Acórdão 10a Turma RECURSO ORDINÁRIO. BANCO DO BRASIL. PLANO DE APOSENTADORIA INCENTIVADA. O PAI-50 prevê duas categorias de aderentes: aqueles que já podem se aposentar pelo INSS e aqueles que ainda não detêm os requisitos para fazê-lo. Se o autor, por equívoco, indica já poder se aposentar pelo INSS e depois vê seu pedido indeferido, somente faz jus ao reenquadramento no Plano a partir de então, pois as normas não preveem enquadramento retroativo em caso de erro do ex-empregado. Vistos, relatados e discutidos os autos do recurso ordinário em que são partes: AYLTON SOUSA COELHO, como recorrente, e BANCO DO BRASIL S.A., como recorrido. Inconformado com a r. sentença de fls. 320/322-verso, proferida pelo MM. Juiz José Saba Filho, da 73ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, que extinguiu o processo, sem resolução do mérito, quanto aos recolhimentos previdenciários e julgou improcedente o pedido, complementada pela r. decisão de embargos declaratórios de fls. 325, recorre ordinariamente o reclamante às fls. 327/329. Em síntese, o autor alega que, diante do indeferimento inicial de seu pedido de aposentadoria pelo INSS, o réu deveria tê-lo enquadrado no plano de afastamento voluntário, e não declarado licenciado sem vencimentos. Esclarece que somente foi tido como aposentado partir de 4/8/2004, de forma que ficou sem o pagamento do período de 6/4/2004 a 3/8/2004. Pondera que a prova técnica não foi conclusiva mas que o juízo a quo indeferiu dois requerimentos de complementação da mesma. Por fim, alega ter legitimidade para reclamar da falta de recolhimentos previdenciários, uma vez que tal circunstância traz efeitos sobre seu tempo de contribuição. Custas às fls. 330. fgo/fhmt 5910 1
Contrarrazões às fls. 333/344. Os autos não são remetidos ao douto Ministério Público do Trabalho por não se tratar de hipótese de sua intervenção. É o relatório. V O T O CONHECIMENTO Conheço por presentes os pressupostos de admissibilidade. MÉRITO Da Aposentadoria Incentivada NEGO PROVIMENTO. O autor, por equívoco, informou ao réu que já tinha condições de se aposentar pelo INSS, no momento da adesão ao Plano. A PREVI começou a efetuar pagamentos adiantando o que o INSS pagaria após o deferimento da aposentadoria oficial. Contudo, a Previdência não aceitou o pedido do reclamante, de forma que os valores pagos pela PREVI foram estornados e, a partir de então, o reclamante foi enquadrado como os demais ex-empregados que ainda não tinham tempo para a aposentadoria, recebendo as verbas previstas para o caso. O recorrente alega que, nessa situação, ele deveria ter sido enquadrado retroativamente desde sua adesão, e não apenas a partir do indeferimento pelo INSS. Esclarece que, somente foi tido como aposentado partir de 4/8/2004, de forma que ficou sem o pagamento do período de 6/4/2004 a 3/8/2004. Pondera que a prova técnica não foi conclusiva mas que o juízo a quo indeferiu dois requerimentos de complementação da mesma. O réu, em sua contestação, afirma que o plano de afastamento fgo/fhmt 5910 2
incentivado (PAI-50) teve período de adesão de 2/1/2004 a 13/2/2004. Ao aderir, o empregado deveria optar pelo pedido de demissão para aposentadoria antecipada da PREVI (se não detivesse tempo de aposentadoria suficiente para o INSS), ou pelo pedido de afastamento para aposentadoria oficial, se já tivessem o tempo exigido. O reclamante teria sido desligado a pedido em 5/4/2004 e, na época da adesão, contava com 24 anos de serviço ao réu faltando, portanto, seis anos de contribuição para a aposentadoria, sendo que o ônus de comprová-los recai sobre o autor. Assevera que o INSS rejeitou a contagem de tempo de contribuição feita pelo autor, e o réu converteu a saída do reclamante para a forma dos empregados que não detinham tempo de aposentadoria pelo INSS. Esclareceu que a única diferença entre as duas modalidades é o pagamento das verbas adicionais contidas no item 2, a, II, III e IV, que o reclamante já recebeu ou ainda recebe, de modo que o réu cumpriu suas obrigações. Segundo o regulamento do Plano, o empregado que ainda não pode se aposentar recebe uma indenização mensal até a data em que adquirir condições para a aposentadoria pelo INSS (item 2, a, II) e uma outra verba, referente à diferença entre o valor de sua contribuição ao INSS no momento da adesão ao Plano e aquele que passará a recolher como contribuinte individual até a data em que puder se aposentar (item III fls. 77). Para os funcionários que já detivessem as condições de aposentadoria (situação em que o autor pensava se encontrar), o incentivo era limitado à concessão de dois salários brutos como indenização (item 2, b - fls. 78). A prova pericial demonstra que, quando o reclamante solicitou sua aposentadoria, a PREVI supôs que o benefício oficial seria deferido e adiantou o valor que seria pago pela Previdência, além de pagar as verbas previstas para o caso. Contudo, como a Previdência Social não aceitou o requerimento do autor, os pagamentos efetuados de abril a junho de 2004 pela PREVI foram estornados e, a partir de então, o reclamante passou a receber apenas as verbas previstas para os ex-empregados em sua condição sendo que permaneceu ganhando essa quantia até fevereiro de 2005, quando já teria tempo para a aposentadoria pelo INSS (fls. fgo/fhmt 5910 3
199). empregado. PODER JUDICIÁRIO FEDERAL A norma não prevê enquadramento retroativo em caso de erro do Resta demonstrado que o réu cumpriu as normas regulamentares, sendo certo que não pode ser responsabilizado pelo equívoco do autor que pensava já ter tempo suficiente para a aposentadoria oficial. A expert indicou que o réu converteu corretamente o enquadramento do autor do tipo detenham tempo de aposentadoria pelo INSS para o tipo não detenham tempo de aposentadoria pelo INSS. Se o reclamante precisou restituir os valores recebidos durante os meses de inatividade, trata-se de ato que decorreu de sua própria culpa. Caso houvesse informado corretamente que ainda não poderia se aposentar pelo INSS, teria sido enquadrado, desde o início, na hipótese do item 2, a, do regulamento, e não teria sofrido qualquer prejuízo. ao autor. Como não foi demonstrada qualquer irregularidade, razão não assiste Dos Recolhimentos Previdenciários DOU PARCIAL PROVIMENTO. O reclamante alega ter legitimidade para reclamar da falta de recolhimentos previdenciários, uma vez que tal circunstância traz efeitos sobre seu tempo de contribuição. Ora, a falta de recolhimentos previdenciários causa manifestos prejuízos ao autor, de forma que este é parte legítima para postular tais pagamentos. Como os autos contêm elementos suficientes para o julgamento, passa-se ao exame da matéria de fundo. Na inicial, o autor postula o recolhimento referente ao período de 6/4/2004 a 31/5/2005. O réu, na contestação, afirma que a responsabilidade recai sobre o ex-empregado, como previsto em norma interna. Com efeito, o regulamento do benefício prevê, em seu item 2, a, III, fgo/fhmt 5910 4
Obs. n 1, que o correto recolhimento das contribuições mensais ficará sob responsabilidade do ex-funcionário (fls. 77). Desse modo, o autor só tem razão quanto à sua legitimidade para postular os recolhimentos, mas não quanto ao mérito propriamente dito. Do exposto, conheço do recurso e, no mérito, DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO apenas para reconhecer a legitimidade ativa do autor para postular os recolhimentos previdenciários e, apreciando a matéria de fundo, julgar improcedente tal pretensão tudo na forma da fundamentação supra. A C O R D A M os Desembargadores da Décima Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região, por unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO apenas para reconhecer a legitimidade ativa do autor para postular os recolhimentos previdenciários e, apreciando a matéria de fundo, julgar improcedente tal pretensão - tudo na forma da fundamentação do Excelentíssimo Desembargador Relator./// Rio de Janeiro, 16 de março de 2011 Desembargador Federal do Trabalho Flávio Ernesto Rodrigues Silva Relator fgo/fhmt 5910 5