RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 744.732 RIO GRANDE DO SUL RELATOR : MIN. LUIZ FUX RECTE.(S) :CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S/A - ADV.(A/S) RECDO.(A/S) ADV.(A/S) ELETROBRÁS : LEANDRO BARATA SILVA BRASIL E OUTRO(A/S) :FUZINATTO EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA :VALÉRIA WALTRICK PIRES DE SOUZA RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO. ENERGIA ELÉTRICA. AÇÕES DA ELETROBRÁS. CORREÇÃO MONETÁRIA. DEBATE SOBRE A PRESCRIÇÃO. INVIABILIDADE. MATÉRIA DE FUNDO COM REPERCUSSÃO GERAL REJEITADA PELO PLENÁRIO DO STF NO AI Nº 810097 E NO AI Nº 735933. CONTROVÉRSIA DE ÍNDOLE INFRACONSTITUCIONAL. DESPROVIMENTO. 1. O Plenário virtual do STF, na análise dos Agravo de Instrumento nºs 810097 e 735.933, ambos da Relatoria do Min. Gilmar Mendes, reputou ausente a repercussão geral das questões relativas à responsabilidade solidária da União e aos critérios de restituição e correção monetária dos empréstimos compulsórios sobre o consumo de energia elétrica, por se tratarem de controvérsias de natureza infraconstitucional. 2. In casu, o Tribunal a quo prolatou acórdão
cuja ementa restou assim editada: APELAÇÃO CÍVEL. DEMANDA QUE VISA A CONDENAÇÃO DA ELETROBRÁS A EMITIR CERTIFICADOS DE AÇÕES DECORRENTES DA CONVERSÃO DE CRÉDITOS DO EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO SOBRE ENERGIA ELÉTRICA E A PAGAR OS DIVIDENDOS RESPECTIVOS. PRELIMINARES DE INÉPCIA DA INICIAL, INCLUSÃO DA UNIÃO NO PÓLO PASSIVO E NECESSIDADE DE DESLOCAMENTO DO FEITO PARA A JUSTIÇA FEDERAL AFASTADAS. PRESCRIÇÃO INOCORRENTE. PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. MÉRITO. DIREITO DE A DEMANDANTE, ENQUANTO CONTRIBUINTE DO EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO SOBRE ENERGIA ELÉTRICA, CONVERTER SEUS CRÉDITOS EM AÇÕES, FATO INCLUSIVE RECONHECIDO DOCUMENTALMENTE PELA RÉ. AUSÊNCIA DE EMISSÃO DOS CERTIFICADOS QUE NÃO DECORREU DE DESÍDIA DA CONTRIBUINTE. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ AFASTADA. SENTENÇA REFORMADA NO PONTO. APELO PARCIALMENTE PROVIDO. 3. Nesse sentido, a discussão sobre a responsabilidade solidária da União e quanto ao prazo prescricional aplicável às ações para a restituição dos valores 2
recolhidos a título de empréstimo compulsório sobre o consumo de energia elétrica, encerra violação reflexa e oblíqua da Constituição Federal decorrente da necessidade de análise de malferimento de dispositivo infraconstitucional torna inadmissível o recurso extraordinário. Precedentes: AI 818.234-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, Primeira Turma, DJe 26.4.2011, e o AI 848.362-AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, DJe 1º.8.2012. 4. NEGO PROVIMENTO ao agravo. DECISÃO: Cuida-se de agravo de instrumento interposto por Centrais Elétricas Brasileiras - ELETROBRAS, contra decisão que não admitiu seu recurso extraordinário, sob os argumentos de ausência de prequestionamento da matéria constitucional, de a controvérsia posta no apelo extremo circunscrever-se-ia à análise infraconstitucional e de ausência de declaração incidenter tantum de inconstitucionalidade das leis apontadas pela recorrente. A Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, ao dar parcial provimento à apelação, proferiu acórdão assim ementado: APELAÇÃO CÍVEL. DEMANDA QUE VISA A CONDENAÇÃO DA ELETROBRÁS A EMITIR CERTIFICADOS DE AÇÕES DECORRENTES DA CONVERSÃO DE CRÉDITOS DO EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO SOBRE ENERGIA ELÉTRICA E A PAGAR OS DIVIDENDOS RESPECTIVOS. PRELIMINARES DE INÉPCIA DA INICIAL, INCLUSÃO DA UNIÃO NO PÓLO PASSIVO E NECESSIDADE DE DESLOCAMENTO DO FEITO PARA A JUSTIÇA FEDERAL AFASTADAS. 3
PRESCRIÇÃO INOCORRENTE. PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. MÉRITO. DIREITO DE A DEMANDANTE, ENQUANTO CONTRIBUINTE DO EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO SOBRE ENERGIA ELÉTRICA, CONVERTER SEUS CRÉDITOS EM AÇÕES, FATO INCLUSIVE RECONHECIDO DOCUMENTALMENTE PELA RÉ. AUSÊNCIA DE EMISSÃO DOS CERTIFICADOS QUE NÃO DECORREU DE DESÍDIA DA CONTRIBUINTE. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ AFASTADA. SENTENÇA REFORMADA NO PONTO. APELO PARCIALMENTE PROVIDO. Os embargos de declaração interpostos foram desprovidos. Nas razões recurso extraordinário interposto com fulcro no art. 102, III, a, da Constituição Federal, sustenta a preliminar de repercussão geral e aponta como violados os arts. 5º, II, 37 e 97 da Constituição Federal e artigo 34, 2º do ADCT. Pretende, em síntese, ver declinada a competência para o processamento dessa ação para Justiça Federal ante a solidariedade da União e, também, o reconhecimento da incidência da prescrição quinquenal quanto ao pagamento dos valores decorrentes da correção monetária dos créditos a serem resgatados relativos ao empréstimo compulsório sobre energia elétrica. Embora intimada, a agravada deixou de apresentar contrarrazões. Brevemente relatados, DECIDO. O agravo não merece prosperar. A repercussão geral, na espécie, é presumida. Isso porque o Plenário Virtual do STF, na análise dos Agravos de Instrumentos nºs 810097 e 735.933, ambos da Relatoria do Min. Gilmar Mendes, reputou ausente a repercussão geral das questões relativas à responsabilidade solidária da União e aos critérios de restituição e correção monetária dos empréstimos compulsórios sobre o consumo de energia elétrica, por se tratarem de controvérsias de natureza infraconstitucional. Veja-se as ementas desses pronunciamentos: 4
EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS SOBRE O CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA. LEI N. 4.156/62. RESTITUIÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA UNIÃO. MATÉRIA RESTRITA AO ÂMBITO INFRACONSTITUCIONAL. (AI 810097-RG, Dje 17/11/11) EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS SOBRE O CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA. Lei 4.156/62. RESTITUIÇÃO. CRITÉRIOS DE CORREÇÃO MONETÁRIA. MATÉRIA RESTRITA AO ÂMBITO INFRACONSTITUCIONAL. REPERCUSSÃO GERAL REJEITADA. (AI 735933-RG, Dje 06/12/10) Nesse sentido, os argumentos deduzidos no apelo extremo não podem ser apreciados, porquanto a violação constitucional dependente da análise de malferimento de dispositivo (s) infraconstitucional(is) encerra violação reflexa e oblíqua, tornando inadmissível o recurso extraordinário. Nesse sentido: RE 596.682, Rel. Min. Carlos Britto, Dje de 21/10/10, e AI 808.361, Rel. Min. Marco Aurélio, Dje de 08/09/10, entre outros. Destaco, ainda, ter o Supremo Tribunal Federal assentado que os temas de prescrição, critérios de correção monetária e responsabilidade solidária da União quanto aos empréstimos compulsórios sobre o consumo de energia elétrica (Lei n. 4.156/1962) não têm repercussão geral por se tratarem de matéria infraconstitucional. Nesse sentido: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO SOBRE ENERGIA ELÉTRICA. PRESCRIÇÃO: INEXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO (AI 818.234-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, Primeira Turma, DJe 26.4.2011). Empréstimo compulsório sobre energia elétrica. 5
Eletrobras. Prazo prescricional. Ofensa constitucional indireta. Afastada a infringência ao art. 93, inciso IX, da Constituição. Precedentes. 1. Não houve negativa de prestação jurisdicional ou inexistência de motivação no acórdão recorrido (AI nº 653.010/DF-AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJ de 29/8/08; e RE nº 463.139/RJ-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro Joaquim Barbosa, DJ de 3/2/06). 2. A matéria relativa ao prazo de prescrição dos créditos referentes ao empréstimo compulsório sobre a energia elétrica é de índole infraconstitucional. Eventuais ofensas à Constituição seriam indiretas ou reflexas, pois ensejariam o reexame de normas infraconstitucionais. 3. Os fundamentos do agravante, insuficientes para modificar a decisão ora agravada, demonstram apenas inconformismo e resistência em pôr termo ao processo, em detrimento da eficiente prestação jurisdicional. 4. Agravo regimental não provido (AI 848.362-AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, DJe 1º.8.2012). Ex positis, DESPROVEJO o agravo, com fundamento no art. 21, 1º, do RISTF. Publique-se. Int.. Brasília, 13 de junho de 2013. Ministro LUIZ FUX Relator Documento assinado digitalmente 6