Resumo: O presente relatório foca a necessidade do desenvolvimento de uma competência comunicativa intercultural na sala. A cultura nativa assume um papel essencial na forma como comunicamos, como processamos a informação, vemos o mundo e socializamos. Na sala de aula, através do diálogo, é possível a troca de experiências pessoais e estabelecer relações entre as duas ou mais culturas presentes, criando desta forma plataformas de interacção entre elas. As várias experiências contribuirão para formar um cidadão mais tolerante num mundo globalizado, capaz de reconhecer a sua individualidade e de respeitar a diferença. Em suma, as atividades propostas neste relatório são momentos que propiciam a criação de uma relação de empatia com o outro e a reflexão sobre comportamentos culturalmente induzidos. Resumen: Este informe se centra en la necesidad de desarrollar una competencia comunicativa intercultural en el aula. La cultura nativa tiene un papel clave en la forma como nos comunicamos, como procesamos la información, vemos el mundo y socializamos. En el aula, a través del diálogo, es posible intercambiar experiencias y establecer relaciones personales entre dos o más culturas presentes, creando por lo tanto plataformas para la interacción entre ellas. Las diversas experiencias ayudarán a formar a un ciudadano más tolerante en un mundo globalizado, capaz de reconocer su individualidad y de respetar la diferencia. En resumen, las actividades propuestas en este informe son momentos que permiten la creación de una relación de empatía con los demás y la reflexión sobre las conductas culturalmente inducidas. Palavras-chave: Competência Comunicativa, Competência Comunicativa Intercultural, Cultura I
Agradecimentos Ao orientador deste relatório, Professor Doutor Rogélio Ponce de León, pela disponibilidade. À minha orientadora de estágio, Rossana Ferreira, e à supervisora de estágio, Pilar Nicolás Martínez, pelas observações e comentários sempre pertinentes que permitiram a minha evolução enquanto docente. Às minhas companheiras, Carina Amorim e Eva Costa, pela partilha, solidariedade e amizade, pelas horas de trabalho e pelos bons momentos. À minha família e aos meus amigos pelo apoio e incentivo. II
Índice: Página Resumo... I Agradecimentos.... II Índice... 1 Parte I 0. Introdução... 3 0.1. A escolha do tema... 3 0.2. Objetivos... 4 0.3. Abreviaturas... 5 Capítulo I: o conceito de cultura e a sua presença na sala de aula 1.1. O Homem como animal social... 7 1.1.1. O Conceito de Cultura... 7 1.2. O papel da cultura na sala de aula de Língua Estrangeira... 10 1.3. A aprendizagem de uma segunda cultura... 13 1.4. Que cultura transmitir?... 17 1.4.1. A cultura com C... 18 1.4.2. A cultura com c... 19 Capítulo II: da competência comunicativa à competência comunicativa intercultural 2.1. A Competência Comunicativa... 23 2.1.1. Breve retrospetiva histórica... 23 2.1.2. As diferentes componentes da competência comunicativa... 26 2.2. Rumo a uma competência comunicativa intercultural... 33 1
Parte II Capítulo III: proposta didática e reflexão 3.0. Introdução... 37 3.1. A Escola Secundária Manuel Laranjeira....... 39 3.1.1. Localização e caraterização da comunidade em que se insere..... 39 3.1.2. O espaço físico da escola...... 39 3.1.3. As orientações internas da escola e a competência intercultural....... 40 3.2. Atividades propostas..... 41 3.2.1. Atividades da Regência O.... 41 3.2.2. Atividades da Regência 1 e 2...... 46 3.2.3. Atividades da Regência 3 e 4... 50 3.2.4. Atividades da Regência 5 e 6.. 53 3.2.5. Atividades da Regência 7 e 8... 59 3.3. Reflexão final... 63 3.4. Conclusão...... 64 Bibliografia....... 67 Anexos.. 73 2
0. Introdução 0.1. A escolha do tema O tema da diversidade cultural começou a ser-me querido após a minha experiência como estudante Erasmus em Copenhaga. Ao longo de um ano pude contactar com diversas pessoas com antecedentes culturais variados e inserir-me em alguns contextos com mal-entendidos culturais e assim repensar os meus próprios comportamentos e inclusivamente adotar novos. Conhecer e respeitar o outro é uma necessidade cada vez maior num mundo global, construído a partir dos novos meios de comunicação e da facilidade na mobilidade de pessoas e de valores, mas com problemas culturais e étnicos também globais. A questão da diversidade cultural sempre esteve presente, desde os tempos mais antigos, sendo mormente encarada como um fator negativo para a convivência em sociedade. Os Estados Unidos, uma das sociedades multiculturais por excelência, ditaram o exemplo, determinando que a unidade social conseguia-se através da fusão das diferentes identidades culturais numa única, uniforme. Contudo, atualmente compreende-se que o contacto com outras pessoas e culturas não significa uma perda total da identidade cultural, mas ordena uma redefinição à luz das novas crenças e normas sociais, possibilitando uma maior maturação cultural e social de cada indivíduo, formando um eu mais rico e mais tolerante. A escola é por excelência o lugar da aprendizagem, um veículo transmissor de cultura, a nossa e a dos outros, pois há sempre um eu que interage com um outro. De facto, segundo a Declaração Universal dos Direitos Linguísticos, Artigo 23º, alínea 3, «O ensino deve estar sempre ao serviço da diversidade linguística e cultural, e das relações harmoniosas entre as diferentes comunidades linguísticas do mundo inteiro» 1. Com a União Europeia cada vez com mais estados membros, respeitar a diversidade da própria comunidade em que a escola se insere será o ponto de partida para valorizar 1 http://penclube.no.sapo.pt/pen_internacional/dudl.htm de 12 de Junho de 2011 Introdução Página 3
outras comunidades, muitas vezes com valores tão diferentes dos nossos, promovendo a tolerância. As escolas portuguesas, salvo raros casos, apesar de difundirem valores de cidadania europeia, estão ainda centradas na criança cidadã portuguesa. A ênfase na competência intercultural, objetivo geral do currículo português, ainda está bastante associada à sala de aula de Língua Estrangeira, o lugar onde se conhece o outro. No entanto, a possibilidade de aprender uma nova língua começa cada vez mais cedo, possibilitando assim um conhecimento do outro ainda sem vê-lo pelos moldes sociais pré-estabelecidos. 0.2. Objetivos Cada vez mais, a escola lida com a diversidade cultural e étnica. Torna-se fundamental trabalhar no âmbito de uma abordagem intercultural da educação no sentido de desenvolver e aplicar um currículo mais rico, com o qual todos os aprendentes se possam identificar, que possa contribuir para, seguindo as diretrizes europeias da divulgação e valorização de todas as línguas e culturas, a compreensão entre as diversas comunidades do mundo. Assim, hoje não nos podemos considerar apenas cidadãos portugueses, mas europeus e do mundo. Sendo a escola o lugar da aprendizagem e da socialização, é neste contexto que melhor se pode trabalhar e explorar o outro de forma a contribuir para a construção de uma sociedade tolerante e sem preconceitos. Por isso, é importante trabalhar no sentido de promover a desconstrução de um ponto de vista do mundo unilateral, valorizando a diferença cultural como enriquecimento pessoal, como parte da formação de um indivíduo, tornando-o mais completo. Compreender o outro é uma forma de nos conhecermos a nós mesmos, de definir a nossa identidade enquanto parte integrante de um grupo heterogéneo, mas com uma conceção de mundo comum. Introdução Página 4
Este trabalho pretende ser uma reflexão sobre algumas práticas pedagógicas levadas a cabo por mim nas aulas de Espanhol ao longo deste ano de estágio no sentido de promover o desenvolvimento da competência comunicativa intercultural. Apesar de já ter passado por um estágio pedagógico no âmbito da Língua Estrangeira, nomeadamente no ensino de Inglês, esta experiência foi fundamental para completar a minha formação docente, a qual está em constante crescimento. A sala de aula é um espaço de crescimento multilateral e as diferentes experiências permitiram o aperfeiçoamento da minha prática letiva, através da reflexão e da partilha de experiências com os colegas. Assim, ao longo deste relatório de estágio pretendo: - dar a conhecer uma breve noção de cultura e refletir sobre a aprendizagem da mesma em contexto de sala de aula; - apresentar alguns conteúdos culturais que podem ser trabalhados na sala de aula no âmbito dos programas nacionais de espanhol; - promover atividades no âmbito dos temas propostos nas planificações anuais dos níveis lecionados, no sentido de desenvolver a competência comunicativa intercultural; - refletir sobre as atividades propostas e avaliar as reações dos alunos. 0.3. Abreviaturas LE: Língua(s) Estrangeira(s) LM: Língua Materna QECR: Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas CC: Competência Comunicativa CCI: Competência Comunicativa Intercultural Introdução Página 5