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Transcrição:

ACÓRDÃO 9ª Turma JUSTA CAUSA. CRIME DE FURTO. A justa causa é fato extremamente grave, por implicar a dissolução do contrato sem ônus para o empregador, razão pela qual impõe-se a comprovação irrefutável dos motivos que a ensejaram. Recurso da reclamada a que se nega provimento. Vistos, relatados e discutidos estes autos, nos quais MEDRAL ENGENHARIA LTDA (Dr. Rodrigo de Souza Rossanezi, OAB/RJ nº 124.625 D) e GERSON CARVALHO DE ALENCAR (Dr. Jadir Nascimento Luciano, OAB/RJ nº 60363 D), como Recorrentes e Recorridos. A r. sentença de fls. 75/85, proferida pelo MM. Juízo da 1ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, da lavra do Excelentíssimo Juiz Américo Cesar Brasil Corrêa, julgou procedentes em parte os pedidos do autor para declarar nula a justa causa, considerando rescindido o contrato de trabalho de forma imotivada e condenar a Ré a pagar as verbas resilitórias, quais sejam, aviso prévio, saldo de salários, 13 salário proporcional, férias proporcionais acrescidas de 1/3, multa de 40% do FGTS, entrega de guias para FGTS e seguro-desemprego; pagamento da multa do artigo 477 da CLT, indenização por dano moral, horas extras e reflexos. Irresignada a ré interpõe recurso ordinário (fls.87/94), sustentando que o reclamante cometeu falta grave, o que ensejou sua dispensa motivada. Por conseguinte, entende indevido o pagamento das verbas resilitórias, uma vez que já efetuou a quitação das parcelas decorrentes da dispensa por justa causa. Afirma ainda que as férias vencidas e proporcionais foram pagas. Aduz ainda que inexiste dano moral, pois não houve constrangimento ou prejuízos financeiros em razão da dispensa da autora, bem como esta não formulou pedido de indenização por danos morais na petição inicial. Alega que as horas extras foram equivocadamente 20420 1

deferidas, pois somente foi considerada a prova oral e não os cartões de ponto e os recibos de pagamento que demonstram a quitação das horas extraordinárias. Inconformado o reclamante interpõe recurso adesivo (fls. 103/105) pretendendo a condenação da ré ao pagamento dos honorários advocatícios. Custas e depósito recursal às fls. 95/100 Contrarrazões às fls. 106/110 pelo autor e às fls. 113/116, ambos pugnando pelo não provimento dos apelos. Deixo de encaminhar os autos ao douto Ministério Público do Trabalho, eis que não configuradas quaisquer das hipóteses previstas no art. 85, I, do Regimento Interno, do E. Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região. É o relatório. FUNDAMENTAÇÃO CONHECIMENTO As partes foram intimadas para ciência da decisão em 09.06.2009 (terça-feira, fl.86); a contagem do prazo recursal teve início em 10.06.2009 (quartafeira) e término em 17.06.2009 (quarta-feira), portanto, tempestivo o recurso ordinário interposto pela ré no último dia da contagem do prazo recursal (fl. 87). Recurso está subscrito por advogada regularmente constituída nos autos (fl. 17); custas e depósito devidamente comprovados, conforme fls. 95/100. O reclamante foi intimado para a ciência da interposição do recurso ordinário pela ré em 08.07.2009 (quarta-feira) e apresentou recurso adesivo em 14.07,2009 (fl. 103), ou seja, dentro do octídio legal. Recurso está subscrito por 20420 2

advogado regularmente constituído nos autos (fl. 103 verso). admissibilidade. Portanto, conheço dos recursos, por preenchidos os pressupostos de MÉRITO RECURSO DA RECLAMADA DO TÉRMINO DO CONTRATO DE TRABALHO E DAS VERBAS RESILITÓRIAS O Juízo de origem declarou nula a dispensa por justa causa, reconheceu o término do pacto laboral de forma imotivada e determinou o pagamento das verbas resilitórias com a devida dedução do que já foi pago, sob o fundamento de que restou ausente prova cabal dos elementos constitutivos da justa causa, ou seja, que o autor tenha praticado ou participado como co-autor de fato delituoso contra a ré. Sustenta a recorrente que restou demonstrado que o reclamante cometeu falta grave ao furtar fios da rede subterrânea juntamente com seus colegas de equipe, o que ensejou sua dispensa motivada por ato de improbidade na forma do artigo 482 da CLT. Por conseguinte, entende indevido o pagamento das verbas resilitórias, uma vez que já efetuou a quitação das parcelas decorrentes da dispensa por justa causa. Afirma ainda que as férias vencidas e proporcionais foram pagas. Sem razão. Com efeito, a justa causa é fato extremamente grave, por implicar a dissolução do contrato sem ônus para o empregador, razão pela qual impõe-se à reclamada a comprovação irrefutável dos motivos que ensejaram o término do contrato de trabalho pela dispensa motivada. 20420 3

Além disso, em sendo a maior penalidade imposta ao trabalhador, deixando, inquestionavelmente, uma mácula em sua vida profissional, mister se faz estar sustentada em provas robustas ao ponto de que não reste nenhuma dúvida quanto à caracterização da falta cometida. Em primeiro lugar, observe-se que o preposto da ré em seu depoimento pessoal não soube dizer o motivo da dispensa por justa causa do autor. Considerando-se os termos do parágrafo primeiro do artigo 843 da CLT, segundo o qual o gerente ou preposto que substitui o empregador deve ter conhecimento do fato, impõe-se que se presumam verdadeiras as alegações do reclamante. Por outro lado, a reclamada trouxe aos autos documento impugnado pelo autor (fls. 60/61) constando o registro de uma denúncia de cliente, Srª Adelaide, com a suspeita de furto de cabos de rede por empregados da ré os quais estavam no caminhão conduzido pelo autor. No entanto, tal ocorrência somente foi realizada internamente na ré, ou seja, não foi apresentada nenhuma denúncia em Delegacia de Polícia, bem como o referido relatório não tem dados conclusivos a respeito da autoria do fato delituoso. Em que pese ter sido constatado que o caminhão de placa CWQ 2841 manejado pelo demandante estivesse parado próximo do local do furto e que a equipe, da qual participava o autor, tivesse realizado reparo distinto daquele que foi determinado, não se pode concluir que o acionante tenha, direta ou indiretamente, participado do fato delituoso. Além disso, a testemunha da ré de fls. 72/73 tampouco confirmou a participação efetiva do reclamante no furto dos cabos de rede. Perguntado se algum morador ou trabalhador teria identificado o demandante como uma das pessoas que portava o cabo, apenas declarou que foi identificado o caminhão dirigido naquela 20420 4

ocasião pelo demandante, assim como o grupo de trabalhadores. Deste modo, não restou robustamente demonstrado que o reclamante tenha praticado a falta grave alegada a ensejar a dispensa por justa causa, devendo ser mantida a sentença que reconheceu o término do contrato de trabalho de forma imotivada e determinou o pagamento das verbas consectárias da rescisão do contrato sem justa causa, quais sejam, aviso prévio, saldo de salários, 13 salário proporcional, férias proporcionais acrescidas de 1/3, multa de 40% do FGTS, bem como a entrega de guias para FGTS e seguro-desemprego. De acordo com o termo de rescisão do contrato de trabalho colacionado às fl. 58, somente foram pagos o saldo de salário, salário família e adicional de periculosidade de 30%, estando correta a decisão de primeiro grau, inclusive por ter ressalvado a possibilidade de dedução das parcelas pagas sob o mesmo título, como no presente caso, o saldo de salário. Ressalte-se ainda que, de acordo com as fichas financeiras de fls. 53/55, a reclamada não se desincumbiu do ônus da prova quanto ao pagamento de férias vencidas e proporcionais. Nego provimento. DO DANO MORAL Alega o recorrente que o reclamante não sofreu constrangimentos e tampouco houve prejuízos financeiros em razão da dispensa por justa causa, sendo indevida a condenação ao pagamento de danos morais, bem como esta não formulou pedido de indenização por danos morais na petição inicial. Sem razão. 20420 5

Primeiramente, cumpre esclarecer que o autor formulou claramente no item b (fl. 04) pedido de indenização por danos morais em valor a ser fixado pelo Juiz, com causa de pedir no item IV da petição inicial (fl. 03). Consoante os argumentos acima esposados, a reclamada dispensou por justa causa o autor, afirmando que este cometeu falta grave ao furtar cabos de redes, no entanto, não houve prova cabal do crime cometido pelo reclamante. Assim, observa-se que tal conduta da reclamada sem averiguação dos fatos de forma mais precisa, sem provas firmes acusou o autor de ter cometido o crime de furto e o dispensou alegando justa causa, o que isoladamente acarreta o constrangimento e inegavelmente lhe causou dano de ordem moral. Nego provimento. DAS DIFERENÇAS DAS HORAS EXTRAS E REFLEXOS Afirma o recorrente que as horas extras e reflexos foram equivocadamente deferidos, pois somente foi considerada a prova oral e não os cartões de ponto e os recibos de pagamento que demonstram a quitação das horas extraordinárias. Sem razão. Na petição inicial, o reclamante asseverou que trabalhava de segunda a domingo das 07h às 18h, com uma hora de intervalo intrajornada, sem folga semanal e que a ré não pagava corretamente as horas extras, sendo devidas suas diferenças. Ressalte-se que o demandante não afirmou que os cartões de ponto eram inidôneos. A reclamada, na contestação, alegou que o reclamante laborava de 20420 6

segunda à sexta-feira das 07h às 16h48m, com intervalo intrajornada, tendo os sábados como folga compensatória e domingos como descanso semanal remunerado. A testemunha do reclamante (fl. 74) confirmou a jornada de trabalho declinada na petição inicial, qual seja, de segunda a domingo, de 07h às 18h, com intervalo intrajornada. Observa-se que a reclamada apenas acostou aos autos os controles de frequência do período de 16.07.2007 a 15.10.2007, não sendo possível verificar pelas fichas financeiras de fls. 53/55 que tenha efetivamente pago todas horas extras. Deste modo, não merece reforma a sentença também neste particular. Nego provimento. DO RECURSO DO RECLAMANTE DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Requer o autor a condenação da Ré em honorários advocatícios, com base no Enunciado 79 aprovado na Primeira Jornada de Direito Material e Processual na Justiça do Trabalho de 23.11.2007. Sem razão. Em primeiro lugar cumpre registrar que o referido Enunciado não socorre o demandante, pois não se sobrepõe ao disposto no comando legal acima citado nem ao entendimento consagrado na Súmula nº 219 do C. TST. 20420 7

Incabível a condenação em honorários advocatícios, eis que não estão presentes os requisitos previstos no art. 14, da Lei nº 5.584/70, quais sejam, a gratuidade de justiça e a tutela sindical, a teor do entendimento contido nas Súmulas nºs. 219 e 329, do C. TST. Nego provimento. CONCLUSÃO Pelo exposto, CONHEÇO dos recursos e no, mérito NEGO-LHES PROVIMENTO, tudo na forma da fundamentação supra. A C O R D A M os Desembargadores que compõem a 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, nos termos do voto da Exmª Srª Juíza Relatora, CONHECER dos recursos e no, mérito NEGAR-LHES PROVIMENTO. Rio de Janeiro, 23 de março de 2010. Juíza do Trabalho Convocada Claudia de Souza Gomes Freire Relatora cas 20420 8