Supremo Tribunal Federal



Documentos relacionados
Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

: RENATA COSTA BOMFIM E OUTRO(A/S)

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

Supremo Tribunal Federal

: MIN. TEORI ZAVASCKI

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

: MIN. DIAS TOFFOLI :COMERCIAL CABO TV SÃO PAULO LTDA : LUÍS EDUARDO SCHOUERI E OUTRO(A/S) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

05/02/2013 SEGUNDA TURMA : MIN. GILMAR MENDES

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

:CARLOS JOSÉ ELIAS JÚNIOR :PROCURADOR-GERAL DO DISTRITO FEDERAL

: MIN. CÁRMEN LÚCIA DECISÃO

Superior Tribunal de Justiça

24/06/2014 SEGUNDA TURMA

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO PERNAMBUCO RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

P A R E C E R PGFN/CRJ/Nº 287/2009

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

TRIBUNAL DE JUSTIÇA VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL/CONSUMIDOR

: MIN. DIAS TOFFOLI SERGIPE

Supremo Tribunal Federal

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO DISTRITO FEDERAL RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Este recurso é interposto em face de decisão do TRF da 4ª. Região, assim ementada:

Supremo Tribunal Federal

25/03/2014 SEGUNDA TURMA : MIN. CELSO DE MELLO

Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE A C Ó R D Ã O

: MIN. DIAS TOFFOLI SÃO PAULO

Superior Tribunal de Justiça

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA OFICINA DO NOVO CPC AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL E EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO E EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Foram apresentadas contrarrazões tempestivamente. É o relatório.

Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Gabinete do Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho. PJe-APELREEX

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

28/10/2014 PRIMEIRA TURMA : MIN. DIAS TOFFOLI EMENTA

18/10/2011 Segunda Turma. : Min. Joaquim Barbosa

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

(9ÐÓ21\1N0) R E L A T Ó R I O

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO SANTA CATARINA EMENTA

Supremo Tribunal Federal

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 2ª TURMA RECURSAL JUÍZO C

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Novély Vilanova da Silva Reis. Juiz Federal em Brasília.

Agravo de Instrumento N C

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

Transcrição:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 848.000 RIO GRANDE DO SUL RELATORA RECTE.(S) ADV.(A/S) RECDO.(A/S) PROC.(A/S)(ES) : MIN. CÁRMEN LÚCIA :LUIZ CARLOS FEISTLER : LÚCIO FERNANDES FURTADO E OUTRO(A/S) :UNIÃO :PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL DECISÃO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. TRIBUTÁRIO. NATUREZA JURÍDICA DE JUROS PARA INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA: AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. AGRAVO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. Relatório 1. Agravo nos autos principais contra inadmissão de recurso extraordinário interposto com base no art. 102, inc. III, al. a, da Constituição da República contra o seguinte julgado da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Rio Grande do Sul: Juros Moratórios. O C. STJ, por sua Primeira Seção, no REsp n. 1.227.133, julgado pela sistemática dos recursos repetitivos, fixou entendimento de que não incide imposto de renda sobre juros moratórios recebidos em reclamatória trabalhista. Todavia, posteriormente, a mesma Primeira Seção do C. STJ esclareceu a decisão anterior, para fixar que a regra é a incidência do imposto de renda, aplicando-se a decisão do REsp n. 1.227.133 somente nos casos de perda do emprego ou quando incidente sobre verbas trabalhistas isentas do tributo: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA N. 284/STF. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA

FÍSICA IRPF. REGRA GERAL DE INCIDÊNCIASOBRE JUROS DE MORA. PRESERVAÇÃO DA TESE JULGADA NO RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA RESP. N. 1.227.133 RS NO SENTIDO DA ISENÇÃO DO IR SOBRE OS JUROS DEMORA PAGOS NO CONTEXTO DE PERDA DO EMPREGO. ADOÇÃO DE FORMA CUMULATIVA DA TESE DO ACCESSORIUM SEQUITUR SUUM PRINCIPALE PARA ISENTAR DO IR OS JUROS DE MORA INCIDENTES SOBRE VERBA ISENTA OU FORA DO CAMPO DE INCIDÊNCIA DO IR. 1. Não merece conhecimento o recurso especial que aponta violação ao art. 535, do CPC, sem, na própria peça, individualizar o erro, a obscuridade, a contradição ou a omissão ocorridas no acórdão proferido pela Corte de Origem, bem como sua relevância para a solução da controvérsia apresentada nos autos. Incidência da Súmula n. 284/STF: 'É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia'. 2. Regra geral: incide o IRPF sobre os juros de mora, a teor do art. 16, caput e parágrafo único, da Lei n. 4.506/64, inclusive quando reconhecidos em reclamatórias trabalhistas, apesar de sua natureza indenizatória reconhecida pelo mesmo dispositivo legal (matéria ainda não pacificada em recurso representativo da controvérsia). 3. Primeira exceção: são isentos de IRPF os juros de mora quando pagos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, em reclamatórias trabalhistas ou não. Isto é, quando o trabalhador perde o emprego, os juros de mora incidentes sobre as verbas remuneratórias ou indenizatórias que lhe são pagas são isentos de imposto de renda. A isenção é circunstancial para proteger o trabalhador em uma situação socioeconômica desfavorável (perda do emprego), daí a incidência do art. 6º, V, da Lei n. 7.713/88. Nesse sentido, quando reconhecidos em reclamatória trabalhista, não basta haver a ação trabalhista, é preciso que a reclamatória se refira também às verbas decorrentes da perda do emprego, sejam indenizatórias, sejam remuneratórias (matéria já pacificada no recurso representativo 2

da controvérsia REsp. n. 1.227.133 - RS, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Rel. p/acórdão Min. Cesar Asfor Rocha, julgado em 28.9.2011). 3.1. Nem todas as reclamatórias trabalhistas discutem verbas de despedida ou rescisão de contrato de trabalho, ali podem ser discutidas outras verbas ou haver o contexto de continuidade do vínculo empregatício. A discussão exclusiva de verbas dissociadas do fim do vínculo empregatício exclui a incidência do art. 6º, inciso V, da Lei n. 7.713/88. 3.2. O fator determinante para ocorrer a isenção do art. 6º, inciso V, da Lei n. 7.713/88 é haver a perda do emprego e a fixação das verbas respectivas, em juízo ou fora dele. Ocorrendo isso, a isenção abarca tanto os juros incidentes sobre as verbas indenizatórias e remuneratórias quanto os juros incidentes sobre as verbas não isentas. 4. Segunda exceção: são isentos do imposto de renda os juros de mora incidentes sobre verba principal isenta ou fora do campo de incidência do IR, mesmo quando pagos fora do contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho (circunstância em que não há perda do emprego), consoante a regra do 'accessorium sequitur suum principale'. 5. Em que pese haver nos autos verbas reconhecidas em reclamatória trabalhista, não restou demonstrado que o foram no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho (circunstância de perda do emprego). Sendo assim, é inaplicável a isenção apontada no item '3', subsistindo a isenção decorrente do item '4' exclusivamente quanto às verbas do FGTS e respectiva correção monetária FADT que, consoante o art. 28 e parágrafo único, da Lei n. 8.036/90, são isentas. 6. Quadro para o caso concreto onde não houve rescisão do contrato de trabalho: Principal: Horas-extras (verba remuneratória não isenta) = Incide imposto de renda; Acessório: Juros de mora sobre horas extras (lucros cessantes não isentos) = Incide imposto de renda; Principal: Décimoterceiro salário (verba remuneratória não isenta) = Incide imposto de renda; Acessório: Juros de mora sobre décimo-terceiro salário (lucros cessantes não isentos) = Incide imposto de renda; Principal: FGTS (verba remuneratória isenta) = Isento do 3

imposto de renda (art. 28, parágrafo único, da Lei n. 8.036/90); Acessório: Juros de mora sobre o FGTS (lucros cessantes) = Isento do imposto de renda (acessório segue o principal). 7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, parcialmente provido. (RECURSO ESPECIAL N. 1.089.720 - RS (2008/0209174-0), 1ª Seção, Relator MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, julgado em 10.10.2012) Em suma, incide imposto de renda sobre os juros de mora, exceto se os valores decorrerem de reclamatória trabalhista em que houve a perda do emprego do contribuinte ou se as verbas forem de natureza indenizatória (acessório segue o principal). Conclusão O recurso merece ter provimento. Importa destacar que 'o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantados pelas partes, mas, tão-somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema' (STJ, Resp 717265, DJ 12.03.2007, p.239). Ademais, saliento que, nos Juizados Especiais, o processo deve se orientar pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade (art. 2º da Lei n. 9.099/95); em sede de recurso em Juizado Especial, o julgamento pode constar apenas da ata, mediante fundamentação sucinta e parte dispositiva, podendo ainda a sentença ser confirmada pelos próprios fundamentos, hipótese em que a súmula do julgamento servirá de acórdão (art. 46 da Lei n. 9.099/95). Assim, refuto todas as alegações que não tenham sido expressamente rejeitadas nos autos, porquanto desnecessária sua análise para chegar à conclusão exposta no julgado. Outrossim, ficam prequestionados os dispositivos constitucionais versados no recurso interposto, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal de 1988. Sem condenação em honorários, porque não há recorrente vencido. Sem custas (art. 4º da Lei n. 9.289/96). Ante o exposto, voto por, nos termos da fundamentação, dar provimento ao recurso da União (Fazenda Nacional), respeitando a 4

prescrição e reconhecendo devida a incidência de imposto de renda sobre os juros moratórios (doc. 64, grifos nossos). Os embargos de declaração opostos foram rejeitados (doc. 79). 2. No recurso extraordinário, o Agravante afirma ter a Turma Recursal contrariado os arts. 5º, incs. LIV e LV, 93, inc. IX, e 97 da Constituição da República. Sustenta que o STJ pacificou o entendimento de que os juros moratórios possuem caráter indenizatório, não sofrendo incidência de imposto de renda, desimportando a natureza das parcelas principais sobre as quais incidiram. Tanto é assim que, nas mais recentes decisões em torno do tema, o C. STJ tem entendido que o caráter da parcela principal de nada afeta a não tributação dos juros de mora (fl. 21, doc. 94). 3. O recurso extraordinário foi inadmitido sob o fundamento de ausência de ofensa constitucional direta (doc. 105). No agravo, assevera-se estar devidamente demonstrado o cabimento do recurso extraordinário quanto ao tópico, tendo em vista o cerceamento do direito de defesa do autor e a negativa de prestação jurisdicional, que ensejam a nulidade da v. decisão de origem, conforme precedentes colacionados pelo autor em seu recurso e supra transcritos (fl. 11, doc. 113). Examinados os elementos havidos no processo, DECIDO. 4. O art. 544 do Código de Processo Civil, com as alterações da Lei n. 12.322/2010, estabeleceu que o agravo contra inadmissão de recurso extraordinário processa-se nos autos do recurso, ou seja, sem a necessidade de formação de instrumento. Analisam-se, portanto, os argumentos postos no agravo, de cuja decisão se terá, na sequência, se for o caso, exame do recurso 5

extraordinário. 5. Razão jurídica não assiste ao Agravante. 6. A alegação de nulidade do acórdão por contrariedade ao art. 93, inc. IX, da Constituição da República não pode prosperar. Embora em sentido contrário à pretensão do Agravante, o acórdão recorrido apresentou suficiente fundamentação. Firmou-se na jurisprudência deste Supremo Tribunal: O que a Constituição exige, no art. 93, IX, é que a decisão judicial seja fundamentada; não, que a fundamentação seja correta, na solução das questões de fato ou de direito da lide: declinadas no julgado as premissas, corretamente assentadas ou não, mas coerentes com o dispositivo do acórdão, está satisfeita a exigência constitucional (RE 140.370, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, DJ 21.5.1993). 7. No julgamento do Recurso Extraordinário n. 611.512, Relatora a Ministra Ellen Gracie, este Supremo Tribunal assentou inexistir repercussão geral da questão discutida nestes autos: TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE VERBAS RECEBIDAS EM RECLAMATÓRIA TRABALHISTA A TÍTULO DE JUROS. DEFINIÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA DOS JUROS. APLICAÇÃO DOS EFEITOS DA AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL TENDO EM VISTA TRATAR-SE DE DIVERGÊNCIA SOLUCIONÁVEL PELA APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO FEDERAL. INEXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL (DJe 23.11.2010). Declarada a ausência de repercussão geral, os recursos extraordinários e agravos de instrumento que suscitarem a mesma questão constitucional devem ter o seu seguimento negado pelos respectivos relatores, conforme o 1º do art. 327 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. 6

Nada há, pois, a prover quanto às alegações do Agravante. 8. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo (art. 544, 4º, inc. II, al. a, do Código de Processo Civil e art. 21, 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal). Publique-se. Brasília, 30 de novembro de 2014. Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora 7