PERFIL DOS TÉCNICOS QUE DESENVOLVEM PRODUTOS ALIMENTÍCIOS. TECHNICAL PROFILE OF PEOLE WORKING WITH NEW PRODUCT DEVELOPMENT.



Documentos relacionados
MELHORES PRÁTICAS EM DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS. PARTE 2 FATORES DE ORGANIZAÇÃO DO PROJETO DE DNP

MELHORES PRÁTICAS EM DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS

Capacitação e Especialização de Consultores Empresariais

Engenharia de Sistemas e Software Objetivos: Apresentar os métodos, técnicas e ferramentas para desenvolvimento e manutenção de sistemas e software.

PROGRAMA DE COACHING & GERAÇÃO Z GESTÃO DE CARREIRA

Ampla Gestão de Pessoas: Treinamento e desenvolvimento dos funcionários no turismo

CPGP 2016 CONGRESSO PARANAENSE DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS CHAMADA DE TRABALHOS

1 Introdução. 1.1 Justificativa

GESTÃO DA QUALIDADE: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE APOIO PORTUÁRIO

Tool. Initial Change Description. (English and Brazilian Portuguese) 2012 Changefirst Limited

GESTÃO DE NEGÓCIOS E PROJETOS

DEFINIÇÕES DE RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS Interpersonal Relationship Definition

3 METODOLOGIA Tipo de Pesquisa

Unidade IV PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE. Prof. Luís Rodolfo

Tipologia dos Escritórios de Projeto

Informação nos Últimos 45 Anos

O PERFIL DOS MICROS E PEQUENOS EMPREENDEDORES DE ERVÁLIA-MG. Natália Aparecida Lopes, Maria Del Pilar Salinas Queiroga

Práticas de desenvolvimento de novos produtos alimentícios na indústria paranaense *

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Desenvolvendo líderes e transformando empresas para um mundo melhor

Palavras chave: trabalho colaborativo, desenvolvimento profissional, articulação curricular, tarefas de investigação e exploração.

PLANO DE CARREIRA CONSOLIDAÇÃO DO PROFISSIONAL COMO CONSULTOR (CONT.) CONSOLIDAÇÃO DO PROFISSIONAL COMO CONSULTOR. Tripé: Sustentação conceitual;

Produção mais limpa nas pequenas e micro empresas: elementos inibidores

Os Aspectos Organizacionais Relacionados à Realização de Novos Negócios e Parcerias o caso Petrobras

Uso combinado do AHP e do FMEA para análise de riscos em gerenciamento de projetos

Soluções em Recursos Humanos, Treinamento e Conhecimento

BUSINESS & LAW FACULTY FCES Faculdade Ciências Empresariais E Sociais

SITUAÇÃO PROFISSIONAL DOS ALUNOS DO CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA DA UNIVERSIDADE POSITIVO

IVAN CARLOS PALUDO Engenheiro Mecânico (UFRGS) e Engenheiro Metalúrgico (UFRGS); Pós-graduação em Engenharia e Segurança do Trabalho (UFRGS);

DESENVOLVIMENTO & TREINAMENTO: PASSO A PASSO PARA TORNÁ-LO EFICIENTE

Capítulo 19 Resumo. QVT Qualidade de vida no trabalho

TRANSFORMANDO SONHOS E IDEIAS EM REALIDADE. Ative-se!

ILSC AUSTRÁLIA. Brisbane. Sydney. Melbourne PROGRAMAS

FEDERAL UNIVERSITY OF RIO DE JANEIRO THIAGO BRANDÃO DA CUNHA

Pós-Graduação Lato Sensu a Distância. 1º semestre 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS - PPGCC FICHA DE DISCIPLINA

COMO O CLIMA ORGANIZACIONAL VAI ATRAIR OS MELHORES TALENTOS PARA A SUA EMPRESA

PORTFÓLIO DE SERVIÇOS

Faculdade de Tecnologia SENAI Belo Horizonte

global trainee program

UNIFIEO CENTRO UNIVERSITÁRIO FIEO. A subjetividade na construção do secretariado executivo CATHIA PETRONI

Palavras-chave: Organização sem fins lucrativos. Administrador de organização sem fins lucrativos. Terceiro setor.

ATUAÇÃO DO GERENTE DE PROJETOS EM EMPRESAS DE PORTES VARIADOS NO BRASIL - VISÃO DE STAKEHOLDERS INTERNOS

REVIEW OF SOCIAL RESPONSIBILITY CAPACITY OF SANITATION COMPANY OF SAO PAULO STATE: A STUDY OF DATA BY SIDE

Planejamento Estratégico de Uma Pequena Empresa do Ramo de Panificação

Disciplinas do curso

WILSON DE CASTRO HILSDORF A INTEGRAÇÃO DE PROCESSOS NA CADEIA DE SUPRIMENTOS E O DESEMPENHO NO SERVIÇO AO CLIENTE: UM ESTUDO NA CADEIA CALÇADISTA

INOVAÇÃO: A COMPREENSÃO DOS ENVOLVIDOS COM O ENSINO SUPERIOR EM BRASÍLIA

DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL: QUALIDADE E CLIMA ORGANIZACIONAL NO TRABALHO EM UM RESTAURANTE DA CIDADE DE JOÃO PESSOA

Panorama da Inovação no Brasil. Hugo Ferreira Braga Tadeu 2014

USO DA INTRANET COMO FERRAMENTA DE GESTÃO ESTRATÉGICA DA INFORMAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA ALFA

Transform your People s Talent into Business Value

UM ESTUDO BIBLIOMÉTRICO EM BASE DE DADOS INTERNACIONAIS 1 A BIBLIOMETRIC STUDY BASED ON INTERNATIONAL DATA

DEFININDO SUCESSO EM PROJETOS

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE PARCERIAS EM EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Análise comparativa de três centros de desenvolvimento de produtos do setor automobilístico A maturidade em gestão de projetos

Uma Investigação sobre a Relevância de Valores Organizacionais em Iniciativas de Melhoria de Processo de Software

Palavras-chave: Engenharia de Telecomunicações, Engenharia de Alimentos, Processo ensino-aprendizagem, investigação, avaliação.

INSTITUTOS NACIONAIS DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA INCT 2º SEMINÁRIO DE ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETO Formulário para Consultor Ad hoc

Ascensão do Profissional de Gestão de Projetos aos Níveis Estratégicos. Giulliano Polito

As Inteligências: arsenal de competitividade e conhecimento para vencer a guerrilha empresarial

HOME OFFICE MANAGEMENT CONTATO. Telefone: (11) A MELHOR FORMA DE TRABALHAR

Módulo Autoconhecimento

SATISFAÇÃO NO TRABALHO: UM ESTUDO DE CASO NA VENCAL CALÇADOS IJUÍ/RS 1

Fornecer exemplos dos principais tipos de sistemas de informação a partir de suas experiências com empresas do mundo real.

ECR LATIN AMERICA PRESENTATION OF PERFORMANCE MONITOR RESULTS

EMENTÁRIO DAS DISCIPLINAS DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE NEGÓCIOS

INFLUÊNCIA DA GESTÃO ESTRATÉGICA DE PORTFÓLIOS DE PROJETOS NO DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO

ROTATIVIDADE EM UMA EMPRESA DO SEGMENTO EDUCACIONAL

Grade Horária de Provas Intermediárias Administração e Ciências Econômicas

NABARRETE, Tatiane Souza 1 <fabrimana@gmail.com> BARELLA, Lauriano Antonio² <barella28@hotmail.com> 1 INTRODUÇÃO

Universidade do Minho. Escola de Engenharia. UC transversais Programas Doutorais 1º semestre de outubro 2012

1. INTRODUÇÃO Contextualização do Problema

Compartilhar experiências e conhecimento.

CULTUR, ano 10 - nº 02 Jun/2016 Acesso: EDIÇÃO ESPECIAL: DESTINOS TURÍSTICOS INTELIGENTES

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Compras de itens não críticos: implementação no nível operacional e práticas em uma empresa de petróleo

SUMÁRIO 1. OBJETIVO ABRANGÊNCIA...2

Fatores críticos de sucesso no desenvolvimento de produtos: comparações entre empresas brasileiras de base tecnológica

Artigo Acadêmico Realizado no Curso de Graduação em Ciências Econômicas, UFSM. 2

CURSO: MBA EM DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS COM ÊNFASE EM COMPETÊNCIAS

Treinamento Presencial: Spend Analysis para Compras. Data: 22 de Junho de 2016 Carga horária: 8 horas Local: São Paulo/ SP

Academia Project Manager

AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO UNIVERSIDADE-EMPRESA NA ÁREA INDUSTRIAL DE ALIMENTOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA

Fasci-Tech. Customização de Aplicativo de Gestão Para o Micro-empreendedor do Setor Manufatureiro

Integração na cadeia de suprimentos de uma organização. Celso L D Fragoso

MVR MARKETING & CONSULTING

Tendências em Sistemas de Informação

Aula 2 Estágios de Uso Estratégico dos Sistemas de Informaçã

Master Executive Coach

Planos de Negócios que Dão Certo

ENGENHARIA SIMULTÂNEA DE SISTEMAS: ESTUDO DE CASO DO DESENVOLVIMENTO DE UM AUTOMÓVEL "VERDE"

Gerenciamento de projetos no âmbito da Economia Criativa Um estudo de caso das Incubadoras Rio Criativo

feiras congressos 2016

Inválido para efeitos de certificação

Aplicação das Melhores Práticas de Gestão de Performance Percepção sobre os Obstáculos ao Desempenho Uma visão Latino-americana

Treinamento e Desenvolvimento

Negociação Estratégica e Gestão de Conflitos Porque Educação Executiva Insper Cursos de Curta e Média Duração Educação Executiva

Business & Executive Coaching - BEC

Transcrição:

125 PERFIL DOS TÉCNICOS QUE DESENVOLVEM PRODUTOS ALIMENTÍCIOS. TECHNICAL PROFILE OF PEOLE WORKING WITH NEW PRODUCT DEVELOPMENT. WILLE¹, G. M. F. C.; WILLE², S. A. C.; FREITAS³, R. J. S. de; HARACEMIV³, S. M. C.; PENTEADO 4, P. T. P. da S. 1 Aluna de doutorado do Programa de Pós-graduação em Tecnologia de Alimentos- PPGTA- da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR. gracewille@netpar.com.br 2 Professor Doutor da FAE Business School, Curitiba, Paraná. silviowille@projexpert.com.br. 3 Professores Doutores do PPGTA- UFPR- Curitiba, Paraná. freitas@ufpr.br, 4 Professora Doutora do Departamento de Farmácia da UFPR. ppenteado@ufpr.br Recebido em: 07/2004 Aprovado em: 08/2004 RESUMO O sucesso em desenvolvimento de novos produtos (DNP) tem se tornado indicador importante do sucesso organizacional e depende fundamentalmente das pessoas com ele envolvidas. Este trabalho buscou traçar o perfil das pessoas que trabalham com DNP de alimentos no Estado do Paraná e descobrir quais temas podem ser introduzidos no currículo desses profissionais para ajudalos a desempenhar melhor suas tarefas. Palavras-chave: indústrias de alimentos no Paraná- BR, desenvolvimento de novos produtos, perfil profissional em desenvolvimento de produto alimentício. ABSTRACT The success in new product development (NPD) has become an important indicator of organizational success and it depends primarily upon the people involved on its tasks. The purpose of this work was to identify the profile of people working in food DNP in the Parana State and which subjects could be taught in the Universities in order to help them dealing with the responsibilities of the job. Key Words: Food industry in Paraná-BR, new product development; technical profile of product development. 1. INTRODUÇÃO O sucesso em desenvolvimento de novos produtos (DNP) tem se tornado indicador importante do sucesso organizacional das empresas das diversas áreas (DOOLEY, SUBRA e ANDERSON, 2001). Investir no processo de DNP pode levar a uma vantagem competitiva da empresa e, para realizar esse trabalho, é preciso pessoas motivadas e com conhecimento técnico e gerencial apropriados (WHITE e FORTUNE, 2002). O tipo de pessoas e especialistas necessários para executar o DNP tem sido tratado superficialmente na literatura científica estrangeira (JOHNE e SNELSON, 1988, BELOUT e GAUVREAU, 2004) e quase inexiste na literatura nacional. Muitos estudos apontam para a organização dos trabalhos de desenvolvimento com equipes multifuncionais e multidisciplinares como fator crítico de sucesso do projeto (COOPER e KLEINSCHMIDT, 1995; HAUPMAN e HIRJI, 1996; GRIFFIN, 1997; ROSENAU, 1999; BONNER, RUEKERT e WALKER JR, 2002; TENNANT e ROBERTS, 2003). Para os indivíduos com treinamento exclusivamente técnico pode parecer que a natureza humana e os objetivos profissionais estejam em constante conflito com as práticas de desenvolvimento de novos produtos. Como fazer trabalhar uma equipe com pessoas de áreas de conhecimento e percepções tão diversas? Como superar a resistência natural às mudanças, inerentes aos processos de inovação, no ambiente de trabalho? Todos esses problemas colocam ainda outro dilema aos educadores das áreas tradicionalmente com vocação para o desenvolvimento de novos produtos: como treinar e educar alunos de

126 graduação e pós-graduação para enfrentar um ambiente tão múltiplo e complexo como o de DNP? É importante traçar o perfil das pessoas envolvidas com DNP para tentar identificar pontos em comum, a serem complementados na educação e treinamento de pessoas envolvidas nesse mètier. O gerenciamento de projetos tem duas dimensões: uma técnica, que compreende os processos e práticas que fazem parte integral do gerenciamento do projeto, e a parte humana, que incluí não somente as pessoas que estão envolvidas no projeto, mas também os seus talentos e conhecimentos (COOKE - DAVIES e ARZYMANOW, 2003). No que concerne a projetos, são pessoas que fazem as coisas acontecerem. Não importa quanto recurso físico se tenha, sem o recurso humano qualificado para utilizá-lo não se realizam projetos novos. Os recursos humanos abrangem os conhecimentos, habilidades, capacidades e talentos de todos os envolvidos nos projetos e nas operações da empresa (KERZNER, 2000). No Paraná, um estudo do IPARDES (1999) com indústrias de alimentos de micro, pequeno, médio e grande portes mostrou baixos níveis de educação formal de empregados no ramo, com 67,5% possuindo no máximo 2º grau completo e com pouco ou nenhum investimento em treinamento, e mostrou também um tipo de cultura empresarial pouco voltada à Pesquisa e Desenvolvimento, onde apenas 11% da empresas mantinham laboratório próprio para esse fim. Este trabalho buscou pesquisar nas indústrias paranaenses de alimentos, de médio e grande porte, qual o perfil das pessoas encarregadas de DNP, o tipo de complementação de estudos que fizeram para atuar na área de P&D e, na opinião delas, quais seriam as disciplinas que poderiam ser introduzidas nas Universidades que viessem a facilitar o trabalho que desempenham no momento. 2. METODOLOGIA A pesquisa realizada foi do tipo descritiva, com delineamento do tipo levantamento, no período de dezembro de 2003 a abril de 2004. Os critérios que determinaram a seleção das indústrias envolvidas nessa pesquisa foram: possuir uma equipe de DNP trabalhando na planta sitiada no referido Estado e ter lançado no mínimo dois produtos no mercado consumidor nos últimos dois anos. Pesquisaram-se 105 indústrias de alimentos de médio e grande porte, cadastradas na Federação das Indústrias do Estado do Paraná FIEP, visando identificar quais possuíam departamento de desenvolvimento de produtos no Estado do Paraná. Foram identificadas 36 indústrias, para as quais foram enviados os questionários da pesquisa a serem respondidos por pessoas diretamente envolvidas com o processo de DNP e escolhidas em entrevistas telefônicas anteriores ao envio do mesmo. Dessas, 17 devolveram o questionário preenchido (47,2% da população). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nessa pesquisa foi observado que entre as 105 indústrias de alimentos de médio e grande portes, a proporção de empresas que mantém laboratório de P&D é de 34,8%, portanto maior que os 11,1% encontrados pela pesquisa do IPARDES (1999) com 207 indústrias

127 de alimentos de micro, pequeno, médio e grande portes. Quanto à formação dos respondentes na presente pesquisa, todos tinham curso superior completo, sendo a engenharia de alimentos a profissão mais comum, seguida das profissões farmacêutica, química industrial e engenharia química (Figura 1). FIGURA 1 PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS COM DNP DE ALIMENTOS - PARANÁ- 2004 FONTE: Pesquisa de Campo - WILLE, G.M.F.C., 2004 É importante destacar o número considerável de respondentes com especialização, mestrado e doutorado, atingindo 71% do total de respondentes (Figura 2). Este número pode indicar uma exigência maior do mercado de trabalho, o que seria um excelente indício de que há um esforço, por parte das indústrias, na busca de mudança tecnológica. Também se deve trabalhar com a hipótese de estar indicando uma maior propensão, por parte das pessoas que já passaram pela experiência de elaborar suas monografias, teses e dissertações, em colaborar com pesquisas, não sendo assim representativa de uma tendência da industria de modo geral, mas, uma particularidade do grupo estudado. De qualquer modo os respondentes com pós-graduação representam 33,3% do total da população de 36 empresas de alimentos selecionadas nessa pesquisa. No estudo do IPARDES (1999) foi observado que 53% das indústrias investiram em treinamento de pessoal. Nesse estudo, somente com empresas de médio e grande porte que possuíam laboratório de DNP, 53% manifestaram a percepção de que as empresas incentivavam o treinamento fora da empresas, no entanto somente 12% declararam que a empresa não paga as custas de treinamento externo, enquanto os outros 88% recebem algum tipo de ajuda da empresa para efetuar treinamentos, portanto, embora aparentemente não incentivem, as indústrias investiram no treinamento de seus empregados. FIGURA 2 NÍVEL DE INSTRUÇÃO DOS RESPONDENTES

128 Os cursos de especialização realizados pelos respondentes mantêm distribuição homogênea entre os assuntos ligados às áreas de ciências sociais aplicadas e áreas técnicas. São eles: produtos naturais, gestão de qualidade e produtividade, marketing, gestão empresarial e administração industrial. Os mestrados e doutorados se concentram em áreas técnicas, a saber : tecnologia química, tecnologia de alimentos, ciências de alimentos e nutrição animal. Segundo KERZNER (2002), à medida que a empresa evolui na gestão de projetos existe uma maior busca por treinamento na área comportamental. Esse dado é compatível com a distribuição dos cursos técnicos e de ciências humanas na população estudada. Os cargos exercidos pelos pesquisados dentro das indústrias podem ser vistos na Tabela 1 e mostram que, embora a maioria tenha feito curso de graduação em área eminentemente técnica (à exceção de direito e pedagogia), os respondentes exercem hoje cargos administrativos. TABELA 1 CARGOS EXERCIDOS PELOS RESPONDENTES NA INDUSTRIA CARGO Supervisão em P&D Supervisão de Controle de Qualidade Diretor técnico Gerente de marketing Gerente comercial Gerente de novos negócios Consultor do departamento técnico PORCENTAGEM DOS RESPONDENTES 41,2 29,4 Quando questionados sobre quais as disciplinas, temas ou linhas de pesquisa as Universidades deveriam incluir em seus currículos para melhorar o desempenho dos profissionais que atuam na área de Desenvolvimento de Produtos, responderam listando sete temas na área de ciências humanas e sociais aplicadas e cinco temas na área técnica, discriminados na Tabela 2. TABELA 2 TEMAS SUGERIDOS PARA COMPLEMENTAR A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS TEMAS SUGERIDOS 1. Análise de custos junto c/ desenvolvimento* 2. Informática (gestão de projetos)* 3. Metodologia científica* 4. Análise estatística em P&D* 5. Novos ingredientes* 6. Técnicas de criatividade# 7. Marketing integrado# 8. Visão administrativa (de mercado)# 9. Liderança e motivação# 10.Gestão de desenvolvimento de produtos# 11.Relação interpessoal# 12.Gestão de projetos# NOTA: * Temas da área técnica # Temas das áreas de ciências sociais aplicadas ¹Foi admitida mais de uma resposta para a questão % DE MENÇÃO¹ 17,6 29,4

129 4. CONCLUSÃO Para trabalhar com desenvolvimento de novos produtos é preciso uma equipe multidisciplinar voltada para o trabalho com projetos, pois cada produto novo é um novo projeto. Diversas são as profissões com vocação e habilidade para desenvolver produtos dentro das industrias de alimentos. A procura por complementação de estudos nas áreas de ciências sociais aplicadas evidencia uma falha na formação dos técnicos voltados para o desenvolvimento de produtos. A gestão de pessoas com diferentes pontos de vista sobre o mesmo problema exige habilidades pessoais que não estão sendo muito bem desenvolvidas pelas profissões técnicas nas Universidades, sendo este o primeiro impacto dos técnicos ao iniciar carreira em DNP. Além disso, para ascender na carreira, muitos técnicos precisam se tornar gerentes ou diretores, e, embora muito bem preparados nas suas áreas técnicas de atuação, ao mudar o enfoque da profissão sentem a necessidade de melhor preparo nas áreas que envolvem as relações interpessoais e o trato com pessoas. Estes problemas se apresentam como oportunidades atuais de mudanças ou acréscimos em currículos nas Universidades. Os técnicos que trabalham com desenvolvimento de novos produtos estão continuamente buscando aperfeiçoamento nas áreas afins, tanto técnicas quanto sociais, abrindo assim oportunidades para cursos de formação continuada e para mudanças de currículo. REFERÊNCIAS BELOUT, A.; GAUVREAU, C. Factors influencing project success: the impact of human resource management. International Journal of Project Management. New York, v. 22, n.1, p. 1-11. 2004. BONNER, J.M.; RUEKERT, R.W.; WALKER JR, O.C. Upper management control of new product development projects and project performance. Journal of Product Innovation Management. New York, v. 19, n.3, p. 233-245. 2002. COOKE-DAVIES, T.J.; ARZYMANOW, A. The maturity of project management in different industries: An investigation into variations between project management models. International Journal of Project Management. Oxford, v. 21, n.4, p.471-478. 2003. COOPER, R. G.; KLEINSCHMIDT, E.J. Benchmarking firm s critical success factors in new product development. Journal of Product Innovation Management. New York, v. 12, n. 5, p. 374-391. 1995. DOOLEY, K.; SUBRA, A.; ANDERSON, J. Maturity and its impact on new product development project performance. Research in Engineering Design, Heildelberg, v.13, n.1, p. 23-29. 2001. GRIFFIN, A. PDMA research on new product development practices: updating trends, and benchmarking best practices. Journal of Product Innovation Management. New York, v. 14, n. 6, p. 429-458.1997. HAUPTMAN, O.; HIRJI, K. The influence of process concurrency on project outcomes in product development: an empirical study of cross-functional teams. IEEE Transactions on Engineering Management. Newark- New Jersey, v. 43, n. 2, p. 153-164. 1996. IPARDES. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Panorama, tendências e competitividade das industrias de alimentos e bebidas do Paraná.Curitiba: IPARDES. 1999. 26 p. Resumo Executivo. JOHNE, F.A.; SNELSON, P.A. Success factors in product innovation: a selective review of the literature. Journal of Product Innovation Management. New York, v.5, n.2, p.114-128, 1988. KERZNER, H. Gestão de projetos: as melhores práticas. Porto Alegre: Bookman, 2002. 519p. ROSENAU JR, M. D. Successful product development: speeding from opportunity to profit. New York: John Wiley & Sons, Inc, 1999. 208 p. TENNANT, C.; ROBERTS, P. The creation and application of self-assessment process for new product introduction. International Journal of Project Management. Oxford, v. 21, n. 1, p. 77-87. 2003. WHITE, D.; FORTUNE, J. Current practices in project management an empirical study. International Journal of Project Management. Oxford, v.20, n.1, p.1-11. 2002.