Auditando processos de feedback de clientes



Documentos relacionados
Como agregar valor durante o processo de auditoria

Auditoria de organizações prestadoras de serviços

A função e o valor das listas de verificação de auditoria

Conflito de Interesses e Imparcialidade dos Auditores dos Organismos Certificadores

Abordagem de Processo: conceitos e diretrizes para sua implementação

CHECK - LIST - ISO 9001:2000

CHECK LIST DE AVALIAÇÃO DE FORNECEDORES Divisão:

O que significa a ABNT NBR ISO 9001 para quem compra?

Palestra Informativa Sistema da Qualidade NBR ISO 9001:2000

ISO 9001 O que significa para quem compra?

Introdução à ISO 9001:2015

Resumo das Interpretações Oficiais do TC 176 / ISO

CBG Centro Brasileiro de Gestão

Matrizes de Correlaça o ISO 9001:2008 e ISO 9001:2015

Sistema de Gestão da Qualidade

Sistemas de Gestão Ambiental O QUE MUDOU COM A NOVA ISO 14001:2004

PR 2 PROCEDIMENTO. Auditoria Interna. Revisão - 2 Página: 1 de 9

ESTUDO COMPARATIVO NBR ISO 13485:2004 RDC 59:2000 PORTARIA 686:1998 ITENS DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA

Módulo 2. Estrutura da norma ISO 9001:2008 Sistemas de Gestão da Qualidade Requisitos 0, 1, 2, 3 e 4/4, Exercícios

ESTRUTURA ISO 9.001:2008

Com esta apresentação em primeira mão, o QSP acentua o seu pioneirismo, como tradicionalmente tem ocorrido em seus mais de 20 anos de existência!

Introdução Visão Geral Processos de gerenciamento de qualidade. Entradas Ferramentas e Técnicas Saídas

Qual a diferença entre certificação e acreditação? O que precisamos fazer para obter e manter a certificação ou acreditação?

ISO 9001:2015 Nova versão porque e quando?

Treinamento Gestão da Qualidade - Cartilha

ISO 9001:2008. Alterações e Adições da nova versão

LISTA DE VERIFICAÇAO DO SISTEMA DE GESTAO DA QUALIDADE

SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO PAS 99:2006. Especificação de requisitos comuns de sistemas de gestão como estrutura para a integração

ISO NAS PRAÇAS. Oficina ISO Formulação da Política da Qualidade. Julho/2011

Preparando a Implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade

Revisão ISO ISO Sistema de Gestão Ambiental. DQS do Brasil Ltda. Página 1

Lista de Verificação / Checklist

NP EN ISO 9001:2000 LISTA DE COMPROVAÇÃO

FATEC Cruzeiro José da Silva. Ferramenta CRM como estratégia de negócios

ANÁLISE DOS REQUISITOS NORMATIVOS PARA A GESTÃO DE MEDIÇÃO EM ORGANIZAÇÕES

Como ter confiança em um Organismo de Inspeção? É necessária certificação ABNT NBR ISO 9001 ou acreditação ABNT NBR ISO/IEC 17020?

TRANSIÇÃO DA ISO 9001:2000 PARA ISO 9001:2008 DOCUMENTO SUMÁRIO DE ALTERAÇÕES ALTERAÇÕES QUE PODEM AFECTAR O SISTEMA

Processo de Implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade

SÉRIE ISO SÉRIE ISO 14000

Pós-Graduação em Gerenciamento de Projetos práticas do PMI

MUDANÇAS NA ISO 9001: A VERSÃO 2015

Marcos Antonio Lima de Oliveira, MSc Quality Engineer ASQ/USA Diretor da ISOQUALITAS

GARANTIA DA QUALIDADE DE SOFTWARE

ISO IEC. Normas Regionais MERCOSUL CEN COPANT. Normas Nacionais ABNT, BSI, AFNOR, DIN, JISE. Normas internas das empresas

ISO 9001:2008 Item 6 - Gestão de Recursos

Banco de Interpretação ISO 9001:2008. Gestão de recursos seção 6

SISTEMA ISO Ghislaine Miranda Bonduelle UFPR/DETF

ISO 9001:2008. A International Organization for Standardization (ISO) publicou em a nova edição da Norma ISO 9000:

ISO 9001:2015 Nos preparando para recebê-la! 4 - Contextualizando a organização 6 - Planejamento

Grupo de Coordenação da Transição da Administração da IANA Solicitação de Propostas

AUDITORIA DE DIAGNÓSTICO

ISO Estrutura da norma ISO 14001

SGQ 22/10/2010. Sistema de Gestão da Qualidade. Gestão da Qualidade Qualquer atividade coordenada para dirigir e controlar uma organização para:

EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO

SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE. Isac Aguiar isacaguiar.com.br

NORMA NBR ISO 9001:2008

QUALIDADE DE SOFTWARE. Ian Sommerville 2006 Engenharia de Software, 8ª. edição. Capítulo 27 Slide 1

ORIENTAÇÕES PARA A SELEÇÃO E CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE CONSULTORIA, TREINAMENTO E CERTIFICAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE

ISO 9001: SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE

CONSULTORIA. Sistema de Gestão ISO Lean Esquadrias

4 Metodologia da Pesquisa

Sistemas de gestão da qualidade - Requisitos

Por que sua organização deve implementar a ABR - Auditoria Baseada em Riscos

CÓPIA NÃO CONTROLADA. DOCUMENTO CONTROLADO APENAS EM FORMATO ELETRÔNICO. PSQ PROCEDIMENTO DO SISTEMA DA QUALIDADE

PROCEDIMENTO GERENCIAL

ARCO - Associação Recreativa dos Correios. Sistema para Gerenciamento de Associações Recreativas Plano de Desenvolvimento de Software Versão <1.

ISO 9001:2015 Avaliações de Transição Manual do Cliente

Departamento de Engenharia. ENG 1090 Introdução à Engenharia de Produção

MASTER IN PROJECT MANAGEMENT

Tradução livre Uso Exclusivo em Treinamento

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO EPR 16 - SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE

Pós-Graduação em Gerenciamento de Projetos práticas do PMI

Copyright Proibida Reprodução. Prof. Éder Clementino dos Santos

ECS -ASSESSORIA E CONSULTORIA TÉCNICA. ISO 14001:2015 Tendências da nova revisão

CICLO DE EVENTOS DA QUALIDADE

Gestão da Qualidade Políticas. Elementos chaves da Qualidade 19/04/2009

Importância da normalização para as Micro e Pequenas Empresas 1. Normas só são importantes para as grandes empresas...

Referências internas são os artefatos usados para ajudar na elaboração do PT tais como:

Módulo 5 Interpretação da norma NBR ISO 19011:2002 requisitos: 7, 7.1, 7.2, 7.3, 7.3.1, 7.3.2, 7.3.3, 7.3.4, 7.4, 7.4.1, 7.4.2, 7.4.3, 7.4.4, 7.

NORMA NBR ISO 9001:2008

FORMAÇÃO DE AVALIADORES DE SGI PELAS NORMAS DE GESTÃO DE QUALIDADE, SMS E RESPONSABILIDADE SOCIAL

MANUAL DA QUALIDADE MQ-01

ISO Aécio Costa

Sistemas de Gestão da Qualidade. Introdução. Engenharia de Produção Gestão Estratégica da Qualidade. Tema Sistemas de Gestão da Qualidade

Governança de TI. ITIL v.2&3. parte 1

A importância da Manutenção de Máquina e Equipamentos

- Revisão das normas ISO 9000 para o ano

Sistema de Gestão da Qualidade -Requisitos

ABNT NBR ISO 9001:2008

Processos de gerenciamento de projetos em um projeto

Certificação ISO. Dificuldades, vantagens e desvantagens. Marcelo Henrique Wood Faulhaber, Med. Pat. Clin., MBA

Os processos. Auditorias internas. Requisitos ISO 9001 S1E1

Transcrição:

QSP Informe Reservado Nº 52 Novembro/2005 Auditando processos de feedback de clientes Tradução para o português especialmente preparada para os Associados ao QSP. Este guindance paper foi elaborado pelo Grupo de Práticas de Auditoria ISO 9001, o qual é composto por especialistas do ISO/TC 176 e do IAF.

International Organization for Standardization International Accreditation Forum Grupo de Práticas de Auditoria ISO 9001 Auditando processos de feedback de clientes 1) Introdução O processo de feedback de clientes é uma parte crítica do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), devendo portanto receber a devida atenção durante a realização de auditoria. O feedback de clientes é um dos principais indicadores de desempenho, que pode ser usado para avaliar a eficácia geral do SGQ. Por isso, é importante verificar se: a) os canais de comunicação com o cliente promovem uma conscientização adequada do processo que será usado pelos clientes para feedback; b) as entradas do processo de feedback de clientes incluem dados pertinentes, representativos e confiáveis; c) esses dados são analisados com eficácia; e d) a saída desse processo fornece informações úteis para a análise crítica pela alta direção, e para os outros processos do SGQ, para aumentar a satisfação do cliente e direcionar a melhoria contínua. 2) Quais são os requisitos? 2.1) O objetivo geral da ISO 9001:2000, conforme enunciado na seção 1.1, é especificar requisitos para o Sistema de Gestão da Qualidade, usado para: a) demonstrar capacidade de fornecer regularmente produtos que atendam aos requisitos dos clientes e aos requisitos regulamentares aplicáveis; e b) aumentar a satisfação do cliente através da aplicação eficaz do sistema, incluindo processos para melhoria contínua do sistema e a garantia de conformidade com os requisitos dos clientes e com os requisitos regulamentares aplicáveis. 2.2) A seção 7.2.3. diz que a organização deve determinar e tomar providências eficazes para se comunicar com os clientes em relação a... realimentação (feedback) do cliente, incluindo suas reclamações. 2.3) A seção 8.2.1 da ISO 9001:2000 declara:

Como uma das medições de desempenho do sistema de gestão da qualidade, a organização deve monitorar informações relativas à percepção do cliente sobre se a organização atendeu aos requisitos do cliente. Os métodos para obtenção e uso dessas informações devem ser determinados. O documento do ISO/TC 176 com diretrizes sobre terminologia (ISO/TC176/SC2/N526R) enfatiza que monitorar significa observar, supervisionar, manter sob análise crítica; medir ou testar em intervalos. É importante que o auditor reconheça que não há requisitos específicos na seção 8.2.1 da ISO 9001:2000 exigindo a realização de pesquisas formais ou medições da satisfação de clientes, embora seja evidentemente uma ferramenta útil para monitorar a opinião do cliente. Por isso, é importante tentar ver as coisas da perspectiva do cliente e monitorar a opinião do cliente. A medição da satisfação do cliente pode ser apropriada em algumas situações, mas não é um requisito direto da norma. NOTA: Além dessas referências específicas ao processo de feedback de clientes, há uma série de referências indiretas em toda a norma, que o auditor deve levar em conta. Alguns exemplos são o feedback como parte do processo de projeto e desenvolvimento, do processo de validação e outros. 3) O que deve ser abordado na auditoria de processos de feedback de clientes? O feedback de clientes é um processo. Deve ser auditado como processo, e não como seção da norma. Deve-se realizar também uma avaliação sobre a forma como o processo é gerenciado (ver seção 4.1.c da ISO 9001:2000) e sua capacidade de prover informações significativas com as quais seja possível avaliar a eficácia geral do SGQ. Cabe à organização definir a forma de se obter esse feedback ( o método ). O auditor deve, portanto, estar consciente dos vários fatores que podem afetar a abordagem da organização e reconhecer que não existe uma receita fixa. Deve-se dar a devida atenção a fatores como: tamanho e complexidade da organização; grau de sofisticação de produtos e clientes; riscos associados com o produto; diversidade da base de clientes. 3.1) Antes da auditoria do processo de feedback de clientes (estágio de preparação) O auditor deve estar ciente das características específicas dos produtos da organização que possam causar impacto na satisfação do cliente. No decorrer da auditoria, o auditor deve estar alerta para indicações que possam sugerir satisfação ou insatisfação do cliente, podendo servir como entrada para a auditoria do processo de feedback de clientes. Algumas boas fontes desse tipo de informação podem incluir, por exemplo: mercadorias devolvidas pelo cliente; reclamações sobre garantia; faturas revisadas;

notas de crédito; artigos na mídia; sites de consumidores; observação direta do cliente ou comunicação com o cliente (por exemplo, numa organização de serviços). 3.2) Durante a avaliação do processo Estas são algumas das questões que o auditor deve abordar durante a auditoria do processo de feedback de clientes: a) Qual é a saída desejada para esse processo? Que informações estão realmente disponíveis sobre a opinião dos clientes? Como essas informações são utilizadas pela direção para direcionar melhorias em produtos, processos e SGQ? Todas as categorias de clientes são abrangidas por essas informações? É importante relembrar que a organização pode ter mais de uma categoria de cliente ver a definição de cliente na seção 3.3.5 da ISO 9000:2000. Por exemplo, um fabricante pode vender para atacadistas, que depois vendem para varejistas, que por sua vez vendem para o público em geral. Nesse caso, pode ser necessário abranger os três tipos de cliente, sendo que cada um pode ter uma opinião diferente. A organização poderá estar satisfazendo um grupo e desagradando outro. b) Como são coletados os dados para alimentar o processo? Há muitas formas de monitorar a opinião dos clientes. O auditor deve evitar idéias preconcebidas sobre como fazer isso. Eis alguns exemplos de técnicas que podem ser usadas pela organização: avaliações face a face, que podem ser apropriadas em muitas organizações de serviços como, por exemplo, hotéis ( Como foi sua estadia no nosso hotel? ) ou restaurantes ( Espero que tenha gostado do jantar ); ligações telefônicas ou visitas feitas periodicamente ou após a entrega de produtos e serviços; questionários ou pesquisas realizadas pela própria organização ou por institutos independentes de pesquisa de mercado; outros contatos com clientes como, por exemplo, através do pessoal de serviço ou instalação; questionários internos entre o pessoal responsável pelo contato com os clientes; avaliação da clientela fiel; monitoramento de contas recebidas, reclamações sobre garantia, etc.; análise de reclamações de clientes. Muitas vezes, as reclamações são o único feedback espontâneo recebido de clientes, devendo ser analisadas no que se refere a tendências,

principais interesses, impactos, etc. Deve-se ressaltar, porém, que as reclamações de clientes não podem ser a única entrada para o monitoramento da opinião dos clientes. Além disso, o auditor deve evitar chegar a conclusões, a não ser pela análise de reclamações individuais específicas estas devem ser sempre colocadas no contexto do impacto geral sobre o SGQ. c) Qual o nível de confiabilidade dessas informações? O ideal seria que a organização monitorasse as opiniões de todos os clientes. Porém, os custos dessa atividade seriam proibitivos. Portanto, é necessário verificar os critérios usados na amostragem de clientes, para garantir que seja representativa e reflita os riscos tanto da organização como dos clientes; O auditor deve procurar verificar as informações fornecidas, comparando com outras evidências obtidas no decorrer da auditoria (ver item 3.1); Em alguns casos, talvez seja bom verificar as informações diretamente junto aos clientes da organização, embora seja necessária uma certa diplomacia ao se fazer isso. d) Como são analisados os dados? Simplesmente coletar dados sobre a opinião dos clientes não é suficiente o auditor deve completar o processo para verificar como os dados são analisados (ver seção 8.4 da ISO 9001:2000) e que conclusões são tiradas com respeito à eficácia do SGQ. o Há tendências? o A situação está estável, melhorando ou se deteriorando? o As necessidades e expectativas dos clientes estão mudando? Embora não seja um requisito da ISO 9001:2000, talvez seja apropriado perguntar à organização sobre comparações de setores ou atividades de benchmarking, a fim de colocar o feedback de clientes em perspectiva. e) Como as informações geradas por esse processo entram como feedback para o SGQ no geral? A organização deve usar os resultados do processo de feedback de clientes para desencadear ações corretivas e/ou preventivas e como uma das medidas gerais do desempenho do SGQ. A forma como esses processos interagem também deve ser submetida à auditoria. O auditor deve ser capaz de reconhecer se a saída do processo de feedback constitui uma importante entrada para um outro processo do SGQ como, por exemplo, processos de análise de dados, análise crítica pela direção e melhoria contínua. O auditor que se esforça para agregar valor tentará assegurar-se de que a organização reconhece os benefícios de um sólido processo de feedback de clientes e incentivará a organização a ir além do simples atendimento dos requisitos da norma, sem exigir.

f) Qual a ligação com os outros processos do SGQ? O auditor deve reconhecer que o processo de feedback de clientes tem importantes ligações e interfaces com vários dos outros processos do SGQ, incluindo as seguintes seções da norma (mas não se limitando a elas): 5.6 Análise crítica pela direção 7.5.2 Validação dos processos de produção e fornecimento de serviço 7.2.3 Comunicação com o cliente 7.3.6 Validação de projeto e desenvolvimento 7.3.7 Controle de alterações de projeto e desenvolvimento. Tradução: Marily Sales dos Reis. Revisão e adaptação: Francesco De Cicco. QSP, 2005. ISO & IAF 2004 All rights reserved www.iaf.nu; www.iso.rog/tc176/iso9001auditingpracticesgroup