AVALIAÇÃO DO USO DE MEDICAMENTOS PARA O CONTROLE DE PESO POR UNIVERSITÁRIAS



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26 a 29 de outubro de 2010 ISBN 978-85-61091-69-9 AVALIAÇÃO DO USO DE MEDICAMENTOS PARA O CONTROLE DE PESO POR UNIVERSITÁRIAS Divana Josiane Caldeira Ceresini 1 ; Adriano Araújo Ferreira 2 ; Gersislei Antonia Salado 3 ; Talma Reis Leal Fernandes 3 RESUMO: Os alarmantes aumentos nos seus indicadores sugerem que a obesidade deve ser considerada como uma epidemia mundial. A prevalência da obesidade tem aumentado muito no Brasil, indicando que o excesso alimentar está rapidamente se tornando um problema. O tratamento farmacológico para redução da obesidade é baseado na utilização de diferentes tipos de medicamentos anorexígenos de forma associada ou não. Dentre estes as classes mais comuns são as anfetaminas, fenfluraminas, fenterminas, dietilpropiona, mazindol, pemolina, fenilpropanolamina e os anti-depressivos, fluoxetina e sertralina, entre outras. De uma maneira geral, ainda existem muitas controvérsias sobre a utilização destes medicamentos, principalmente devido aos poucos estudos sobre seus efeitos positivos e negativos a longo prazo. Assim, este trabalho tem por objetivo investigar o uso de medicamentos para o controle de peso por universitárias e sua relação com obesidade, utilizando questionário de autopreenchimento. O consumo de anorexígenos entre as universitárias se revelou alto, principalmente entre aquelas com massa corporal normal. Outro dado importante observado foi que os medicamentos mais utilizados foram a anfrepamona e o fempreporex, indicados na maior parte por médicos e amigos das estudantes. Por fim, nossos resultados podem ser parcialmente explicados pelas características inerentes a amostra estudada, que freqüentemente procura de forma incessante um padrão perfeito de beleza imposto pela mídia e a sociedade como um todo, sem avaliar corretamente os problemas decorrentes do uso indiscriminado destes medicamentos. PALAVRAS-CHAVE: Universitárias; Anorexígenos; Obesidade. 1 INTRODUÇÃO Os alarmantes aumentos nos seus indicadores sugerem que a obesidade deve ser considerada como uma epidemia mundial. A prevalência da obesidade tem aumentado muito no Brasil, indicando que o excesso alimentar está rapidamente se tornando um problema. Estudos recentes vêm acumulando uma série de conhecimentos científicos referentes aos diversos mecanismos pelos quais se ganha peso, demonstrando cada vez mais que essa situação se associa na maioria das vezes com diversos fatores. Dois fatores são indicados como principais nestas alterações do peso, que são a ingestão excessiva de energia, e uma diminuição ou ausência de atividade física, que resultam em declínio da massa corpórea magra, resultando em acúmulo excessivo de gordura, com conseqüências sérias para a saúde, progredindo lentamente para as doenças crônicas (REZENDE e col. 2006; FERREIRA e col. 2006). Para que a mesma seja tratada de forma adequada, deve-se levar em consideração a relação desta patologia com os problemas psicológicos associados ao excesso de peso, como, estresse, ansiedade e depressão, influenciando no comportamento alimentar (FRANCISCHI e cols., 2000; DOBROW, KAMENETZ, DEVLIN, 2002). O tratamento farmacológico para redução da obesidade é baseado na utilização de diferentes tipos de medicamentos anorexígenos de forma associada ou não. Dentre estes 1 Discente do Curso de Farmácia do Centro Universitário de Maringá Cesumar, Maringá Paraná. Programa de Iniciação Científica do Cesumar (PICC). josi.ceresini@hotmail.com.br; 2 Orientador e docente do Curso de Farmácia do Centro Universitário de Maringá Cesumar. adriano.af@cesumar.br 3 Co-Orientadoras e docente do Centro Universitário de Maringá Cesumar. gersislei@cesumar.br

as classes mais comuns são as anfetaminas, fenfluraminas, fenterminas, dietilpropiona, mazindol, pemolina, fenilpropanolamina e os anti-depressivos, fluoxetina e sertralina, entre outras. De uma maneira geral, ainda existem muitas controvérsias sobre a utilização destes medicamentos, principalmente devido aos poucos estudos sobre seus efeitos positivos e negativos a longo prazo (FRANCISCHI e cols., 2000; VASQUEZ, MARTINS, AZEVEDO, 2004; OLDRA, 2008). Entretanto, muitas pessoas, principalmente jovens do sexo feminino, são mais vulneráveis às pressões socioeconômicas e culturais associadas aos padrões estéticos, tendo-se em vista a ênfase crescente dada à magreza como aspectos associados aos ideais de beleza. Essas pessoas acabam utilizando, para controle do peso corporal, uma gama de recursos como dietas fortemente restritivas ou modismos dietéticos, exercícios excessivos, uso de laxantes, diuréticos e drogas anorexígenas, entre outros recursos que dissociam estética e saúde, acabando se sujeitando aos efeitos colaterais desagradáveis e perigosos provocados pelos inibidores de apetite (MORGAN, VECCHIATTI, NEGRÃO, 2002; OLDRA, 2008). Com base nessas informações, esse trabalho objetiva avaliar o uso de medicamentos para o controle de peso por estudantes universitários visando verificar questões como: se há indicação médica para o uso dessas drogas; se há relatos de reações adversas; se há uso de medidas não medicamentosas para o controle de peso; entre outras. Esperando fornecer dados que contribuam para abordagem terapêutica adequada da obesidade. 2 MATERIAL E MÉTODOS A população estudada compreendeu 275 universitárias de uma instituição de ensino privada da cidade de Maringá Paraná, com idade entre 18 a 50 anos, em três áreas (exatas, humanas e saúde). O cálculo da amostra foi feito com base na prevalência de CA na população geral estimada em 5%. Sendo assim, a amostragem para este estudo foi calculada representando 10% do universo amostral de alunas matriculadas. A coleta de dados foi realizada durante seis semanas, nas salas de aulas dos diferentes cursos e solicitando ao docente a permissão para o preenchimento do questionário de autopreenchimento segundo Oldra (2008), que teve tempo médio de 10 minutos. Os dados de idade, peso e estatura foram auto-referidos. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi aplicado aos indivíduos pesquisados junto ao questionário, sendo o projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da IES. Para análise estatística, foi utilizado o teste Mann-Whitney para detectar diferenças entre as variáveis idade, peso, estatura e IMC entre as áreas de estudo. Foi utilizado o teste do qui-quadrado para tabela de associação, a fim de comparar o uso de medicamentos em relação a área e estado nutricional. O nível de significância foi fixado em p<0,05. Para os testes e modelos estatísticos utilizou-se o software Statistics 7.0. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram avaliadas 275 estudantes. A média de idade do grupo estudado foi de 21,8 anos (dp 4,74). Quanto ao peso e estatura, a média foi, respectivamente, 59,6 kg (dp 11,09) e 1,64 cm (dp 0,05). Analisando a área avaliada, observou-se 155 (56,4%) pertenciam a área de exatas e humanas e 120 (43,6%) à área de saúde. Em relação a caracterização dos estudantes quanto a área, de acordo com a idade e variáveis antropométricas, verificou-se semelhança entre as mesmas (tabela 1).

Tabela 1. Características relacionadas à idade e variáveis antropométricas segundo área de estudo. Maringá-PR 2010 Exatas e Variáveis Humanas Saúde p* Média (dp) Média (dp) Idade 21,4 (3,78) 22,3 (5,72) 0,16 Peso 59,3 (10,39) 59,9 (11,78) 0,77 Estatura 1,65 (0,06) 1,64 (0,05) 0,10 IMC 21,75 (3,68) 22,13 (4,01) 0,29 * Mann-Whitney A utilização de medicamentos para emagrecer foi relatado por 22,5% (62) estudantes entrevistados (figura1). De acordo com Pizzol (2006) e diferente do encontrado por Silva, (2008) encontramos um significativo número de pessoas utilizandose dos medicamentos como principal forma de tratamento para emagrecer. Quanto ao tipo de medicamento utilizado, 5 (8,1%) relataram utilizar anfepramona; 6 (9,7%) femproporex e orlistat; 14 (22,6%) produtos fitoterápicos; 22 (35,5%) fluoxetina e 30 (48,4%) sibutramina, estando de acordo com outros estudos que apontam estes dois primeiros fármacos como os mais utilizado no tratamento da obesidade Guimarães et al., 2004; Pizzol et al., 2006. Ao questiona-los sobre a indicação do uso de tais medicamentos, 1 (1,7%) relatou o balconista da farmácia como responsável; 3 (4,8%) o farmacêutico; 6 (9,7%) algum parente; 10 (16,1%) amigo e 47 (75,8%) o médico. Vale ressaltar que 27 (4,5%) disseram comprar tais medicamentos sem a apresentação da receita médica, tendo em 18 (66,7%) o farmacêutico como responsável por esta venda. Figura 1. Distribuição dos estudantes segundo uso de medicamentos para emagrecer. Maringá-PR, 2010. A análise do estado nutricional demonstrou que 14,10% (39) apresentaram excesso de peso, sendo caracterizados em 9,8% (27) e 4,3% (12) com pré-obesidade e obesidade, respectivamente (figura 2).

Figura 2. Classificação dos estudantes segundo Estado Nutricional. Maringá-PR, 2010. A distribuição do uso de medicamentos para emagrecer de acordo com a categoria área e estado nutricional estão descritas na tabela 2. Pode-se observar semelhança entre o uso nas diferentes áreas. Freqüência significativa de uso de medicamentos foi encontrada entre aqueles com IMC normal (adequado). Estando estes resultados compatíveis com o encontrado por Silva (2008) onde um grande número estudantes apresentando peso normal (45%) faziam uso de medicamentos anorexígenos. 4 CONCLUSÃO Tabela 2. Distribuição do uso de medicamentos segundo área e estado nutricional. Maringá-PR, 2010. Uso de medicamentos Variáveis Sim Não p* N % N % Área Exatas e Humanas 30 48,4 125 58,7 0,15 Saúde 32 51,6 88 41,3 Estado Nutricional Normal 45 72,6 191 89,7 Excesso de Peso 17 27,4 22 10,3 0,007 * Qui-quadrado O consumo de anorexígenos entre as universitárias se revelou alto, principalmente entre aquelas com massa corporal normal. Outro dado importante observado foi que os medicamentos mais utilizados foram a anfrepamona e o fempreporex, indicados na maior parte por médicos e amigos das estudantes. Por fim, nossos resultados podem ser parcialmente explicados pelas características inerentes a amostra estudada, que freqüentemente procura de forma incessante um padrão perfeito de beleza imposto pela mídia e a sociedade como um todo, sem avaliar corretamente os problemas decorrentes do uso indiscriminado destes medicamentos.

REFERÊNCIAS DOBROW I.J., KAMENTZ C., DEVLIN M.J. Aspectos psiquiátricos da obesidade. Rev Bras Psiquiatria, v.24 (supl III), p. 63-77, 2002. FERREIRA, M.G., VALENTE, J.G., GONÇALVES-SILVA, R.M.V., SICHIERI, R. Acurácia da circunferência da cintura e da relação cintura/quadril como preditores de dislipidemias em estudo transversal de doadores de sangue de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 22, n.2, p. 307-314, 2006. FRANCISCHI, R.P.P., PEREIRA, L. O., FREITAS, C. S., KLOPFER, M., SANTOS, R. C., LANCHA JÚNIOR, A. H. Obesidade: Atualização sobre sua etiologia, morbidade e tratamento. Rev. Nutr., v.13, n.1, p.17-28, 2000. GUIMARÃES, J. L. et al. Consumo de drogas psicoativas por adolescentes de Assis, SP. Revista de Saúde Pública, v. 38, n.1, p.130-132, 2004. MORGAN, C. M., VECCHIATTI, I. R., NEGRÃO, A. B. Etiologia dos transtornos alimentares: aspectos biológicos, psicológicos e sócio-culturais. Rev Bras Psiquiatr, v. 24 (Supl III), p. 18-23, 2002. OLDRA, F. Avaliação do uso de medicamentos para o controle de peso por estudantes universitários de Erechim. Monografia de TCC, 2008. PIZZOL, T. S. D. et al. Uso não-médico de medicamentos psicoativos entre escolares do ensino fundamental e médio no Sul do Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22, :109-115, jan, 2006. REZENDE, F.A.C., ROSADO, L.E.F.P.L., RIBEIRO, R.C.L., VIDIGAL, F.C., VASQUES, A.C.J., BONARD, I.S., CARVALHO, C. R. Índice de Massa Corporal e Circunferência Abdominal: Associação com Fatores de Risco Cardiovascular. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v. 87, n.6, p. 728-734, 2006. SILVA, M. C., CAMPESATTO-MELLA, E. A. AVALIAÇÃO DO USO DE ANOREXÍGENOS POR ACADÊMICAS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR EM MARINGÁ, PR. Arq. Ciênc. Saúde Unipar, Umuarama, v. 12, n. 1, p. 43-50, 2008. VASQUES, F., MARTINS, F. C., AZEVEDO, A. P. Aspectos psiquiátricos do tratamento da obesidade. Rev Psiq Clin., v.31, n.4, p. 195-198, 2004.