela da facilidade de crédito associada àquele programa, elevando o total de desembolsos ao abrigo dessa facilidade para o equivalente a USD 1.33, milhões. Um contexto económico e financeiro favorável fez a agência de notação Fitch rever em alta o Outlook para a dívida soberana de Angola, de estável para positivo, justificando a alteração com base na política macroeconómica prudente do Governo, que ajudou a repor e a fortalecer as contas públicas, tornando o país menos vulnerável a um cenário menos favorável da evolução do preço do petróleo. Adicionalmente, outra agência de notação de risco, a Moody s, divulgou um relatório dedicado à revisão do rating da dívida pública de Angola e a notação foi alterada de Ba3-Estável para Ba3-Positivo 1. A melhoria da notação de rating deveu-se essencialmente às boas perspectivas de crescimento real da economia para o médio prazo, suportadas pela expectativa da gradual expansão da produção de petróleo e gás natural, política de incentivo de diversificação da economia e reformas estruturais implementadas. Na presente edição, introduziu-se um novo indicador representativo da estabilidade do sistema económico-financeiro angolano, Cobweb (Gráfico 1) 2, que permite visualizar de forma agregada, diferentes factores de risco para a economia angolana. Gráfico 1 - Cobweb da Estabilidade Financeira em Angola Vulnerabilidade Actividade Internacional Vulnerabilidade de Condições Monetárias e Financeiras Vulnerabilidade Externa Vulnerabilidade Fiscal Vulnerabilidade Cambial Vulnerabilidade da Estabilidade de Preços Vulnerabilidade do Sector Real 28 29 21 211 212 Em termos globais, a análise da Cobweb permite concluir que os riscos subjacentes ao sistema financeiro angolano e ao seu enquadramento macroeconómico situam-se em níveis bastante reduzidos face aos seus respectivos referenciais históricos. A redução dos níveis acentuados de risco no ano de 212 deveu-se sobretudo ao desempenho macroeconómico, resultante da recuperação da produção de petróleo proporcionando elevadas receitas petrolíferas que contribuíram para um superavit orçamental de 8,8% do PIB 3, consequentemente, o aumento das reservas internacionais, bem como do crescimento contínuo do sector não petrolífero. Por outro lado, a inflação decresceu para 9% no final do ano, abaixo da meta estipulada pelas autoridades (1%), atingindo um dígito, pela primeira vez na história económico-financeira recente de Angola e as estimativas do crescimento global do Produto Interno Bruto (PIB), em termos reais, tendem a aumentar significativamente em relação ao período homólogo 1 Para melhor entendimento das classificações de rating, consultar o anexo 3 2 Para metedologia, ver anexo 1. 3 Ministério das Finanças (MINFIN) - Quadro do Balanço Fiscal Preliminar de 212.

Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 212 13 Apesar de uma magnitude menor do risco, a Cobweb também evidencia um agravamento do risco cambial, motivado fundamentalmente pelo spread entre as taxas de câmbio no mercado formal e informal. Importa referir que, o factor sazonal do aumento da procura por divisas na época natalícia também contribuiu para o aumento do spread entre os mercados secundário e informal. Gráfico 2 - Evolução dos Indicadores que compõem a Cobweb 6 5 4 3 2 1 Índice de Vulnerabilidade da Actividade Internacional Fev-6 Jun-6 Out-6 Fev-7 Jun-7 Out-7 Fev-8 Jun-8 Out-8 Fev-9 Jun-9 Out-9 Fev-1 Jun-1 Out-1 Fev-11 Jun-11 Out-11 Fev-12 Jun-12 Out-12 3, 2,5 2, 1,5 1,,5 Índice de Vulnerabilidade Externa Jan-7 Abr-7 Jul-7 Out-7 Jan-8 Abr-8 Jul-8 Out-8 Jan-9 Abr-9 Jul-9 Out-9 Jan-1 Abr-1 Jul-1 Out-1 Jan-11 Abr-11 Jul-11 Out-11 Jan-12 Abr-12 Jul-12 Out-12 Vulnerabilidade da Actividade Internacional Média Amostral Vulnerabilidade Externa Média Amostral 5 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1,5 Índice de Vulnerabilidade da Actividade Internacional Mar-7 Jun-7 Set-7 Dez-7 Mar-8 Jun-8 Set-8 Dez-8 Mar-9 Jun-9 Set-9 Dez-9 Mar-1 Jun-1 Set-1 Dez-1 Mar-11 Jun-11 Set-11 Dez-11 Mar-12 Jun-12 Set-12 6 5 4 3 2 1 Índice de Vulnerabilidade do Sector Real Ago-7 Nov-7 Fev-8 Mar-8 Ago-8 Nov-8 Fev-9 Mar-9 Ago-9 Nov-9 Fev-1 Mar-1 Ago-1 Nov-1 Fev-11 Mar-11 Ago-11 Nov-11 Fev-12 Mar-12 Ago-12 Nov-12 Vulnerabilidade da Actividade Internacional Média Amostral Vulnerabilidade do Sector Real Média Amostral 4 3,5 3 2,5 3 1,5 1,5 Índice de Vulnerabilidade da Estabilidade de Preços Fev-6 Jun-6 Out-6 Fev-7 Jun-7 Out-7 Fev-8 Jun-8 Out-8 Fev-9 Jun-9 Out-9 Fev-1 Jun-1 Out-1 Fev-11 Jun-11 Out-11 Fev-12 Jun-12 Out-12 6 5 4 3 2 1 Índice de Vulnerabilidade Orçamental Jan-7 Abr-7 Jul-7 Out-7 Jan-8 Abr-8 Jul-8 Out-8 Jan-9 Abr-9 Jul-9 Out-9 Jan-1 Abr-1 Jul-1 Out-1 Jan-11 Abr-11 Jul-11 Out-11 Jan-12 Abr-12 Jul-12 Out-12 Vulnerabilidade da Actividade Internacional 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 Média Amostral Vulnerabilidade Fiscal Índice de Vulnerabilidade de Condições Monetárias e Financeiras Dez-6 Mar-7 Jun-7 Set-7 Dez-7 Mar-8 Jun-8 Set-8 Dez-8 Mar-9 Jun-9 Set-9 Dez-9 Mar-1 Jun-1 Set-1 Dez-1 Mar-11 Jun-11 Set-11 Dez-11 Mar-12 Jun-12 Set-12 Média Amostral Vulnerabilidade de Condições Monetárias e Financeiras Média Amostral

14 1.2. Contextualização Internacional A incerteza que tem minado a recuperação da economia mundial contribuiu para que a vulnerabilidade financeira associada à actividade internacional estivesse na generalidade acima da sua média. Um dos eventos que mais tem contribuído para a incerteza económica é a crise da dívida soberana da Zona Euro e o seu efeito contágio a nível mundial. Adicionalmente, a taxa de desemprego alta e persistente, a oscilação na confiança dos consumidores, a baixa expectativa de negócios e a fragilidade do sector financeiro continuaram a caracterizar a economia norte-americana. Tal contexto, a agudizar-se, representa uma situação tendente a desencadear riscos para o sector financeiro angolano tal como o demonstrou a experiência de Angola na crise global anterior (28). Deste modo, num contexto de internacionalização, os principais riscos para a economia angolana estão associados a um potencial agravamento da crise da dívida soberana na Zona Euro e a um pior desempenho económico dos países que compõem a procura pelas ramas angolanas. O canal de transmissão dos riscos para o sistema financeiro de Angola continua a passar pela dependência que as contas externas têm das exportações petrolíferas, do impacto da sua variabilidade nas receitas fiscais, e consequentemente nas necessidades de financiamento do Estado, nas taxas de juro e nos recursos disponíveis dos bancos comerciais para a expansão e diversificação do crédito à economia 6 Gráfico 3 - Índice de Vulnerabilidade da Actividade Internacional 5 4 3 2 1 O índice de clima económico mundial, que mede a confiança na economia mundial, através de uma média da situação actual e expectativas para o futuro, subiu para 82,4 pontos, aproximadamente 5%, no final do ano após ter-se registado um crescimento no primeiro semestre de 212, quando comparado a igual período de 211. A sua melhoria foi liderada pelas expectativas mais positivas para os próximos seis meses, sugerindo uma tendência de recuperação da economia mundial. 14 Gráfico 4 - Índice de Clima Económico Mundial 12 1 8 6 4 2 199 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2 21 22 23 24 25 26 27 28 29 21 211 212 Fev-6 Jun-6 Out-6 Fev-7 Jun-7 Out-7 Fev-8 Jun-8 Out-8 Fev-9 Jun-9 Out-9 Fev-1 Jun-1 Out-1 Fev-11 Jun-11 Out-11 Fev-12 Jun-12 Out-12 Vulnerabilidade da Actividade Internacional Média Amostral Índice de Clima Económico Mundial Situação Pendente Expectativa dos Próximos 6 Meses Fonte: CESifo

Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 212 15 No período em análise, o Banco Central Europeu (BCE) manteve uma política monetária acomodatícia e anunciou novas medidas de política monetária não convencionais, sinalizando ao mercado a sua disponibilidade e capacidade para amortecer os riscos subjacentes a uma crise de liquidez no sistema bancário da Zona Euro. Em Setembro, o BCE anunciou o programa de Transacções Monetárias Definitivas (Outright Monetary Transactions, OMTs), através do programa de compra de dívida soberana de curto prazo emitida por alguns países da Zona Euro. Já em Outubro, os líderes da União Europeia acordaram um cronograma para a implementação de um mecanismo de supervisão única para dar ao BCE uma responsabilidade adicional de supervisionar especificamente alguns bancos da Zona Euro. De salientar que a principal taxa de juros de refinanciamento foi reduzida em 25 pontos base, em Julho, para,75%, um mínimo histórico. Estas medidas foram acompanhadas por bancos centrais de outras economias. A título de exemplo, o Banco de Inglaterra anunciou uma nova sessão de operações de open market em Julho, tal como o fez o Banco do Japão, em Setembro, e as recentes operações de quantitative easing do Federal Reserve (FED). A forte incerteza sobre a eficácia da estratégia da política orçamental de curto prazo, resumida no corte da despesa e aumento dos impostos, nos Estados Unidos da América, tem afectado negativamente a recuperação da economia mundial. Não obstante a previsibilidade da implementação destas medidas terem efeitos recessivos sobre a conjuntura económica, a sua não concretização poderia exacerbar a incerteza sobre a sustentabilidade de médio e longo prazo das finanças públicas norte-americanas. Adicionalmente, o FED anunciou mais compras de títulos em Setembro, que continuarão até às perspectivas do mercado de trabalho melhorarem substancialmente, bem como prevê que a taxa dos fundos federais permaneça em níveis excepcionalmente baixos até pelo menos meados de 215. Esta combinação de factores foi de extremo alívio, desencadeando fortes altas nos preços dos activos. Neste contexto, observou-se uma acentuada redução da percepção de risco, medida pelo VIX 1, que alcançou o nível de 17 pontos 2, seu valor mais baixo desde o início da crise do subprime nos EUA (96,4 pontos). Neste contexto, tal como ilustrado no Gráfico 5, as yields da dívida soberana dos EUA, Reino Unido e da Alemanha permaneceram perto de níveis historicamente baixos. 6 Gráfico 5 - Yields das Obrigações de Governos 5 4 3 2 1 2-1-25 17-4-25 31-7-25 13-11-25 26-2-26 11-6-26 24-9-26 7-1-27 22-4-27 5-8-27 18-11-27 3-2-28 15-6-28 28-9-28 11-1-29 26-4-29 9-8-29 22-11-29 7-3-21 2-6-21 3-1-21 16-1-211 1-5-211 14-8-211 27-11-28 11-3-212 24-6-212 7-1-212 Alemanha EUA Japão Inglaterra 1 Índice que mede a volatibilidade dos mercados accionistas. 2 Quanto maior o índice menor é a disponibilidade dos investidores em tomar activos de risco.

16 9 8 7 6 5 4 3 2 1 Gráfico 6 - Índice de Volatilidade VIX Internacionais a 1 anos e VIX 4-1-26 3-4-26 29-6-26 26-9-26 22-12-26 21-3-27 18-6-27 13-9-27 11-12-27 7-3-28 4-6-28 1-9-28 27-11-28 24-2-29 22-5-29 19-8-29 16-11-29 11-2-11 11-5-21 6-8-21 3-11-21 31-1-211 28-4-211 26-7-211 21-1-211 18-1-212 16-4-212 12-7-212 9-1-212 Os rácios de capital regulatório aumentaram na maioria dos principais sistemas bancários europeus, no primeiro semestre de 212. Este aumento reflecte, particularmente, as operações de recapitalização dos principais grupos bancários. De referir, que no final de 211 a Autoridade Bancária Europeia recomendou, não só que os bancos europeus devessem aumentar o seu rácio core Tier 1 para além dos 9%, como também criar uma protecção contra o risco da detenção de títulos soberanos. No entanto, as preocupações sobre a resistência dos sistemas bancários europeus permaneceram. Na Zona Euro ficou evidente que a ligação entre o risco soberano e o risco bancário, as perdas em investimentos de títulos soberanos, os encargos de imparidade sobre a dívida grega e custos associados com o processo de reestruturação e desalavancagem do sector bancário europeu, se reflectissem parcialmente numa fraca rentabilidade. A rentabilidade dos bancos dos Estados Unidos da América e do Reino Unido também se manteve moderada. Esta condição é extensiva aos bancos portugueses que devido à sua ligação intrínseca ao sistema financeiro da Zona Euro, estaria a ser transferida para Angola através das suas relações com o sector bancário português. Rácio 14 12 1 8 6 4 2 Gráfico 7 - Cor Tier 1 Sistema Bancário Reino Estados França Alemanha Itália Espanha Unido Unidos Portugal 28 8,59 8,53 6,74 8,57 8,53 1,29 6,8 29 1,22 1,1 8,29 9,64 11,66 1,82 7,9 21 11,5 11,3 8,95 9,93 12,45 11,88 8,1 211 11,34 11,51 1,4 1,91 12,24 12,45 9,6 212-1ª metade 12,4 12,76 11,27 9,89 13,11 12,5 11,3 A China, país que possui a maior parcela de investimento em Angola, registou uma desaceleração no seu crescimento, o que teve um impacto não só sobre os mercados asiáticos, mas também sobre os preços globais das commodities. Contudo, acredita-se que a economia chinesa já respondeu de forma apropriada à sua desaceleração económica e que o crescimento económico chinês deverá ser retomado. Com a inflação sob controlo, o Banco Central da China tem tomado medidas para estimular a economia, numa tentativa de suavizar o processo de desaceleração, tal como reduzir a taxa de juro, após redução da taxa de redesconto.

Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 212 17 As economias emergentes continuaram a registar crescimentos relativamente fortes desde a crise financeira global, apesar do abrandamento no volume do comércio a nível global e da tímida recuperação do crescimento mundial. Apesar de ainda conseguir financiar o seu défice fiscal, a Índia começa a ser uma inquietação, com a desvalorização da Rupia para novos mínimos históricos, e a necessidade de financiar grandes défices na conta corrente fisca Já no Brasil, para contrariar uma acentuada desaceleração na economia real, o Banco Central reduziu a Selic para um mínimo histórico. Algumas das medidas regulamentares tomadas em 211 para desacelerar os fluxos de capital e o crescimento do crédito ao consumo também foram revertidas. O Brasil tem adoptado uma política de proteccionismo cambial através da desvalorização do Real com o intuito de aumentar a competitividade dos produtos transaccionáveis e melhorar o resultado da balança comercial. Os preços das commodities agrícolas são, em sua maioria, resultado de choques do lado da oferta. A título de exemplo, factores imprevisíveis como o agravamento das condições climáticas nos Estados Unidos, Rússia, Austrália e Índia fizeram com que em média as cotações da commodities alimentares no fim do ano de 212 fossem superiores às do ano de 211. 3 Gráfico 8 - Índice de Preços das Commodities 25 2 15 1 5 Jan-6 Mai-6 Set-6 Jan-7 Mai-7 Set-7 Jan-8 Mai-8 Set-8 Jan-9 Mai-9 Set-9 Jan-1 Mai-1 Set-1 Jan-11 Mai-11 Set-11 Jan-12 Mai-12 Set-12 Commodities Preço do Barril (Brent) Preço dos Alimentos Fonte: Bloomberg, Reuters Nota: índice de todas as commodities CBR e Índice agrícola S&P GSCI, com preço base = 1 em Janeiro de 25. 1.3. Condições Macroeconómicas Internas e Desenvolvimento Financeiro Apesar dos riscos globais que podem afectar o preço do petróleo e, por esse canal a economia angolana, há factores suficientemente robustos que suportam as previsões de forte aceleração do crescimento angolano, mormente a descoberta de novas reservas petrolíferas e o arranque do projecto de gás natural. A última estimativa do Ministério do Planeamento para o PIB aponta uma taxa de crescimento real de 7,4% para 212, o que comparado com a taxa de 211 (3,9%), demonstra sinais de aumento da actividade económica. Em 212, destaca-se a recuperação do sector petrolífero, dado que este passou de uma contracção de 5,6%,em 211, para uma expansão de 4,3%, em termos reais. Apesar da ligeira desaceleração na taxa de crescimento real do PIB não petrolífero em,6%, de 211 para 212, este teve um crescimento real notável de 9,1%. Tal crescimento tem estado associado às externalidades positivas vindas dos recursos criados através do desempenho do sector petrolífero. Progressivamente, a actividade económica tem vindo a diversifica -se, visando a redução da dependência das importações, incluindo de bens básicos. Esta evolução é positiva para a saúde do sistema bancário, pois permite um maior enriquecimento das fontes de financiamento.

18 Para o ano de 213, projecta-se um crescimento do PIB de 7,1% em termos reais, ligeiramente inferior em relação a 212, todavia superior ao crescimento verificado no ano de 211. A desaceleração da Projecção do PIB para 213 deve-se a um menor crescimento esperado para o PIB não petrolífero (7,3%), mais concretamente dos sectores da Agricultura, Diamantes e Outros e Pescas e Derivados. Gráfico 9 - Crescimento Económico do Sector Petrolífero e não Petrolífero 15 1 5-5 -1 21 211 212 (e) 213 (p) PIB Pet. -2,9-5,6 4,3 6,6 PIB / Não Pet. 7,8 9,7 9,1 7,3 PIB Global 3,5 3,9 7,4 7,1 % 6 Gráfico 1 - Evolução da Estrutura do PIB Peso dos Sectores no PIB 5 4 3 2 1 26 27 28 29 21 211 212 Período Serviços Mercantis Outros Petróleo Indústria Transformadora Pescas e Derivados Energia Fonte: Ministério do Planeamento Apesar de ter ocorrido um abrandamento na procura global por petróleo, esta teve um considerável grau de heterogeneidade. Entretanto, houve uma maior procura asiática pelo petróleo angolano devido ao declínio da produção na Líbia, que esteve abaixo da sua capacidade. O petróleo teve um peso de 97,71% sobre o total das exportações, e continuou a ser o produto mais representativo das mesmas. Em termos acumulados, registou-se uma produção total de 673,14 milhões de barris, o que perfaz uma produção média diária de 1,84 milhões de barris por dia durante o ano, valor superior ao programado no Orçamento Geral de Estado de 212. Simultaneamente, o preço das ramas angolanas, contribuiu positivamente para o aumento das receitas petrolíferas. No período em análise, registou-se um ligeiro aumento no preço da commodity, tendo passado de uma média de Usd 11,24 por barril no ano de 211 para Usd 111,53 por barril no ano de 212.

Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 212 19 14 Gráfico 11 - Preço de Ramas Angolanas 25 12 1 8 6 4 2 2 15 1 5 Jan-5 Jun-5 Nov-5 Abr-6 Set-6 Fev-7 Jul-7 Dez-7 Mai-8 Out-8 Mar-9 Ago-9 Jan-1 Jun-1 Nov-1 Abr-11 Set-11 Fev-12 Jul-12 S/ Barril Milhões de Barris / Dia Produção de Petróleo Preço das Ramas Apesar da incerteza vivida na arena internacional, no final de 212, o saldo da conta de bens foi favorável para a acumulação das RIL. As receitas provenientes do sector petrolífero possibilitaram o aumento das Reservas Internacionais Líquidas (RIL) para USD 3.62,68 milhões, em Dezembro de 212, uma variação de 17,32% face ao período homólogo. Tal posição traduz o reforço crescente da solvabilidade externa, o que permitiu preservar a estabilidade taxa de câmbio USD/KZ ao longo do ano em análise. Gráfico 12 - Reservas Internacionais Líquidas e Variação Mensal Kz/USD 35 3 25 2 15 1 5 Jan-7 Mai-7 Set-7 Jan-8 Mai-8 Set-8 Jan-9 Mai-9 Set-9 Jan-1 Mai-1 Set-1 Jan-11 Mai-11 Set-11 Jan-12 Mai-12 Set-12 Dez -12,1,8,6,4,2, -,2 -,4 -,6 RIL Variação Mensal da Taxa de Câmbio Nominal de Referência Em relação à evolução da taxa de câmbio assistiu-se a uma depreciação da taxa média de referência, passando de 95,28 Kz/USD em Dezembro de 211 para 95,83 Kz/USD em Dezembro de 212, o que corresponde a uma depreciação de,57% do Kwanza. No entanto, apesar da baixa volatilidade da taxa de câmbio de referência, nota-se um maior spread do valor do dólar norte-americano face ao Kwanza, entre o mercado formal e informal. Em economias como a de Angola, este spread tem sido um importante factor de risco a ter em consideração, devido às distorções que causam no lado real da economia. No ano de 212, a taxa de câmbio de referência, do mercado secundário de notas e a do mercado informal registaram depreciações de,571%,,949% e 2,359%, respectivamente, o que evidencia a evolução desproporcional das diferentes taxas de câmbio.

2,6%,5%,4%,3%,2%,1% % I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV 27 28 29 21 211 212 Volatilidade da Taxa de Câmbio 96 92 88 84 8 76 Kz / USD Gráfico 13 - Indicadores Cambiais Kz por um Cabaz Seleccionado de moedas Kz / USD 64 6 56 52 48 44 I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV 27 28 29 21 211 212 Taxa de Câmbio Real Efectiva 4-4 -8-12 -16 72 I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV 27 28 29 21 211 212 Taxa de Câmbio Nominal Referência Kz / USD -2 I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV 27 28 29 21 211 212 Diferencial Mercado Formal e Informal Em 212, registou-se uma desaceleração progressiva da evolução do índice de preços internos, conduzindo a uma inflaçã média mensal de,72%, tendo-se registado uma inflação acumulada de 9,2%, inferior a meta projectada de 1% A estabilidade do crescimento dos preços tem efeitos positivos sobre a economia, uma vez que garante maior solidez e confiança da moeda nacional, aumentando os níveis de poupança e estimulando os agentes económicos a investir. Este contexto permitiria uma melhoria na gestão eficiente da política monetária, um dos requisitos desejáveis para o desenvolvimento do sistema financeiro em Angola As taxas de juro activas em moeda nacional (MN) do crédito ao sector empresarial registaram uma redução em todas as maturidades. Quanto às taxas de juro em moeda estrangeira (ME), a sua evolução foi em sentido contrário em todas as maturidades, excepto na maturidade de até 18 dias, na qual observou-se uma redução de 1,23 pontos percentuais, passando de 1,17% no final do ano de 211 para 8,94% em 212. Relativamente, as taxas de juro do crédito a particulares observou-se uma redução em todas as maturidades, tanto em MN quanto em ME, comparativamente a 211. Consequentemente, verificou-se uma redução nos custos de financiamento do sector empresarial, justificando os esforços de promover a diversificação da actividade económica registada. 17% 16% 15% 14% 13% 12% 11% 1% 9% 8% Gráfico 14 - Inflação Mensal e Inflação Homóloga IV I II III IV I II III IV I II III IV 21 211 212 Variação dos Últimos 12 Meses do IPC Variação Mensal do IPC 3,6% 3,2% 2,8% 2,4% 2,% 1,6% 1,2%,8%,4% %