Cenário Econômico e Perspectivas A performance do mercado no mês de setembro foi marcada pela aceleração descontrolada da taxa de câmbio no Brasil e o efeito desse movimento sobre os demais mercados locais. Quando vamos buscar o principal fundamento para essa desvalorização do Real nos últimos meses, percebemos o quanto o Brasil voltou no tempo. A discussão sobre a estabilidade da dívida pública brasileira parecia enterrada no passado. Mas o tema fiscal voltou a estar na raiz dos problemas que vivemos recentemente. Tradicionalmente a desvalorização na taxa de câmbio está associada ou com uma crise de balanço de pagamentos ou com uma queda do nível de reservas cambiais para um nível crítico. Nenhum dos dois elementos parece estar presente no momento. O déficit em conta corrente brasileiro, apesar de elevado, não atingiu níveis críticos. As reservas cambiais, mesmo subtraindo a oferta de swaps cambiais, ainda continuam num nível confortável. Por que então a corrida tão intensa para a porta de saída? Depois de uma sequência de decisões fiscais equivocadas ao longo dos últimos anos, o temor do endividamento em bola-de-neve voltou a permear a imaginação e os cenários dos investidores no Brasil. O governo teve um déficit fiscal primário em 2014, deve ter outro déficit primário em 2015 e caso medidas emergenciais não sejam tomadas em breve, podemos antever um novo déficit primário no ano que vem. A conta é fácil de fazer: um governo que não gera poupança para pagar os juros da sua dívida, está se endividando em bola de neve. Se esse endividamento se dá num ambiente em que as taxas de juros reais são de 8% e o crescimento do PIB é negativo, a explosão da dívida é ainda mais rápida. Os investidores, obviamente, gostam dos juros altos. Mas quando a percepção é de que quando a música parar, não haverá cadeira para todos, alguns investidores começam a rumar para a saída. Pode-se argumentar que esses fatores negativos são conjunturais, de curto prazo. Mas o anúncio das novas metas fiscais que antecedeu o downgrade do Brasil previa uma revisão significativa para baixo do
resultado primário até 2018. Mais do que medidas conjunturais, a percepção foi de uma mudança de orientação da política econômica. Com essa quebra de confiança, o Brasil conseguiu a incrível façanha de pagar juros altos, num ambiente global de taxas de juros zero ou negativas, e ainda assim não conseguir atrair capitais. Em paralelo a esse desarranjo fiscal, temos uma crise política em gestação. A falta de uma base política articulada fez com que o governo no primeiro semestre não conseguisse aprovar medidas suficientes para corrigir o rumo fiscal aliás, em sentido oposto, muitas medidas que agravam o quadro fiscal foram aprovadas. Um governo que não tem apoio parlamentar e em alguns pontos, falta o apoio até mesmo do próprio partido da presidente obviamente permite suscitar a possibilidade de impeachment. Isso torna o quadro fiscal ainda mais nebuloso. A solução do problema fiscal exige a adoção de políticas com um horizonte de longo prazo. Essas medidas, invariavelmente devem soar impopulares a curto-prazo. A preocupação com o impeachment, no entanto, encurta o horizonte de planejamento do governo. A prioridade no momento é evitar a instalação do processo de impeachment e não corrigir as distorções fiscais. Nesse ambiente turbulento, podemos ter no curto prazo dois desvios da tendência principal negativa que descrevemos acima e que permanece intocada. A primeira é o recente rearranjo ministerial cujo principal objetivo, como descrevemos anteriormente, é evitar a instalação do processo de impeachment na Câmara de Deputados. Esse rearranjo, a princípio, gera a esperança de que outros projetos que objetivem o equilíbrio fiscal também venham a ser aprovados no Congresso. Mas, por enquanto, isso é apenas uma esperança. O segundo desvio da tendência principal é o aumento do apetite para o risco que vem se verificando nos mercados globais, depois de mais um adiamento nas taxas de juros americanas na reunião de setembro do Fed. Os dados econômicos de emprego que saíram posteriormente, assim como os dados relacionados à produção industrial americana, levaram a um questionamento sobre um eventual
desaquecimento da economia norte-americana. Um dos fatores que poderia estar alimentando essa desaceleração seria a forte apreciação do dólar americano que ocorreu a partir do final do ano passado. O mercado futuro de juros americano empurrou a expectativa da primeira alta do Fed para o segundo trimestre de 2016. Uma alta mais tarde e mais suave nas taxas de juros do Fed pode ser benéfica para ativos de risco em particular, Brasil desde que a desaceleração global de que estamos falando não seja forte e descontrolada. Apesar de poder sonhar com uma ajuda do vento externo, a resolução dos problemas que discutimos nessa carta diz respeito exclusivamente ao Brasil. Resolvendo o problema de solvência fiscal de longo prazo, a taxa de juros do Brasil voltará a ficar atrativa para os investidores estrangeiros. Se esse for o caso, o fluxo cambial positivo derrubará a taxa de câmbio e colocará pressão para baixo nas taxas de inflação e de juros. Caso isso aconteça, o crescimento econômico vai ser retomado. E com isso, a dinâmica da dívida pública deixará de ser explosiva. Qualquer um pode ver isso! Exceto os adeptos da Nova Matriz Macroeconômica, que acreditam que o crescimento começa com o aumento do gasto público. Mas o final dessa história a gente já conhece, basta abrir os jornais...
Resultado do Trimestre No terceiro trimestre de 2015, a rentabilidade do Paineiras Hedge FIC FIM foi de 6,70%. As operações com moedas, principalmente as compradas em USD e vendidas em BRL, geraram ganhos no trimestre (+3,92%). As posições em bolsa local tiveram pequeno resultado positivo (+0. 07%). As posições em juros locais tiveram resultado negativo no período (-0,18%). As posições tomadas em taxas de juros americanas (+0,01%), em bolsas internacionais (-0,02%) e commodities (-0,01%) tiveram contribuição pouco significativa. Houve aumento da utilização de risco no trimestre.
Contribuições para o resultado no período de julho a setembro de 2015 (4) Área Estratégia Jul Ago Set 2º Tri 2015 Renda Fixa Títulos Publ Pré 0.00% 0.00% 0.05% 0.05% 0.11% Títulos Publ Pós 0.00% 0.00% 0.00% 0.00% 0.00% Deriv Juros 0.11% -0.34% 0.00% -0.23% -0.73% Total Renda Fixa Direcional 0.11% -0.34% 0.06% -0.18% -0.62% Ações Ações 0.00% 0.00% 0.00% 0.00% 0.00% Deriv Ações 0.00% 0.03% 0.04% 0.07% 0.06% Total Ações Direcional 0.00% 0.03% 0.04% 0.07% 0.06% Moedas Deriv Moedas 1.32% 0.32% 2.24% 3.92% 5.93% Cupom Cambial 0.00% 0.00% 0.00% 0.00% 0.00% Total Moedas Direcional 1.32% 0.32% 2.24% 3.92% 5.93% Internacional Ações 0.01% -0.01% -0.01% -0.02% -0.19% Renda Fixa 0.00% -0.01% 0.01% 0.01% -0.36% Total Internacional 0.01% -0.02% 0.00% -0.01% -0.55% Commodities Derivativos 0.00% -0.01% 0.00% -0.01% 0.02% Total Commodities 0.00% -0.01% 0.00% -0.01% 0.02% Despesas (1) -0.19% -0.18% -0.20% -0.56% -1.55% CDI 1.18% 1.11% 1.11% 3.43% 9.55% Retorno Líquido 2.43% 0.90% 3.24% 6.70% 12.95% Medidas de Utilização de Risco: Medidas de Risco Stress/PL (2) 4.28% 3.04% 2.91% Volatilidade Anualizada (3) 3.39% 2.55% 5.74% (1) Taxas de administração e performance, corretagem, emolumentos e demais despesas do fundo. (2) Média mensal dos resultados diários estimados nos piores cenários plausíveis como percentual dos PLs diários. Parâmetros de stress: Juros Pré fixados: movimento paralelo de + ou 1,00% (até 3 meses de prazo), 1,50% (de 3 a 12 meses) e 2,50% (acima de 12 meses); Juros Pós Fixados: movimento paralelo de + ou 1,00%; Ações: + ou - 20%; Índice: + ou - 15%; Dólar: + ou - 12%; Cupom Cambial: + ou -2%; Euro/Dólar: + ou - 8%; AUD/Dólar: + ou - 10%; S&P: + ou - 10%; US Treasuries: + ou - 5%; Petróleo + ou - 30%; Cobre + ou - 30%. (3) Volatilidade anualizada dos retornos diários (janela mensal). (4) Os resultados das estratégias por mercado, a partir de 20/09/12 passaram a ser calculados com base nos resultados do Paineiras Hedge Master FIM.