Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 2ª TURMA RECURSAL JUÍZO C
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- Orlando Franca Cortês
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1 JUIZADO ESPECIAL (PROCESSO ELETRÔNICO) Nº /PR RELATORA : Juíza Andréia Castro Dias RECORRENTE : TEREZA DE SOUZA ZAGONEL RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL VOTO Dispensado o relatório, nos termos dos artigos 38 e 46, da Lei nº 9.099/95, combinado com o artigo 1º, da Lei nº /2001. Trata-se de recurso da parte autora contra sentença que julgou improcedente o pedido deduzido na inicial. Alega a recorrente que faz jus ao reconhecimento da especialidade da atividade desempenhada nos períodos de 1º/08/1984 a 17/10/1994 e de 1º/07/1995 a 30/03/2009, seja em razão da categoria profissional (ajudante de caminhão), seja pela periculosidade, em razão do transporte de GLP. Sem as contrarrazões, os autos vieram conclusos para julgamento. Fundamentos Assiste razão, em parte, à parte autora. Foram carreados aos autos o Perfil Profissiográfico Previdenciário PPP (evento 1, FORM8 a FORM11) e o Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho da empresa Comercial Álvaro de Gás Ltda. (evento 1, FORM12 e FORM13), [LFA /LFA] 1/6
2 nos quais consta que a autora exercia a atividade de ajudante de motorista e desempenhava as seguintes tarefas: (...) preparam cargas e descargas de mercadorias; movimentam mercadorias, manuseiam cargas especiais; reparam embalagens danificadas e controle de qualidade dos serviços prestados. Operam equipamentos de carga e descarga; conectam tubulações às instalações de embarque de cargas; estabelecem comunicação, emitindo, recebendo e verificando mensagens, notificando e solicitando informações, autorizações e orientações de transporte, embarque e desembarque de mercadorias, cargas volumosas e pesadas especialmente botijões de G.L.P (Gás Liquefeito de Petróleo) em caminhão, caminhonetes, utilizando-se de empilhadeiras e transportadores manuais podem, também, operar equipamentos, realizar inspeção e reparos em veículos, vistoriar cargas, além de verificar documentação de veículos e de cargas. Definem rotas e asseguram a regularidade do transporte. As atividades são desenvolvidas em conformidade com normas e procedimentos técnicos e de segurança(...). Primeiramente, saliento que, embora não haja indicação da permanência da exposição aos agentes nocivos, esta é facilmente inferida da descrição das atividades realizadas. Em relação aos agentes nocivos, verifico que, de acordo com a Norma Regulamentadora 16 do Ministério do Trabalho e Emprego, são consideradas perigosas as atividades de motorista e ajudante no transporte de inflamáveis líquidos e gasosos liquefeitos em caminhão-tanque [LFA /LFA] 2/6
3 Dessa forma, possível o reconhecimento da especialidade da atividade desempenhada neste período, em razão da periculosidade. No entanto, o Decreto nº 2.172/97, que revogou os demais decretos regulamentadores da atividade especial, não mais previu a periculosidade como agente nocivo. Por conseguinte, a partir de sua vigência, não é possível considerar atividade especial aquela sujeita à riscos de acidentes decorrentes do transporte de líquidos inflamáveis. Neste sentido é o recente posicionamento da Turma Regional de Uniformização do TRF4ª Região, conforme voto proferido no incidente nº , relator para acórdão Susana Sbroglio Galia; DJ 19/03/2010, o qual foi proferido para se adequar ao posicionamento da Turma Nacional de Uniformização: PREVIDENCIÁRIO. VIGILANTE. PERÍODO POSTERIOR AO ADVENTO DA LEI Nº 9.032, DE PROVA. USO DE ARMA DE FOGO. DECRETO Nº 2.172, DE TERMO FINAL. EXCLUSÃO DA ATIVIDADE DE GUARDA, ANTERIORMENTE PREVISTA NO DECRETO Nº , DE PARCIAL PROVIMENTO DO INCIDENTE. 1. Incidente de uniformização oferecido em face de acórdão que não reconheceu como especial o tempo de serviço prestado pelo autor na função de vigilante, após o advento da Lei nº 9.032, de Esta Turma Nacional, através do enunciado nº 26 de sua súmula de jurisprudência, sedimentou o entendimento de que A atividade de vigilante enquadra-se como especial, equiparando-se à de guarda, elencada no item do Anexo III do Decreto n /64. Mediante leitura do precedente desta TNU que deu origem à súmula (Incidente no Processo nº /PE), observa-se que o mesmo envolvia situação na qual o trabalho de vigilante fora desempenhado entre e O entendimento sedimentado na súmula desta [LFA /LFA] 3/6
4 TNU somente deve se estender até a data em que deixaram de viger as tabelas anexas ao Decreto nº , de 1964, é dizer, até o advento do Decreto nº 2.172, de A despeito de haver a Lei nº 9.032, de , estabelecido que o reconhecimento de determinado tempo de serviço como especial dependeria da comprovação da exposição a condições prejudiciais à saúde ou à integridade física, não veio acompanhada da regulamentação pertinente, o que somente veio a ocorrer com o Decreto nº 2.172, de Até então, estavam a ser utilizadas as tabelas anexas aos Decretos , de 1964, e , de A utilização das tabelas de tais regulamentos, entretanto, não subtraía do trabalhador a obrigação de, após o advento da citada Lei nº 9.032, comprovar o exercício de atividade sob condições prejudiciais à saúde ou à integridade física. 5. Com o Decreto nº 2.172, de , deixou de haver a enumeração de ocupações. Passaram a ser listados apenas os agentes considerados nocivos ao trabalhador, e os agentes assim considerados seriam, tão-somente, aqueles classificados como químicos, físicos ou biológicos. Não havia no Decreto nenhuma menção ao item periculosidade e, menos ainda, ao uso de arma de fogo. 6. Compreendese que o intuito do legislador com as Leis nº 9.032, de 1995, e 9.528, de 1997 e, por extensão, do Poder Executivo com o Decreto mencionado tenha sido o de limitar e reduzir as hipóteses que acarretam contagem especial do tempo de serviço. Ainda que, consoante vários precedentes jurisprudenciais, se autorize estender tal contagem a atividades ali não previstas (o próprio Decreto adverte que A relação das atividades profissionais correspondentes a cada agente patogênico tem caráter exemplificativo ), deve a extensão se dar com parcimônia e critério. 7. Entre a Lei nº 9.032, de , e o Decreto nº 2.172, de , é admissível a qualificação como especial da atividade de vigilante, eis que prevista no item do anexo ao Decreto nº , de 1964, cujas tabelas vigoraram até o advento daquele, sendo necessária a prova da periculosidade (mediante, por exemplo, prova do uso de arma de fogo). No período posterior ao citado [LFA /LFA] 4/6
5 Decreto nº 2.172, de , o exercício da atividade de vigilante deixou de ser previsto como apto a gerar a contagem em condições especiais. 8. No caso sub examine, porque demonstrado o uso de arma de fogo durante o exercício da vigilância (o que foi averbado no próprio acórdão), é de ser admitido o cômputo do tempo de serviço, em condições especiais, até o advento do Decreto nº 2.172, de Pedido de uniformização provido em parte. (PEDILEF , JUÍZA FEDERAL JOANA CAROLINA LINS PEREIRA,, 24/06/2010) Cumpre salientar que, embora o precedente citado da TNU seja relativo à atividade de vigilante e ao porte de arma de fogo, aplica-se ao caso em questão, porquanto ambas as atividades ajudante de caminhão do transporte de GLP e vigilante eram consideradas especiais em razão da periculosidade, a qual, a partir de 05/03/1997 não pode ser considerada mais como elemento especializante. Assim, possível o reconhecimento da atividade desempenhada nos períodos de 1º/08/1984 a 17/10/1994 e de 1º/07/1995 a 05/03/1997. Saliento que, somando-se esse tempo de serviço especial, a autora conta com 28 anos 07 meses e 22 dias de tempo de contribuição até a DER, o que é insuficiente para concessão do benefício de aposentadoria. Conclusão Ante o exposto, VOTO no sentido de DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE AUTORA, para reconhecer a especialidade da atividade desempenhada nos períodos de 1º/08/1984 a 17/10/1994 e [LFA /LFA] 5/6
6 de 1º/07/1995 a 05/03/1997, com sua conversão mediante fator 1.2, nos termos da fundamentação. Sem fixação de condenação em honorários advocatícios, porquanto incabíveis na espécie (artigo 55 da Lei 9.099/95). Considero prequestionados especificamente todos os dispositivos legais e constitucionais invocados na inicial, contestação, razões e contrarrazões de recurso, porquanto a fundamentação ora exarada não viola qualquer dos dispositivos da legislação federal ou a Constituição da República levantados em tais peças processuais. Desde já fica sinalizado que o manejo de embargos para prequestionamento ficarão sujeitos à multa, nos termos da legislação de regência da matéria. Curitiba, 31 de maio de Andréia Castro Dias Juíza Federal [LFA /LFA] 6/6
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