CARTA ARGUMENTATIVA Alessandra Goulart D Avila Este é um gênero diretamente relacionado com o direito que cada cidadão tem de se manifestar diante dos problemas que o afligem. A carta argumentativa é um texto de intenção persuasiva que cumpre a finalidade de apresentar às autoridades uma reclamação carta de reclamação ou solicitar a solução de um problema carta de solicitação. Têm estrutura semelhante à das cartas em geral loca e data, vocativo, corpo da carta, expressão cordial de despedida e assinatura e apresenta uma estratégia argumentativa que consiste em: i) apresentação de um problema, suas causas e conseqüências; ii) exposição de argumentos capazes de comprovar que o remetente tem razão, por estar sendo desrespeitado em seus direitos ou por não ver seus direitos atendidos; iii) e conclusão. Condições de produção Tratando de alunos de uma licenciatura, foi lançada a seguinte problemática: a qualidade do ensino no Brasil vem preocupando autoridades políticas, educadores, pais e alunos. Em avaliações internacionais de que o Brasil participou, nossos alunos obtiveram alguns dos piores resultados se comparados a alunos de outros países. A professora selecionou um painel de textos que falavam um pouco mais a respeito da realidade escolar no Brasil nos últimos anos. Após leitura e diálogo, fomos convidados a fazer uma carta ao ministro da educação, mostrando nosso posicionamento sobre o assunto. Bagé, 02 de Abril de 2011 Excelentíssimo Sr. Ministro da Educação, A qualidade da educação, no Brasil, é muito baixa, sendo que cada vez mais aumenta o índice de repetência e abandono nas escolas. O
nosso país ocupa uma das últimas posições na América Latina, em se tratando de educação. Isso se torna preocupante, uma vez que o Brasil apresenta desenvolvimento em outras áreas como, por exemplo, a economia. Um dos principais motivos para esse fracasso na educação é a falta de estrutura nas escolas. Muitas instituições não possuem um ambiente adequado para receber os seus alunos, ou seja, prédios danificados, espaço insuficiente e outros fatores que não proporcionam aos estudantes uma boa estrutura para a própria aprendizagem. Além disso, acredito que a má qualificação dos professores é outra razão para o baixo índice de aprovações. Os profissionais da educação não estão preparados para ocuparem um cargo tão importante, que além de tudo não é valorizado como deveria. O governo precisa organizar cursos e oficinas para atualizar os professores, assim estes ficarão mais seguros e prontos para lidarem com os alunos e, consequentemente, adquirirem uma boa experiência na área da educação. Enfim, confio ao senhor a responsabilidade da melhoria na educação brasileira. É preciso um maior investimento para que o nosso país se torne mais desenvolvido e respeitado. Atenciosamente, Alessandra Goulart D Avila
CRÔNICA Fernando Vargas Vieira A crônica é um texto mais ou menos curto, geralmente feito para ser publicado em jornais e revistas, também pode posteriormente ser editado em livros. É um gênero leve que pode tratar de qualquer assunto. Normalmente ele é relacionado ao dia a dia. Tal gênero pode conter os elementos principais de uma narrativa como personagens, tempo, lugar, etc, ou trazer uma reflexão a respeito de uma notícia. Os textos podem trazer certo tom de ironia, um olhar mais crítico para as coisas do dia a dia. A crônica geralmente ocupa página e lugar fixos no jornal, dessa forma a crônica (ou o cronista) mantém um compromisso com o leitor, de sempre estar ali no mesmo horário na mesma página. Condições de produção Este texto foi escrito após uma aula presencial, na qual refletimos sobre as características do gênero a partir da leitura da crônica Na fila da liberdade de Mário Prata. Em outra atividade, discutimos sobre o tema da tragédia do Japão a partir uma carta ao leitor publicada no jornal A Folha de São Paulo no dia 13/03/2011 que criticava uma charge de um jovem garoto publicada no mesmo jornal no dia anterior. Seguem a charge e a carta ao leitor: Publicada na FOLHA em 12/03/2011
Carta ao leitor publicada no dia seguinte: Impressionante, infeliz, impiedosa e sem nenhuma sensibilidade a charge editada por este jornal na pág. A2 de ontem. Como pode um jornal como a Folha permitir esta divulgação em um momento tão infeliz? O autor nem ao menos se identifica no desenho, uma vergonha. O momento pelo qual passam nossos irmãos japoneses não permite tamanha insensibilidade. RUBENS MANOEL PARANHOS BELLO (Jandira, SP) A partir da discussão sobre o tema, tivemos como proposta criar uma crônica a partir dessa situação do jornal. Politicamente ridículo Hoje em dia vivemos sob uma espécie de censura chamada de politicamente correto uma filosofia que parte do principio que se deve evitar qualquer coisa que de alguma forma possa parecer ofensivo a determinado grupo social ou sociedade. O grande problema do politicamente correto é que conforme a contextualização que se da a um determinado episódio, ele pode soar ou não como ofensivo para uma pessoa. Logo após a tragédia ocorrida no Japão envolvendo terremotos e tsunami foi publicado no Jornal Folha de São Paulo uma charge com o titulo Xilogravruras japonesas A onda, o desenho mostrava uma grande onda levando destroços e tudo que via pela frente e ao fundo a esquerda uma usina nuclear e a direita da onda um grande incêndio. A charge fazia referência direta a uma Xilogravura A Grande Onda de Kanagawa", de Katsushika Hokusai obra considerada um símbolo da arte japonesa. No dia seguinte, após a vinculação da charge, o jornal recebeu um grande número de cartas, criticando a charge. Alguns leitores consideraram de extremo mau gosto, um desrespeito ao povo japonês a publicação do jornal. As maiorias dos leitores contextualizaram a charge diretamente com a tragédia, enquanto os colegas de profissão do cartunista, cientes da existência da xilogravura clássica, acharam bastante inteligente o fato de o autor ter feito uma releitura da obra japonesa. Esse é um exemplo de como o politicamente correto vem ganhando forças e interferindo
cada vez mais no modo de pensar e consequentemente nas opiniões das pessoas. Essa linha de pensamento vem crescendo com muita força nos dias de hoje, transformando-se em uma verdadeira patrulha semântica. A quem defenda que qualquer referência ofensiva a qualquer grupo, mesmo que dentro da literatura não seja correto. E preparem-se que vem mais por aí.