RECOMENDAÇÃO nº 19/2014 (PR-SP /2014)
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- Laís de Paiva Tuschinski
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1 RECOMENDAÇÃO nº 19/2014 (PR-SP /2014) O Ministério Público Federal, pela Procuradora da República abaixo assinada, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, com base nos artigos 127 e segs. da Constituição Federal e na Lei Orgânica do Ministério Público da União Lei Complementar nº 75/93, e ainda: CONSIDERANDO as funções institucionais do Ministério Público previstas no artigo 129 da Constituição Federal, principalmente em seus incisos II e III; CONSIDERANDO ser atribuição do Ministério Público Federal expedir recomendações, visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como ao respeito, aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe cabe promover, fixando prazo para a adoção das providências cabíveis, consoante o disposto no artigo 6º, inc. XX, da Lei Complementar nº 75/93;
2 CONSIDERANDO que é função institucional do Ministério Público Federal a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos interesses sociais e dos interesses individuais indisponíveis, bem como zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos da União e dos serviços de relevância pública quanto aos direitos assegurados na Constituição Federal relativos às ações e aos serviços de saúde e aos princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da publicidade, consoante o disposto no artigo 5º, inc. V, a e b, da Lei Complementar nº 75/93; CONSIDERANDO que ao Ministério Público Federal compete, nos termos do artigo 6º, inc. VII e XIV, da Lei Complementar nº 75/93, promover o inquérito civil público e a ação civil pública para a proteção dos interesses individuais indisponíveis, difusos e coletivos e outras ações necessárias à defesa desses interesses; CONSIDERANDO os fundamentos básicos do direito à saúde no Brasil, previstos na Constituição Federal, principalmente em seu artigo 196; CONSIDERANDO o texto da Lei nº 8.080/90, principalmente em seus artigos 2º, 6º e 16, que dispõe sobre as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, bem como os princípios norteadores do Sistema Único de Saúde; CONSIDERANDO as informações carreadas nos autos do Inquérito Civil nº / , que acompanha as ações do Ministério da Saúde para a inclusão da vacina contra o papilomavírus humano HPV na rede pública de atendimento do Sistema Único de Saúde - SUS;
3 CONSIDERANDO as informações prestadas nos autos pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde de que o Programa Nacional de Imunizações dessa pasta incorporou a vacina contra o HPV no seu calendário nacional de vacinação, que começará a ser ofertada em março de 2014; CONSIDERANDO que se optou pela utilização da vacina quadrivalente (que protege contra quatro variáveis do vírus), o que este Ministério Público aproveita para elogiar, a ser ministrada em três doses, com interstício de seis e sessenta meses entre as doses; CONSIDERANDO que, de acordo com a Nota Técnica nº 85/2013/CGPNI/DEVIT/SVS/MS, a opção pelo esquema vacinal de três doses, com intervalos maiores entre uma dose e outra, deu-se em razão de recomendação da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), com base em estatísticas obtidas da sua aplicação em outros países (Canadá, México, Colômbia e Suíça); CONSIDERANDO que o esquema vacinal estendido (0, 6 e 60 meses), segundo estudos, tem surtido melhor efeito na imunização, já que, em muitos casos, a produção de anticorpos após as duas primeiras doses já se mostra suficiente para a proteção daquele organismo, sendo até mesmo possível a dispensa da terceira dose; CONSIDERANDO que serão vacinadas meninas de 9 a 13 anos, com a aplicação distribuída da seguinte forma: em 2014: meninas de 11 a 13 anos; em 2015: meninas de 9 a 11 anos;
4 de 2016 em diante: meninas de 9 anos; RESOLVE expedir RECOMENDAÇÃO à COORDENAÇÃO GERAL DO PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES, órgão vinculado à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, para que: I-) Seja dada ampla divulgação sobre a campanha de vacinação contra o HPV, com a utilização de publicidade veiculada nas mais diversas mídias, tais como, a título meramente exemplificativo e não exaustivo, televisão, rádio, jornais impressos e eletrônicos, revistas impressas e eletrônicas - principalmente as destinadas ao público-alvo e aos seus pais, cartazes em local de grande circulação de pessoas (próprios locais de aplicação da vacina - postos de saúde e escolas, estações de metrô, terminais rodoviários, etc.), endereços eletrônicos que guardem pertinência com o tema e com o público-alvo, redes sociais, entre outras que forem consideradas pertinentes, sendo certo que essa publicidade deve conter: a) Delimitação clara do público-alvo, com a explicação das faixas etárias que receberão a vacina neste e nos próximos anos; b) Finalidade da vacina e benefícios que ela trará às meninas que a tomarem; c) Data do início da vacinação; d) Locais onde será aplicada a vacina, tanto os postos de saúde como as escolas públicas e privadas que participarão da campanha; e) Linguagem atraente para a faixa etária a que se destina e acessível a todos. II-) Seja elaborado quadro com dados estatísticos contendo as seguintes informações sobre a vacinação contra o HPV no ano de 2014:
5 a) quantidade estimada de público-alvo (ou seja, de meninas na faixa etária de 11 a 13 anos) x quantidade de meninas vacinadas, em cada uma das Regiões do Brasil; b) porcentagem de meninas que, tendo recebido a primeira dose, retornaram para receber a segunda, em cada uma das Regiões do Brasil; c) do total de vacinas aplicadas, qual a porcentagem de aplicação nos postos de vacinação do SUS x escolas públicas x escolas privadas. III-) Seja elaborada relação de efeitos colaterais da vacina contra o HPV eventualmente relatados pelas meninas que a receberam e a porcentagem com que cada um deles apareceu no universo de vacinadas. IV-) Sejam disponibilizadas as informações objeto desta Recomendação no endereço eletrônico do Ministério da Saúde e em outros que esse órgão considerar pertinentes. Com relação às obrigações determinadas nos itens II e III, fixam-se os 60 (sessenta) primeiros dias de 2015 como prazo para apresentação do solicitado a esta Procuradoria da República em São Paulo, ou de razões que justifiquem pedido de dilação de prazo. São Paulo, 14 de fevereiro de ADRIANA SCORDAMAGLIA Procuradora da República
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