A ESPIRITUALIDADE E O CLIMA ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE PEQUENO PORTE

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Transcrição:

A ESPIRITUALIDADE E O CLIMA ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE PEQUENO PORTE Allan Fantinato Silva (Faculdade Estácio de Sá de Vila Velha) allanfantinato@yahoo.com Resumo: O presente estudo tem como objetivo identificar a interferência da espiritualidade dos empregados no clima organizacional de uma empresa de pequeno porte, localizada no município de Guarapari/ES, através de um estudo de caso. Ancorado em uma análise de conceitos, o artigo reflete sobre a espiritualidade, a emoção e o clima organizacional. Oportunamente, sugestões para melhorar o clima organizacional são feitas através de autores. Por um questionário estruturado com perguntas objetivas e uma subjetiva, os entrevistados selecionaram alternativas que melhor expressassem a sua opinião, bem como expor o seu entendimento sobre espiritualidade. Os dados obtidos foram trabalhados e dispostos em porcentagem acompanhados de análise fundamentada com argumento de valor. O resultado do presente estudo apontou que a espiritualidade dos empregados aliados a outros fatores, tais como justa remuneração e o seguimento de alguma Doutrina Religiosa, é capaz de manter um bom clima organizacional. Palavras chave: espiritualidade, clima organizacional, emoção. SPIRITUALITY AND THE ORGANIZATIONAL CLIMATE: A CASE STUDY IN A SMALL BUSINESS Abstract This study aims to identify the spirituality of interference of employees in the organizational climate of a small business, located in the city of Guarapari / ES, through a case study. Anchored on an analysis of concepts, the article reflects on spirituality, emotion and organizational climate. In due course, suggestions for improving the organizational climate are made by authors. For a structured questionnaire with objective questions and a subjective, respondents selected alternatives that best express their opinion and state their understanding of spirituality. The data obtained was processed and arranged in percentage accompanied analysis based on value argument. The results of this study found that the spirituality of the employees combined with other factors such as fair compensation and follow-up of any religious doctrine, it is able to maintain a good organizational climate. Key-words: spirituality, organizational climate, emotion.

1. INTRODUÇÃO Estar em um ambiente agradável é o desejo de qualquer ser humano, seja qual for o local onde ele está inserido. As pessoas despendem em média ¼ de seu dia no ambiente organizacional. Como em qualquer outro lugar, desavenças, boatos e irritação, podem fazer parte da rotina. Segundo o Catecismo da Igreja Católica (1993, p. 628), 2430 A vida econômica abrange interesses diversos, muitas vezes opostos entre si. Assim se explica o surgimento dos conflitos que a caracterizam. Deve haver empenho no sentido de minimizar estes últimos pela negociação que respeite os direitos e os deveres de cada parceiro social: os responsáveis pelas empresas, os representantes assalariados, por exemplo, as organizações sindicais e, eventualmente, os poderes públicos. Neste ambiente dinâmico, munido de um pensamento capaz de relevar e minimizar conflitos, um empregado espiritualizado poderia ser um ponto positivo capaz de transformar uma realidade profissionalmente desagradável? Para tal análise, a espiritualidade precisa ser explorada. Arruda (2005) apresenta que além das conhecidas Inteligência Emocional e Intelectual, emerge da correria dos dias, a Inteligência Espiritual, que é mais abrangente e torna o homem moderno um ser equilibrado perante os ganhos materiais e intelectuais. O artigo busca analisar se há alguma relação entre a espiritualidade e o clima organizacional em uma empresa de pequeno porte EPP. Trabalhou-se com a hipótese de que a ausência de espiritualidade nos empregados pode gerar um clima organizacional desagradável diante de algumas adversidades inerentes ao trabalho. Identificar a interferência da espiritualidade dos empregados no clima organizacional, bem como levantar um arcabouço teórico sobre espiritualidade, emoção e clima organizacional foram os alicerces deste trabalho. Espera-se que com essa pesquisa a presença da espiritualidade dos empregados, colocada em prática, seja notada dentro do ambiente profissional como uma estratégia para a gestação de um bom clima organizacional. Esta é uma pesquisa de estudo de caso, utilizando um questionário com perguntas quantitativas e uma qualitativa.

No que diz respeito ao estudo de caso, esse tipo de pesquisa, de caráter profundo e detalhado, é circunscrito a uma ou a poucas unidades (Vergara, 2004) e a pesquisa qualitativa tem seus próprios critérios de rigor científico que asseguram a legitimidade dos dados gerados em sua utilização. (Flick, 2008) A pesquisa quantitativa, conforme aborda Godoy (1995, p. 58) Preocupa-se com a medição objetiva e a quantificação dos resultados. Busca a precisão, evitando distorções na etapa de análise e interpretação dos dados, garantindo assim uma margem de segurança em relação às inferências obtidas. O questionário foi aplicado coletivamente durante o expediente de trabalho entre os dias quatro e oito de agosto do ano de dois mil e catorze, em uma empresa de pequeno porte, no ramo varejista, da cidade de Guarapari, Espírito Santo. O entrevistador adentrava o setor e explicava o objetivo da pesquisa e que os dados recolhidos seriam de pleno anonimato. A empresa Alfa, assim será denominada para preservar a sua identidade, possui um total de trinta e cinco empregados. A pesquisa abrangeu todos os setores da empresa e nenhum dos empregados ficou sem participar. Após trabalhados, os dados serão expostos em forma de porcentagem e uma breve análise acompanhará tais resultados. Uma tabela de respostas livre e onze gráficos foram elaborados para esta pesquisa. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 ESPIRITUALIDADE Essencialmente, qualquer ser humano está ligado a uma força que o motiva. Diante disso, a espiritualidade torna-se, muitas vezes, um caminho que muitos buscam como forma de obter respostas ou crescimento, seja intelectual ou financeiro. Pedreira (2013, p. 51) advoga que a espiritualidade não é um patrimônio das religiões. Se fosse, somente poderia ser espiritual quem adotasse um determinado caminho religioso. A espiritualidade é mais do que religião.

Hawkins (1999) afirma que há uma força vital que opera certas leis universais e somos criados a partir de uma entidade única, uma vez que somos compostos de matéria e pensamento oriundos desta mesma manifestação de energia. Ligados inconscientemente por uma força maior, as relações humanas deveriam ser mais prósperas e saudáveis. Precisamos um dos outros, pois como ensina Dalai- Lama (2000) a nossa sobrevivência é uma dependência mútua. Partindo deste ponto, Borba (2011, p. 22), apresenta que a espiritualidade faz uma diferença positiva A mudança organizacional deve ser entendida como um conjunto de alterações culturais, sociais, comportamentais e ecológicas do ambiente global (interno e externo) da empresa e até transcendental, que provocam alterações de métodos e processos tecnológicos no ambiente operacional, além de mudanças atitudinais (endógenas, exógenas e visíveis) das pessoas, e aqui entra a perspectiva da inteligência emocional aliada à inteligência espiritual, que influem e se refletem nos aspectos comportamentais no ambiente sociocultural da empresa, sinergizando processos em busca de eficácia gerencial dentro de princípios sólidos do respeito, da ética e da moral. Obstante a isso, não apenas as inteligências emocional e espiritual são relevantes para um bom clima organizacional. Kahn (2007, apud Vasconcelos, 2008) contribui ao sugerir que ao atingir um grau de confiança, os relacionamentos positivos aumentam a admiração do grupo em relação à sua empresa. Vale ressaltar que a espiritualidade não é de propriedade de nenhuma religião. Conforme Chauí (2001), ela é um vínculo entre o sagrado e o profano, ou seja, entre a Natureza e as forças que nela estão vivendo. Encarnar a presença de Deus no mundo através da espiritualidade é uma tentativa recorrente do ser humano para criar um ambiente mais compreensível. (Pierce, 2006) Várias podem ser as definições para a espiritualidade. Isso é muito relativo. Dentro de um ambiente organizacional, alguns podem pensar que ser espiritualizado significa dar a outra face ou ser tachado como bonzinho. Entretanto, em uma linha mais oportuna, a espiritualidade pode ser a chave de transformação para um profissional mais confiante que luta por seus direitos e preserva a sua dignidade humana. Um ser forte que realiza a transformação do meio em que está. (Hawkins, 1999)

2.2 EMOÇÃO As emoções são partes de nosso ser e não podemos, em nenhum momento, nos deligar delas. Positivas ou negativas, aparecem ao serem estimuladas e as reações serão pautadas em nossos princípios. Explorando, Maximiano (2009, p.201-202) identifica que A palavra motivação deriva do latim motivos, movere, que quer dizer mover. Em seu sentido original, a palavra indica o processo pelo o qual o comportamento humano é incentivado, estimulado ou energizado pro algum tipo de motivação ou razão. Motivo, motor e emoção são outras palavras que têm a mesma raiz. O comportamento humano sempre é motivado. Sempre há um motor funcionando, que movimenta o comportamento humano. Para Robbins (2005), a definição de emoção é necessária distinguir três termos interligados: sentimentos, emoções e humor. O sentimento é um termo amplo e baseia-se em sensações; Emoções são sentimentos direcionados; Humores são sentimentos que não possuem estímulo contextual. Seja qual for o nível de espiritualidade do empregado, as suas emoções podem dizer muito dele. Mais que revelar, as emoções dos empregados, em certo modo, estão diretamente ligadas ao clima organizacional. Aponta Silva (2008) que os modelos administrativos têm evoluído para posturas mais participativas, o que abre espaço para um investimento afetivo, emocional e até mesmo espiritual no trabalho. Por isso, acredita-se que Paschoal, Torres e Porto (2008), foram enfáticos ao expressarem que a prevalência de emoções positivas no trabalho e a percepção do indivíduo de que, no seu trabalho, expressa e desenvolve seus potenciais/habilidades e avança no alcance de suas metas de vida contribuem para um bem-estar ocupacional. 2.3 CLIMA ORGANIZACIONAL As pessoas ingressam em uma empresa afim de obter satisfação de suas necessidades pessoais, bem como materiais. Para tanto, é necessário que haja um retorno favorável, por parte da empresa, diante do serviço prestado.

O gestor deve ficar atento aos sinais emitidos pelos empregados, tais como absenteísmo, atrasos na entrega de tarefas entre outros, pois eles podem indicar que o clima organizacional está abalado. Silva (2008) advoga que muitas pessoas encontram no ambiente organizacional o seu único círculo social, tornando assim, o ambiente coorporativo uma extensão do seu próprio lar, sendo favorável à construção de relações sadias. Por clima organizacional entende-se, segundo Chiavenato (2014, p. 335) ao ambiente psicológico interno que existe entre os participantes da empresa. Está intimamente relacionado com o grau de motivação de seus participantes. Corroborando esta ideia, Borba (2011, p. 77) argumenta que É estratégico e traz excelentes resultados cuidar da Espiritualidade da organização, entendendo que para isso é necessário cuidar da Espiritualidade do grupo, mantendo excelentes práticas e transformando o ambiente de trabalho em melhor lugar para se trabalhar. Almeida (2013) elenca algumas virtudes para que os líderes desenvolvam e possam caminhar felizes em suas decisões e, consequentemente, gerarem um bom clima organizacional para que a empresa cresça em diversos aspectos. São eles: Comunicação, confiança, solidariedade, paciência, discrição, honestidade e resiliência. Para Vasconcelos (2008), há alguns elementos chaves nesta tênue linha entre a espiritualidade e o clima organizacional que necessitam ser conservados e/ou desenvolvidos: Atenção: todos apreciamos receber atenção. Comunidade: ninguém cresce espiritualmente isolado. Empowerment: trabalhar com autonomia. Gratidão: cria um sentimento positivo no qual a conexão espiritual torna-se viável. Humildade: indica ser benéfica para os indivíduos e os grupos sociais aos quais pertençam. A capacidade de ouvir: facilita a empatia. Compaixão: normalmente precedida de uma ação que ajude outrem. Perdão: ajuda a fortalecer os relacionamentos interpessoais e a promover o bem-estar geral.

Emoções: componentes do nosso subconsciente. Resistência: Equilíbrio espiritual. Aspectos virtuosos: ser uma referência positiva para os outros. Positive deviance: correção, acerto e ajuste. Resgatando o humanismo: boa vontade e responsabilidade. Diversidade e inclusão: remoção de obstáculos. Perspectivas: ajudar as criaturas humanas a se desenvolverem. Cada ser humano é único em suas necessidades e desejos. Logo, quando estes não são satisfeitos, o humor e a percepção diante ambiente pode sofrer pressões negativas inconscientes. Favorecendo o indivíduo em seu bem-estar, Borba (2011, p. 124) sugere a construção de um PEP Planejamento Estratégico Pessoal que significa a construção sistematizada, lenta, gradual e integral de uma pessoa. Através de uma análise qualitativa, o indivíduo será capaz de refletir sobre todos os setores de sua vida. O clima organizacional corresponde entre a relação do PEP Planejamento Estratégico Pessoal dos empregados com os benefícios que a empresa oferece. 3. ANÁLISE DE DADOS A empresa possui em seu quadro profissional 14% de empregados de 16 a 25 anos, 57% de 26 a 35 anos, 26% de 36 a 45 anos e 1% acima de 46 anos. Há uma diferença de 8% entre a quantidade de homens e mulheres, 19% e 46% respectivamente. O percentual dos entrevistados que afirmam seguir alguma doutrina religiosa corresponde a 91%, contrapondo os 9% que dizem não serem adeptos a qualquer doutrina religiosa. Cavanagh (1999, apud Vasconcelos, 2008) aponta que a espiritualidade não está, na maioria das vezes, ligada a religiosidade. Aos entrevistados que disseram seguir alguma doutrina também foi solicitado que esclarecesse qual. 54% se dizem adeptos à doutrina Católica Apostólica Romana,

29% seguem alguma ramificação do Protestantismo, 6% estudam a Doutrina Espírita e 11% pertencem a doutrinas diversas. Vasconcelos (2008) expõe que não estamos sozinhos neste mundo, algo maior nos direciona. Perante isso, foi perguntado se durante o expediente de trabalho o entrevistado pronuncia alguma citação de cunho evocativo a um ser espiritual? Os dados apresentam que 91% fazem, sim, alguma citação do tipo Meu Deus do Céu, Nossa Senhora, Deus me livre entre outras. 3% informaram que não faz qualquer citação e 6% não soube responder. Os entrevistados classificaram como bom, 89%, o nível de relacionamento entre tais. Apenas 11% julgaram tolerável. Não houve classificação ruim para os relacionamentos na empresa. Kahn (2007, apud Vasconcelos, 2008) afirma que bons relacionamentos são capazes de aumentar a estima do empregado pela organização. 86% dos entrevistados disseram saber o que é espiritualidade. 14% não souberam dizer. Entretanto, para Neck & Milliman (1994, apud Vasconcelos, 2008), a espiritualidade é um tema bem abrangente e possuí inúmeras definições. Aos que responderam saber o que era espiritualidade foi solicitado uma breve definição. 77% definiram o que é, segundo a sua concepção, e 23% não souberam definir. Abaixo encontram-se as respostas transcritas dos empregados que definiram a espiritualidade segundo as suas convicções e crenças.

Respostas transcritas Acreditar no Espírito, na vida além da matéria. Estar bem dentro da sua crença, estar acima dos bens materiais. Conhecimento um pouco mais aprofundado sobre uma religião, seita, doutrina etc. Acima da compreensão material. É ter sensibilidade o bastante para aproximar-se daquilo que crê. Entendo ser a sua crença em relação a um "ser" superior, no meu caso, Deus. Espiritualidade é viver não só baseado nos valores desse mundo, mas buscar as coisas que são de Deus e o próposito dele para a nossa vida. É acreditar que existe "algo" a mais do que a vida física. É uma maneira de viver voltado para Deus, ou seja, através da Fé. Acredito que a espiritualidade está ligada ao altruísmo do indivíduo e a sua relação com Deus. Forma de comunicação com algo superior. Acreditar em um plano superior. É acreditar em algo superior. Entender que existe um ser superior, que nos auxilia em nossa caminhada aqui na Terra. Estar contrito a Deus e amar ao próximo. Acreditar em algo que dê sentido à vida. Tenho Fé e acredito na vida eterna. Consciência. Estar em contato com Deus através da crença. Entendimento de que o ser humano tem uma dimensão espiritual além do material. Quem considera o sentimento acima do racional dialogando com o que é comum, considerando o outro. A forma que nos relacionamos com Deus, ou seja, ela pode ser boa ou ruim. Acreditar que seja estar em harmonia com o que acredita e segue, agindo de acordo. Buscar a Deus por meio de ações cristãs. É a crença sobre algo que não é tangível. Sentimento que o ser possuí quando acredita em algo "maior". Seguir uma doutrina, seja lá qual for. Tabela 1 - Defina brevemente. (Responda somente se a resposta anterior foi Sim ). Relaciona Borba (2011) que a remuneração deve ser justa e os lucros partilhados entre os empregados. No que diz respeito a remuneração recebida, 74% julgam justo o valor e 26% não acham justo o valor recebido pelo serviço prestado à empresa. Para 60% dos entrevistados, o seu superior na hierarquia empresarial é um ser espiritualizado. 40% não identificam espiritualidade em seu superior. Reave (2005, apud Vasconcelos, 2008) colabora ao apontar que líderes espiritualizados motivam os subordinados e estes produzem mais. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho buscou sinalizar a espiritualidade no ambiente empresarial como uma ferramenta que ao ser valorizada e desenvolvida trará benefícios para o trabalhador

e para a empresa. Baseia-se no fato de que o ser humano estando bem consigo, poderá interferir de maneira favorável no clima organizacional. Observou-se que na empresa Alfa, objeto de estudo desta pesquisa, os empregados em sua maioria seguidores de alguma doutrina religiosa, trazem consigo um sentimento espiritualizado capaz de manter bom o clima organizacional. Vale destacar que o seguimento de uma doutrina não necessariamente garante ao ser humano a gênese de sua espiritualidade. Ela nasce de uma constante busca através de relacionamentos pessoais e reflexões. Observou-se também que os empregados consideram o (a) seu (sua) superior (a) hierárquico um ser espiritualizado e isto reflete positivamente em sua remuneração. Ou seja, eles acreditam que a espiritualidade é capaz de provocar um senso de justiça. A importância de manter um bom clima organizacional é garantir uma boa qualidade de vida no trabalho. Esta qualidade também está diretamente ligada com a cultura da empresa. (Souza, 2014) Outras pesquisas podem ser realizadas sobre o tema. Estudos pautados na relação espiritualidade versus rotatividade podem aprimorar os objetivos deste. Por fim, em qualquer empresa há pessoas e cada uma em sua individualidade possui interesses e desejos que buscam alcançar e satisfazer, respectivamente. A espiritualidade está presente em cada ser humano e faz a diferença através das escolhas de cada um, contribuindo para o bem ou para o mal. REFERÊNCIAS ALMEIDA, João Carlos. As sete virtudes do líder amoroso. 7.ed. São Paulo: Editora Canção Nova, 2013. ARRUDA, Vitório César Mura de. A Inteligência espiritual: espiritualidade nas organizações. São Paulo: Ibrasa, 2005. BORBA, Valdir Ribeiro. Espiritualidade na gestão empresarial: Como ser feliz no trabalho. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2011.

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