PROCESSO Nº: 0805208-62.2014.4.05.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO RELATÓRIO Cuida-se de agravo de instrumento manejado pelo ESTADO DE PERNAMBUCO contra decisão proferida pelo Juízo da 10ª Vara Federal da Seção Judiciária de Pernambuco que, nos autos de ação ordinária, deferira a antecipação de tutela requerida, para determinar a suspensão de quaisquer medidas de cobranças decorrentes da penalidade imposta à ECT - EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS pelo PROCON/PE, a qual resultou da reclamação nº. 1013.049.340-9. O caso concerne, em suma, a processo administrativo oriundo de reclamação intentada por usuária do serviço de correspondências SEDEX dos Correios, a Sra. Maria Lourdes dos Santos, a qual alegou o extravio de um par de alianças, no valor estimado de R$ 720,00 (setecentos e vinte reais), enviado para Guarulhos/SP. O Juízo singular considerou, em resumo, que, com o pagamento do quantum indenizatório como disposto no Regulamento do Serviço Postal ao qual está submetida, o qual engloba o seguro obrigatório (R$ 50,00) mais as pagas taxas pela remetente (R$ 53,80), e, dado o excesso da penalidade aplicada aos Correios, no valor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), enquanto os bens remontariam ao importe estimado de R$ 720,00 (setecentos e vinte reais), é desarrazoado manter-se a multa e permitir sua ulterior inscrição em dívida ativa. O Estado agravante argumenta, em síntese, que a concessão da medida de urgência para obstar a exigibilidade de crédito fiscal decorrente da autuação combatida somente é possível respeitando-se a exigência contida nos artigos 1º, 2º e 38 da Lei nº. 6.830/80, o qual prevê a necessidade de depósito preparatório do valor do débito a ensejar a discussão judicial do débito. Adverte, ainda, que a ECT ora agravada não está isenta do depósito preparatório, uma vez que o débito que se discute não possui natureza tributária, por decorrer de regras consumeristas. Além disso, infere que a LC nº. 104/2001 não alterou as exigências insertas na Lei nº. 6.830/80 quanto à garantia do Juízo com o depósito prévio.
Observa, ao final, que a autora, ora agravada, não prestou o serviço de forma eficiente à consumidora, inclusive ao reconhecer que efetivamente houve falha na prestação do serviço com o extravio do produto, sem a sua entrega ao destinatário apontado. A par disso, sustenta que a disposição de valor irrisório, a título de indenização ao consumidor, caracteriza infração prevista no art. 14 do CDC. Foram apresentadas contrarrazões tempestivamente. É o relatório. PROCESSO Nº: 0805208-62.2014.4.05.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO VOTO Consoante relatado, este agravo de instrumento foi interposto contra decisão que deferiu pedido de antecipação de tutela para que não fosse inscrita na Dívida Ativa do Estado a multa aplicada pelo Procon-PE em virtude de extravio de encomenda postada no SEDEX. De partida, registre-se a presença da verossimilhança das alegações dos Correios, posto que o Procon-PE aplicou a multa sem considerar que o usuário não procedeu à declaração do valor do objeto - segundo a reclamante, um par de alianças. Note-se, ainda, que a agravada já disponibilizou o quantum indenizatório em conformidade com o Regulamento do Serviço Postal ao qual está submetida, correspondente ao seguro obrigatório (R$50,00) e às das taxas postais pagas (R$53,80), além do que a multa
aplicada (R$1.500,00) é superior ao valor do bem (R$720,00, conforme estimado pela reclamante consumidora). Ademais, na hipótese em tela, igualmente evidencia-se o perigo de demora, haja vista a iminente possibilidade de inscrição da multa ora discutida em Dívida Ativa. Ressalte-se, por fim, a ausência do periculum in mora inverso, tendo em vista que a agravada é Empresa Pública Federal e possui capital integralizado pela União, inexistindo, assim, o risco de se tornar inadimplente e não arcar com o valor da multa, caso a sentença lhe seja desfavorável. Com amparo no exposto, NEGO PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. É como voto. HELENA DELGADO FIALHO MOREIRA Desembargadora Federal Convocada PROCESSO Nº: 0805208-62.2014.4.05.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO - PE EMENTA
ADMINISTRATIVO, CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXTRAVIO DE ENCOMENDA. MULTA. PROCON. NÃO INSCRIÇÃO EM DÍVA ATIVA. POSSIBILADE. 1. Cuida-se de agravo de instrumento manejado pelo ESTADO DE PERNAMBUCO contra decisão proferida pelo Juízo da 10ª Vara Federal da Seção Judiciária de Pernambuco que, nos autos de ação ordinária, deferira a antecipação de tutela requerida, para determinar a suspensão de quaisquer medidas de cobranças decorrentes da penalidade imposta à ECT - EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS pelo PROCON/PE, a qual resultou da reclamação nº. 1013.049.340-9. 2. O caso concerne, em suma, a processo administrativo oriundo de reclamação intentada por usuária do serviço de correspondências SEDEX dos Correios, a Sra. Maria Lourdes dos Santos, a qual alegou o extravio de um par de alianças, no valor estimado de R$ 720,00 (setecentos e vinte reais), enviado para Guarulhos/SP. 3. De partida, registre-se a presença da verossimilhança das alegações dos Correios, posto que o Procon-PE aplicou a multa sem considerar que o usuário não procedeu à declaração do valor do objeto - segundo a reclamante, um par de alianças. Note-se, ainda, que a agravada já disponibilizou o quantum indenizatório em conformidade com o Regulamento do Serviço Postal ao qual está submetida, correspondente ao seguro obrigatório (R$50,00) e às das taxas postais pagas (R$53,80), além do que a multa aplicada (R$1.500,00) é superior ao valor do bem (R$720,00, conforme estimado pela reclamante consumidora). 4. Ademais, na hipótese em tela, igualmente evidencia-se o perigo de demora, haja vista a iminente possibilidade de inscrição da multa ora discutida em Dívida Ativa. 5. Ressalte-se, por fim, a ausência do periculum in mora inverso, tendo em vista que a agravada é Empresa Pública Federal e possui capital integralizado pela União, inexistindo, assim, o risco de se tornar inadimplente e não arcar com o valor da multa, caso a sentença lhe seja desfavorável. 6. Agravo de instrumento desprovido. ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, em que figuram como partes as acima indicadas. DECE a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, à unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO, nos termos do voto da Relatora e das notas taquigráficas, que passam a integrar o presente julgado. Recife, 05 de maio de 2015. HELENA DELGADO FIALHO MOREIRA Desembargadora Federal Convocada