Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL JUÍZO B
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1 JUIZADO ESPECIAL (PROCESSO ELETRÔNICO) Nº /PR RELATOR : Juíza Narendra Borges Morales RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS RECORRIDO : ARI HUBERT THOMAZ VOTO Insurge-se o INSS contra sentença que reconheceu como laborado pelo autor no meio rural, em regime de economia familiar, o período de a e o período a como tempo de serviço urbano. 1. Do tempo rural Da prova material do tempo rural. A Lei nº 8.213/91 no parágrafo 2º do artigo 55 reconhece o direito ao cômputo do tempo de serviço rural, exercido em regime de economia familiar anteriormente ao seu advento, independentemente do recolhimento das contribuições: "Art º O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior à data de início de vigência desta Lei, será computado independentemente do recolhimento das contribuições a ele correspondentes, exceto para efeito de carência, conforme dispuser o Regulamento". Assim, a partir da publicação da Lei nº 8.213, ocorrida em 24 de julho de 1991, o período rural laborado pelo segurado somente poderá ser considerado mediante a comprovação das respectivas contribuições previdenciárias. Acerca da comprovação do tempo de serviço, a LBPS veicula um dispositivo que exige a produção de prova documental, vedando o reconhecimento do tempo de serviço com base em prova exclusivamente testemunhal. Desse modo, a prova testemunhal somente será admitida se encontrar respaldo em um "início de prova material", segundo preconiza o art. 55, 3º: " 3º. A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento" [CNETR /CNETR] 1/6
2 A legitimidade desse preceito foi reconhecida pelo STJ, que editou a Súmula 149, assim redigida: "A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção de benefício previdenciário" Análise do caso concreto. Com base nas premissas citadas, passo à análise do contexto probatório coligido aos autos. Requer o INSS o afastamento do reconhecimento do período de a como tempo de serviço, como laborado pela autora na agricultura em regime de economia familiar. Há que se dizer que a autarquia já reconheceu administrativamente o período de a como tempo de serviço do autor, razão pela qual, falece o autor de interesse processual. Visando comprovar seu labor na atividade rural em regime de economia familiar, a parte-autora apresentou: a) Cópia da Matrícula n , do CRI de Castro-PR, informando a aquisição de imóvel rural pelo autor em 28/03/94 (R.6) e posterior alienação da mesma em 02/02/2001 (data da escritura, seg. R10); b) Nota fiscal noticiando a aquisição, pelo autor, de pequena máquina agrícola, em 20/01/2000; c) Declaração do STR de Ponte Grossa. Em justificação administrativa, foram (PROCADM3 do evento 33): ouvidas 03 testemunhas [CNETR /CNETR] 2/6
3 O depoimento pessoal do autor encontra-se no evento 39. Analisando o contexto probatório, tenho-o como suficiente para o fim de demonstrar o exercício da atividade rural em regime de economia familiar durante o período em questão. A prova testemunhal corroborou o depoimento pessoal do autor, no sentido que este trabalhou no meio rural, sendo possível reconhecer tal tempo de serviço para fins previdenciários, uma vez que, para tanto a prova material deve ser conjugada com a testemunhal. Contudo, a partir , a legislação previdenciária passou a exigir a indenização das contribuições previdenciárias (exegese do art. 39, inc. II, da Lei nº 8.212/91). Portanto, no caso dos autos, o reconhecimento do período deverá ficar condicionado ao recolhimento das respectivas contribuições, devendo a sentença ser modifica neste ponto [CNETR /CNETR] 3/6
4 2. Do reconhecimento e computo período de a Postula o autor o reconhecimento e cômputo das competências de a efetuadas na condição de empresário firma individual -, desconsideradas pelo INSS, para fins de contagem de tempo de serviço/contribuição, não de carência. Saliente-se que as competências de junho, julho e agosto de 2005 já foram computadas pelo INSS como tempo de contribuição do autor. Os demais recolhimentos, segundo as guias da previdência social acostadas ao processo no evento 1, foram efetuados no dia Acerca da comprovação de tempo de serviço, dispõe o art. 55, 3º, da Lei nº 8.213/91: A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo a ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no regulamento. (grifei). Inicialmente, cabe ressaltar, que não se trata de pedido de reconhecimento e cômputo de parcelas recolhidas em atraso para fins de soma na contagem da carência do autor, mas sim, para serem utilizadas na contagem de seu tempo de serviço/contribuição, situação esta prevista e possível. "PREVIDENCIÁRIO. LABOR URBANO JÁ RECONHECIDO ADMINISTRATIVAMENTE. CARÊNCIA DE AÇÃO. AUTORIZAÇÃO PARA RECOLHIMENTO DAS PARCELAS EM ATRASO. DESNECESSIDADE. JUROS E MULTA. 1. Estando evidenciado nos autos que o INSS já reconhecera o exercício de atividade laborativa do autor como contribuinte individual, sem, no entanto, averbar o tempo de serviço, haja vista a ausência de recolhimento das respectivas contribuições, verificase a carência de ação quanto ao pedido de reconhecimento do mencionado trabalho. 2. O recolhimento das contribuições a destempo, a fim de ver computada a relação laboral como tempo de serviço, é direito potestativo, a ser exercido pelo autor independentemente de autorização judicial. 3. (...). (TRF4, APELAÇÃO CÍVEL Nº , 6ª Turma, Des. Federal Luís Alberto D Azevedo Aurvalle, Por Unanimidade, D.E. 30/08/2010). Passando à análise do mérito propriamente dito, temos que, sobre o assunto, dispõe o inciso V, alínea f do art. 11 da Lei nº 8.213/91: [CNETR /CNETR] 4/6
5 Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: (...) V - como contribuinte individual: (...) f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração; (...) h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não (...). Por sua vez, o art. 45-A da Lei de Custeio nº 8.212/91, assevera que: Art. 45-A. O contribuinte individual que pretenda contar como tempo de contribuição, para fins de obtenção de benefício no Regime Geral de Previdência Social ou de contagem recíproca do tempo de contribuição, período de atividade remunerada alcançada pela decadência deverá indenizar o INSS. (Incluído pela Lei Complementar nº 128, de 2008) Conforme se infere da leitura dos dispositivos legais acima, é de responsabilidade dos próprios empresários de firma individual o recolhimento das suas respectivas contribuições previdenciárias, ao contrário do que ocorre com o segurado empregado, de quem não é exigível a prova do efetivo recolhimento das contribuições, já que este está a cargo do empregador. Portanto, ainda que comprovado o tempo de serviço do autor como empresário, este somente poderá ser computado para fins de concessão de aposentadoria por tempo de serviço se o segurado pagar a indenização a que se refere o artigo 45-A, da Lei 8.212/91. As guias da previdência social anexadas no evento 1 (GPS26 a GPS35) comprovam o recolhimento de contribuições previdenciárias no período de 09/2005 a 04/2007. Tais contribuições, todavia, foram recolhidas em atraso (todas no dia 26/04/2007), sob o Código de Receita 2003, que corresponde a Empresas Optantes pelo Simples CNPJ, sem que tenha havido preenchimento das GFIP [CNETR /CNETR] 5/6
6 Entretanto, entendo que tal fato, por si só, não pode vir a lesionar o segurado. Embora devesse ter preenchido as guias GFIP, e possa tal situação gerar algum problema administrativo, o que importa considerar no caso, é que o autor efetuou o pagamento de todas as contribuições, pagando, inclusive, a indenização do art.45-a da LBPS, sendo cabível, assim, incluir tais competências na contagem total do tempo de serviço/contribuição. Não para fins de contagem de carência. tópico. Neste contexto, nada há para modificar na sentença recorrida neste Ante o exposto, voto por DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS. Sem condenação em honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95, a contrario sensu. Por fim, com fundamento nos princípios da simplicidade, informalidade e economia processual, orientadores dos Juizados Especiais Federais (art. 2º da Lei 9.099/95), considero enfrentado os prequestionamentos declinados no recurso, pelos próprios fundamentos da sentença e pela motivação deste voto. NARENDRA BORGES MORALES Juíza Federal Relatora [CNETR /CNETR] 6/6
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