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4. Sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório.

Transcrição:

PROCESSO Nº: 0802094-81.2013.4.05.8300 - APELAÇÃO APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (e outro) APELADO: INALDO SOARES DE ARAUJO (e outro) RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MARGARIDA DE OLIVEIRA CANTARELLI - 4ª TURMA RELATÓRIO A EXMA. DESEMBARGADORA FEDERAL MARGARIDA CANTARELLI (Relatora): Trata-se de ação promovida por INALDO SOARES DE ARAÚJO contra o INSS na qual pleiteia o reconhecimento do tempo laborado como especial (16.01.1978 a 16.05.2007), com a conversão de sua aposentadoria para especial, com apuração da RMI sem incidência do fator previdenciário, e condenação no pagamento da diferença dos valores atrasados. O MM. Magistrado de 1º grau prolatou sentença nos seguintes termos: "À luz dessas considerações, julgo parcialmente procedente o pedido e extingo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 269, I, do CPC, para reconhecer como especial o período laborado como engenheiro eletricista de 29.04.1995 a 16.05.2007, condenando o INSS a convertê-lo em tempo comum e somar o produto aos demais períodos trabalhados pelo autor, com repercussão no tempo comum, alterando a rubrica de sua aposentadoria para especial, apurando a nova RMI, que deverá retroagir a data do pedido administrativo, a qual deve ser posteriormente informada a este Juízo para fins de aferição dos atrasados. Considerando que o requerimento administrativo de aposentadoria ocorreu em 16.05.2007, e que o autor não apresentou documento referente ao período de 29.04.1995 até 16.05.2007 no momento do pedido do benefício, conforme processo administrativo juntado aos autos, reputo que os atrasados serão devidos a partir da propositura da presente ação. Os valores devidos devem ser acrescidos de juros de mora e de correção monetária, nos termos do art. 1º-F, da Lei n.º 9.494/97. Custas na forma da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, face à sucumbência recíproca." Inconformados, apelaram o INSS e o autor. INALDO SOARES DE ARAÚJO alega no seu recurso de apelação que deixou de juntar o PPP aos autos administrativos, referente ao período posterior a 1995, em razão da inocuidade do documento para concessão da aposentadoria especial, já que a legislação aplicada pelo INSS não reconhecia a atividade praticada pelo autor como especial. Requer o provimento do recurso para que a data do requerimento administrativo seja considerada como a data da DIB. O INSS, em suas razões recursais, aduz que após a edição do Decreto nº 2.172/97 a eletricidade deixou de ser considerada como agente nocivo e que por tal motivo é incabível a concessão da aposentadoria especial ao autor. Reitera que o autor não juntou aos autos administrativos nenhuma prova da atividade especial após 28/04/1995. Requer o provimento do recurso. Contrarrazões apresentadas. Subiram os autos, em razão de remessa necessária, sendo-me conclusos por força de distribuição. È o relatório.

Inclua-se o feito em pauta para julgamento. (14) PROCESSO Nº: 0802094-81.2013.4.05.8300 - APELAÇÃO APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (e outro) APELADO: INALDO SOARES DE ARAUJO (e outro) RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MARGARIDA DE OLIVEIRA CANTARELLI - 4ª TURMA VOTO A EXMA. DESEMBARGADORA FEDERAL MARGARIDA CANTARELLI (Relatora): A aposentadoria especial está disciplinada no art. 57 da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei." O referido benefício tem natureza extraordinária e objetiva compensar o trabalho dos segurados que são expostos a agentes físicos, químicos e biológicos, ou uma combinação destes, acima dos limites de tolerância aceitos, o que se presume produzir a perda da integridade física e mental em ritmo acelerado, diminuindo-lhe, inclusive, a expectativa de vida útil. Daí a concessão de adicionais de insalubridade, penosidade ou periculosidade, bem como a contagem diferenciada de tempo de serviço, há muito conhecida pela legislação previdenciária, visando à compensação da saúde e da integridade física do trabalhador. Até a edição do Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, que regulamentou a Lei n.º 9.032/95, de 29 de abril de 1995, bastava que a atividade exercida pelo segurado estivesse enquadrada em qualquer uma das arroladas nos Decretos n.ºs 53.831/64 e 83.080/79 para ser reconhecida a sua natureza especial. Neste tocante, as atividades exercidas com sujeição ao agente eletricidade, como no caso dos autos, eram consideradas insalubres por presunção, conforme se observa no item 1.1.8 do Decreto nº. 53.831/64. No que se refere ao período trabalhado após 05/03/1997, ou seja, após a entrada em vigor do referido Decreto n. 2.172/1997, embora a eletricidade não mais esteja elencada no rol de agentes nocivos, devem ser analisadas as circunstâncias do caso concreto, sendo possível o reconhecimento da natureza especial da atividade desde que comprovada a exposição a fatores de risco, de forma habitual e permanente. Analisando a situação dos autos constata-se que o INSS já reconheceu como especial o período laborado de 16.01.1978 a 28.04.1995. Portanto, cabe analisar o período laborado de 29.04.1995 a 16.05.2007. No caso dos autos, o autor juntou aos autos Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) (Id. 4058300.158018), referente ao período laborado na CHESF, que demonstra que o autor trabalhou de modo habitual, permanente e não ocasional em ambiente com exposição ao agente agressivo eletricidade acima de 250 volts, durante o período de 29/04/1995 a 17/01/2013. A respeito da possibilidade de prova da atividade especial por meio de PPP, segue o seguinte julgado:

"PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM COMUM. COMPROVAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO INSALUBRE. EXPOSIÇÃO A AGENTES QUÍMICOS NOCIVOS. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. PROVENTOS INTEGRAIS. REQUISITOS PREENCHIDOS. JUROS. LEI 11.960/09. HONORÁRIOS. SÚMULA 111 DO STJ. 1. Apresentados documentos hábeis a comprovar que o trabalho era desempenhado sob condições perigosas, penosas ou insalubres, alternativa não há senão reconhecer a especialidade do serviço em atenção aos princípios da primazia da realidade e da dignidade humana. 2. No tocante ao vínculo desempenhado de 08.04.1981 a 07.04.2005, trabalhado na função de Armazenisa, consta dos autos Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP's às fls. 109 e 168/169, informando que o Autor trabalhou de forma habitual e permanente com exposição aos seguintes agentes ambientais químicos tóxicos: GASTOXIN, FOSFINA, K-OBIOL, ACTELLIC, FERTOX, MALATION, DETALMETRINA, PROSTORE, nocivo iminentes à saúde do trabalhador. 3. Tratando-se de emissão de Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP, que reúne em um só documento tanto o histórico profissional do trabalhador como os agentes nocivos apontados no laudo ambiental, não mais se exige a apresentação do laudo técnico para fins de comprovação de atividade especial, sendo que embora continue a ser elaborado e emitido por profissional habilitado, qual seja, médico ou engenheiro do trabalho, o laudo permanece em poder da empresa que, com base nos dados ambientais ali contidos, emite referido documento. 4. Quanto à questão da contemporaneidade dos documentos comprobatórios, apesar de os referidos documentos terem sido produzidos em 2005, mas apontando a existência e persistência de condições e fatores degradantes à saúde ainda em tempos atuais, caracteriza o reforço do fato de que as ditas mazelas sempre existiram em igual ou até maior intensidade, haja vista que a instalação de ambientes laborais cada vez mais seguros e cada vez menos ofensivos traduz preocupação que se acentuou recentemente. 5. No que diz respeito à utilização de equipamento de proteção individual (EPI), ele tem a finalidade de resguardar a saúde do trabalhador, para que não sofra lesões, não podendo descaracterizar a situação de insalubridade. 6. Quanto à possibilidade de conversão do tempo de serviço especial em comum, não obstante as alterações legislativas supervenientes, percebe-se que o 5º, do art. 57 da Lei 8.213/91 encontra-se em plena vigência, não cabendo dúvida alguma quanto à possibilidade de conversão de tempo trabalhado em condições especiais em tempo comum, para fins de aposentadoria, mesmo após 27.05.1998, data da edição da MP nº 1.663-10, de 28.05.1998, convertida na Lei 9.711, de 20.11.1998, observando-se a legislação pertinente, vigente à época do período. 7. A aposentadoria por tempo de contribuição, de sua parte, foi instituída pela Emenda Constitucional nº 20/1998, sendo aplicada aos que ingressarem no RGPS após sua publicação, ressalvada a opção para quem já era filiado anteriormente e devida ao segurado que completar 35 anos, se homem, e 30 anos, se mulher, de contribuição. Nos termos do art. 4º da referida Emenda Constitucional, o tempo de serviço considerado pela legislação vigente será contado como tempo de contribuição até que a lei discipline a matéria. 8. Analisando a documentação acostada nos autos, verifica-se que o Autor, até 07.04.2005 (termo final do PPP), possuía um total de 37 anos e 10 meses. Logo, conclui-se que, na data do requerimento administativo, já reunia tempo de serviço suficiente para a concessão do benefício. 9. Os juros de mora devem incidir no percentual de 1% (um por cento) ao mês, a partir da citação, até o mês de junho do corrente ano, devendo, a partir do mês seguinte, incidir na forma prevista na Lei nº 11.960/09. 10. Na fixação dos honorários advocatícios, o entendimento jurisprudencial de nossos Tribunais e desta Egrégia Corte é no sentido de que para as ações previdenciárias devem ser fixados no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, com observância da Súmula 111/STJ.

11. Remessa oficial e Apelação parcialmente providas para determinar a incidência da Súmula 111 quanto aos honorários advocatícios." (APELREEX 14103/CE, TRF-5ª Região, Segunda Turma, Rel. Des. Francisco Barros Dias, DJe 07.01.2011, p. 17) Assim, somando o tempo já reconhecido pelo INSS como especial com o comprovado nos autos, verifica-se que o autor possui mais de 25 (vinte e cinco) anos de trabalho de natureza especial, fazendo jus à aposentadoria especial ora pleiteada. Sobre a questão, cito os seguintes precedentes desta Corte: "PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. RECONHECIDAS COMO ESPECIAIS AS ATIVIDADES EXERCIDAS PELO AUTOR COM EXPOSIÇÃO AOS AGENTES RUÍDO E ELETRICIDADE. SOMATÓRIO DE TEMPO SERVIÇO COMUM E ESPECIAL SUFICIENTE PARA A APOSENTADORIA PLEITEADA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. JUROS MORATÓRIOS E CORREÇÃO MONETÁRIA. APLICAÇÃO IMEDIATA DA LEI Nº 11.960/2009. - Omissis. - O postulante apresentou formulários DSS-8030 e perfis profissiográficos previdenciários, os quais comprovam que desempenhou em condições prejudiciais à saúde e à integridade física, nos períodos de 08/08/1974 a 08/04/1978; 17/04/1978 a 10/06/1978; 01/07/1978 a 02/12/1978; 01/01/1979 a 25/04/1979; 04/06/1979 a 07/12/1979; 25/02/1980 a 02/04/1980; 07/04/1980 a 07/03/1981; 02/10/1981 a 30/09/183; 19/07/1985 a 19/08/1987; 14/06/1988 a 28/06/1989; 02/10/1989 a 13/05/1992; 01/05/1993 a 13/09/1997; 02/07/1998 a 27/08/1998; 03/05/1999 a 30/12/2001; 11/11/2003 a 13/01/2005; 02/03/2005 a 02/01/2006; e 22/03/2006 a 17/07/2007, exposto, de forma habitual e permanente, aos agentes nocivos ruído, com intensidade acima de 90 decibéis e eletricidade com tensões superiores a 250 volts, classificados como insalubre e perigoso, nos códigos 1.1.6 e 1.1.8 do Anexo II do Decreto nº 53.831/64 e nos itens 2.0.1 dos anexos IV dos Decretos nºs 2.172/97 e 3.048/99. Logo, as atividades que submetem o trabalhador a condições doentias e perigosas, devem, sem dúvida, ser incluídas entre aquelas que ocasionam danos à saúde e compensadas com a proporcional redução do tempo exigido para aposentação, a fim de que tais danos sejam inativados. - Não se alegue que, após o advento dos Decretos 2.172/97 e 3048/99, a exposição à energia elétrica não pode ser enquadrada como atividade especial, uma vez que a posição já pacificada desta Quarta Turma é no sentido de que o fato de a eletricidade não ter sido contemplada como agente físico nocivo ou prejudicial à saúde, no Decreto 2.172/1997 e seguintes, não implica em que não se possa reconhecer a sua especialidade, porquanto os róis de atividades constantes dos regulamentos são meramente exemplificativos, consoante já decidiu o Superior Tribunal de Justiça. - No tocante à aduzida exigência da apresentação de laudo técnico, eis que o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), contendo a indicação do técnico responsável pela registro ambiental, mesmo em se tratando do agente 'ruído', dispensa a apresentação do laudo técnico, consoante disposição da IN/INSS nº 20, de 10/10/2007, alterada pela IN- INSS/PRES nº 27, de 30/04/2008, devendo a empresa à qual o segurado era vinculado mantê-lo em seu poder. Jurisprudencia da TNU. - A conversão em tempo de serviço comum do período trabalhado em condições especiais somente era possível relativamente à atividade exercida até 28/05/1998, em face do disposto no art. 28 da Lei 9.711/98. Porém, à vista de que o eg. STJ tem firmado posicionamento diverso (RESP 1108945/RS), restou considerei especiais os períodos acima referidos até 24/07/2000. - Por conseguinte, possuindo o demandante tempo de serviço suficiente para a obtenção do benefício pleiteado, consoante restou constatado no juízo singular, faz jus à concessão da aposentadoria por tempo de contribuição perseguida. - Apelação improvida. Remessa oficial parcialmente provida para estabelecer que as prestações em atraso deverão ser corrigidas monetariamente, a contar do vencimento de cada parcela, nos termos do manual de cálculos da Justiça

Federal, até o advento da Lei 11.960, de 29/06/2009, quando, para fins de atualização monetária e compensação da mora, passará a haver a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança, consoante os termos do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com redação da nova lei." (TRF5, APELREEX22714/SE, Quarta Turma, Rel. Des. Edílson Nobre, j. 19/06/2012, DJe 21/06/2012 - Página 733) (grifos meus) "PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. COMPROVAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL APÓS O DECRETO 2.172/97. ELETRICIDADE. POSSIBILIDADE. CORREÇÃO E JUROS DE MORA E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APELAÇÃO PROVIDA. 1. Antes da Lei 9.032/95, para a contagem de tempo de serviço especial, não se fazia necessária a apresentação de laudo comprovando a exposição aos agentes agressivos, sendo suficiente apenas a demonstração do exercício regular da atividade e o seu enquadramento na legislação como de caráter especial. Após a edição do referido diploma legal, 032, de 28.04.95, o reconhecimento da insalubridade passou a exigir a efetiva exposição aos agentes agressivos especificados na legislação previdenciária. 2. Na hipótese dos autos, demandante juntou formulários PPP - Perfil Profissiográfico Previdenciário dando conta de que trabalhou submetido ao agente eletricidade com voltagens superiores a 250 volts, considerado nocivo, conforme o código 1.1.8 do quadro anexo do Decreto 53.831/64, de modo que o período deve ser computado como especial. 3. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de ser o rol de atividades/categorias profissionais tidas como insalubres apenas exemplificativo e não exaustivo, de modo que o mesmo entendimento deve se dar em relação aos agentes nocivos, não sendo razoável afastar a possibilidade de um determinado agente agressivo, ainda que não mais previsto quando da edição do Decreto 2.172/97, ser considerado para fins de enquadramento de um período como especial, desde que devidamente comprovada a exposição a riscos à saúde por meio de documentação idônea, como é o caso dos aqui apresentados. 4. No que tange à fixação dos honorários advocatícios, o entendimento jurisprudencial de nossos Tribunais e desta Egrégia Corte é no sentido de que para as ações previdenciárias deve ser fixado o percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, incidentes sobre as parcelas vencidas (Súmula 111/STJ). 5. Os juros de mora, devem ser fixados em 1% e, a partir de junho de 2009, o disposto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação dada pela Lei 11.960/09. 6. Apelação provida." (TRF5, AC541181/RN, Segunda Turma, Rel. Des. Francisco Barros Dias, j. 29/05/2012, DJe DJE 31/05/2012 - Página 267) (grifei) Note-se ainda que esta Turma Julgadora já se posicionou no sentido de que o uso de equipamento de proteção individual de trabalho (EPI) não retira o caráter nocivo à saúde ou à integridade física do segurado, não descaracterizando a natureza especial da atividade. Nesse sentido, transcrevo o seguinte precedente: "PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA INTEGRAL POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA. INSUBSISTÊNCIA. RECONHECIDA A ESPECIALIDADE DO TRABALHO EXERCIDO PELO AUTOR. EXPOSIÇÃO A RUÍDO DE 93,5 DB. CONVERSÃO EM TEMPO COMUM. PERÍODO POSTERIOR A 28/05/98. POSSIBILIDADE. O USO DE EPI NÃO AFASTA A INSALUBRIDADE DAS ATIVIDADES. TEMPO SUFICIENTE PARA APOSENTAÇÃO. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. - Não se há falar em cerceamento do direito de defesa, pois o indeferimento do pedido de produção de prova pericial,

em feito devidamente instruído, não configura ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa, uma vez que o magistrado é livre para formar seu convencimento de acordo com as provas constantes dos autos, bem como está autorizado a indeferir as diligências que entender inúteis ou meramente protelatórias, nos termos do art. 130 do Código de Processo Civil. - O promovente trouxe aos autos Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP que demonstra que de 14/04/1982 a 16/11/2010, desempenhou as suas atividades exposto, de modo habitual, entre outros agentes agressivos, a ruído, com intensidade de 93,5 decibéis, classificado como insalubre, nos itens 1.1.6 e 1.1.5 dos anexos II e I dos Decretos 53.831/64 e 83.080/79 e nos códigos 2.0.1 dos anexos IV dos Decretos 2.172/97 e 3.048/99. Logo, as atividades que submetem o trabalhador a condições doentias, devem ser consideradas especiais. - A conversão em tempo de serviço comum do período trabalhado em condições especiais somente era possível relativamente à atividade exercida até 28/05/1998, em face do disposto no art. 28 da Lei 9.711/98. Porém, à vista de que o eg. STJ tem firmado posicionamento diverso (RESP 1108945/RS), restou considerado especial o período acima referido até 16/11/2010. - A utilização dos equipamentos de proteção individual serve para resguardar a saúde do trabalhador e impedir que sofra lesões, não podendo o seu uso descaracterizar a insalubridade das atividades. - Destarte, considerando que o somatório do tempo de contribuição do postulante, com a contagem diferenciada em razão da sua especialidade, é mais do que suficiente para a concessão do benefício pleiteado, resta que faz jus o autor à concessão da aposentadoria por tempo de contribuição com proventos integrais, nos termos estabelecidos no juízo singular. Precedente desta Quarta Turma. - Apelação e remessa oficial improvidas." (PROCESSO: 00002227420124058502, APELREEX26205/SE, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL EDÍLSON NOBRE, Quarta Turma, JULGAMENTO: 26/02/2013, PUBLICAÇÃO: DJE 28/02/2013 - Página 585) Quanto ao termo inicial, ainda que os documentos comprobatórios da atividade especial tenham sido apresentados apenas em juízo, constata-se que na data do requerimento administrativo os requisitos legais para concessão do beneficio de aposentadoria especial já se encontravam presentes, razão pela qual é a partir desta data que o benefício deve ser concedido. Nesse sentido, veja-se recente precedente da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência: "PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. COMPROVAÇÃO DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE ESPECIAL SOMENTE EM JUÍZO. EFEITOS FINANCEIROS. CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS QUANDO DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Trata-se de pedido de uniformização apresentado pela parte autora-recorrente em face de acórdão que manteve sentença concessiva de revisão de benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, mas limitou os efeitos financeiros da revisão, determinando o pagamento de atrasados apenas após a juntada do laudo pericial em juízo. 2. A parte autora sustenta que o acórdão afronta jurisprudência do STJ e da TNU. Requer seja determinado o pagamento do benefício desde a DER e o pagamento de atrasados desde então, corrigidos monetariamente e acrescidos de juros de mora. 3. Comprovada a divergência jurisprudencial, na forma do art. 14, 2, Lei n 10.259/2001, em relação à Súmula 33 desta TNU. 4. A questão já está pacificada nesta Turma Nacional de Uniformização, no seguinte sentido: "3. A concessão de aposentadoria gera efeitos a partir da data do requerimento administrativo quando os requisitos legais já eram aperfeiçoados pelo segurado desde então, ainda que a sua comprovação somente tenha sido possível em juízo. 4. O pagamento de diferenças desde a data da entrada do requerimento administrativo de aposentadoria não constitui instrumento de penalização da entidade previdenciária, mas exigência de norma jurídica expressa concretizadora da cláusula do direito adquirido (Lei 8.213/1991, artigos 49, inciso II, e 54). (PEDILEF 200461850249096, Rel. José Antonio Savaris, DOU

08/07/2011)". Mais recentemente, o mesmo entendimento fora reafirmado no PEDILEF 200870550024853, Rel. Adel Américo de Oliveira, DOU 13/07/2012. Referido entendimento é aplicável tanto na hipótese de concessão quanto de revisão de benefícios (PEDILEF 200971580079668, Rel. Paulo Ricardo Arena Filho, DJ 31/08/2012). 5. Incidente conhecido e parcialmente provido para reafirmar o entendimento deste Colegiado de que se o segurado satisfaz os pressupostos à concessão da aposentadoria quando formula requerimento administrativo, este será o termo inicial dos efeitos financeiros da concessão ou da revisão do benefício, respeitada a prescrição. 6. Determinação de retorno dos autos à Turma Recursal de origem para a adequação do julgado." (PEDILEF 00186071220044036302, JUÍZA FEDERAL ANA BEATRIZ VIEIRA DA LUZ PALUMBO, TNU, DOU 28/06/2013 pág. 114/135.) Ainda nesse sentido, colaciona-se, por oportuno, precedente desta Corte: "PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. CONTAGEM DO TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO EM CONDIÇÕES PREJUDICIAIS À SAÚDE. POSSIBILIDADE. ART. 57 DA LEI 8.213/91. EFEITOS FINANCEIROS. CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS QUANDO DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. HONORÁRIOS. ALTERAÇÃO. 1. O tempo de serviço é regido sempre pela lei da época em que foi prestado. Dessa forma, em respeito ao direito adquirido, se o Trabalhador laborou em condições adversas e a lei da época permitia a contagem de forma mais vantajosa, o tempo de serviço assim deve ser contado e lhe assegurado. 2. Compulsando os autos, observa-se que já foram reconhecidos, como especiais, os períodos de 01.12.1983 a 28.04.1995, trabalhados pelo autor na empresa Itapessoca Agro Industrial S/A, restando, portanto, o reconhecimento do tempo de serviço especial trabalhado no período de 29/04/1995 a 10/12/2010, posto que o INSS alega a inexistência dos agentes agressores e a comprovação de documento contemporâneo, sendo tal período, contestado pela autarquia. 3. Verifica-se através do PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO - PPP (fls.22/25) e da CTPS (FLS. 13/16) que o autor no exercício de sua função de operador de britador, de forno de assistente técnico de produção de clínquer, na empresa Itapessoca Agro Industrial S/A, estava sujeito aos agentes nocivos "ruído", cuja densidade corresponde a 95 db (A) e 101,17 db (A) e a poeira sílica, de modo habitual e permanente, não ocasional nem intermitente. 4. Os documentos trazidos aos autos, embora sejam alguns recentes, demonstram a existência e persistência, com maior ou menor intensidade, dos fatores prejudiciais à saúde, em que o autor estava submetido, sendo, portanto, cabíveis para comprovação do exercício em atividade especial. Ademais, a extemporaneidade do laudo pericial não compromete a sua validade probatória acerca da insalubridade da atividade desempenhada uma vez que a atribuição da responsabilidade pela manutenção dos dados atualizados sobre as condições especiais de prestação do serviço, a teor do art. 58 da Lei nº 8.213/91, recai sobre a empresa empregadora e não sobre o segurado empregado. Precedentes desta e. Primeira Turma, a saber, APELREEX 200783000213841, Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira, TRF5 - Primeira Turma, 21/05/2010). 5. Quanto ao nível de exposição ao agente agressor de ruído, para reconhecimento de especial, mister registrar a Súmula nº 32, da Turma Nacional de Uniformização, segundo a qual "O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto nº 53.831/64 (1.1.6); superior a 90 decibéis, a partir de 5 de março de 1997, na vigência do Decreto nº 2.172/97; superior a 85 decibéis, a partir da edição do Decreto nº 4.882, de 18 de novembro de 2003". 6. No tocante à condenação em juros de mora, fixo-os em 1% (um por cento) ao mês, a partir da citação válida, até o advento da Lei 11.960/2009, quando os atrasados passam a sofrer a incidência exclusiva dos índices oficiais de remuneração básica e juros de mora aplicáveis à Caderneta de Poupança. 7. A concessão de aposentadoria gera efeitos a partir da data do requerimento administrativo, quando o segurado houver preenchido os requisitos legais, é o caso. Precedente deste TRF5.

8. Realizando uma apreciação eqüitativa da matéria e considerando, sobretudo, o trabalho e zelo do causídico, entendo que os honorários advocatícios devem ser fixados no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação imposta ao INSS, observando-se, contudo, os limites da Súmula 111 do STJ. 9. Remessa Oficial e apelação do particular parcialmente providas, para fixar os honorários advocatícios em 10% e apelação do INSS improvida." (PROCESSO: 00000946020124058306, APELREEX24834/PE, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL ERHARDT, Primeira Turma, JULGAMENTO: 08/11/2012, PUBLICAÇÃO: DJE 14/11/2012 - Página 306) Portanto, na hipótese, o autor faz jus à aposentadoria especial, desde a data do requerimento administrativo, respeitada a prescrição quinquenal. De todo o exposto, nego provimento à apelação do INSS e dou provimento à apelação do particular. É como voto. PROCESSO Nº: 0802094-81.2013.4.05.8300 - APELAÇÃO APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (e outro) APELADO: INALDO SOARES DE ARAUJO (e outro) RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MARGARIDA DE OLIVEIRA CANTARELLI - 4ª TURMA EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. EXPOSIÇÃO À ELETRICIDADE. IMPLEMENTO DOS REQUISITOS. TERMO INICIAL. AJUIZAMENTO DA AÇÃO. I. Estabelece o art. 57 da Lei nº 8213/91 que a aposentadoria especial será devida ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei. II. "O uso de equipamento de proteção individual de trabalho (EPI), não retira o caráter nocivo ou agressivo à saúde ou integridade física do segurado, não podendo ser considerado como óbice à concessão da aposentadoria." (REOMS 92447, Des. Federal Relator Marcelo Navarro, DJ 27.08..2007, p. 608). III. Até a edição do Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, que regulamentou a Lei n.º 9.032/95, de 29 de abril de 1995, bastava que a atividade exercida pelo segurado estivesse enquadrada em qualquer uma das arroladas nos Decretos n.ºs 53.831/64 e 83.080/79 para ser reconhecida a sua natureza especial. As atividades exercidas com sujeição ao agente eletricidade, como no caso dos autos, eram consideradas insalubres por presunção, conforme se observa no item 1.1.8 do Decreto nº. 53.831/64. IV. No que se refere ao período trabalhado após 05/03/1997, ou seja, após a entrada em vigor do referido Decreto n. 2.172/1997, embora a eletricidade não mais esteja elencada no rol de agentes nocivos, devem ser analisadas as circunstâncias do caso concreto, sendo possível o reconhecimento da natureza especial da atividade desde que comprovada a exposição a fatores de risco, de forma habitual e permanente. V. O Perfil Profissiográfico Previdenciário, juntado aos autos, comprova a natureza especial do

trabalho desenvolvido pelo autor, de maneira habitual e permanente, com tensões superiores a 250 volts, durante o período de 29.04.1995 a 16.05.2007. VI. Constatou-se que o INSS já reconheceu como especial o período laborado de 16.01.1978 a 28.04.1995. Portanto, faz jus o autor à aposentadoria especial ora pleiteada, vez que possui mais de 25 (vinte e cinco) anos de trabalho de natureza especial. VII. Ainda que os documentos comprobatórios da atividade especial tenham sido apresentados apenas em juízo, os requisitos legais para concessão do beneficio de aposentadoria especial já se encontravam presentes na data do requerimento administrativo, razão pela qual é a partir desta data que o benefício deve ser concedido. VIII. Apelação da União improvida e apelação do particular provida. ACORDAM os Desembargadores Federais da Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, à unanimidade, em negar provimento à apelação do INSS e dar provimento à apelação do particular, nos termos do voto da Relatora e das notas taquigráficas que estão nos autos e que fazem parte deste julgado.